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quinta-feira, novembro 30, 2006

O homem, o menino e o burro


Contribuição da amiga mexicana Luisa Hinojosa. Uma fábula que ela leu aos 5 anos de idade e que marcou sua vida.
"Um homem e seu filho caminhavam pela estrada, levando seu burro.
Algumas pessoas que vinham em sentido contrário comentaram:
- Que absurdo. Os dois andandando a pé nesse calor e o burro belo e folgado ....
O homem achou que os passantes tinham razão e protamente colocou seu filho no lombo do burro.
Mais adiante outros passantes, vendo a cena, comentaram:
- Que triste. Um jovem com saúde no lombo do burro e o sernhor, mais velho, tendo que caminhar debaixo desse sol ... já não há respeito !
O homem ponderou que o comentário fazia sentido e trocou de lugar com seu filho, passando para o lombo do buro.
Algumas centenas de metros mais adiante, outro grupo escandalizado comentou:
- Isso que é falta de consideração... um adulto belo e folgado sobre o lombo do burro enquanto a criança é obrigada a caminhar sob o sol escladante. Que tortura para a pobre criança.
O homem, envergonhado, fez subir também a criança no lombo do burro.
Poucos minutos depois um novo grupo de andarilhos, com um olhar de reprovação disse:
- Agora é assim que se tratam os animais. O pobre burro, fatigado pelo calor, obrigado a carregar duas pessoas no seu lombo. Uma crueldade sem limite com o animal.
Moral da história: não importa o que você faça, sempre haverá alguém para criticar.
Portanto, faça o que achar certo, ou logo logo vai estar carregando o burro nas costas.

7 comentários:

doppiafila disse...

Muito boa! Com as historias da Luisa darìa para abrir um blog independente, né?? :-)

Amanda Magalhães Rodrigues Arthur disse...

Concordo! Luisa é conteúdo garantido... Consegui vê-la contando a história!
E, by the way, bela moral da história... já anotada no caderninho mental!

Anônimo disse...

Trazendo a discussão pra cá:

- Flavio Ferrari

E, apenas para constar, o marketing bem feito não inventa necessidades ... apenas as explora.


- Dysfemismo


Todo burgues publicitario acredita nisso. Mas é muita ingenuidade acreditar que a coca cola e a marlboro apenas exploraram necessidades e não abusam de possibilidades humanas pra transformarem-nas em necessidades inexoraveis.

Se os meios de comunicação em massa não tivessem nenhum poder de reciprocidade (ou seja, o poder de ser criado por uma sociedade e de recria-la novamente) eu até concordaria.

Mas é obvio que sua idéia só faz sentido porque a propria classe que cria e recria o mundo através da publicidade tem o interesse individual (o de livrar a propria consciencia) e coletivo (o de convencer a outra classe, mais numerosa, de que o marketing é inofensivo) de pensar assim...

Isso me lembra inclusive boa parte da pauta dos apologistas do jornalismo: eles repetem tanto sob re o "jornalismo imparcial" que pretendem convencer a si mesmos e aos seus leitores que, de fato, existe imparcialidade e que as notícias são isentas de posicionamento político...

Como se todos fossem esquizofrenicos e tivessem a capacidade de sair de sua propria existencia pra um plano etéreo e imaculado de imparcialidade na hora de escreverem notícias.

A mesma coisa serviria pra propaganda, se a televisão, as revistas e os jornais existissem num plano superior aonde as necessidades do homem são absolutamente estáticas, imutáveis, perfeitas - e nunca no mundo real, num mundo em que voce acende um cigarro, entra em um carro importado, liga o seu ipod, conversa no skype e come no mcdonalds.

Anônimo disse...

(Se bem que no caso do cigarro a propaganda já não é mais indispensável pra manutenção da necessidade porque o convívio social e o poder da droga já fazem todo o trabalho sujo...)

Anônimo disse...

*recria-la reciprocamente, não novamente

Anônimo disse...

(também adicionaria que o carro importado tem muito mais funções e potencialidades automotivas do que voce vai usar durante a sua vida, considerando as condições automobilísticas do transito e da qualidade das ruas de são paulo..)



Beijos

Anônimo disse...

Uma vez a mãe de uma criança, que fazia um ¨daqueles escandalos¨ num supermercado, porque queria porque queria alguma coisa, ao se sentir observada, perguntou em alto e bom som:
¨E agora, agrado os que me estão achando uma banana e bato em minha filha aqui mesmo? Ou agrado aqueles que estão me achando desnaturada e compro o que ela quer, mesmo não sendo o que deva fazer?¨
Não preciso dizer que deixaram de olhá-las e acho mesmo que deixaram de julgar os outros por algum tempinho...
Penso que os passantes é que deveriam levar o burro nas costas, ou dar uma ajudinha para o trio, já que estavam tão preocupados, mas duvido que tenha passado algo tão prosáico pela cabeça de algum deles!