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domingo, julho 31, 2011

À fada dos ∞ cantos


À fada dos 8 cantos
De olhar profundo
Sorriso lindo
E dotes tantos
Neste dia findo
Dedico o mundo
Enebriado por seus encantos

Salvando o mundo

É impressionante o número de filmes do cinema norte-americano onde o herói salva o mundo no final.
Esse deve ser o medo fundamental dos grandes impérios.
E, de fato, o grande império do norte anda com problemas.  Dizem os analistas que o mês de agosto pode ser decisivo para o cenário.
Não vou entrar no mérito dos problemas e riscos da alavancagem da economia dos irmãos do norte.  Há um par de anos escrevi um artigo profético sobre a diminuição do hegemônico poder econômico dos EUA e do surgimento de potências setorizadas.
Obviamente, foi uma profecia otimista, pressupondo que os norte-americanos saibam lidar com essa redução de seu controle sobre o mundo sem rancores.
Estamos prestes a completar 100 anos sem grandes guerras no mundo ocidental.
De certa forma devemos isso aos inglêses que descobriram uma forma mais eficiente de ganhar dinheiro do que invadir e colonizar.
Fato é que estou convicto de que devemos essa relativa tranquilidade ao sistema econômico vigente.
Se ele entrar em colapso, é melhor começar a lubrificar a escopeta.

sexta-feira, julho 29, 2011

Umidade

A umidade relativa do ar no deserto de Kalahari, onde vive essa simpática tartaruga, gira em torno dos 70% pela manhã e cai para 30 a 40% à tarde.
Em São Paulo andamos mais enxutos. Índices abaixo de 40% tem sido comuns nas tardes de inverno e já chegamos perto dos 20% nos piores dias.
Para os indivíduos mais atópicos (como eu) isso é trágico.  O organismo se torna hiper-reativo e a sensação generalisada de desconforto desamina.
Nos piores casos (não é o meu) os piripaques podem ser graves e demandar hospitalização.
Nem as praias de Sampa andam se salvando.  Fora da água o ar também anda seco quando o vento sopra para o leste.
Bastante água e um pequeno estoque de anti-alérgicos são as armas dos adeptos da auto-medicação, embora sempre seja recomendável consultar um médico se você é um daqueles felizardos que pode pagar por um e ele está em condições de atendê-lo.
Tudo isso para dizer que resolvi postar a foto porque me identifiquei com o bichinho ...

quinta-feira, julho 28, 2011

A outra face

Uma passagem do evangelho de Mateus sugere que se alguém o atinge na face direita você deve dar a ele a outra face.
 O contexto é se contrapor à "lei de talião" - "olho por olho, dente por dente" - que prega que a punição deve corresponder em intensidade ao crime.
Curiosamente, acredita-se que esse princípio jurídico (a lei de talião) visava, justamente, evitar que abusos fossem cometidos por vingadores ou pelas autoridades. 
Em algum momento esse sentido perdeu-se e o código assumiu o caráter de "retaliação" (palavra que deriva da mesma raiz).

O princípio é muito antigo.  Existem registros datados de quase 1800 anos antes de Cristo.  Os romanos o denominavam de "lex talionis" (lex - lei, talis - idêntico): a punição deve ser igual ao crime.
Claro que, algumas vezes, é complicado estabelecer uma punição exatamente igual ao crime cometido.  Os romanos resolveram isso estabelecendo penas específicas para cada tipo de crime (Lei das Doze Tábuas), buscando dosar sua intensidade em função da gravidade.
Mais tarde os ingleses, com seu extraordinário tino financeiro, estabeleceram que parte das penalidades poderiam ser substituidas por pagamento em dinheiro.
Mas Mateus estava longe dessa discussão.  Preocupado com a salvação da humanidade e consciente de que o desejo de vingança costuma atrapalhar, indica, nas palavras de Jesus, que o agressor não deve ser confrontado ou retaliado, porque esse desejo pode trazer mais dano do que a agressão original.
Eu, que assumidamente estou longe de ser um "iluminado", não consigo concordar com a submissão ao agressor.
Mas procuro evitar o confronto quando desnecessário ou improdutivo.  Acho que a última vez em que devolvi uma fechada no trânsito tinha menos de 20 anos.
A melhor estratégia me parece sair de perto e deixar que o agressor arranje coisa melhor para fazer.
Mas sei que nem sempre é fácil evitar que o dinossauro que existe no outro desperte o dinossauro que existe em nós.
Namasté !

