A Internet nos deu um “poder” que antes só estava à disposição dos proprietários dos meios de comunicação. Deveríamos nos cobrar a mesma responsabilidade que cobrávamos deles. Postar ou compartilhar acusações ou notícias sobre as quais não temos provas da veracidade (ainda que acreditemos), simplesmente porque dão suporte às nossas “causas” não me parece a melhor forma de usar esse “poder”.
Um bom exemplo é o da foto desta postagem, que tem sido amplamente divulgada pela net como um registor do momento em que o cacique Raoni chorou ao saber da liberação da usina de Belo Monte pela Dilma.
Divulgada, claro, pelos que se opõe à construção da usina.
Andei pesquisando por aí e parece que a foto foi tirada há 4 anos numa homenagem a um amigo e não tem nenhuma relação com Belo Monte. A verdade é que só o Raoni sabe porque estava chorando, e ele já declarou por aí que não vai chorar por causa de Belo Monte.
Um amigo compartilhou a foto do Raoni chorando e postei um comentário com um link para o blog de um cara (que não conheço) que dedicou algum tempo a pesquisar o assunto e "descobriu" que a foto era de um outro evento. Tampouco sei se é sério (pareceu), mas achei que valia a pena mostrar que pode haver um outro lado para a história.
Outro amigo fez uma postagem bem crítica sobre o Lula e terminou dizendo que as pesquisas de popularidade eram forjadas. Bem ... trabalhei no IBOPE por 16 anos e posso garantir que durante todo o tempo em que trabalhei lá todas as pesquisas foram realizadas com a maior seriedade possível e sem qualquer intenção de beneficiar esse ou aquele candidato.
Comecei a explicar isso para o amigo em questão mas ele não teve o menor interesse em ouvir. Essa informação não ajudava a sua "causa" anti-lulista.
Fiquei decepcionado.
E passei a olhar os textos dele (que sempre achei de uma crítica lúcida) com outros olhos.
Tenho pensado muito nisso ultimamente.
Fico com a triste sensação de que não estamos usando esse "poder" que ganhamos como deveríamos.
7 comentários:
Muito bom o texto, flavio, é engraçado como, ao mudar de posição, as pessoas agem exatamente como reclamavam que os outros agiam (não só nessa questão).
Mas na vida offline também é assim: eu tenho dois amigos que me convenceram de muita coisa que quando eu fui pesquisar vi que os dados que eles usaram (e que na hora eu duvidei mas que a certeza absoluta deles me convenceu de que eram reais) estavam errados.
E com as causas politico-sociais é pior, porque para a pessoa a questão não é se aquilo é verdade ou não, mas sim se você é uma pessoa boa e moral que a apóia ou um mal caráter imoral e anti-ético que discorda dela.
Enfim, não compartilho esse tipo de "panfleto", mas seu texto me motivou a pesquisar mais as notícias (uol, estadão, etc) que compartilho antes de fazê-lo...
Flávio,
Dificilmente eu vejo discursos políticos verdadeiramente ponderados. O que vejo são pessoas com discursos prontos, preparados e panfletários.
Até agora não encontrei pessoas dispostas a ouvir a experiência que quebrem seues mitos.
Mesmo pessoas esclarecidas não se permitem abrir a mente para os fatos da vida. Se a questão é de cunho político, sexual ou religioso ainda é pior.
Tks André ...você terá algumas surpresas interessantes se começar a checar as "informações" que são publicadas por ai ...
Marcos: eu vou instigando do lado dos costumes ... a política deixo para você ;-)
Thank you FF por este texto. E sei pessoas (demais) nao sabem ler, apenas decodificar e, como dizes, usam (deturpam) o que decodificam para seus próprios fins. Ou entao usam um pedaço para dizer o que pensam... Such a shame.
As redes sociais têm, pra mim, um fim muito especial, que é manter contato com meus amigos e família que estao espalhados pelo mundo, e mesmo os amigos que moram na mesma cidade.
beijao
Anne
o CIRO GOMES é que o diga! da ¨lisura¨ dessa intituicao, podre, que você diz ter trabalhado. Ou porque nao viu nada de errado, foi demitido. FROUXOS DE RISO GARGALHADAS MUITAS
Flávio,esclareu mtas coisas com esse texto, tb tenho medo da forma q usamos nosso poder 'online'.
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