Páginas

segunda-feira, fevereiro 27, 2012

Estatueta brasileira

Adoro a produção cinematográfica, rica e cheia de efeitos especiais.
Mas também gosto muito do teatro brasileiro, da televisão, dos curta-metragens, dos comerciais e da produção artística brasileira em geral.
Esse bando de pessoas criativas e apaixonadas capazes de produzir quase sem dinheiro me emociona.
Dificil competir com a "economia de escala" oferecida pela globalização.
A industria cinematográfica norte-americana produz para um mercado rico que lhe deu uma base histórica de sustentação e exporta para o mercado mundial, já habituado à sua linguagem.
Aqui, produzimos para um mercado difícil e pouco acostumado à nossa própria linguagem.
Certa vez disse, numa palestra, que filme brasileiro parece novela mexicana.  Não foi uma crítica a nenhum dos dois.  Apenas constatava o fato de que estamos acostumados com filmes americanos e novelas brasileiras.  Estranhamos a novela que vem de fora e o filme que é produzido aqui, fora dos padrões norte-americanos.
O incentivo fiscal dado pelo governo é importante, mas não suficiente.
Há quem critique qualquer tipo de intervenção ou protecionismo governamental.
Mas fato é que a União faz a força.
Lamentavelmente, nosso país não tem um plano estratégico.  Apenas apagamos incêndios e pensamos a curto prazo.
Nosso país tem, claramente, dois diferenciais competitivos: um vasto e rico território e um povo criativo, afetivo e com vocação para felicidade.
Um bom plano de governo deveria levar isso em conta.  Incentivar, dar suporte e premiar iniciativas que aproveitassem esse diferencial.
Poderíamos alimentar e entreter o mundo. 
E trocar isso por tecnologia e ciência, desenvolvendo essas áreas onde ainda não somos competitivos ao longo do tempo.
Talvez não seja o melhor plano.  Pensava nisso enquanto assistia a entrega do Oscar 2012.
Mas certamente não seremos um grande país sem um plano.  Essas coisas não acontecem por acidente.

sexta-feira, fevereiro 24, 2012

De fonte fidedigna

A expressão é engraçada porque parece antiga.  Nesse mundo novo e pluri-autoral, o conceito de idoneidade das fontes anda mudando.
A Wikipedia, exemplo de geração coletiva de conteúdo, superou as enciclopédias convencionais.  As postagens dos amigos são mais críveis do que as notícias publicadas em veículos tradicionais.
Não é por acaso que as instituições vem perdendo sua credibilidade.  A internet aumentou nossa capacidade de compartilhar informações.  Antes da notícia ser publicada, alguém já te contou o que, de fato, aconteceu.  E, muitas vezes, somos surpreendidos com o tratamento tendencioso ou a informação incompleta  e superficial publicada por quem deveria isento e investigar mais a fundo os acontecimentos.
Lembro-me da primeira vez em que fui surpreendido pela manipulação de uma notícia publicada por um importante veículo de comunicação.
Antes da matéria ser publicada, tive a oportunidade de conversar com o editor responsável e expliquei (apresentando informações consistentes e irrefutáveis) que a abordagem a ser dada era tendenciosa.
Para meu desencanto, o editor ignorou os fatos e manteve o enfoque original, por razões políticas.  Distorceu deliberadamente a realidade, com conhecimento de causa e objetivos alheios ao interesse dos leitores.
Fiz o que estava ao meu alcance.  Disseminei a informação correta para quem pude (na época pré-internet isso era mais difícil), cancelei minha assinatura do veículo, recusei-me a dar entrevistas ou informações dali para frente (o que acontecia vez por outra, pela posição que ocupava) e, até hoje, quando alguém menciona essa fonte, desqualifico-a.
Mas não é só a mídia que apronta dessas.
É bastante comum que, aproveitando-se desse novo "poder" de comunicação, pessoas façam acusações ou críticas sem embasamento suficiente ou em função de uma agenda pessoal.
Eu sigo na minha "missão".  Quando acredito que vale a pena e conheço melhor os fatos, alerto se considero que alguma injustiça está sendo cometida.
E, lamentavelmente, constato que, tal qual as instituições, grande parte das pessoas também não está interessada nos fatos que se contraponham a sua opinião e, principalmente, ao seu desejo de falar mal dos outros.
Também elas perdem credibilidade.  Pelo menos comigo ...