domingo, julho 24, 2011

Distâncias

Então resolvemos dar uma caminhada pela praia de Itaguá (Bertioga/SP).  Conversa animada, passo acelerado, com o objetivo de chegar na outra ponta.
Uma hora e quarenta minutos depois encontramos um pequeno bar, paramos para beber um suco e perguntamos quanto faltava para chegar ao final da praia.  Na estimativa do simpático senhor, pelo menos mais uma hora.  Resolvemos voltar.  Não daria tempo de ir até a ponta e retornar antes do por do sol.
Curioso notar que seriam necessárias quase 3 horas de caminhada para chegar até a ponta de uma praia que estava logo alí, ao alcance da visão, tempo maior do que o necessário para ir até Buenos Aires de avião.  Quase o dobro do tempo para voltar para São Paulo de carro.
Lembrei-me das histórias do tempo do Império, com Don Pedro e a corte subindo a serra a cavalo, de Santos para São Paulo (com direito a uma paradinha para pernoite na casa da Marquesa de Santos).
Uma carta para a Europa levava meses para chegar.
Outro ritmo.

quarta-feira, julho 20, 2011

Vitruvianices

Todos conhecem a famosa figura de Da Vinci, representando as proporções do corpo humano.
Nem todo mundo sabe que o nome da figura é "o Homem Vitruviano".
Menos gente ainda sabe quem foi Vitrúvio, que deu nome à figura.  Eu não sabia.
Vitrúvio está para arquitetura como Hipócrates para a medicina.  Os dois vieram depois dos egípcios, mas como os nomes gregos são mais fáceis de pronunciar (e a cultura grega teve maior influência sobre a nossa do que a egípcia) são considerados os pais dessas artes.
Da Vinci foi, provavelmente, o homem mais genial da história da humanidade.  Tudo que fazia era multidimensional.
O Homem Vitruviano solucionava o desafio que Vitruvio havia proposto 1500 anos antes, de inscrever o homem num círculo e num quadrado de acordo com suas proporções.  Mas, ao mesmo tempo, permite o cálculo do "Pi", efetua a quadratura do círculo, remete à simetria do Universo e é um desenho simpático.
Só muito tempo depois, já no final do século XX, os arquitetos modernos resolveram se preocupar com as proporções do corpo humano adotando princípios ergonométricos a suas criações.
Se existe um personagem histórico que gostaria de haver conhecido, esse é Da Vinci.
Imhotep (o Da Vinci egipcio que viveu 2700 anos antes de Cristo) também seria uma opção, mas ouvi dizer que Da Vinci era mais bem humorado e, depois, me viro melhor com o italiano ...

terça-feira, julho 19, 2011

O prazer de viver

Do UOL a foto da russa que resolveu nadar nua com as baleias do Mar Branco (a -2 celsius).
Não importam as razões, as explicações ou a descrição posterior da experiência.
Essa foto, para mim, simboliza o prazer de viver, de mergulhar (nesse caso, literalmente) na intensidade dos sentidos.
De certa forma, complementa a postagem anterior.  É anárquica, deliciosamente anárquica.
Quem já experimentou entrar no mar completamente despido sabe a sensação de liberdade e o prazer que isso dá.
Nunca tentei com baleias e tenho cá minhas restrições com relação a temperaturas abaixo de zero.
Mas o conjunto da foto é impecável.  Uma imagem para inspirar a semana e lembrar que a vida pode ser bem aproveitada se tivermos coragem para isso.

sábado, julho 16, 2011

A vida e o tempo

"Vida Louca
  Vida!
  Vida Breve!
  Já que eu não posso te levar
  Quero que você me leve... "
                                 (Lobão)

Tanto por fazer, tanto para fazer, tanto que fazer ...
E o tempo, ah... o tempo ... tão curto.
Mas como pode ser curto se é contínuo ?
Transformamos o contínuo em discreto.  Dividimos o tempo em anos, em dias, em horas ... e aí a vida não cabe nas frações do tempo que criamos.
Então organizamos a vida para fazê-la caber.
É a "agenda", palavra que deriva do latin "ágere" (produzir, realizar, proceder, fazer, agir).  Agenda significa "coisas que devo fazer".
Devo, não nego, faço quando puder ... (parafrazeando o famoso provérbio dos devedores).
Melhor seria dizer "quando quiser" ... mas quem é mesmo que sabe o que quer ?
E aí vem o Lobão cantando sua desistência (ou o Zeca, para quem gosta de pagode ... "vida leva eu").
Anarquia, já !
Esclarecendo, anarquia é a ausência de coerção, não de ordem.
Que o pensamento seja anárquico para que tenhamos alguma chance de optar pela ordem que nos faz mais feliz ...

