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terça-feira, janeiro 31, 2012

Expedição hipopotâmica


O grupo expedicionário
Prometi comentar nossa pequena excursão para a África do Sul ...
Reunimos um grupo de 7 pessoas especialmente selecionadas por suas competências especificas.
Búfalos de mal humor
Uma executiva que planejou a viagem e cuidou para que tudo fosse executado conforme os planos.  Um fotografo/cinegrafista responsável pelo registro imagético. Uma médica, medida cautelar fundamental para aventuras de risco.  Duas crianças, para ensinar aos adultos como se divertir em uma viagem.  Uma adolescente, pela capacidade de localizar o Cabo das Tormentas e explicar quem foram Vasco da Gama e Bartolomeu Dias.  E um consultor, para dar palpites sempre que uma oportunidade se apresentasse e preencher as eventuais lacunas de conhecimento com hipóteses razoáveis.
Fast-food
Houve um tempo em que se acreditou que o homem teria sua origem na Mesopotâmia (entre os rios Tigre e Eufrates, na atual Turquia).
Posteriormente a ciência encontrou provas de que a raça humana teve início na África, também conhecida como Hipopotâmia.
Nossa excursão teve como objetivo visitar a região, observar a fauna e a flora e localizar um acidente geográfico conhecido como “okudomun” (que em linguagem bosquímana significaria “pequeno orifício no extremo sul”.
Leoa faminta
A viagem foi um estrondoso sucesso, como comprovam algumas das fotos que incluo nesta postagem.
Ao fim de uma longa jornada rodoviária (12 horas), partindo de Johanesburgo, chegamos ao Kruguer Park onde pudemos observar os animais em seu habitat natural e, de quebra, descobrir de onde veio a inspiração para a criação do logotipo do MacDonalds (as Impalas são consideradas o "fast food" dos carnívoros do parque).
Cabo das Tormentas
Bem ao longe, chegamos a vislumbrar um nosso ancestral (hippopotamus anphibius), timidamente recolhido, provavelmente envergonhado pelas realizações de seus descendentes.
Okudomun
Com o auxílio de uma guia local de habla hispânica e inexplicável sotaque portenho nos dirigimos  ao sul e nossa batedora adolescente localizou o Cabo das Tormentas. 
Ali perto, num golpe de sorte, encontramos o “okudomun”.
A equipe expedicionária está à disposição para palestras e apresentações sobre a enriquecedora aventura.  É particularmente interessante escutar a história sob as diversas óticas, desde a perspectiva do cinegrafista, um tanto chateado com a falta de disposição dos animais, até a das crianças, que adoraram os pingüins.

domingo, janeiro 22, 2012

Vou alimentar os leões e já volto ....

E qualquer coisa é só dizer ... " ... menos o Flavio, que foi alimentar os leões e já volta ...".

