terça-feira, outubro 31, 2006
Que país é esse ?
Deu no site do Estadão: Clodovil nega o Holocausto e o 11 de setembro.
Que pena que a política não seja uma profissão e que os postos do legislativo não sejam tratados como empregos. No mínimo daria para despedir alguns por justa causa.
Esse aí, só por comparar os dois fatos, já mereceria o olho da rua.
segunda-feira, outubro 30, 2006
Pensamento da madrugada ...
Se você acha que as pessoas exigem muito de você, não exija nada de ninguém.
Há alguns momentos na vida em que a gente sente que as pessoas só nos procuram quando precisam de alguma coisa. É provável que não estejamos dando atenção às nossas próprias necessidades.
Por isso, melhor do que reclamar dos outros é fazer por sí.
Com uma faca atravessando o coração ...
Terminaram as eleições de 2006.
Vendo o mapa publicado pelo site do UOL nesta noite, não pude deixar de pensar na imagem de uma faca (azul) atravessando um coração (vermelho).
Um frio Alckimin e um emotivo Lula. A emoção teria vencido a razão ?
Não.
Lula deu ao povo (ou à maioria dele) o que ele queria. Ajuda de custo mensal (bolsa família) e discursos inteligíveis.
Alckimin não soube respeitar o amor que a população mais desprivilegiada tem por Lula e nem soube conquistar esse amor.
Preferiu atacar, com discursos herméticos, longe de tocar o coração ou a razão dos eleitores mais simples.
Poderia ter aceito o fato de que o Lula é um bom sujeito. Que de fato não sabia o que estava se passando debaixo do seu nariz, mas que tinha boas intenções.
Poderia ter convidao Lula para ser seu vice. Ele, Alckimin, mais afeito às questões administrativas, mais preparado para descobrir e evitar que trambicagens sejam feitas debaixo de seu nariz, cuidaria da gestão do país. Lula, mais capaz de se preocupar com o povo brasileiro, apontaria as prioridades sociais e faria a conexão do governo com a população, comunicando-se na linguagem corrente do país.
Como isso não aconteceu, o Brasil escolheu o que achou menos ruim, e seguimos com a metade do que precisamos, com o coração varado de angústia.
O importante é que seguimos sendo um dos países mais democráticos do mundo, para o bem e para o mal. Que seja para o bem e que, eleito Lula, todos e cada um de nós colaboremos com o que estiver ao nosso alcance.
Boa sorte para todos nós. Precisamos e merecemos.
quinta-feira, outubro 26, 2006
Informação e entretenimento ...
Eis-me aqui em mais um congresso da ESOMAR, desta vez o latinoamericano, que acontece no Rio de Janeiro.
A frequencia até que está razoável para essa época do ano. As palestras é que são um problema. Até agora, nenhuma que envergonhasse o palestrante. Algumas poucas são realmente muito boas. Mas a maioria, como em todos os congressos de que tenho participado, não vale a viajem.
Realmente acho que quem vai preparar uma apresentação deveria levar em conta, no mínimo por respeito à audiência, que tempo é um bem precioso.
Se recebemos a honra de apresentar nossas idéias, devemos retribuir com uma contribuição relevante e, se possível, agradável.
O público espera, merece e paga por isso: informação relevante e entretenimento. Se a informação não for tão relevante assim, pelo menos que a apresentação seja interessante, divertida, relaxante. Isso é sempre bem vindo em meio a uma série de "papers" mais técnicos.
Mas como no meio acadêmico a informalidade é mal vista e ser sério é quase sempre sinônimo de ser chato, há que se conviver com alguns (muitos) chatos irrelevantes.
Pode parecer uma certa arrogância intelectual da minha parte. Mas não é.
Já fiz muitas apresentações durante minha vida profissional. E por mais que me esforce quase sempre termino a apresentação com a sensação de que não foi tão relevante quanto gostaria. Felizmente, alguns feedbacks positivos ajudam a elevar a auto-estima nesse ponto.
Mas sempre cuido para que sejam agradáveis, divertidas ou instigantes. Se não conseguir contribuir com algo novo, pelo menos ofereço um momento de relaxamento, de bom humor ou de estímulo ao pensamento, preferivelmente tudo junto.
