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quarta-feira, junho 27, 2012

Atitudes democráticas

Não sou especialista em política externa, mas sempre fui franco admirador da postura do Itamaraty, uma instituição cujas posturas ponderadas e firmes não poderiam representar melhor o nosso país.
Frequentemente, o Itamaraty me deixa orgulhoso.
Vez por outra, quase sempre por interferência do poder executivo, sinto que saimos da linha.  E tenho que reconhecer que, na minha pouco experiente opinião, isso vem acontecendo mais vezes durante o governo do PT.
Não sou capaz de compreender a atitude do Brasil em relação ao impeachment do presidente Lugo, que foi decidido por praticamente todos os parlamentares do Congresso (73 x 1) e do Senado (39 x 4).
O processo foi rápido porque simplesmente formalizou um julgamento informal que vem sendo conduzido desde o início do governo do presidente, marcado por atitudes equivocadas.
Da última vez em que estive no Paraguay, no ano passado, Luga acabava de demitir os últimos dois ministros, reconhecidamente eficientes (até pelo próprio Lugo), que tinham coragem de contraria-lo.  Solapava definitiva e irremediavelmente qualquer possibilidade de apoio parlamentar.
Mas, na verdade, isso importa pouco.
O processo, embora rápido, cumpriu a legislação e foi formalmente correto.
Deixar de reconhece-lo significa desrespeitar o Congresso e o Senado paraguaios e, por consequencia, a soberania daquele país.
Federico Franco, que tive o prazer de conhecer pessoalmente, me pareceu um bom sujeito.  Se tem um defeito como político é justamente esse.  Jamais seria capaz de articular um "golpe" e está longe de ter apoio unânime dos parlamentares, mesmo de seu próprio partido.
Entretanto, assumiu a presidência, como determina a lei paraguaia, com o apoio de ambas as casas.
Mais um indicador de que a posição de Lugo era insustentável.
Na minha opinião os parlamentares paraguaios nos deram um bom exemplo de responsabilidade.
Nosso governo vem "respeitando" atitudes pouco democráticas de governantes de outros países da América Latina, que muito se aproximam de ditaduras populistas, incluindo o comprometimento da liberdade de imprensa e da propriedade privada.
Não me surpreende a reação dos governos da Argentina e do Uruguai.
Mas esperava mais do governo brasileiro.  Esperava ponderação, firmeza e respeito ao país vizinho.
Por sua importância, a posição do Brasil pode contribuir para a instabilidade do novo governo paraguaio e facilitar a manipulação popular, comprometendo a relativa tranquilidade com que o país enfrenta esse difícil momento de transição.
Espero que o Itamaraty possa reconsiderar sua posição.
E, sobretudo, desejo o melhor para o presidente Franco e nossos irmãos do Paraguai.

segunda-feira, junho 25, 2012

Economia verde

Cada vem admiro mais o pensamento holístico de alguns indianos.
Essa admiração começou quando andava buscando novas abordagens estratégicas e cresceu quando me encontrei com a filosofia tântrica.
No último final de semana assisti uma rápida entrevista com Pavan Sukhdev, consultor estratégico mundialmente conhecido por seus pensamentos sobre a "economia verde".
Conquistou-me logo de início, com uma observação bastante simples, criticando construtivamente algumas colocações dos líderes globais na Rio+20 sobre as "prioridades" ditadas pela crise econômica mundial.
Ele delicadamente sugeriu que os governos teriam gente suficiente para que pelo menos alguns especialistas pudessem pensar no futuro, enquanto os outros cuidavam do presente.
Essa recorrente desculpa das "prioridades" é tipica dos líderes preocupados com a próxima eleição.  O povo quer soluções para seus problemas de hoje.  Planejar é evitar os problemas de amanhã.  Pouca gente se interessa por isso.  E, além disso, os problemas de amanhã irão compor a plataforma de campanha da próxima eleição, que ficaria muito sem graça sem problemas graves para resolver.
Temos problemas hoje porque não planejamos antes.  E não planejamos hoje porque temos problemas.
Pavan não é um romântico.  É um visionário.  Ele entende a importância da natureza para economia, e aponta para o fato de que a riqueza natural não entra no cálculo do PIB (produto interno bruto, medida de riqueza "oficial") dos países embora, na prática, sustente boa parte da população, principalmente em países menos desenvolvidos.
Se a riqueza natural não é computada, o retorno sobre os investimentos na sua preservação ou desenvolvimento é oficialmente nulo - outro pensamento simples e poderoso.
Não são apenas as pessoas que andam acumulando as riquezas equivocadas.  Os países também andam pelo mesmo caminho.

