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domingo, janeiro 31, 2010

LEGÍTIMA DEFESA 5


Capítulo 1 - Prolegômenos
Capítulo 2 - Tocaia
Capítulo 3 - Papel Kraft
Capítulo 4 - Femme Fatale


Capítulo 5 - Vendetta

Supondo que Amelie, ou a pessoa que havia escrito o dossiê, estivesse certa a respeito das mortes, Polansky só conseguia pensar em um motivo válido para um homem matar nove pessoas e fazer questão que todos soubessem que ele era o autor das mortes: vingança.
- Esse sujeito é um artista ... nunca vi nada igual ! - disse para si mesmo, ainda admirado com a ousadia do assassino.
Havia encarregado Bertran do trabalho de pesquisa. A expressão quase inofensiva por trás dos óculos redondos de metal dourado disfarçava os reais talentos do rapaz. Absolutamente ninguém era capaz de encontrar as mais improváveis relações entre informações como Bertran.
Era por isso que Polansky suportava sua companhia. Detestava papeis, arquivos e computadores. E não tinha a menor paciência, ou mesmo talento, para seduzir secretárias, assistentes e outras figuras detentoras de informações confidenciais.
Bertran era perfeito. Se havia alguma coisa em comum entre as vítimas, ele iria descobrir.
Já Polansky era um homem de campo. Um observador de detalhes.
Enrico Spadaro Scaccabarozzi era um nome curioso. Remetia a alguém de atabalhoada ousadia.
- Um homem com esse nome deixa pontas soltas ... - pensou.
Por isso havia decidido fazer uma visitinha ao endereço indicado no dossiê como sendo o escritório de Enrico. Três dos nove assassinatos haviam ocorrido alí.
Polansky não sabia o que iria encontrar. Nem o que iria procurar. Nunca sabia.
- A verdade sempre encontra quem está preparado para ela.

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Polansky já esperava que a vizinhança fosse suspeita. Os prédios antigos e mal cuidados do centro da cidade, os restos de comida deixados na calçada no entorno dos batentes das portas de entrada e o inconfundível cheiro de urina amanhecida eram típicos de qualquer cidade grande.
Santos não era exatamente uma cidade grande. Mas tinha todos os defeitos necessários para passar por uma.
O que não esperava era encontrar uma construção tão bem cuidada em meio àquela balburdia. O prédio havia sido recuperado com cuidado. A cor amarela se destacava em meio ao cinza mofado dos prédios vizinhos.
- Decididamente, nosso homem gosta de aparecer.
Não havia sinal do Volvo nas proximidades. E nem poderia. Estacionar naquela região é virtualmente impossível.
Polansky decidiu arriscar. O local estava relativamente vazio naquele horário e os poucos transeuntes dividian-se entre trabalhadores apressados para voltar às suas casas e moradores de rua vasculhando o lixo do dia em busca de algum tesouro.
Aproximou-se do prédio decidido. A porta da frente não estava trancada, o que provocou um leve levantar da sombrancelha esquerda de Polansky.
Subiu o primeiro lance de escadas e encontrou o nome de Enrico em letra douradas sobre o vidro leitoso da porta antiga de uma das salas. Não pode deixar de sorrir.
Usou uma gazua para abrir a porta. Para portas antigas, ferramentas de época ...
A iluminação pública amarelada entrava por entre as persianas somando-se à luz do corredor. Decidiu vasculhar o local com sua lanterna de bolso.
Sua memória fotográfica registrava os fragmentos de informação ressaltados pela lanterna.
Um recorte de jornal sobre a mesa chamou sua atenção.
Aproximou o foco da lanterna.
Foi então que sentiu uma dor insuportável no topo da cabeça. Seus joelhos dobraram. Seu rosto colidiu com a quina da mesa.
A última coisa que viu antes de desmaiar foi um par de sapatos.
- Di Pollini Maggiori ...

quinta-feira, janeiro 28, 2010

Xeroxina

Recebi um e-mail de divulgação de um novo suco: Noni.
No texto:
"As pesquisas ressaltam que o Noni reforça o sistema imunológico regulando a função celular e a regeneração das células danificadas. O Noni é rico em nutrientes. Contém xeroxina que é um alcalóide encontrado em todas as células dos seres vivos, pórem em pequena quantidades."
Xeroxina ????
Será que copiaram isso de algum lugar ?
Seria essa a substância chave nos processos de clonagem ?