Mulher, embalagem e conteúdo

Já fui motivo de piada, mais de uma vez, por não reparar muito na aparência das pessoas.
Claro que uma morena de cabelos bem cuidados, olhos verdes e corpo escultural não passa despercebida, ainda que eu talvez não seja capaz de responder se era uma mulata ou uma japonesa.
Por isso mesmo, creio que possa discorrer sobre a importância da aparência com certa isenção.
As mulheres, maiores vítimas das exigências estéticas sociais, andam (finalmente) ameaçando se rebelar.
São várias as mensagens nas redes sociais (twitter e facebook) criticando os homens que escolhem suas parceiras baseados na aparência.
Na maioria dos casos, o discurso defende que a perfeição estética pode ser acompanhada de falhas de caráter ou "defeitos" graves de personalidade, e que um pouquinho de celulite e barriguinha são sinônimos de um melhor potencial de relacionamento.
Por experiência própria eu aceito que exista um fundo de verdade nessa afirmação, embora já tenha conhecido garotas esteticamente impecáveis e, mesmo assim, muito agradáveis, inteligentes e charmosas. 
Tenho para mim que as pessoas mais agradáveis são as que tem uma boa relação com elas mesmas.
Mulheres "perfeitas" não costumam ser agradáveis porque se impõem  grandes sacrifícios para alcançar e manter esse nível.  Lá no fundo, não se gostam e, portanto, não podem gostar dos outros.
Já as mulheres que se concedem pequenos prazeres, às custas de um certo "prejuízo" estético, costumam ser mais afetivas e condecendentes.  Gostam de ter e dar prazer.
E, convenhamos, nada mais sedutor do que uma mulher que gosta de ter e dar prazer.
Mas gostar de si mesmo inclui, necessariamente, um certo equilíbrio.
As diferentes gradações de atitudes, partindo de perfecionista e passando por disciplinado, cuidadoso, indulgente, descuidado, relapso, compulsivo e vândalo (para citar alguns matizes) são indicadoras da qualidade da relação da pessoa consigo mesma e, de algum modo, transparecem para quem está no entorno.
Nossa reação é semelhante à que temos quando vamos escolher um produto desconhecido na gôndola de um supermercado.  Uma embalagem descuidada nos leva a pensar, consciente ou inconscientemente, que o conteúdo recebeu o mesmo tratamento.
Da mesma forma, uma pessoa que não cuida de si mesma nos leva a intuir que tampouco será capaz cuidar de outras coisas menos importantes.
Não deixa de ser um preconceito estético, mas tem lá suas vantagens para a preservação da espécie.
É verdade que a maioria dos homens gosta de admirar exemplos próximos do que considera a perfeição estética e, quando isso acontece na forma de uma mulher, imagina o prazer de passar pelo menos uma noite com aquela obra de arte.  Mas se a perfeição estética da embalagem não vier acompanhada de um conteúdo minimamente aprazível, o relacionamento só continua se as neuroses forem complementares (ou seja, se o homem tem necessidade de pagar pelos seus pecados ou se precisa exibir uma mulher perfeita para compensar suas "imperfeições").  Não me parece ser o caso da maioria dos homens.
Por outro lado, não há nenhuma razão motivadora para que um homem comece um relacionamento com uma mulher auto-destrutiva, a não ser, também, por neuroses complementares similares (pagar pecados, salvar a humanidade começando por ela, etc.).
Existem mulheres fantásticas nos dois extremos da correspondência estética mas, por razões evidentes, são raras.
Fora dos extremos, a estética pesa pouco.  Pode facilitar a aproximação, estimular um primeiro contato, justificar um pouco mais de esforço, mas nada muito além disso.
O olhar, o sorriso, a conversa agradável, o respeito, o bom humor, o cuidado geral (cabelo, perfume, roupas, higiene), valem muito mais, e ganham importância a cada novo contato.

sábado, janeiro 21, 2012

Rotos e rasgados

Mais uma meta postagem.  Blogs e redes sociais repercutem, ou melhor seria dizer, ressonam.
Ressonância é um fenômeno que a física descreve como a amplificação de uma frequência de vibração por estímulos de frequência idêntica.  Como não a idéia aqui não é dar explicações científicas, basta lembrar que estou me referindo àquele fenômeno que faz com que uma pessoa possa "explodir" um copo de cristal com um grito agudo (alcançando a frequência natural de vibração do cristal).
É isso que, de certa forma, explica as "explosões" virais nas redes sociais.
Tamém ocorre em escala menor a cada postagem seguida de comentários no facebook, principalmente as postagens mais "agudas" (críticas) ou "graves" (emotivas).
Tomando com exemplo alguns temas das últimas duas semanas, "Luiza está no Canadá" e "Ai se eu te pego" (Teló) "explodiram".  "Vada a bordo, cazzo" (do desastre do Costa Concordia) vibrou a ponto de ser ouvido no mundo todo.  E estupro no BBB (lembrou-me da Batalha de Itararé) veio logo atrás.
Curioso é que para cada tema, surgia um contra-tema, resultando em sub-grupos ressonantes.
Sempre que minha avó via duas pessoas se acusando mutuamente, sem que nenhuma tivesse verdadeiramente razão, ela dizia: "mas é o roto falando mal do rasgado".
Pessoalmente, não vejo qualquer diferença entre repercutir a viagem da Luiza para o Canadá ou qualquer outro tema que a imprensa nos diga que merece nossa indignação.
Ou melhor, vejo sim.  Embora a Luiza tenha se dado bem com essa história, a repercussão foi expontânea, provavelmente iniciada por alguém que, com fino senso de humor, captou nas entrelinhas do comercial do empreendimento imobiliário, as sutilezas da sociedade paraibana.  Não é isso que costuma acontecer quando a mídia escolhe para onde devemos dirigir nossa atenção.
Então, enquanto a Veja promove o Eike "Xiaoping" na sua capa eu discordo do Carlos Nascimento, o jornalista do SBT que diz que nós "já fomos mais inteligentes". 
Acho que vamos ficar mais inteligentes ou, pelo menos, temos uma chance, na medida em que podemos escolher mais livremente os temas sobre os quais queremos conversar e o rumo que daremos à discussão.
Como não estamos acostumados a isso, claro que vai demorar um pouco.
Mas a gente ainda chega lá.