E, se por um lado, oferecer informação nova e relevante é um desafio cada vez maior, por outro, ser agradável está ao alcance de todos.
O aniversário do Arguta Café se aproxima...
Como bem lembrou o Giovani, que acessa mas não comenta, o Arguta completará seu primeiro aniversário na próxima semana.
E de acordo com as projeções da equipe de estatísticos de plantão, atingirá a incrível marca de 3.333 acessos nessa data.
Aguardem a postagem especial de aniversário.
E de acordo com as projeções da equipe de estatísticos de plantão, atingirá a incrível marca de 3.333 acessos nessa data.
Aguardem a postagem especial de aniversário.
terça-feira, outubro 24, 2006
Pensamento da noite
sábado, outubro 21, 2006
Filosofia de Café
As frases de para-choques de caminhão são famosas por refletirem de forma lúdica o pensamento filosófico popular brasileiro.
Seu equivalente para o mundo empresarial são os prolóquios (máximas) proferidos em torno da máquina de café.
Normalmente revestidos pela paixão do momento, traduzem o sentimento provocado por algum acontecimento que precede o ato de buscar o alívio emocional através do compartilhamento com os companheiros e um cafezinho.
Divido com vocês algumas que ouvi (ou criei) recentemente e convido-os a postar aqui no Arguta Café (local adequadíssimo, diga-se de passagem) suas descobertas.
"De agora em diante, só vou cuidar da minha saúde, por que da minha vida os outros já estão cuidando."
"Não perca tempo falando mal de si mesmo. Seus amigos farão isso por você."
"O que são os fatos diante da força dos argumentos ?"
"O trabalho seria muito mais fácil se não fossem os clientes. "
"Duas coisas fazem de você um bom profissional. A primeira é a memória, a segunda ... esqueci."
"É mais fácil encontrar a solução do que o culpado." ou a versão pragmática: "É mais fácil encontrar uma solução quando você é o culpado."
"Quem só pensa em dinheiro acaba ficando rico."
"Fui fazer um networking e já volto."
"Nunca desista dos sonhos. Se não tiver em uma padaria, procure na outra."
"Nem tudo que está na frente é o futuro."
"Larguei a bebida ... não me lembro onde."
"Chefes são como nuvens. Quando não estão o dia fica lindo."
"Queria ganhar pouco um dia ... mas tinha que ser todo dia ?"
"Um chato nunca perde seu tempo ... mas gasta o dos outros."
"Quando você é um líder, há os que te seguem e os que te perseguem."
"Quem carrega o mundo nas costas da as costas para o mundo."
sexta-feira, outubro 20, 2006
O problema do Dr. Sodré
Dr. Sodré era uma sumidade nas artes contábeis, mas tinha critérios curiosos quando se tratava se sua vida pessoal.
Ainda nos tempos de repartição conheceu sua primeira mulher, Antonieta. Era a telefonista. Apaixonou-se por sua voz melíflua gradativamente, a cada ligação transferida para a expedição, onde trabalhava.
Quando a conheceu pessoalmente pareceu não se importar com o fato de ser feia.
Almeidinha, o assessor, protegido da diretoria, alertou:
- Sodré, meu querido ... ela é feia. E de forma epidêmica. Todo mundo comenta...
- Melhor assim, seu Almeida - filosofava. Evita problemas no casamento.
Não evitou. Antonieta abandou-o com os gêmeos um pouco antes da promoção para assistente da pagadoria. Fugiu com Juvenal, o pintor, deixando a reforma da casa pela metade.
Sodré, deprimido, dedicou-se ao trabalho e aos filhos. Poucos anos depois, num golpe de sorte, foi indicado para substituir o Badaró no posto de gerente, que decidiu antecipar sua aposentadoria para abrir um night club, com garotas bonitas dançando abraçadas em canos de bronze, como não cansava de repetir aos amigos que ficavam.
Foi justamente por uma dessas garotas que o agora "doutor" Sodré resolveu abandonar sua solteirice.
Badaró alertou:
- Sodrezinho, meu caro ... essa mulher não é para você. É experiente demais, se é que você me entende ...
- Melhor assim, Badaró - afirmou com segurança. Evita problemas no casamento.
Gisleine, ou Leine como era chamada na noite, até que gostava do Dr. Sodré. Mas não tolerava o trinômio casa, criada e crianças e acabou se engraçando com o professor de futebol do Juninho, o Paulão.