quinta-feira, julho 14, 2011

Slogan: mais de 30 milhões de clientes insatisfeitos em 2010

Para quem não conhece o "Reclame Aqui" vale a pena ler a entrevista de Mauricio Vargas, seu fundador, no site da Revista Venda Mais.
Na cobertura do SMBR 2011 (Social Media Brasil), lá no  Seo de Saia, Mauricio afirma que espera 80 milhões de visitantes em 2011 (teriam sido mais de 30 millhões em 2010), majoritariamente consumidores insatisfeitos.
Sem entrar no mérito da iniciativa em sí ou dos números mencionados (que me pareceram exagerados considerando que praticamente todos os internautas brasileiros precisariam entrar no site para atingir a meta do Mauricio), me pareceu divertida a idéia de que o Reclame Aqui poderia fazer uma campanha baseada no fato de que o Reclame Aqui conta com a insatisfação dos seus clientes.
Algo do tipo:
"Faça como nossos milhões de clientes insatisfeitos: Reclame Aqui !"
No mínimo, divertido.
Por outro lado, o sucesso da iniciativa revela o que todos nós já sabemos por experiência própria: os SACs (Serviço de Atendimento ao Consumidor) de muitas das grandes empresas deixa a desejar.
É torturante passar pela sequencia de menus automatizados e ser atendido por alguém que não sabe responder nada além do que está escrito num roteiro, com raras e honrosas exceções.
Por força de lei as empresas foram obrigadas a reduzir o tempo de atendimento, o que foi um verdadeiro alívio.  Mas foi preciso aprovar uma lei para isso ... as leis básicas do marketing não funcionam tão bem em setores cartelizados.
Se há pelo menos um mérito nas redes sociais (e na verdade existem muitos) é o de chamar a atenção para esse tipo de situação. O custo de reversão de uma reclamação viralizada é muito maior do que o de resolver o problema rapidamente.
Tempos modernos em que o computador substitue o trombone ...

domingo, julho 10, 2011

Psicodiâmica das cores e discriminação

A bandeira do arco-íris é um dos símbolos do movimento GLS (ou GLBTS, a partir da inclusão dos bissexuais e transgêneros na sigla).
A versão criada por Gilbert Baker em 1978 para a parada gay de São Francisco tinha duas cores a mais (rosa e turquesa) que foram abandonadas posteriormente por razões estéticas.
Cada cor da bandeira tem um significado simbólico (sujeito a interpretações diversas):
Vermelho: vida epaixão
Laranja: poder e cura
Amarelo: sol e luz
Verde: natureza e serenidade
Azul: arte e harmonia
Roxo/Violeta: espírito
Há, entretanto, um aspecto curioso com relação às cores que raramente é mencionado: elas explicitam nossa vocação para o preconceito e a discriminação.
Existem alguns casos de excessiva associação simbólica como o rosa para meninas e o azul claro para os meninos, o branco para a paz e a pureza, o preto para a morte, o verde para natureza e coisas assim.
Mas nenhuma cor é universalmente feia ou negativamente discriminada.
Cores tem características próprias (associadas à sua frenquência) que nos levam a qualifica-las de "frias", "quentes", "excitantes", "opressivas", "calmantes", "alegres", "tristes", e também despertam sensações em função do contexto em que são utilizadas ou apresentadas.
Esse fenômeno é genericamente chamado de "psicodinâmica das cores".
Dai derivam idéias como a cromoterapia (tratamento através cores), avaliação da personalidade a partir da preferência por cores, seu uso energético na decoração (feng shui) ou subliminar na publicidade.
No ocidente, o vermelho já foi a cor da realeza, da paixão, da depravação, da raiva e, mais recentemente, da prosperidade (resgate da cultura milenar oriental).
Como não há nenhuma restrição social à discriminação das cores, exercitamo-la com singular liberdade.
Discriminar, julgar, rotular, pré-conceber são comportamentos inerentes ao ser humano.
Observar nosso comportamento com relação às cores, por sua neutralidade, nos dá a oportunidade de ter maior consciência disso.