domingo, janeiro 15, 2012

A primeira mulher (versão grega)

O que a história faz com as religiões no decurso do tempo: transforma-as em miltologia.
E como a história é escrita (e reescrita) pelos vencedores, muito se perde das tradições, crenças, conhecimentos e costumes dos povos derrotados.
Muito do que sabemos hoje sobre a antiga Grécia devemos aos árabes e aos arqueólogos, já que os cristãos destruiram todos os registros conflitantes com sua religião, o que incluia as crenças "pagãs" e os estudos filosóficos e científicos.
Dessa colcha de retalhos que nos chega aos dias de hoje, retiro os elementos para contar como os gregos antigos explicavam o surgimento da primeira mulher.
Existem versões conflitantes sobre o tema, mas com alguns pontos em comum.
Epimeteu, sob a supervisão de Prometeu (ambos Titãs de terceira geração, netos de Urano e Gaia), havia criado o homem, último dos animais.  E como Epimeteu já havia gasto quase todos os seus recursos (asas, força, velocidade), Prometeu resolveu roubar o fogo dos deuses e dá-lo ao homem, para que ele pudesse reinar sobre os outros animais.
Também é consenso que Zeus criou a mulher para presentear os irmãos e esse teria sido o primeiro "presente de grego" (expressão popularizada mais tarde pelo cavalo de Troia), já que Zeus estava irritado com a história do roubo do fogo e queria punir Prometeu e Epimeteu.
Prometeu havia alertado o irmão a não aceitar presentes de Zeus, mas Epimeteu (cujo nome significa "aquele que pensa depois"), encantado pela mulher, esqueceu-se dos sábios conselhos.
A mulher chamava-se Pandora ("que possue todos os dons").  Foi criada nos céus, na morada dos deuses, e recebeu o melhor de cada um. 
Foi modelada por Hefesto à semelhança das deusas imortais, com seus melhores dotes.  
Atena deu vida à estátua modelada por Hefesto e ensinou-lhe as artes manuais (como a tecelagem). Afrodite ofereceu a beleza, o desejo e os sedutores encantos.  
Apolo presenteou-a com a voz suave do canto e a música.  
As Cárites (Aglaia, Tália e Eufrosina) ensinaram-na a dançar e a enfeitar-se com lindos colares de ouro.
Hermes conferiu-lhe o dom da persuasão, a graciosa e astuciosa fala.
Nesse ponto, alguém poderia se perguntar como é que semelhante presente poderia se transformar num castigo para os irmãos e sua criação.
Com algumas pequenas variações, o que se conta é que Pandora foi usada por Zeus para abrir uma caixa  (ou uma ânfora) que continha todos as desgraças que assolam a humanidade. Ela não o fez por maldade.  Não sabia o que havia dentro da caixa e decidiu abri-la movida por sua incontrolável curiosidade.
Não está claro quem teria dotado a mulher de tamanha curiosidade (talvez o próprio Zeus, às escondidas).  Mas fato é que, seja na versão que afirma que a caixa (ou ânfora) era de Epimeteu (que já havia usado todas as coisas boas e, portanto, apenas as ruins haviam sobrado) ou na que havia sido trazida pela própria Pandora,  ela teria sido alertada, em ambos os casos,  a não abrí-la.  Foi vítima de sua curiosidade.
Como essas histórias forma escritas por homens, é possível inferir sua visão atávica da mulher:
- é um presente dos deuses
- muito mais bem dotada do que o homem
- irresistívelmente sedutora
- causadora involuntária de todos os males
A versão que diz que a caixa era de Epitemeu é a que faz mais sentido pelo que conheço das histórias gregas, que costumam ter grande consistência interna.
Trata-se de uma alegoria que representa o esforço do homem para utilizar o melhor de sí em suas criações e reprimir o que considera negativo (deixando trancado na caixa), e seu medo de que a mulher, com todo seu encanto, o faça perder o controle e entrar em contato com suas paixões.
Ah ... ia me esquecendo de mencionar ... no fundo da caixa aberta por Pandora restou a esperança ...