Sodré levou outra bola nas costas e voltou para a retranca.
- Não caso mais - afirmou para o Almeidinha, que agora trabalhava no ministério. É melhor ... evita problemas.
- O problema é você, Sodré - retrucou Almeida já no terceiro chopp. Quem quer fugir dos problemas não encontra a si mesmo.
Ainda assim, Dr. Sodré teria cumprido sua promessa não fosse a insistência de Dona Elenice, a vizinha viuva que sempre se oferecia para ficar com as crianças quando Sodré tinha que trabalhar até mais tarde.
Na despedida de solteiro, no clube do Badaró, o Almeida vaticionou:
- Agora sim, Sodré, acertartes. A Elenice é mulher para toda a vida.
E seria, não fosse Alicinha, a assistente do auditor, com quem Sodré passava horas revisando a contabilidade.
O preocupado Almeida ainda tentou avisá-lo:
- Toma tento, Sodré ... isso ainda vai dar problema no casamento.
- Nada disso, Almeida - respondeu com ar maroto. Dessa vez sou eu quem vai primeiro !
Moral da história: quem tem foco no problema nunca atinge o resultado.
Ainda nos tempos de repartição conheceu sua primeira mulher, Antonieta. Era a telefonista. Apaixonou-se por sua voz melíflua gradativamente, a cada ligação transferida para a expedição, onde trabalhava.
Quando a conheceu pessoalmente pareceu não se importar com o fato de ser feia.
Almeidinha, o assessor, protegido da diretoria, alertou:
- Sodré, meu querido ... ela é feia. E de forma epidêmica. Todo mundo comenta...
- Melhor assim, seu Almeida - filosofava. Evita problemas no casamento.
Não evitou. Antonieta abandou-o com os gêmeos um pouco antes da promoção para assistente da pagadoria. Fugiu com Juvenal, o pintor, deixando a reforma da casa pela metade.
Sodré, deprimido, dedicou-se ao trabalho e aos filhos. Poucos anos depois, num golpe de sorte, foi indicado para substituir o Badaró no posto de gerente, que decidiu antecipar sua aposentadoria para abrir um night club, com garotas bonitas dançando abraçadas em canos de bronze, como não cansava de repetir aos amigos que ficavam.
Foi justamente por uma dessas garotas que o agora "doutor" Sodré resolveu abandonar sua solteirice.
Badaró alertou:
- Sodrezinho, meu caro ... essa mulher não é para você. É experiente demais, se é que você me entende ...
- Melhor assim, Badaró - afirmou com segurança. Evita problemas no casamento.
Gisleine, ou Leine como era chamada na noite, até que gostava do Dr. Sodré. Mas não tolerava o trinômio casa, criada e crianças e acabou se engraçando com o professor de futebol do Juninho, o Paulão.
Sodré levou outra bola nas costas e voltou para a retranca.
- Não caso mais - afirmou para o Almeidinha, que agora trabalhava no ministério. É melhor ... evita problemas.
- O problema é você, Sodré - retrucou Almeida já no terceiro chopp. Quem quer fugir dos problemas não encontra a si mesmo.
Ainda assim, Dr. Sodré teria cumprido sua promessa não fosse a insistência de Dona Elenice, a vizinha viuva que sempre se oferecia para ficar com as crianças quando Sodré tinha que trabalhar até mais tarde.
Na despedida de solteiro, no clube do Badaró, o Almeida vaticionou:
- Agora sim, Sodré, acertartes. A Elenice é mulher para toda a vida.
E seria, não fosse Alicinha, a assistente do auditor, com quem Sodré passava horas revisando a contabilidade.
O preocupado Almeida ainda tentou avisá-lo:
- Toma tento, Sodré ... isso ainda vai dar problema no casamento.
- Nada disso, Almeida - respondeu com ar maroto. Dessa vez sou eu quem vai primeiro !
Moral da história: quem tem foco no problema nunca atinge o resultado.
sábado, outubro 14, 2006
Terroristas e aviões
Incrível como aumentaram as medidas de segurança após o "fatídico" 11/09 em USA e as últimas ocorrências na Inglaterra.
Medidas anti-terroristas, dizem.