quinta-feira, fevereiro 23, 2012

Conclusão de um pesadelo

Já foram mais comuns.  Hoje em dia são raros, meus pesadelos.
Quem já passou por psicanálise conhece o valor dos sonhos, essas curiosas manifestações do inconsciente.
A gente passa o dia todo vivendo um fluxo de entrada de informações tão intenso que mal nos permite perceber o que vem de dentro.
Durante o sono acontece o oposto e acessamos o fluxo reverso. 
Nossa mente se apropria de imagens do dia a dia para contar suas histórias, quase sempre codificadas.
Você pode aproveitar o sonho para jogar na loteria ou para conhecer um pouco mais sobre você.  Particularmente sobre as coisas que anda escondendo de si mesmo.
Transformei a conclusão do meu pesadelo de agora há pouco num Hai-kai:


Ter prazer nesta vida
Meus caros
É uma arte a ser desenvolvida



(foto: Cure Byte)

quinta-feira, fevereiro 16, 2012

In nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti



Notícias como essa andam cada vez mais comuns.  Filhos culpam seus pais por suas mazelas (não pediram para nascer), pais "desistem" de seus filhos (não sabem o que fazer) e a vida em família se transforma em uma tragédia shakespeariana. 
Numa visão evolucionista, o amor dos filhos pelos pais não é relevante para a perpetuação da espécie.  Já o amor incondicional dos pais pelos filhos resulta na proteção da prole reprodutiva e tem maior probabilidade de se perpetuar.
Os gregos, conhecidos por representar as paixões humanas na mitologia e no teatro, tratam dos filicídios e parrícidios em muitas de suas histórias, a começar por Chronos, que castrou seu pai (Ouranos) e devorou seus filhos para que não fizessem o mesmo com ele.
A tensão e as paixões entre pais e filhos também são exploradas nas peças de Sófocles (Édipo e Electra), que ilustram o trabalho de grandes psicanalistas modernos (Freud, Jung) sobre o tema.
Criar filhos não é uma tarefa trivial.  E embora seja, possivelmente, a mais importante de nossas vidas, não nos preparamos minimamente para ela.
O resultado era menos ruim quando as familias eram grandes, as crianças viviam em bandos e com liberdade, o pai era uma figura relativamente ausente e a criação era coletiva (mãe, tias, avós e irmãos participavam de um processo quase anárquico).  As regras eram poucas, mas claras e indiscutíveis.  Seu descumprimento era penalizado por castigo físico imediato.
Piorou quando o núcleo familiar foi reduzido aos pais e um par de filhos, trancados em pequenas habitações, e tutorados pela mídia (em especial a televisão).
E o colapso acontece num cenário onde os papeis dos pais se confundem, a mãe também se ausenta, os casais se separam, as regras não são claras e, portanto, sempre discutíveis, filhos são, desde cedo, iniciados na doutrina do "sucesso" (na visão dos pais) e o mundo se apresenta, em todas as plataformas, como um lugar hediondo (o inferno de Dante).
Perdido o sentido da vida, os pais se afogam no trabalho e no lazer obrigatório e os filhos a tudo assistem com desprezo e rancor.
Já estou ouvindo minha amiga evangélica, indignada com a descrição que acabo de fazer, dizendo que isso só acontece quando não se tem Deus no coração.  A solução é aceitar Jesus.
E, de certo modo, ela tem razão.  Mora com todo o conforto numa casa modesta e a seu gosto, tem duas filhas pequenas, lindas e bem educadas e um marido, também evangélico, que a acompanha semanalmente nos cultos da igreja.  O Pastor ajuda o casal a interpretar "a palavra" quando alguma crise surge no horizonte, e a familia é feliz.  Aparentemente, ninguém pensa em matar ninguém por alí.
Mas essa não é uma solução ao alcance de todos e (sem entrar no mérito de questões religiosas) tampouco necessariamente a única "verdade".
Nem todos os ateus ou agnósticos vivem no inferno. 
Mas sem um sentido definido para a vida, sem uma visão estruturada, positiva e compartilhável de mundo, e num contexto neurótico de pouco ou nenhum suporte da familia "extendida" (tios, avós, primos),  ter filhos pode ser considerado um ato egoista e irresponsável.  É, no mínimo, temerário.
Filhos dão um sentido para nossa existência.  Mas quem dará um sentido para a existência deles ?
A humanidade vem discutindo muitos temas nobres e se preocupando em salvar o planeta.
Creio que deveríamos incluir a procriação nessa pauta.

