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sábado, maio 30, 2009

Voltando para casa, outra vez ...

O problema com os vôos diurnos é a absoluta falta do que fazer.
Dez horas em um avião, mesmo na classe executiva, é muito tempo para uma pessoa levemente agitada como eu.
Na primeira meia hora de qualquer vôo costumo dormir. Quando a porta principal fecha, a cabine é pressurizada. Aliás, quando o avião ainda está no solo, melhor seria dizer despressurizada, já que a pressão do ar na cabine é menor do que uma atmosfera.
Sou sensível à redução do nível de oxigênio e apago. Basta relaxar.
Obviamente, nos aviões, como nos hospitais, as aeromoças estão alí para garantir que você obtenha o máximo por seu dinheiro. Não podem ver um sujeito dormindo e logo o acordam para perguntar se ele prefere dormir ou jantar. Eu já experimentei responder que preferia dormir, mas as aeromoças tem uma técnica toda especial para caminhar pelos corredores dos aviões, batendo a ponta do salto do sapato de forma desritmada, como alguém que tropeça na escada ou que chega correndo e para subitamente. E se isso não for suficiente para acordá-lo, dão um jeito de esbarrar em você, derrubar alguma coisa, entregar alguma coisa (uma garrafa de água, um formulário) ou, simplesmente, perguntar se você está bem e se quer mais alguma coisa. Tudo para que você não deixe de aproveitar o vôo.
Sendo assim, hoje em dia, aceito o jantar. E correspondo à melhores expectativas da aeromoça. Aceito e durmo. Ela me acorda para receber a toalha de mão, que eu uso e durmo. Ela me acorda para abrir a mesa, eu abro e durmo. E assim, seguimos nesse joguinho até o final do jantar, quando ela lança mão do truque master da segunda hora de vôo .... a bandeja esquecida. Como você gostaria de ir ao banheiro, lavar suas mãos e escovar seus dentes antes de voltar a dormir, a aeromoça não retira a bandeja da sua frente, garantindo um estado de leve tensão e expectativa, suficiente para mantê-lo acordado por mais uns 20 minutos.
E desenvolvi uma contra-técnica para isso. Assim que a aeromoça passa, levanto a bandeja, estico-a na direção do corredor e peço que segure um pouco, fazendo uma cara de quem derrubou alguma coisa importante. Olho para ela somente o tempo suficiente para fazer o pedido e, em seguida, desvio minha atenção para a cadeira meio afobado, já com jeito de quem vai largar a bandeja. É automático. elas sempre seguram a bandeja.
Fato é que 10 horas de vôo dariam muita história para contar e, embora eu esteja aqui, já na 6a hora e bastante entediado, não vou escrever um texto de 4 horas para vocês, certo?
O bom é que estou chegando em casa e que terei 24 horas inteirinhas em terra firme antes da próxima viagem.

11 comentários:

Letícia Alves disse...

Adorei sua descrição da viagem hehehe
Quero ler a continuação.
Beijos Tempestuosos!

Carla P.S. disse...

Haha... Foi um jogo de sedução essa coisa de saltos desritmados e bandeja estendida? Brincando.. Claro,claro..
Sempre bom, após bater o segundo café do dia, ver que o Arguta tá atualizado. Soft e descontraído, tal qual o autor.
Bom retorno, curte tudo, curte muito!
Beijos, e um café. (Aqui faz um frio delicioso)

Ava disse...

Flávio, vc me lembra aquelas crianças hiperativas...rsrsrs

Naqueles voos intermináveis, é impossível elas passarem desapercebidas...rsrsrs

Seu senso de humor, sua graça em contar casos é uma delícia!



Que bom saber que vc é nosso de novo...rs


Em terra firme!


Seja bem vindo de novo...



Beijos!

gabrielle disse...

é impossivel não sorrir quando te leio, será por isso que estou sempre aqui?! provavelmente será um dos motivos, mas não o único...

que o retorno seja tão agradável como deseja

beijos e mais beijos

Suzana disse...

hehehe, gostei do "levemente agitado"!
Você?! Imagine!
bjs
Bem vindo!

Anônimo disse...

Sempre bom passar por aqui e me deliciar com tantas histórias...

Flávio!!

café forte, sem açúcar, por favor
!!


Abraço

Luna Sanchez disse...

Hummmmmm

Vou anotar essa dica da bandeja.

Bom retorno, gostei muito do diário.

Um suco de goiaba, para brindar à volta, que tal? ;)

Um beijo,

ℓυηα

Ernesto Dias Jr. disse...

De novo?
Vê se sossega o rabo em Sampa pra gente comemorar alguma coisa.

Adriana disse...

estou dando um tempo de aviões, depois das 28 horas viajando do Chipre p/ Salvador! ainda estou degustando a vida de turista na própria terra... cheia de devaneios... adorei te ver!!

Fati disse...

Putz é assim mesmo!!! Nunca tinha parado p/ pensar!!!rsrsrs

Érica Martinez disse...

Bom, na classe econômica elas não tem tooooodo esse cuidado...
A gente que tem que ficar acordada pra ver os "aeromoços" bonitinhos...
Trouxe a minha mala?

Ernesto: faz uma tatoo!