É possível que tenham algum efeito psicológico ou político, mas do ponto de vista de segurança, só conseguem impedir que alguém entre em um avião carregando um perigoso frasco de enxaguante bucal ou um terrível cortador de unhas.
E isso, se você não for persuasivo.
Hoje mesmo convenci o pessoal do aeroporto de Londres a me deixar embarcar com meu frasco de colírio Lerin. Isso enquanto dezenas de pessoas menos convincentes deixavam seus tubos de pasta de dente (esconderijo perfeito para explosivo plástico e outros produtos de toucador igualmente suspeitos.
Já no avião, enquanto aguardava para entrar no banheiro, pude assistir tranquilamente a aeromoça digitando a senha do equipamento de segurança para acesso à cabine do piloto.
Não sou especialista em segurança, mas creio que um vidro de colírio cheio de explosivo líquido levado para a cabine do piloto seria suficiente para derrubar um avião.
Ou seja, o incômodo e a humilhação a que são submetidos milhões de viajantes pelo mundo a fora são absolutamente inúteis, e provavelmente só servem para divertir os verdadeiros interessados em derrubar os aviões.
Mais eficiente seria, como disse o general inglês responsável pelas forças de ocupação do Iraque, sair de onde não foram convidados e parar de se meter onde não são chamados.
Aí as companhias aéreas poderiam se dedicar a atender melhor seus clientes e investir na melhora dos serviços, que estão cada dia piores.
Hoje, por exemplo, quase fiquei em terra por overbooking.
Nada excepcional, principalmente em se tratando da Ibéria, com quem viajei 4 vezes nos últimos anos e em todas elas tive problemas com conexões, sem falar no péssimo atendimento a bordo.
Com um pouco de sorte volto para o Brasil hoje, com meu colírio e um pequeno tubo de pasta de dentes, sem explodir o avião (porque, afinal, brasileiro não curte muito essas coisas).
FF
ps - o Atlético de Madrid acaba de fazer seu segundo gol, virando o jogo sobre o Recreativo. Foi gol de mão, mas o juiz não viu e validou. Muito simbólico....
Medidas anti-terroristas, dizem.
É possível que tenham algum efeito psicológico ou político, mas do ponto de vista de segurança, só conseguem impedir que alguém entre em um avião carregando um perigoso frasco de enxaguante bucal ou um terrível cortador de unhas.
E isso, se você não for persuasivo.
Hoje mesmo convenci o pessoal do aeroporto de Londres a me deixar embarcar com meu frasco de colírio Lerin. Isso enquanto dezenas de pessoas menos convincentes deixavam seus tubos de pasta de dente (esconderijo perfeito para explosivo plástico e outros produtos de toucador igualmente suspeitos.
Já no avião, enquanto aguardava para entrar no banheiro, pude assistir tranquilamente a aeromoça digitando a senha do equipamento de segurança para acesso à cabine do piloto.
Não sou especialista em segurança, mas creio que um vidro de colírio cheio de explosivo líquido levado para a cabine do piloto seria suficiente para derrubar um avião.
Ou seja, o incômodo e a humilhação a que são submetidos milhões de viajantes pelo mundo a fora são absolutamente inúteis, e provavelmente só servem para divertir os verdadeiros interessados em derrubar os aviões.
Mais eficiente seria, como disse o general inglês responsável pelas forças de ocupação do Iraque, sair de onde não foram convidados e parar de se meter onde não são chamados.
Aí as companhias aéreas poderiam se dedicar a atender melhor seus clientes e investir na melhora dos serviços, que estão cada dia piores.
Hoje, por exemplo, quase fiquei em terra por overbooking.
Nada excepcional, principalmente em se tratando da Ibéria, com quem viajei 4 vezes nos últimos anos e em todas elas tive problemas com conexões, sem falar no péssimo atendimento a bordo.
Com um pouco de sorte volto para o Brasil hoje, com meu colírio e um pequeno tubo de pasta de dentes, sem explodir o avião (porque, afinal, brasileiro não curte muito essas coisas).
FF
ps - o Atlético de Madrid acaba de fazer seu segundo gol, virando o jogo sobre o Recreativo. Foi gol de mão, mas o juiz não viu e validou. Muito simbólico....
sexta-feira, outubro 13, 2006
Na contra-mão ...
Here am I at London...
