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quarta-feira, março 14, 2012

Crianças invisíveis

Esse é um daqueles assuntos sobre os quais não gosto de falar, simplesmente porque não tenho informação suficiente à respeito.
Quem tiver paciência para tanto pode assistir o filme "viral" da entidade "Invisible Children" alertando para a existência de Kony, o líder da LRA, guerrilha de Uganda, que recruta crianças para lutar como soldados (http://www.youtube.com/watch?v=Y4MnpzG5Sqc&feature=share).
Já é o vídeo mais assistido da (curta)  história da Internet - quase 80 milhões de viwes só no Youtube.
Não conheço o Kony, nuca estive na Uganda e, para ser totalmente honesto, nem assisti o vídeo até o final.
O que me incomoda é que a opinião pública vai acabar batendo palmas quando Uganda for invadida pelos "aliados" para resolver o problema.
E  mesmo quem não assistiu "The Lord of War" (com Nicholas Cage) sabe que as armas de Kony não foram fabricadas na Uganda.  Aliás, algumas armas leves e munições são fabricadas naquele país, numa fábrica construída em parceria com o Governo chinês.
Nesta minha curta existência pude acompanhar várias histórias similares.  Irã, Iraque, Afeganistão, diversas interferências em países árabes, tudo em nome dos direitos humanos, da liberdade, da paz e das criancinhas.
A impressão que tenho, olhando de longe e interpretando as poucas e viesadas informações que chegam, é que tudo isso decorre de fortes interesses econômicos e o discurso humanitário visa legitimar essas ações.
O caso da Africa é clássico.  Não fosse pelos países que agora se mobilizam para "ajudar", os africanos ainda estariam lutando com pedras e lanças.
As guerrilhas e os governos africanos trocam suas riquezas (ouro, petroleo, diamantes) por armas produzidas pelos países desenvolvidos.  Esses mesmos países que constatam agora, mortificados, o cenário de atrocidades e decidirão intervir a qualquer momento.
Após a intervenção, obviamente, a extração de riquesas será controlada por alguma corporação internacional.
Mas a idéia dessa postagem não é fazer apologia contra ou a favor disto ou daquilo.
Meu objetivo é recomendar um pouco mais de cautela no apoio de idéias sobre as quais não estamos bem informados.
E tenho uma motivação particular para isso...
Toda vez que vejo isso acontecer fico me perguntando se a nossa Amazônia não será o próximo alvo.

Do site da WWF, falando sobre a preocupação com a devastação da amazônia: 
People: More than 30 million people from 350 indigenous and ethnic groups live in the Amazon and depend on nature for agriculture, clothing and traditional medicines. Most live in large urban centers, but all residents rely on the Amazon’s natural bounty for food, shelter and livelihoods.

obs: só para constar, da última vez em que vi essa informação o IBGE apontava para a existência de 700 mil índios em todo o Brasil.

8 comentários:

e daí? disse...

mais uma vez, parabéns pelo texto, vale ser compartilhado, divulgado, bom dia pra vc

Anônimo disse...

Somos ludibriados a tanto tempo por informação incorreta, manipulada ou ... e a "preguiça" de ir atrás para entender melhor tanta coisa!

It really upsets me!

beijão
Anne

Bruna Damiana disse...

"A impressão que tenho, olhando de longe e interpretando as poucas e viesadas informações que chegam, é que tudo isso decorre de fortes interesses econômicos e o discurso humanitário visa legitimar essas ações."


Impressão? O problema é que se alguém tenta alertar sobre isso, acaba ganhando fama de impiedoso.

Flavio Ferrari disse...

Tks, Andrea.

Flavio Ferrari disse...

Anne: o que são os fatos diante da força dos argumentos ?

Flavio Ferrari disse...

Bruna: as pessoas precisam mais de respeito do que piedade.

Barbarella disse...

Parabéns, adorei o texto, e como sempre concordo com você....
Seremos os próximos, em breve...muito breve...

Baccio

Flavio Ferrari disse...

Ela voltou !