Legítima Defesa 4

O quarto capítulo de Legítima Defesa já está lá no Assertiva.
A história está ficando animada. Vale a pena conferir.

quarta-feira, janeiro 27, 2010

O óbvio que não ulula

Todo dia começa numa manhã e termina em uma noite, mas nem por isso precisam ser iguais.

segunda-feira, janeiro 25, 2010

A Vida de David Gale

Dois pensamentos bacanas, extraídos do discurso do professor de filosofia (Kevin Spacey), neste interessante filme do Alan Parker:

- O desejo precisa ter como objeto algo impossível de conseguir para continuar existindo.

- Tome cuidado com o que você deseja, porque quando conseguir não desejará mais.

sábado, janeiro 23, 2010

LEGÍTIMA DEFESA


Capítulo 1 - Prolegômenos
Capítulo 2 - Tocaia


Capítulo 3 - Papel Kraft

A verdade está nos detalhes.
Polansky acariciou o papel kraft. Gostava desse tipo de papel. Útil e despretencioso como todas as coisas deveriam ser.
Abriu o envelope e espalhou, metodicamente, o conteúdo sobre a mesa: cheque, fotos, dossiê e o cartão da loira.
- Amelie Adevarat .... - pronunciou em voz baixa, pensativo.
Polansky havia abandonado o curso de psicologia quando a coordenadora se recusara a aceitar sua tese sobre a correlação entre os nomes e as personalidades das pessoas.
Amelie era um nome discreto, suave e doce, quase ingênuo. Muitas vogais e apenas o "m" e o "l" como consoantes. Quase impossível pronunciar uma palavra assim de forma ríspida, o que significa que a proprietária do nome fica habituada a ser chamada com delicadeza.
Adevarat, por outro lado, é forte e incisivo. A sequencia formada pelo "d", o "v", o "r" e o "t" tem a força de uma avalanche. O "t" marca o final. Um golpe intenso, rápido e preciso.
Nome e sobrenome armônicos e começando com a mesma letra sugerem senso estético e visão de conjunto. Seus pais, muito provavelmente, eram pessoas inteligentes. Ou pelo menos um deles.
Tudo combinava com a primeira impressão causada pela cliente em potencial, sensual, assertiva e objetiva.
- Todo cuidado é pouco ... - pensou, lembrando das covinhas nos joelhos.
Voltou-se para a foto. Um homem de aproximadamente 40 anos, terno bem cortado embora o modelo fosse um pouco ultrapassado, abotoadura e prendedor de gravatas provavelmente de ouro, e a ponta do lenço cuidadosamente dobrado surgindo do bolso do paletó. Traços delicados, nariz estreito, olhos levemente amendoados e mais próximos do que deveriam. Lábios finos.
- Requintado, conservador e cruel. - concluiu rapidamente.
Dedicou a hora seguinte à leitura do dossiê, elegantemente impresso. A escolha da letra, Bookman Old Style, e a justificação do texto indicavam que não tinha sido finalizado por Amelie.
Quando terminou a leitura, Polansky sabia que havia sido fisgado.
O documento descrevia, com riqueza de detalhes, uma série de assassinatos cometidos pelo homem da foto, todos em legítima defesa. Nove pessoas, aparentemente sem nenhuma relação entre elas, haviam ameaçado sua vida em situações inusitadas e, consequentemente, ele havia sido forçado a matá-las para se defender. Por mais iverossímil que pudesse parecer o conjunto da obra, cada um dos episódios era de uma consistência inatacável. O assassino sempre saia impune.
Sua sensual cliente propunha um desafio: encontrar provas de que os assassinatos haviam sido premeditados.
Polansky acendeu um cigarro. O primeiro do dia.
- Encontar a verdade ... - disse para sí mesmo, absorto, enquanto soltava a fumaça em direção ao ventilador do teto.
Polansky sorriu com um brilho estranho no olhar e chamou seu assistente.
- Bertran !
Da porta, Bertran reconheceu o olhar do chefe. Seu salário estava garantido.

quinta-feira, janeiro 21, 2010

Segundo capítulo

Ernesto foi rápido ... o segundo capítulo de Legítima Defesa já está no Assertiva.
Se já leu o primeiro capítulo (postagem anterior) pode ir direto para lá.

terça-feira, janeiro 19, 2010

LEGÍTIMA DEFESA - Minissérie

Caros leitores,
Conforme prometido, eis o primeiro capítulo da nova minissérie da dupla Ernesto Dias (Assertiva) e Flavio Ferrari (Arguta). Atendendo a pedidos, é policial. Aqui está o primeiro capítulo, como estarão todos os impares. O segundo estará, em breve (espero) lá no Assertiva, assim como todos os pares e o capítulo final (provavelmente o 12). Divirtam-se !



