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domingo, março 02, 2008

Tecnofobia

Vou mimetizar o lado rabugento do Ernesto...
Estava lendo uma matéria da Época (aquela edição com o Fidel na capa). Uma entrevista com um tal de Edward Tenner, pesquisador da Universidade da Pensilvânia e do Museu de História Americana.
O rapaz publicou alguns livros sobre a influência da tecnologia na sociedade e advoga a tese de que os avanços tecnológicos mais complicam do que simplificam nossa vida.
Não sei se por culpa do jornalista ou do entrevistado (a matéria nem está assinada), é o pior texto sobre o assunto que já lí.
Embasado em teorias socio-econômicas duvidosas como na afirmação "... o mau serviço de atendimento no varejo parece ser a consequencia indesejada do crescimento de outras oportunidades de emprego ..." e demonstrando uma ingenuidade absurda em relação aos modelos de negócio de uma sociedade capitalista como em "... as empresas retiram do mercado equipamentos que podem solucionar os problemas dos modelos mais antigos porque querem vender o modelo novo ...", o "historiador" atira para todos os lados com balas de festim.
Ilustra seu conceito de "ilusão tecnológica" a partir dos sites de busca (Google, Yahoo, etc).
Segundo ele, como o usuário não sabe decidir qual informação é a melhor e mais confiável dentre as apresentadas pelo "buscador", isso significaria que o site de busca vende uma ilusão tecnológica de acesso à informação.
Resumindo, um pedante exemplo de tecnofobia galopante.
Reconheço que a tecnologia tem lá seus efeitos colaterais. Mas o que não tem ?
A questão é aproveitar o que ela tem de melhor e evitar ao máximo os problemas.
As pessoas se dizem escravas do BlackBerry.... e a culpa é do pretinho ? Eu tenho nesse exato instante 354 mensagens não lidas no meu. Consequencia de uma semana cheia de reuniões e de um final de semana de agradáveis compromissos sociais. A tecnologia me dá a oportunidade de ler os e-mails em qualquer lugar. Não a obrigação !
Vou ao banco uma vez por ano (lembram das filas ?), conversos com amigos de diversas partes do mundo por MSN e por e-mail (lembram das cartas?), acesso qualquer informação pela Internet (lembram das enciclopédias e das bibliotecas ?), isso só para falar de coisas mais recentes.
A revista que publicou a matéria é editada de forma totalmente digital. O tal Tenner já não deve ter uma máquina de escrever em casa e, seguramente, não enviou a matéria pelo correio.
Chego à seguinte conclusão: tem gente que ganha bem para escrever bobagens.
Aqui no Arguta, pelo menos é grátis !

19 comentários:

Anne M. Moor disse...

Tem gente ainda tentando achar uma razão, nem que seja torta, para desabonar a tecnologia!!!! Haja paciência!!

disse...

Bobagens no Arguta?
Que bobagem!
O Arguta é o melhor café que conheço!
Bjo pro dono.

Érica Martinez disse...

gostei do post-crítica!!!

Ernesto Dias Jr. disse...

Tem razão, Flavio.
Tecnologia, como o sexo, o amor e o estrume de vaca, tem seu lado bom e suas colateralidades incômodas.
Mas incômodas para quem? Cada um usa como quer.
Eu particularmente detesto celulares sofisticados. Mas é uma opção MINHA não usá-los. Fossem todos como eu e minha tribo estaria desempregada.
Mas chorões como esse que você menciona existem desde que Grahan Bell inventou o telefone.
Curiosamente, conheço o Tenner. Ele escreveu um livro muito interessante chamado Why Things Bite Back: Technology and the Revenge of Unintended Consequences.
Mas todo mundo tem direito a seu dia de besteirol, né não?

Flavio Ferrari disse...

Bem... pode ter sido o jornalista que não entendeu nada ...

Amélia disse...

Flávio,

O vício é consequência do prazer... Se há a possibilidade de fazê-lo de forma contínua e não há equilíbrio sobre outros prazeres, o vício está armado!!

É assim que funciona a bebida, as drogas, a internet, a TV... Como é fácil terceirizar a culpa sobre os efeitos colaterais!!

disse...