sexta-feira, janeiro 13, 2012

Adão antes de Eva

Minha amiga Christina Monetegro levantou a poeira com o lançamento do seu livro "Homem ainda não existe" e o Fernando Carneiro (amigo dela) desenterrou uma personagem que eu não conhecia (santa ignorância): Lilith.
Meus amigos judeus compreenderão que algumas folhas foram arrancadas do livro que eu tinha lá em casa.  Aos poucos vou encontrando as que faltam.
Vou contar a história como ouvi.  Quem conhecer uma versão diferente, fique à vontade para contestar.
Segundo consta (sabe-se lá onde), Eva não teria sido a primeira mulher de Adão.
Antes dela, Lilith dividia o paraíso com o primeiro homem.  Havia sido criada juntamente com ele, no sexto dia.
Embora Adão insistisse em afirmar que Lilith fora criada para llhe fazer companhia, a garota tinha personalidade própria e não tardou muito para se aborrecer com as tendências machistas do menino, decorrentes da influência do Pai, pelo que pude deprender do resto da história.
Lilith resolveu deixar Adão e o Paraíso, mudando-se para um bairro mais animado.
Adão, indignado, reclamou com seu Pai, que mandou 3 dos seus colaboradores, uns anjos, atrás da fujona.
Encontram-na numa rocha no Mar Vermelho, divertindo-se à grande com uma centena de demônios bem intencionados.
Os anjos tentaram convencê-la a voltar.
- Voltar para o chato do Adão, e aquele paraíso sem diversão ?  Nunquinha ! - teria ela respondido na língua dos anjos, uma das muitas coisas que aprendeu com os demônios nos intervalos entre uma coisa e outra.
O Pai de Adão ficou sabendo, exilou e amaldiçou a moça e teve a brilhante idéia de produzir uma nova companheira para ele, dessa vez utilizando uma de suas costelas, para garantir um certo senso de pertinência e gratidão.
A vida dos dois era bem mais divertida para Adão do que havia sido a experiência anterior.
Enquanto isso, Lilith, com a animada contribuição de alguns anjos caídos, se dedicava a parir toda a sorte de demônios  (incluindo os vampiros, pelo que me disseram), para se vingar da familia do ex-noivo.
Mas tudo isso acontecia fora do paraíso e pouco afetava a vida do casal que só escutava falar do caso nos almoços de domingo.
E foi, então, que Llith elaborou seu nefasto plano. Disfarçada de serpente (bicho inocente até esse episódio), invadiu o paraíso, enroscou-se numa macieira aguardando a chegada de Eva para seu lanchinho matinal e contou como a vida poderia ser diferente e muito mais interessante sem a tutela de um marido machista.
A partir daí está tudo nos livros.
Mas a verdade é que a prole da Adão vem enfrentando bastante dificuldade para manter as descendentes de Eva no seu devido lugar depois daquela manhã na macieira.

