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sexta-feira, julho 06, 2012

Pensar a luz de velas


Se puder escolher, prefiro ver o mundo à luz das velas.
As velas não tentam me enganar. 
Deixam claro que o que vejo é o reflexo de sua luz e mandam bailarem as sombras para que eu não me deixe levar pela ilusão de realidade.
Gosto do pensamento tântrico, da liberdade e da expansão da percepção. 
Mas sem escolas.
Escolas são uma invenção do homem para nivelar o conhecimento.
Prefiro o desnível, o atrito das rugosidades dos intelectos.
Aprendi que a discordância pode ser mais afetiva do que uma afável manifestação de displicente concordância. 
Não estou falando de quem discorda porque não ouve o que quer, mas de quem discorda porque quer acordar, nos dois sentidos (o de despertar e o de, afinal, chegar a um acordo).
A luz das velas nos coloca na interessante posição de desconfiar do que percebemos.
Deve ser por isso que as escolas costumam ter lâmpadas fluorescentes, fortes e brancas.  Ninguém deseja que você desconfie do que lhe é apresentado como descrição da realidade.
Também por isso os jantares românticos desejam velas propondo fantasias.
Prefiro um mundo velado, que estimula a minha imaginação, que me convida a viver com incertezas, com menos “certos” e “errados”.
Quero usar o tato, o olfato, o paladar, a audição e todos os outros sentidos que a escola tentou me ensinar a rejeitar, privando-os de nomes.
E comungar com as chamas...

2 comentários:

Wanderly Frota disse...

É de um mundo assim que eu ando precisando. Eu e tanta gente... Um mundo de luz que reflita aquilo que fazemos dele. Torço para que as nossas escolhas sejam boas!

Beijo doce!

Flavio Ferrari disse...

Bem vinda Wanderly ;-)