Capítulo 1 - Prolegômenos

Tarde pachorrenta no escritório.
O ventilador de teto movia-se lentamente produzindo um ruído monótono e espalhando o ar insuportavelmente úmido e morno. A luz alaranjada do sol de final de tarde, penetrando por entre as lâminas retorcidas da persiana bege e incidindo sobre desgastado sofá próximo à porta, dava ao escritório o aspecto fotográfico de um velho filme sobre a colonização inglesa na Índia.
Polansky jazia inerte, escarrapachado na velha cadeira giratória de madeira, transpirando em seu paletó xadrez.
O nó frouxo e engordurado da velha gravata combinava com o colarinho encardido da camisa que já havia sido branca um dia.
Sua expressão era de resignada agonia. Polansky odiava dias quentes, mas o sofrimento lhe dava uma confortante conexão com a verdade.
Polansky percebe a silhueta de Bertran, seu assistente, atrás do vidro opaco da porta que abre com respeitoso cuidado.
- Senhor Polansky .... – a voz de Bertran soa trêmula.
- Não. – Polansky responde sem qualquer emoção.
- Uma mulher ....
- Não.
- Acho que o senhor deveria ...
- Não.
Polansky desenvolvera a técnica dos três nãos há muitos anos. A experiência havia demonstrado que era eficaz para afastar os assuntos menos importantes. E ele não tinha paciência para desimportância.
- Parece que é uma cliente ... e o aluguel já venceu .... – Bertran não ousou mencionar seu salário atrasado.
Outra silhueta surge por detrás de Bertran. Magra, alta, curvilínea, com chapéu de abas largas. A porta se abre totalmente, num movimento firme, empurrada pela delicada mão da visitante, que ignora o atônito Bertran e invade a sala, aproximando-se da mesa de Polansky.
Um fino perfume floral toma conta da sala.
O olhar de Polansky é atraído imediatamente pelos joelhos da mulher. As rótulas largas denotavam firmeza de caráter. As covinhas laterais indicavam propensão para sedução. A tensão revelava ansiedade ou medo.
Precisava da informação dos olhos, mas distraiu-se com o reflexo do sol sobre a penugem clara das deliciosas coxas.
- Senhor Polansky, preciso da sua ajuda ! – com uma teatralidade contida, a visitante retirou os óculos escuros enquanto falava.
- Não.
A loira de cabelos longos e cacheados ignorou a negativa e colocou delicadamente uma pasta de papel Kraft parafinado sobre a mesa.
- Dentro da pasta o senhor encontrará um dossiê com todas as informações necessárias e um cheque de R$ 10 mil, suficiente para pagar o aluguel e o salário atrasado de seu assistente, além de cobrir as primeiras despesas. Queremos toda sua atenção. Meu número está no cartão. Telefone quando estiver pronto.
Quando Polansky desviou os olhos da pasta, apenas o perfume e o sorriso satisfeito de Bertran denunciavam a ausência daquela cativante mulher.

(foto: editada a partir de uma imagem trial da stock photos)

domingo, janeiro 17, 2010

Nova minissérie

Estou aqui pensando no tema da nova minissérie blogal que escreveremos, Ernesto e eu, a quatro mãos.
Desta vez cabe a mim dar o pontapé inicial, ou seja, escolher o nome e escrever o primeiro dos 12 capítulos.
Dificil escolha. Nossa primeira minisséire, Pecado e Capital, teve o céu, a terra e os pecados como tema de fundo.
A segunda, Ovos do Dragão, foi esotérica, permeada de magia e mistério.
A terceira, Rastro do Butadieno, descambou para a ficção científica.
Creio que vou ficar com a primeira idéia que tive quando comecei a pensar no assunto ... uma mini-novela policial.
Alguém tem mais alguma sugestão antes que eu comece a escrever ?

sexta-feira, janeiro 15, 2010

Aquidauana

Estava fazendo uma pesquisa na internet quando, sem querer, tropecei nas notícias sobre a enchente em Aquidauana (MG). A coisa por lá está realmente cabeluda.
Fazia tempo que não ouvia falar da cidade. Nos idos tempos de colégio e faculdade, as brincadeiras com nomes de cidades eram comuns, e Aquidauana, por razões óbvias, era uma "top of mind".
Lembrei-me da clássica lenda sobre a proibição de casamento entre os homens de Pau Grande (RJ) e as mulheres de Curralinho (PA).
As cidades com nomes de origem indígena nossas maiores vítimas.
Cuiabá (MT), por exemplo, recebia a explicação de que "iá bah" significava "grande e belo" em guarani.
As com nomes que aceitavam trocadilhos também figuravam entre as mais populares.
A turma de Colatina (ES) era citada como exemplo de bom desempenho escolar.
Ao orgão sexual masculino era atribuida o selo de origem de Mimoso do Sul (ES).
O privilégio de ser o primeiro a namorar uma garota de Cabaceiras, na Paraíba, era disputado a tapa...
A turma que chegava adiantada aos encontros era de Jataizinho (Paraná).
Me ocorreu um pensamento ... a gente reclama de falta de tempo, mas quando tem tempo sobrando não faz nada de útil com ele ...