quinta-feira, janeiro 12, 2012

Matéria e energia

Sócrates, um importante personagem da filosofia grega, teria dito: "só sei que nada sei".
Tendo a concordar com ele.
A razão é um poderoso instrumento, mas limitada à nossa ignorância.
No mundo ocidental tendemos a valorizar o pensamento lógico em relação aos sentimentos.
Isso me parece um equívoco esquizofrênico.  Razão e sentimento são complementares.  E me parece que essa complementariedade ajuda a expandir os limites do nosso conhecimento.
Fiz essa pequena introdução para contextualizar o tema da postagem, que reúne o que sei e o que sinto.
A princípio, tenderia a dizer que sei o que me ensinaram na escola, o que lí nos livros ou aprendi com pessoas ilustradas.  É assim que costumamos caracterizar o saber "oficial", legitimado por autoridades institucionais.
Aprendemos de tal forma a ignorar os sentimentos, que não incluímos o que sentimos na categoria de "conhecimento", a não ser no que se refere aos 5 sentidos "autorizados" e, ainda assim, com ressalvas.
Posso dizer que "sei" que está frio, mesmo sem consultar um termômetro, ou que "sei" que algo está estragado pelo cheiro, sem fazer uma análise química.  São afirmações aceitáveis.
Mas quando digo que "sinto" uma energia positiva emanando de um objeto ou de uma pessoa, corro um grande risco de não parecer uma pessoa "séria".  Sentir energias não é uma capacidade humana cientificamente legitimada.
Uma experiência curiosa que costumo repetir as vezes, quando estou dormindo fora de casa.  Deito na cama relaxadamente e procuro encontrar a posição em que durmo em minha própria casa.  Mudo de posição na cama até "sentir" que meu corpo esta alinhado na mesma posição em que estaria se estivesse na minha própria cama.  Uma vez encontrada a posição que sinto como "familiar", verifico o alinhamento em relação aos pontos cardeais (norte, sul, leste, oeste) - o que ficou mais fácil agora que tenho um iPhone com bússola integrada.  Pasmem:  acerto sempre.  E como já fiz a experiência com chuva e com sol, de manhã e à noite, podemos descartar a referência da luz do sol (embora alguém sempre possa argumentar que meu ardiloso cérebro tenha registrado os pontos cardeais durante o dia e minha espantosa percepção espacial permita que, inconscientemente, saiba qual é a exata posição da cama do quarto do hotel em relação aos pontos cardeais).
Minha "explicação" para isso é que sou capaz de "sentir" o campo magnético da Terra.
É, claramente, uma percepção sutil, diferente daquela oferecida pelos 5 sentidos "oficiais". 
Mas, como a energia magnética é cientificamente comprovada e nosso corpo contém metais sensíveis a ela (além de produzir, ele mesmo, alguns fenômenos eletromagnéticos), estou certo de que não serei considerado totalmente louco ou charlatão por essa afirmação.
A física quântica anda fazendo algumas descobertas interessantes sobre as relações entre matéria e energia e está perto de concluir que tudo que existe é formado por energia (nesse dia a expressão comum a muitas religiões - "Deus está em todas as coisas" - ganhará um novo sentido metafísico).
Minha amiga Deborah Worthington postou um artigo lá no facebook sobre a energia eletromagnética gerada e emanada pelo coração que, segundo o autor, tem bases científicas.
É o tipo de artigo que minha "razão" recebe com desconfiança, mas que não contraria o que sinto no dia a dia.  Minha reação ao artigo foi algo como "essa é uma explicação meio estranha para justificar algo que eu tenho a impressão de que sinto".
A vantagem de estar ficando "velho" é que aos velhos e às crianças é permitido um certo grau de "insanidade"....