quinta-feira, julho 07, 2011

Risco de morte

Não faz muito tempo dizia-se que as pessoas corriam risco de vida.  De uns anos para cá os manuais de redação substituiram a expressão por outra mais gramaticalmente correta: risco de morte.
Eu prefiro a antiga.  Risco de morte todos correm, desde que nascem...
Já o medo da morte é um grande risco para a vida.
Acabo de ler que um estudo realizado nos EUA indica que o Champix, um medicamente para deixar de fumar, aumenta o risco cardiovascular em 72%.
Os medicamentos para emagrecer também costumam ter uma longa lista de efeitos colaterais.
Claro que nem sempre se pode confiar da conclusão dos estudos "científicos".
Um deles, realizado pela Universidade de Indiana, conclue que os homens são mais felizes no casamento e as mulheres no sexo e ressalta que os nomens japoneses são 2,61 vezes mais sexualmente satisfeitos do que os brasileiros.
Embora uma britânica de 105 anos acredite que o segredo de sua longevidade seja a virginidade,  um estudo realizado pela Universidade Queens afirma que sexo frequente dobra a expectativa de vida dos homens.
A expectativa media de vida do homem japones é de 80 anos, contra 70 do homem brasileiro, o que poderia ser encarado como elemento corroborador para os dois estudos anteriores, não fossem outros fatores sociais distintivos relevantes entre os dois paises.
Resumindo, a recomendação para os rapazes seria esquecer os remedios para emagrecer e parar de fumar, faça uma plastica leve para amendoar os olhos e mudar para o Japão ...
Para as mulheres, mantenham a virginidade até os 100 anos ...

segunda-feira, julho 04, 2011

No que você acredita ?

Sabe aquele sujeito que diz que gostaria de ganhar na mega-sena mas nunca joga ?
Ele provavelmente não acredita que possa ganhar ... então não faz nem o mínimo necessário para se credenciar.  Certamente não irá ganhar.
Isso acontece com frequencia no nosso dia a dia e não percebemos.
Desejamos coisas e, lá no fundo, não acreditamos ser possível alcança-las.  Ai, não fazemos o mínimo necessário para consegui-las, ou fazemos sem a necessária determinação.
Já ouviram a expressão "a fé move montanhas" ?  Pois sem ela não dá nem para espanar a poeira.
Não me refiro a fé num deus ou numa religião.  Nem, obrigatoriamente, na fé em si mesmo.
É mais simples do que isso: apenas acreditar na possibilidade.
Acreditar que seja possível é a condição necessária para buscar.
E vale também para as coisas ruins.
Se você não acredita que algo ruim pode acontecer, não se esforça para evitar e nem se prepara para isso.  E é ainda pior quando você acredita que vai acontecer e que é inevitável.
Agora, se você acredita que pode acontecer mas que pode evitar, terá mais chances de se precaver.
Não chega a ser "O Segredo"  (aquele devaneio neurolinguístico), mas acreditar tem lá sua influência nos resultados.
Por isso acho que vale a pena parar de vez em quando para se perguntar no que acreditamos...

domingo, julho 03, 2011

Sangue, sexo e bons exemplos

Comecei a assistir a série Spartacus - Blood and sand.
Esteticamente, um deleite para as amigas e amigos que gostam de apreciar o nú masculino, desde que tenham estômago para aguentar os estripamentos e degolações.
O enredo é comum, o roteiro convencional e a direção, até o momento, impecável (para um leigo como eu), resultando em atuações muito convincentes.
Mas onde a série verdadeiramente surpreende é nas entrelinhas do roteiro.  Para o pessoal de RH que gosta de utilizar cenas de filme como exemplos situacionais para treinamento de executivos, a série é uma mina de ouro. 
Temas como compromisso, motivação, trabalho em equipe, confiança, foco no cliente, negociação, planejamento, execução, controle orçamentário e, seguramente, outros relevantes para o desenvolvimento de profissionais em ambiente empresarial são abundantemente referenciados episódio após episódio.
Claro que as meninas do RH vão ter que fazer um esforço adicional para deslocar sua atenção dos gladiadores para as oportunidades de treinamento, mas isso se consegue numa terceira passada de olhos.
É de certa forma curioso encontrar numa série que procura reproduzir o ambiente amoral da época do já decadente Império Romano tantas "lições" aplicáveis à ética empresarial moderna.
Mas é como dizia meu avô, explicando o funcionamento do I Ching: quando você sabe qual é a pergunta, pode encontrar a resposta até em bula de remédio...