Dos tempos em que era sócio de uma agência de propaganda, guardo na memória algumas longas discussões que tive com jornalistas sobre sua visão crítica e negativa da publicidade.
Comum a acusação de que anuncios e comerciais visam enganar o consumidor, criar necessidades e forçar a compra de produtos.
Passou o tempo e, mesmo havendo me distanciado da atividade de forma direta, sigo seu defensor.
A boa propaganda não engana o consumidor porque, como diria minha avó, a mentira tem pernas curtas.
Criar necessidades é, convenhamos, muito mais difícil (e, portanto, mais caro) do que conhecer e atender as necessidades já existentes.
E, obviamente, ninguém pode ser "forçado" a comprar um produto, a não ser pelo governo.
Além disso, no final das contas, a esmagadora maioria das "propagandas" é explicita, ou seja, o consumidor sabe que está sendo impactado por uma mensagem de alguém que quer lhe vender um produto e pode se defender do discurso.
Já quando um jornalista decide vender uma idéia, não costuma avisar antes.
A imprensa brasileira evoluiu bastante nos últimos anos. O caso da "Escola Base", em 1994, foi um divisor de águas importante e levou toda a mídia a repensar sua atividade jornalistica e suas responsabilidades.
Entretanto, em anos de eleição a parcialidade velada de alguns veículos é escancarada, deixando claro que ainda temos muito para conquistar.
É fato que a "verdade" não pode ser retratada, por maior que seja o esforço do jornalista. Os fatos serão sempre parciais e passíveis de interpretações distintas. A bagagem educacional e cultural do jornalista sempre o levará, inexoravelmente, a ser tendencioso. Ai não há mal nem pecado.
O pecado, quando acontece, está na falta de transparência das intenções.
sexta-feira, novembro 05, 2010
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5 comentários:
putz, em política a coisa complica de qualquer jeito...
Flávio
O jogar com as palavras é uma arte que pode ser usada de maneira positiva e/ou negativa. A capacidade de LER (o explícito, o implícito e o escamoteado) é uma habilidade a ser desenvolvida e uma que a escola esqueceu de ensinar!!!
Bjos
Anne
...e o PT conseguiu
'vender' a ficção como
realidade.
rsrsrs
Você foi perfeito!
Concordo em tudo!
Bjcas
Rossana
Flávio meu querido, é isso aí! Atingiu o centro da questão. Nenhuma vírgula a mais, nenhuma virgula a menos.
Nem PT, nem PSDB ficam livres (um pelo CARTA CAPITAL, o outro pela VEJA e pelo ESTADÂO) de serem beneficiados pela parcialidade da imprensa.
Mas uma coisa é a parcialidade natural, como vc anotou, decorrente das convicções de um jornalista que capta a "verdade" e a transfere para os leitores segundo sua ótica e abordagem.
Outra é a parcialidade instrumental que visa, despudoradamente, distorcer a verdade para angariar eleitores.
Agora, nestas eleições o PSDB perdeu por mérito próprio.
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