quinta-feira, junho 21, 2012

Futuristas

Uma deliciosa matéria da Wired sobre o filme Minority Report (aquele com o Tom Cruise e a Samantha Morton), reporta os depoimentos de um grupo de pensadores que foi convidado para "antecipar" como seria o futuro em data indefinida (uns 50 anos para frente).
Caro leitor, eu daria um dedo da sua mão esquerda para participar de uma reunião dessas.
Os rapazes fizeram um excelente trabalho e certamente se divertiram muito.
A melhor frase, entretanto, é a de John Underkoffler, do MIT Lab:
"Remember, it was the late ’90s, just before the bubble burst. Being a futurist was still a viable vocation then."
Neste início de século, pensar apenas no presente se tornou a alternativa de sobrevivência para empresas e países.
A questão é que chegamos a essa situação porque poucos estavam pensando no futuro antes disso.
Seria muito bacana (e útil) se os governos dedicassem alguns dolares para contratar pensadores.
Faríamos um reality show bem melhor.

quarta-feira, junho 20, 2012

Você comeria ?

Alguns nomes só fazem sentido no país de origem.
Os petiscos mórbidos ao lado são da Itália.
Por lá, morbidi signfica macio.
Alguns cremes de beleza anunciam que deixam sua pele mórbida ... pode ?

segunda-feira, junho 18, 2012

Literatura de aeroporto

Na banca de revistas do aeroporto de Ribeirão Preto, voltando do papo com o pessoal de marketing da AmCham, encontro esse par de livros convenientemente pareados por alguém com senso de humor: "ligue o foda-se e seja feliz" e " por que não tive essa idéia antes ?".
Embora ainda não tenha publicado um livro de auto-ajuda (os leitores não perdem por esperar) não sou um crítico ferrenho do estilo.  Provavelmente não recomendaria que as pessoas saíssem por aí ligando o foda-se, mas reconheço o direito de que um escritor defenda esse caminho para a felicidade.
As bancas de aeroporto costumam estar repletas de livros como esse, curtos, relativamente baratos e com títulos instigantes (para alguns), ideais para leitura de bordo.
Eu mesmo comprei um do Osho sobre meditação em uma de minhas últimas viagens.  Foi uma boa leitura.
Osho também dá conselhos.  Curiosamente, pelo que sei, começou sua "carreira" de gurú da contra-cultura como um pensador "desconstrutivo", criticando instituições dogmáticas (religião, ciência, educadores).  Terminou igualmente dogmático mas, convenhamos, para empurrar a humanidade em direção a um novo caminho, há que ser firme em suas colocações.
Embora não concorde com todos os pensamentos de Osho, admiro sua coragem e respeito sua intenção.
Desconstruir não é uma tarefa simples.  Ser um agente de mudança é um fardo difícil de ser adminstrado.  E ele certamente deixou sua marca pelo mundo a fora, mudando a forma pela qual muitas pessoas lidam com suas sensações, pensamentos e percepções.  E ainda deixou algumas boas leituras para avião, recomendando exercícios e vivências que contribuem para bem estar e para a expansão da consciência (seja lá o que isso signifique).
Até onde pude apurar, em nenhum de seus livros recomenda que você ligue o foda-se, a não ser que você considere que meditação se enquadra nesse conceito.
Ao contrário, costuma alertar para o fato de que cada um de nós deve assumir a responsabilidade pela própria felicidade.
Entre as leituras para avião, os livros do Osho são a minha recomendação.


quarta-feira, junho 13, 2012

sexta-feira, junho 01, 2012

Já não se fazem espelhos ...


Nesse novo mundo de referências fluidas, já não se fazem espelhos como antigamente.
O que é que seu espelho anda refletindo ?