Pronto para passar uma noite descansando ao lado do relógio mais famoso do mundo após 2 dias de trabalho intenso, não posso deixar de comentar um pequeno detalhe bastante conhecido desta fantástica cidade. Em Londres, como em toda a inglaterra, todos s carros andam na contra-mão.
Para os londrinos isso não parece ser um grande problema, já que todos concordaram em andar no sentido oposto ao da humanidade.
Mas para mim, embora tenha vivido na contra-mão nos últimos tempos, não deixa de provocar uma dissonância cognitiva, com direito a grandes possibilidades de atropelamento ao atravessar a rua.
Encontrar coisas estranhas em um país de cultura e tradição essencialmente diferentes, como na Ásia e no Oriente Médio, não provoca grandes surpresas.
Mas a Inglaterra é um país ocidental, portanto bastante semelhante ao nosso. Apenas decidiram usar um sistema métrico diferente e dirigir no sentido contrário.
E tudo funciona muito bem ... para eles, e enquanto estiverem em seu território.
Fosse apenas um londrino, diríamos que é maluco. Fosse um grupo, excentricos. Uma pequena cidade, exótica. Mas todo um país ... podemos dizer que defendem o direito de serem diferentes.
Claro que isso é facilitado (e talvez estimulado) pelo fato da Inglaterra ser uma ilha.
E esse é um ponto interessante. Pessoas diferentes procuram seus pares e tendem a viver em uma espécie de ilha. Mantém contato com o resto do mundo mas, sempre que possível, retornam para seu confortável grupo de referência.
Conheci vários ingleses que vivem fora de seu país. Sempre tive a impressão de que, embora capazes de se adaptar, pagam um preço alto por isso. Não por causa do sistema métrico ou da mão de direção, mas porque realmente pensam diferente e normalmente são educados demais para tentar impor sua forma de pensar. Obviamente estou me referindo ao londrino moderno, pós-colonização.
Deve ser por isso que percebo nos ingleses que vivem fora da inglaterra um certo traço de tristeza. Deixam transparecer uma incompreendida solidão.
Estando aqui, em sua terra, fica mais fácil de entender, de extrapolar, e pensar a respeito.
Valeu a visita.
terça-feira, outubro 10, 2006
Pensamento da noite
Cutucocú Cuntaquara
A figura do Pajé é onipresente nas tribos indígenas brasileiras.
Uma mistura bem dosada de Líder Espiritual, Mago-Cientista, Médico e Psicólogo, o Pajé costuma ser o principal responsável pela gestão do conhecimento e o desenvolvimento de pessoas na comunidade.
Uma das principais atribuições do Pajé é gerar o desconforto intelectual, tão necessário para a evolução da mente humana.
Talvez o mais famoso Pajé da história brasileira tenha sido Cutucocú Cuntaquara.
Seu nome, que em tupi-guarani significaria, justamente, “aquele que nos causa desconforto íntimo”, traduz o brilhantismo de sua atuação;
Cotucocú era o tipo da pessoa que, quando lhe desejavam um bom dia, perguntava por quê.
Quando alguém estava triste, questionava suas razões até minimizá-las diante dos mistérios da vida.
A quem vinha partilhar sua felicidade, desnudava sua leviandade.
Tinha explicações complexas para tudo, que eram prontamente substituídas por outras igualmente complexas quando alguém conseguia entender a anterior.
Mas também era capaz de simplificar tudo, sempre que se tentava complicar o caso.
Exercia sobre todos uma influência desconcertante, pela projeção inconsciente do temor do auto conhecimento.
Mas não pensem os senhores que Cuntaquara o fazia por sadismo ou narcisismo (embora o sorriso irônico deixasse antever algum prazer).
Ele não havia desejado ser Pajé. Sua curiosidade incontrolável e obsessão crítica não lhe deixaram outra alternativa.
Não via outro sentido na vida senão o de questioná-la.
Mas a cultura indígena é sábia, e a pajelança existia para isso mesmo, ou seja, para acomodar e direcionar, de forma produtiva para a tribo, as agruras de uma alma atormentada pelo inconformismo.
A sociedade moderna, superficial e cosmética, não tem mais espaço para Pajés da estirpe de Cutucucú.
O entretenimento ocupou o espaço da introspecção. O encontro com o outro é mais importante do que o consigo mesmo.
