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sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Crônicas da Vida Empresarial:- Rodolfo e Jailton fofocam ...

Num canto da sala, ao lado da mesa do Jailton, Rodolfo jazia em pé, incrédulo.
- Não me diga, Jailton ...
- Agora já disse. Ela mesma, saiu alteradíssima.
- Mas justo ela, nosso baluarte do equilíbrio emocional.
- É ... a Tancinha tava trincada ! – Depois daquela novela, Jailton passara a se referir à Dona Constância dessa maneira jocosa, por “similaridade de ancas” (sic).
– Algo deve ter acontecido.
- Algo sempre acontece, Jailton. O Universo vive em constante movimento.
- Algo grave, eu quis dizer...
- A gravidade não é uma qualidade do fato em si, é uma atribuição psico-emocional, uma projeção ...
- Pôrra Rodolfo, dá para parar de filosofar e continuar com a fofoca.
Embora fosse um declarado admirador do Rodolfo, aliás o único colega de escritório que merecia seu verdadeiro respeito, Jailton não era exatamente apaixonado por pensamentos metafísicos. Segundo ele, a metafísica era um engodo. A palavra prometia sexo explícito mas, na prática, tratava-se de masturbação mental (sic, again).
- Ta, ta ... mas como foi isso ?
Jailton inclinou-se na cadeira se aproximando de Rodolfo e sussurrou.
- Ela recebeu um telefonema. Não deu para ouvir o que estava falando. Ficou pálida, gaguejou ... parecia que estava com medo de alguma coisa.
- Você não ouviu nem uma palavra ?
- Frases soltas ... “você não pode”... “eu não vou” ... “isto não está certo” ... “de novo não” ...
- Muito estranho ...
- Aí ela disse algo como “está bem, estou indo para aí “. Desligou o computador, pegou a bolsa e saiu como se estivesse carregando o mundo nas costas.
- Será algum problema com a família ?
- Nem por um cacete, Rodolfo. Não quadra. E você precisava ter visto o olhar dela. Distante, gelado ... um misto de ódio e resignação. Nunca vi a Tancinha assim...
Jailton tinha um especial talento para perceber as emoções das pessoas pelo olhar, o que explicava, em boa parte, seu sucesso com o público feminino.
- Olá meus queridinhos ... Fofocando ?
Compenetrados na conversa e distraídos com o mistério, eles não haviam percebido a aproximação da Estela.
- A tarde acaba de ganhar um outro colorido com a chegada do sol ... – Jailton sempre pensava rápido nessas situações.
- Não vem não, Já ... – Estela lançou um daqueles sorrisos sacanas irresistíveis. – Te conheço desde outros carnavais !
- Pois é, e nem no Carnaval ... Aliás, quer ir para a praia comigo no próximo ?
- Nem pensar, meu bem ... Mas aceito um café se você pagar ...
- Ta legal ... vai passar um batom nessa boquinha linda que hoje eu estou masoquista. Em dois minutos eu acabo a conversa com o Rodolfo. Estourei o orçamento de novo e ele está me dando uns toques.
- Rodolfo !?! Esse Jailton ainda vai te levar para o mau caminho. – Estela deu uma piscadinha charmosa para o Rodolfo, insinuando que aprovava a potencial degradação moral do filósofo e se afastou em direção ao banheiro.
- Depois a gente continua o papo, Rodolfo.
- Ta, mas vamos ficar de olho. Ela pode estar precisando da nossa ajuda.
- Se ela precisa de ajuda eu não sei, mas eu não vou conseguir dormir direito enquanto não descobrir o que a Tancinha está escondendo.
- A curiosidade matou o gato, Jailton.
- Mas ele deve ter se divertido bastante antes ! Agora deixa eu tomar café com a loirinha. De batom vermelho e sem sutiã... É hoje que eu infarto !!!

5 comentários:

Ernesto Dias Jr. disse...

Cacilda.... o merchan chegou ao blogger...

Anônimo disse...

Pela segunda vez!!!!!!!!!!!!! E voltando à fofoca... achei que eram as mulheres que faziam fofoca??????
Flávio, já publicaste alguma coisa??? Quero ler... :-)

Anônimo disse...

afe! acho que você deve começar a submeter os comentários à prévia censura.
e o perfil do Jaílton? ainda não está acabado? fiquei interessada.

Flavio Ferrari disse...

Sei que vou perder uns pontinhos com vocês mas não entendi o que o Ernesto quiz dizer com o comentário ... alguém me explica ?
Anne: publiquei dois livros - um acadêmico (Planejamento e Atendimento - a arte do guerreiro) e outro de comédia empresarial - "Tirando o Macaco" (Ed. Biruta, como não poderia deixar de ser).
Udi: você não me decepciona... estava torcendo para alguém perguntar pelo Jailton. Publico o perfil em sua homenagem na próxima semana.

Anônimo disse...

O Ernesto estava se referindo àquele comentário que você já apagou, ao qual eu também fiz referência ao falar sobre "censura" prévia. (vc. jamais perde pontos entre a sua cativa e seleta audiência!)
...mesmo que o perfil do Jaílton não seja publicado, já ganhei a semana! ;)