E viva o tão dificil equilíbrio ne Ti.
Vou escrever o conceito que colcocou num lembrete e ler todo dia.
Ajuda pra caramba.Valeu!
Só discordo quando vc diz que é mais fácil terceirizar, se bem que realmente estou dando palpite sem conhecimento algum no assunto.
Me ocorre que às vezes as pessoas se equivocam , e colocam a culpa nos efeitos colaterais, por simples desconhecimento, por naõ saber, nao ter meios de saber como funciona a "coisa".
Enxergam o que é mais "óbvio".
Desculpa se falei uma bobagem imensa (rs).
Bjo

Samara disse...

Tecnologia como tudo na vida tem seus prós e contras..cabe a cada um utilixar da melhor fomra. Agora não à como duvidar de que ela tornou nossas vidas bem práticas. Não li essa matéria..mas pelo que você diz, ela foi uma merdinha heim!!!

Amélia disse...

Lú,

Tem razão de que um outro motivo para a terceirização seja a falta de conhecimento... Mas também aí acho que é mais fácil a ignorância do que buscar o auto-conhecimento!!

Se utilizássemos mais do nosso tempo no auto-conhecimento teríamos um desenvolvimento humano exponencialmente maior do que o que temos hoje!!

Beijos
Beijos

Ju disse...

Verdade! Se não fosse a tecnologia a gente nem ao menos saberia da existência um do outro e COMO IRÍAMOS TREINAR NOSSOS SKILLS DE BATALHA, SEM TÃO DOCE INIMIZADE??? Aproveito para agradecer a qualidade que emprega em tudo o que faz (mesmo disputas de saque, pra ver quem marca ponto), coroando mais uma etapa do nosso "bate-assopra" à distância!
:-)
(just for the record: essa carinha como assinatura é de minha autoria, caso fique alguma dúvida no ar)

Ju disse...

Ah, e aproveitando o meu extremo bom humor verpertino, mais um drop: verdade que tem gente que ganha bem pra escrever textos que mal servem pra substituir o jornal no caso "daquela" necessidade...
Mas ainda, antes um texto sincero e mal escrito, do que um elaborado com intenções de ser o que não é. Eu sou mais o tosco visceral do que o fru-fru superficial.
:-O

vittorio disse...

É por ai, negar a própria evolução da nisso. Contra fatos não há argumentos.

Jorge Lemos disse...

Na colocação do Tenner algo proveitoso: tecnologia só tem valor para quem dela necessite. Conheço uma tribo na Amazonia legal que nunca viu um celular, e os nativos são imensamente felizes.Nunca ocorreu um suicídio entre eles.Nunca viram o BBB, ou seja o uso da tecnologia a serviço da babaquice humana.

Unknown disse...

Boa tarde Flávio Ferrari, meu nome é Luciano Tita dono da AGência de Publicidade Tato - Publicidade e Propaganda, gostaria de seu contato, pois sou diretor da APP - Associação dos profissionais de propaganda, e estamos interessado em suas palestras, fico no ahuardo de seu contato por e-mail.
meu contato é:
MSN: tato@foz.net
E_MAIL: tatopublicidade.propaganda@gmail.com

Ernesto Dias Jr. disse...

UAUUUU!!!
Eu nunca recebi um convite da NASA online...

Maria disse...

Delicioso café, como sempre. Tecnologia, vicios...Tudo tem a sua medida. Já dizia meu avô: "Todo veneno é remédio e todo remédio é veneno."
Bjs

Luisa Fernanda disse...

y bueno, en esta vida nada es gratis, ni el bobagem. A veces pienso como se defendía uno hace 10 siglos cuando iba al mercado de un puerto a comprar unos simples tomates y bricaban encima de uno cualquier tipo de gente excéntrica queriendo vender especierías, perfumes, tintes y cosas que uno no necesitaba, pero por no entender uno algo se fascinaba...sigue siendo lo mismo, mas infelizmente nuestra cultura perdió la memoria...y las defensas

Flavio Ferrari disse...

Jú: inimizade !!! nem sabia que tinhamos uma .... tá na hora de discutir a relação !
Tita: já respondi por e-mail (tks)Luisa: adorei analogia...
Vittorio: o que são os fatos diante da força dos argumentos ?
Maria: teu avô deve ter sido amigo do meu ...

vittorio disse...

Continuam sendo fatos, os argumentos lhe são apêndices.
A força dos argumentos encontra-se na ausência do conhecimento do fato.