quarta-feira, janeiro 11, 2012

Vinhos de verdade

Não sou enólogo, sommelier e nem mesmo estudo vinhos.
Apenas bebo, e nem tanto assim.
Aprecio um bom vinho e meus critérios de avaliação costumam ser o paladar e o dia seguinte.
Recentemente fui apresentado aos vinhos biodinâmicos pelo simpático casal Lis Cereja e Ramatis Russo, proprietários da Enoteca Saint Vin Saint.
Conclui que deveria tê-los conhecido antes, por pelo menos 3 razões:
- é um casal que vale a pena conhecer
- a comida da Enoteca é divina
- os vinhos que recomendam são magistrais
Devagar vou aprendendo com os dois a entender melhor esse novo universo dos vinhos orgânicos, naturais e biodinâmicos.
Os orgânicos são aqueles produzidos de acordo com as normas da agricultura orgânica, que basicamente se limita a não utilizar produtos químicos, sintéticos ou geneticamente alterados.
Os naturais, além dos princípios orgânicos, incorporam o conceito de preservação do ecosistema e privilegia processos artezanais (embora inteligentes e eficientes) de produção.  Seu precursor foi o japonês Masanobu Fukuoka.
Os biodinâmicos tem origem nas teorias antroposóficas de Rudolf Steine. Nas palavras da Lis "mais do que tratamentos orgânicos, o biodinamismo leva em conta a polaridade dos seres vivos, o equilíbrio entre as forças materiais da terra e forças energéticas, como a influência do sol, da lua e outros astros na agricultura.  Nada mais do que uma tentativa de preservação do equilíbrio natural do ecossistema."
Deixando de lado discursos e posições filosóficas, o que importa é o resultado.
Depois de tomar um par de garrafas de vinhos naturais ou biodinâmicos (ou alguns orgânicos mais sérios), quando você volta a experimentar um vinho convencional é capaz de perceber boa parte de suas "adições' (conservantes, lascas de madeira).
Os vinhos biodinâmicos tem um frescor único.
Vou fazer uma comparação culinária.  O vinho biodinâmico está para o vinho convencional como um molho "pomodoro i basilico" feito em casa com tomates e manjerição frescos está para um molho de macarrão de cantina italiana, preparado com "passata" industrializadas e carregado de temperos fortes.
Não são artificialmente "arredondados" e "flavorizados" para agradar ao primeiro gole.
São leves, interessantes e trazem a "alma do terroir".  Você vai descobrindo o vinho aos poucos.
E, no dia seguinte, acorda maravilhosamente bem, descobrindo, finalmente, porque o vinho é a bebida preferida de Dionísio (Baco).
Minhas últimas experiências foram com o "Bedeau", da Domaine de Chassornay, região da Borgonha, 100% Pinot Noir - um vinho natural, e o "Cuvee Prestige"  do Ch. des Estanilles, da região de Fougeres, um assemblage de uvas - vinho biodinâmico.  Também degustei um tempranillo espanhol, mas não me lembro o nome.  Fantásticos, os três.
Sugiro que experimentem.  Vale a pena.
Costumo comprar lá mesmo na Enoteca Saint Vin Saint (www.saintvinsaint.com.br).  O Ramatis (ou a Lis) faz excelentes recomendações.

Ciência e religião

Acabo de assistir um filme que merece ser assistido: "Agora" (ou Alexandria, no título em português), com a excelente atriz Rachel Weisz.
Conta a história de Hypatia, uma filósofa grega que vivia e ensinava em Alexandria, no início da era cristã (370 DC).
Mesmo sendo uma versão romanceada da história (e existe outra forma de registro histórico?), oferece uma interessante oportunidade de imaginar como aconteceu a transformação religiosa do mundo ocidental, partindo da Grécia politeísta, uma sociedade democrática e berço da filosofia para as sombras da idade média, e o papel que as religiões tiveram nesse processo.
Não vou comentar o filme.
Recentemente venho observando um acirramento do debate entre "cristãos" e "ateus" nas redes sociais.
Coloquei ambas as palavras entre aspas simplesmente porque a maioria dos debates (melhor seria dizer brigas) apaixonados que pude acompanhar certamente não contaram com a participação de verdadeiros cristãos ou ateus, mas essa é uma discussão longa e que não cabe nesta postagem.
Apenas recomendo que aqueles que estiverem interessados sobre o assunto a ponto de se envolver numa discussão aberta e pública assistam o filme.
A perspectiva oferecida é interessante e faz pensar a respeito do mundo, da vida e das causas pelas quais lutamos.

domingo, janeiro 08, 2012

Silêncio e Sedução



Não são as palavras.
São os olhares, os gestos, o perfume, o toque.
O sorriso franco e o riso fácil.
O abraço de corpo inteiro.
As atitudes, o acolhimento e o respeito.
O cuidado, a atenção, e o carinho.
O desejo e, então, o beijo.
Se as palavras não atrapalharem.

quinta-feira, janeiro 05, 2012

Querendo se encontrar ...


Procura-se

Somos meninos e meninas
Na estrada desta vida
Sem rumo nem destino
Sozinhos na multidão
Querendo se encontrar

Quer saber
procurar
Quer saber
Com quem vamos estar
Quer saber
vasculhar
Quer saber
onde isso vai dar

Corpos imperfeitos e amores liquefeitos
Quem se esquece do teu jeito rarefeito
Sem direito
de questionar

Somos meninos e meninas
Na estrada desta vida
Sem rumo nem destino
Passando de mão em mão
Querendo se encontrar

Somos meninos e meninas
Na estrada desta vida
Sem rumo nem destino
Inebriados de tesão
Querendo se encontrar

