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quarta-feira, março 22, 2006

Pensando fora da caixa

Numa inspiradora entrevista ao jornalista do The Wire (jornal do grupo WPP), Peter Tortorici (presidente da MindShare Entertainment) fala sobre sua contribuição de sua divisão para os negócios do Grupo M, principalmente no que se refere à identificação de oportunidades de patrocínio e “product placement” para seus clientes, alinhadas com sua estratégia criativa.
Isso se dá através de acordos diretos com produtores de Hollywood, permitindo o acesso em primeira mão aos scripts e projetos, bem antes do início da produção.
A sinergia entre produtores e distribuidores de conteúdo de um lado, e as empresas que necessitam se comunicar do outro, é garantida pelo trabalho profissional do time do Grupo M, especialista em comunicação.
Nada incomum, já que esse é exatamente o papel das agências de propaganda (encontrar soluções ótimas para comunicação de seus clientes).
A diferença está na forma pela qual Tortorici e seu time encontram soluções diferenciadas, rompendo os caminhos convencionais.
O objetivo desta postagem não é promover particularmente Peter (que não conheço pessoalmente) ou o GrupoM.
Quero apenas destacar o fato de que um grupo de comunicação, atento às mudanças do cenário, agiu de forma antecipativa e buscou caminhos alternativos para garantir a manutenção da eficiência da comunicação de seus clientes, através da criação de modelos de negócio inovadores (participação direta em empresas produtoras e distribuidoras de conteúdo).
A idéia parece obvia quando apresentada, porque é simples.
Mas tem o mérito da inovação focada em resultados.
Para se honesto, não estou seguro de que o GrupoM tenha sido o primeiro a realizar esse tipo de negócio. Talvez tenha sido o primeiro a formalizá-lo e comunicá-lo formalmente como parte de sua estratégia, o que já não é pouco.
Fica o recado: no mundo dos negócios, mudança é sinônimo de oportunidade, mas requer o pensamento “out of the box”.

segunda-feira, março 20, 2006

Interrupções Ininterruptas


Numa interessante matéria da Revista Época sobre as implicações das novas tecnologias, encontrei a feliz expressão que coloco no título desta postagem.
De fato, somos ininterruptamente interrompidos em nossas atividades cotidianas, por celulares, e-mails, alertas de notícias (no browser), torpedos, telemarketing, estímulos visuais e auditivos diversos (mídia exterior e ponto de venda), interações pessoais (em casa, no escritório, nos semáforos), etc., etc..
O jornalista (ou articulista) menciona, ainda, que o volume de informações que recebemos hoje é significativamente superior ao de antigamente, comentando que uma única edição de um grande jornal de hoje traz mais informação do que um indivíduo médio receberia durante toda sua vida em épocas mais remotas.
Pessoalmente, tenho um outro olhar para essa situação, que gostaria de compartilhar com os leitores do Arguta.
Creio que o ser humano, em qualquer época, recebe informações continuamente através dos seus “sentidos” – os tradicionais visão, audição, tato, paladar e olfato, e os demais sentidos não catalogados genericamente agrupados como “sexto sentido” (material para uma posterior postagem).
O volume de informações recebido é determinado pela capacidade de captação do indivíduo e, salvo em situações limite, independe das fontes geradoras.
Explicando melhor, o mundo (exterior e interior) sempre nos ofereceu estímulos em infinita quantidade e, quer estejamos atentos ou não, nossos sentidos captam continuamente esses estímulos.
Podemos aceitar que um jornal impresso de hoje traz, realmente, mais informação de um determinado tipo (“jornalística”) do que um indivíduo receberia durante toda sua vida há 500 anos.
Mas, na prática, estamos adicionando apenas mais um grão de areia à praia de Copacabana.
Defendo que, até que cheguemos ao “momento Matrix” da informação, quando o conhecimento puder ser injetado sob pressão, elétrica ou quimicamente, diretamente em nosso cérebro, a quantidade de informação acessível não varia com a oferta, porque esta já é infinita.
O que muda é o perfil da atenção, influenciada pelo nível de estimulação a que somos submetidos.
Ou seja, ao sermos impactados pelo conteúdo de um jornal, de um podcast, de um programa de rádio ou de televisão, que momentaneamente pode estimular nossa atenção com maior intensidade do que o perfume de uma flor, o trinar dos rouxinóis, o brilho intermitente de uma estrela ou o sorriso de uma criança, podemos ficar com a (falsa) impressão de que, naquele momento, estamos recebendo um volume maior de informação.
Na verdade, as outras informações seguem sendo captadas por nossos sentidos e, ainda que nossa atenção intencional não esteja voltada para isso, também estarão sendo processadas em nossa mente, mesmo que de forma inconsciente.
Deixo a conclusão por conta dos leitores, que convido a comentar e debater o assunto neste espaço.

sexta-feira, março 17, 2006

Você já se engajou ?


Meu bom amigo Roberto Lobl acaba de partilhar comigo uma curiosa nota publicada na imprensa especializada em mídia norte-americana.
Em síntese, a nota comenta que os participantes do próximo congresso da ARF – Advertising Research Foundation – serão convidados a propor e debater uma definição para “Engagement”.
Engagement vem sendo a palavra da moda no cenário publicitário internacional nos últimos 2 ou 3 anos.
Sua relevância já foi reiteradamente enaltecida em congressos e seminários e não há um bom plano de comunicação que não coloque “engagement” como parte dos objetivos prioritários de uma campanha.
Muito oportuno, portanto, que alguém decida definir o que é, afinal de contas, esse tal de engagement, embora o Chief Research Officer da ARF, Joe Plummer, tenha afirmado que não será fácil obter uma definição concisa para essa métrica vital.
Ironias à parte, na prática a iniciativa reflete um amadurecimento (ainda que tardio) da indústria da comunicação, adicta aos narcóticos verbais (palavras que refletem conceitos subjetivos mas conferem um ar de modernidade ao conjunto da obra).
Encontrar definições precisas para conceitos relevantes e estabelecer métricas que permitam sua avaliação é um passo indispensável para garantir a alocação eficiente dos recursos de marketing e comunicação.
E muito bom constatar que estamos engajados nessa idéia.

quinta-feira, março 16, 2006

O bombrilzinho que dança


Trinta anos de mercado e sigo encantado com a força das marcas.
Noutro dia minha mulher me perguntou se eu havia visto o comercial da Assolan.
Perguntei qual e ela me respondeu: aquele do bombrilzinho que dança.
E tem gente que ainda acredita que é bom negócio deslocar o investimento em construção de marcas para o ponto de venda.
Claro que trabalhar o ponto de venda é importante. Um empurrãozinho de última hora pode motivar a compra por impulso. Diversas pesquisas confirmam isso.
Por outro lado, inúmeros trabalhos sérios indicam que a decisão de compra no ponto de venda para as principais categorias de produto depende da força da marca.
Para produtos considerados relevantes o consumidor tem suas marcas preferidas e sua escolha recai consistentemente sobre elas.
Mais do que isso, compras promocionadas raramente geram lealdade do consumidor. E promoção, principalmente na forma de desconto, custa bem mais do que propaganda.
De fato, o que funciona melhor é o conceito de comunicação integrada. O consumidor tem muitos canais de contato com a marca e a adequada coordenação desses canais de comunicação tem um efeito sinérgico significativo.
Por outro lado, quando a comunicação não é coordenada ou está desequilibrada, os resultados são penalizados.
Aí, quem dança é você !