Capítulo 1 - Conjuratio
Capítulo 2 - Tons e Cores
Capítulo 3 - Cherchez la femme
Capítulo 4 - Deuses primordiais
Capítulo 5 - Serpente
Capítulo 6 - O despertar
Capítulo 7 - Ascenção
Capítulo 8 - Amor eterno
A relação entre os Deuses Primordiais nunca
foi cordial e pacífica.
Embora as vezes possa parecer, essa não é
uma questão relacionada com disputas de poder ou grandes paixões.
A verdade é que até mesmo os Deuses
percebem o Universo através de experiências sensoriais interpretadas de acordo
com suas estruturas mentais
pré-existentes.
Não poderia ser diferente, já que são
criações humanas e refletem a sua natureza, ainda que de forma idealizada.
Na medida em que diferem em sua percepção
do Universo, é fácil concluir a possibilidade de discordarem sobre a forma de
interagir com ele é grande.
Esse é o verdadeiro fundamento da discórdia
nos diversos panteões em todas as eras.
Khaos é fruto das paixões
arrebatadoras. Pura energia, intensa e
desordenada, avassaladora e atemporal.
Khaos é a força que constrói e destrói sem razão.
Dessa energia surge Gaia, a beleza criativa
que representa toda a vida em seu momento presente.
Mas também emerge o destrutivo Tártarus,
que representa o assustador final da existência.
Khaos, Gaia e Tártarus nunca se deram conta
da essência diferente de Eros.
Enquanto os três primeiros explicam a
origem e os fundamentos do mundo, Eros é quem oferece um sentido para a
existência.
Eros, de fato, é o único deus eterno.
Gaia e Tártarus estão conectados ao momento
presente. Khaos é incapaz de perceber o
tempo.
A natureza essencial de Eros oferece o
privilégio de esparramar-se pelo tempo.
Os outros deuses, e certamente os humanos,
não são capazes de compreender claramente esse conceito.
Eros foi criado a partir do amor, a única
emoção capaz de sugerir aos humanos a sensação de eternidade.
Essa característica é a grande vantagem
competitiva de Eros em relação aos outros primordiais e mesmo aos que vieram
depois. Eros está sempre presente, em
todas as eras.
A intensidade de sua presença eterna
depende apenas do amor gerado num determinado instante e, por isso mesmo, Eros
buscava uma forma indireta de interferir na era Cristã, onde o amor havia sido
substituído pelo seu antagonista, o temor.
E essa não era sua primeira tentativa. Eros já havia perdido a conta de quantas
intervenções havia feito sem sucesso.
O fato de nenhum outro deus ter consciência
disso o divertia. A história se
reescrevia a cada investida de Eros e as alternativas só poderiam ser
percebidas por quem tivesse acesso aos registros Acásicos.
Mas, desta vez, o plano de Eros demandava
ajuda, ainda que involuntária, para ser executado.
Como, nessa era, apenas a equipe do CEO
(também chamada de turma do Céu) podia consultar os registros, Eros havia
tomado providências para garantir que os registros fossem consultados,
invadindo o sistema e enviando uma mensagem absurda para Gabriel.
Eros decidira usar a vantagem de ser
cronologicamente onipresente de forma mais inteligente... e estava funcionando
desta vez.
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Bianca e Sheila permaneciam abraçadas sobre
a cama, num estado de amorosa letargia.
Sheila foi a primeira a sentir a presença e
abrir os olhos.
- - Meu Deus ... – gritou
assustada.
- - Quem é você ??? – arrematou Bianca,
colocando-se á frente de Sheila e protegendo-a instintivamente.
A figura etérea que pairava diante delas
limitou-se a sorrir.