Passa a bala
Não dá pala
Esquece desse mala
Nem me fala
Sem escala
Eu vou pra Guatemala
Me encurrala
e me empala
Nada mais me abala
Na senzala
a vassala
Desenha a minha mandala

Corpos imperfeitos e amores liquefeitos
Quem se esquece do teu jeito rarefeito
e insatisfeito
assim de me amar

Somos meninos e meninas
Na estrada desta vida
Sem rumo nem destino
Vivendo de ilusão
Querendo se encontrar

Somos meninos e meninas
Na estrada desta vida
Sem rumo nem destino
Sempre na contramão
Querendo se encontrar

(foto: Freaking News)

quarta-feira, janeiro 04, 2012

Amores gastronômicos

Ele foi invadido por aquele sorriso gostoso e o olhar doce.  Não resistiu e disse num arroubo:
- Você é o meu docinho de côco !
Ela abriu ainda mais o sorriso por um instante.  Foi então que uma sombra de preocupação surgiu em seu olhar, e ela disse:
- Mas você detesta côco !  E nem é chegado em doces ... - fez um beicinho, preocupada.
Ele riu, relaxado ...
- É simbólico.  O sorriso branco, o olhar doce, esse cabelinho curto e despenteado.  A pura imagem de um doce de côco.
Ela relaxou um pouco.
- E depois ... - ele seguiu - ... se eu fosse dizer que você é o meu pedaço de pizza de ricota com nozes ou uma lambida na colher de tahine não iria ficar nada romântico !
Ela não conseguiu conter a gargalhada diante das frases pronunciadas com fingida profundidade.
- Engraçada essa mania de comparar a pessoa que a gente ama com comida, não é ?
- Querida ... são os prazeres da vida: comer e comer ... - ele explicou com olhar malicioso.
- Safado !
- Gostosa !
- Tá vendo ? Gostosa.  Comida de novo ! - rindo.
- Podemos resolver esse paradoxo com um pouco de chantilly ... - o olhar perdido imaginando a cena.
- Você não quer que eu me depile e ainda vai colocar chantilly em cima ?  Vai parecer que estou fazendo a barba !
- Pô, garota ... assim você estraga romantismo do momento !
Ela gargalhou.
- Romântismo masculino é uma coisa fabulosa mesmo ....
- Ok ... calda de cereja e pétalas de petúnia, então.  Luz de velas por todo o quarto ao som do Libertango.  Toques lentos e suaves com a ponta dos dedos, lambidinhas leves, uma pedrinha de gelo para contrastar ... tudo bem devagar ...
- Hummmmm... você continua não sabendo o que é romantismo, mas acho que estou pronta para perdoar, gostosão ... - ela aproximou seu corpo do dele e sussurou a última palavra em seu ouvido.
Ele aproveitou para dar um beijo longo, segurando-a pela cintura e disse docemente:
- Considerando que não temos as petúnias, a calda de cereja e nem velas suficientes, será que a gente podia dar uma rapidinha antes de eu sair para o mercado ?

terça-feira, janeiro 03, 2012

Um dia vira RAP

Pois é, doutor
Não é por custar caro que a coisa tem valor
Então é fato
Você pode acreditar que com prazer é mais barato
Pode parar
Se viver tudo na pressa não vai dar para aproveitar
Reflete, pensa
Muita coisa na vitrine e pouca coisa na dispensa

O fim está próximo .... uhuuuuu !


Há quem acredite que o mundo vai terminar em 2012.
A principal indicação para isso seria o fato do calendário Maia terminar em dezembro de 2012.  Algo parecido com alguém encontrar uma agenda moderna com calendários até 2015 e imaginar que o mundo vai terminar em 2015, agravado pelo fato de que a conversão do calendário Maia para o nosso pode não estar correta.
Mas há algo de interessante em começar o ano com a perspectiva de que poderá ser o último de sua vida, além do argumento para se dar bem no final da noite.
Don Juan, o Nagual dos livros do Castañeda, sugere que a morte é a melhor conselheira.  A possibilidade real de que nossa vida termine a qualquer momento sugere a “impecabilidade” como a única alternativa de vida.
Ou seja, sem querer parecer pessimista ou agourento, com ou sem o calendário Maia, esse pode ser nosso último ano de vida.
Então, é melhor aproveitar para viver bem.