Sempre que passeio pelos blogs e encontro os lamentos de minhas amigas blogueiras (os meninos raramente escrevem sobre seus sentimentos) sobre seus amores insatisfatórios, sou assaltado por uma certa angústia fraternal.
Sem ironias, o amor é lindo. E nos completa de uma forma tão bela que dá, sempre, vontade de compartilhar, de esparramá-lo pelo mundo.
Talvez o que eu chame de amor não seja a mesma coisa que você chama de amor.
Para mim o amor é, essencialmente, um sentimento de felicidade plena motivado pela existência.
Embora tenhamos a impressão de que ele é dirigido a uma pessoa ou às maravilhas da Criação ele, de fato, não o é. O aparente objeto do nosso amor é apenas o "gatilho" que dispara essa sensação.
O amor é um estado de espírito que nos ajuda a projetar um mundo melhor.
A princípio, o amor não depende do "outro".
Entretanto, embora existam vários caminhos para alcançar o estado de espírito amoroso (meditação, psicanálise, terapias corporais, etc.), o mais comum é vivenciarmos lampejos de amor a partir da relação com outras pessoas.
Por alguma razão misteriosa, algumas pessoas são capazes de nos transportar para esse estado de espírito com um olhar, um sorriso, um beijo, ou simplesmente por sua presença. Essa é, possivelmente, a maneira mais fácil de experimentar o amor. Não requer qualquer trabalho para desenvolvimento pessoal. O amor apenas "acontece".
Por isso, quem nunca buscou despertar o amor por conta própria (a maioria de nós) e que, provavelmente, nem saiba que isso é possível, desenvolve uma terrível dependência do "outro", que lhe desperta o amor, para amar e ser feliz.
Ao invés de aproveitar essa oportunidade única, oferecida pelo outro, de conhecer o amor, e desenvolver-se a partir daí para conquistar sua "independência", nos tornamos adictos, possessivos, exigentes, temerosos de perder a pessoa que chamamos de "amada".
Esse novo estado de espírito é incompatível com o amor. Daí, cada vez amamos menos na presença daquele pessoa e, quase sempre, a culpamos por isso.
Essa é a grande falácia que destroi os relacionamentos que chamamos de "amorosos": tornar o outro responsável pelo nosso estado de espírito, pelo nosso amor.
O amor, em sí, é simples.
Mas relacionamentos podem ser complicados, mesmo quando não depositamos equivocadamente essa responsabilidade sobre eles.
Você não precisa concordar comigo, mas se seus relacionamentos "amorosos" não tem dado certo, pode experimentar fazer diferente da próxima vez.
Quando voltar a encontrar uma dessas raras pessoas que despertam seu amor, faça um esforço para conter o impulso de posse. Experimente o amor. Deixe que ele se esparrame sobre todas as pessoas e coisas à sua volta, tirando o foco dessa pessoa especial que foi capaz de despertá-lo. Perceba como, nesse estado, você pode amar tudo e todos. Concentre-se no amor por si mesmo. Veja a pessoa importante e especial que você é, dotada da capacidade de amar tão completamente.
Esse exercício vai te dar, com o tempo, a capacidade de despertar o amor, de encontrar esse estado de espírito sem depender de um outro.
Quando isso acontecer, você estará pronto para se relacionar com aquela pessoa especial, sem a necessidade de posse, sem o medo da perda, sem exigências maiores.
Acredite, vale o esforço !
domingo, março 27, 2011
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17 comentários:
Foi o texto que eu mais gostei, lido aqui.
:)
e, nem é preciso esforço pra acreditar...
Se vale! Parece tão fácil... Na realidade é uma escolha de maneira de ser e viver que as vezes leve anos e muita pancada. Mas que vale a pena, ah isso vale. Experimentem!
beijos
Anne
Lembrei de quando eu tinha 18 anos...
O amor pertence a e é responsabilidade de quem o sente. Se conseguirmos compartilhá-lo, melhor.
ah, o amor...
as pessoas insistem em tratar como moeda de troca, fico boba com isso.
bjs
Simples assim?
Ok, vamos tentanto...
Grande beijo!
Flavio:
Um post
*****
(cinco estrelas)
Abraços
Carla: Tks ...
Anne e Jaqueline: não é simples, mas é o que é ...
Andrea: mas é preciso algum esforço para fazer
Luna: meio estranha a construção, mas vindo de você, concordo.
Juliana: fica não ...
Haylla: bem vinda.
Marcos: se já sabia disso aos 18 deve ser um homem feliz.
é mais forte q eu... rs
Obrigada, foi uma ótima resposta!
Rs
Beijinho.
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