E o pragmatismo pilatinao (ou poncês, se preferirem) que grassa é de fazer lavar as mãos em lágrimas desde o tempo de Cristo.
Com isso, crescemos menos, e trocamos a vida por uma busca hedonista, infrutífera porque quimérica.
Por isso, meus amigos, quando encontrarem alguém como Cutucucú, não reclamem ... aproveitem.Sair da zona de conforto por alguns momentos pode fazer bem.
Uma mistura bem dosada de Líder Espiritual, Mago-Cientista, Médico e Psicólogo, o Pajé costuma ser o principal responsável pela gestão do conhecimento e o desenvolvimento de pessoas na comunidade.
Uma das principais atribuições do Pajé é gerar o desconforto intelectual, tão necessário para a evolução da mente humana.
Talvez o mais famoso Pajé da história brasileira tenha sido Cutucocú Cuntaquara.
Seu nome, que em tupi-guarani significaria, justamente, “aquele que nos causa desconforto íntimo”, traduz o brilhantismo de sua atuação;
Cotucocú era o tipo da pessoa que, quando lhe desejavam um bom dia, perguntava por quê.
Quando alguém estava triste, questionava suas razões até minimizá-las diante dos mistérios da vida.
A quem vinha partilhar sua felicidade, desnudava sua leviandade.
Tinha explicações complexas para tudo, que eram prontamente substituídas por outras igualmente complexas quando alguém conseguia entender a anterior.
Mas também era capaz de simplificar tudo, sempre que se tentava complicar o caso.
Exercia sobre todos uma influência desconcertante, pela projeção inconsciente do temor do auto conhecimento.
Mas não pensem os senhores que Cuntaquara o fazia por sadismo ou narcisismo (embora o sorriso irônico deixasse antever algum prazer).
Ele não havia desejado ser Pajé. Sua curiosidade incontrolável e obsessão crítica não lhe deixaram outra alternativa.
Não via outro sentido na vida senão o de questioná-la.
Mas a cultura indígena é sábia, e a pajelança existia para isso mesmo, ou seja, para acomodar e direcionar, de forma produtiva para a tribo, as agruras de uma alma atormentada pelo inconformismo.
A sociedade moderna, superficial e cosmética, não tem mais espaço para Pajés da estirpe de Cutucucú.
O entretenimento ocupou o espaço da introspecção. O encontro com o outro é mais importante do que o consigo mesmo.
E o pragmatismo pilatinao (ou poncês, se preferirem) que grassa é de fazer lavar as mãos em lágrimas desde o tempo de Cristo.
Com isso, crescemos menos, e trocamos a vida por uma busca hedonista, infrutífera porque quimérica.
Por isso, meus amigos, quando encontrarem alguém como Cutucucú, não reclamem ... aproveitem.Sair da zona de conforto por alguns momentos pode fazer bem.
domingo, outubro 08, 2006
Ecologia Empresarial
Senhores, o mundo já não é mais o mesmo.
E, para a tristeza dos saudosistas, ele esta cada vez melhor, pelo menos do ponto de vista das relações empresariais.
Nas últimas duas décadas, a competição vem sendo gratativamente substituida pela cooperação.
Veja bem ... não é que exista mais competição, mas a opção pela cooperação vem se demonstrando mais eficiente e produtiva.
Um termo que está sendo utilizado desde hoje (lançado pelo Arguta) para representar essa realidade é a "Protocooperação". Extraido dos anais da biologia representa a relação entre dois seres que se ajudam mutuamente e que, embora mantenham sua independência, colhem benefícios e perpetuam esse arranjo.
O exemplo clássico é o do Pássaro-palito e do Crocodilo africano. O pássaro se alimenta dos restos de alimento depositados entre os dentes do crocodilo, que ganha dentes limpos e brilhantes sem ter que ir ao dentista ou passar fio dental (o que, convenhamos, só seria possível no mundo do desenho animado).
Para empresas, qualquer relação saudável e moderna entre clientes e fornecedores é dessa natureza. O benefício de um resulta no bem estar do outro.
Se você estiver em busca de negócios duradouros, procure identificar situações onde a protocooperação seja possível.
Pode ser que tenha que aguentar o bafo do crocodilo, mas vai sair de barriga cheia ...
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