terça-feira, janeiro 12, 2010

O seu próximo celular


Deu lá no UOL ... um eletricista de Campinas levou um tiro e foi salvo por seu celular ...
O modelo do cujo dito não poderia ser mais adequado: cybershot !
Se eu fosse ele comprava outro igual ... vai saber ...

O tal do DNS

Nesse momento a Virtua fez as pases com o Google e dá para acessar o Blogger e os blogs.
Tive uma modesta contribuição no processo. Passei uma hora e meia com o técnico da Net aqui em casa ajudando-o a descobrir que os endereços designados automaticamente para os servidores de DNS da Virtua estavam com algum problema de compatibilidade com alguns endereços do Google.
Durante a tarde resolvemos o problema provisoriamente designando endereços de DNS fixos, mas a equipe da Virtua já estava em contato com o Google para resolver o problema. Aparentemente conseguiram.
Mas eu sugiro que os usuários da Virtua anotem os endereços alternativos abaixo e, em caso de problema, alterem a configuração de acesso à internet mudando de DNS automático para esses endereços:
201.6.0.103 - DNS primário
201.6.0.104 - DNS secundário
Meu amigo Ernesto lá do Assertiva recomenda adotar um DNS do UOL como fixo para toda a vida (não tenho o endereço aqui, mas caso alguém tenha interesse eu pergunto e publico). Ele fez isso quando teve problemas com o DNS da Speedy e nunca mais mudou.
Fato é que, pelo que tudo indica, meus cabelos estão preservados.

Aproveitando o ensejo

Eita palavrita curiosa essa ... "ensejo".
Ensejo significa "oportunidade".
Não estudei a etimologia da palavra porque preferi ficar com a idéia que ela me sugere.
Ensejo me remete ao verbo "ser" e inspira uma conjugação anômala substantivada: o "sejo".
Sejo, portanto, seria o momento em que se é ... o instante da existência.
Aproveitar o ensejo seria pegar uma carona no que existe naquele instante: "em sejo".
Já o verbo "ensejar", que sempre me remeteu a "desejar" por degradação rímica, adquiriria a conotação da ação de cavalgar o presente, um pouco distinta do conceito ordinário que seria oferecer a oportunidade.
Cavalgar o presente, para mim, é mais compatível com o o sentido disléxico de "desejo" que a palavra me inspira.

segunda-feira, janeiro 11, 2010

Cabelos brancos


O Virtua não está permitindo o acesso aos sites "blogspot".
Não estou conseguindo postar ....
Já tentei de tudo ... estou ficando de cabelos brancos ....

sexta-feira, janeiro 08, 2010

I am back


Sim ... voltei ... e em inglês, já que estava na terra do tio Sam.
Aquele mesmo do cartaz "I WANT YOU" ...
Sempre que viajo para os EUA, o que faço com alguma frequencia por razões profissionais, fico me perguntando o que aconteceria se aplicasse os mesmos procedimentos de boas vindas para os clientes da empresa onde trabalho.
Aparentemente existem apenas duas boas razões para alguém tomar um avião para lá: imigração ilegal ou terrorismo.
Brasileiros costumam ser suspeitos de integrar o primeiro grupo, já que não temos a menor vocação para explodir aviões onde estamos voando.
Melhor para nós. Nesses tempos difíceis para economia americana nós, os brasileiros, certamente sustentamos boa parte do comércio e dos serviços da região de Orlando.
Os parques e lojas estavam lotados de brasileiros nesse final de ano. E ainda oferecemos mão de obra barata: numa estimativa grosseira, diria que um em cada quatro atendentes das lojas dos parques eram estudantes brasileiros, selecionados com a ajuda do STB (Student Travel Bureau).
O excepcional marketing praticado pela Disney consegue suplantar o efeito das antipáticas medidas pirotécnicas que visam garantir a segurança de todos.
Mas sou obrigado a fazer uma consideração escatológica para apontar uma falha grave na segurança dos vôos que deixam os EUA em direção ao Brasil.
Quando você tranca duzentas e tantas pessoas que passaram uma semana comendo fast food em um recindo fechado por algumas horas, não precisa de explosivos à bordo.... basta acender um fósforo.