 

Carnaval e liberdade


Tal qual a dama famélica
Em longa e torturante dieta
Busca o incauto prisioneiro
Numa linda bacante feérica
Saborear a liberdade concreta
Que lhe faltou o ano inteiro
É carnaval, companheiro !
Mas se muito bem me lembro
O ano começa em janeiro
E só termina em dezembro
É como um sábio já dizia ...
Não se vive tudo num dia.

quarta-feira, fevereiro 15, 2012

O novo e o velho


Meu amigo Luiz Motta, Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento (tecnológico) do IBOPE Media e responsável pela criação dos dispositivos para medição de audiência, foi desafiado a responder como faria para acompanhar a revolução tecnológica da mídia em suas múltiplas plataformas.  Com sua peculiar elegância e serenidade respondeu algo como:
- Por mais que avance a tecnologia, o ser humano seguirá acessando os conteúdos através de dois dispositivos conhecidos: "Visão 1.0" e "Audição 1.0".
Num capítulo da série Lost, um professor de matemática explica a um dos personagens (o Desmond) que estava perdido entre o passado e o futuro, que precisaria encontrar uma constante "comum" a todos os períodos para "ancorar-se".
Neste mundo de mudanças aceleradas, nossa "constante" é o ser humano.  Como bem filosofou o genial Luiz, mudamos muito mais lentamente do que o cenário tecnológico.
Quer respostas, procure onde elas estão: nas pessoas.

domingo, fevereiro 12, 2012

O meu Brasil

Voltando de terras alheias, resgatei esse texto que havia preparada a pedido da Cristina Siqueira no ano passado....


 



Como é o meu Brasil ?

O meu Brasil é um país de riquezas,
todas as que importam,
e de muita, mas muita beleza.
Fauna, flora, clima e, principalmente, gente,
fazem deste meu Brasil,
um lugar diferente.
Meu Brasil é o país do amor,
acima de todas as agruras.
... um país de almas puras,
de mulheres sensuais
e homens sedutores,
de porteiros e doutores,
que não lêem manuais.
Gente de coração aberto,
que julga muito, mas aceita tudo,
de quem fala e de quem se mantém mudo,
mas nunca deixa um amigo na mão.
É o país da paixão.
Um país que já foi pior
e que será melhor.
Uma terra que já foi de outros,
antes de ser Brasil.
Conta a lenda que naquela época
se vivia melhor,
da caça e da pesca,
com amor e com preguiça,
sem nenhum desejo ou ambição maior,
nem preocupação com a missa.
Mas o que houve com os bandidos
que dizimaram o paraíso ?
De geração em geração
foram criando juízo,
tirando suas roupas pomposas,
e trocando as armas por rosas,
para pular o Carnaval.
Mas, chega de prosa ...
Muda o nome, muda o povo,
e nesse pedaço da terra,
fadado `a felicidade,
tudo começa de novo.
Não é maravilhoso ?

Ah ... e a política ?
Essa tem em todo lugar
desde a antiga Grécia,
das montanhas até o mar.
Alguns levando vantagem,
e outros tendo a coragem
de se pronunciar.
A gente sempre pode escolher
de que lado vai ficar ...

sexta-feira, fevereiro 10, 2012

Entra ano, sai ano ...

É internacional ... os meninos vão ficando mais velhos mas não esquecem das brincadeiras de criança.
Bastou posar para foto e o francês não perdeu a oportunidade para me colocar um par de orelhas.
Pode ?
E nem precisava ...

terça-feira, fevereiro 07, 2012

Conservando-me

Chega uma hora em que os cremes hidratantes já não dão conta do recado e precisamos recorrer a processos mais drásticos para preservar o produto.
Vou testar uma combinação de pasteurização com liofilização.
Final de semana na praia (35oC por 48 horas) seguido de viagem para Amsterdam (-10oC por 72 horas).
Se funcionar, compartilho o resultado na volta.
E se não funcionar, compro o Photoshop.