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sexta-feira, janeiro 11, 2008

Apocalipse e seus derivados

Estava assistindo uns capítulos antigos da série Millenium com o Rodrigo.
O tema de fundo é o Apocalipse (leia-se, fim do mundo).
Um dos capítulos resgatava o bug do milênio (lembra, Ernesto ?).
Achei interessante uma passagem, lida ao final do capítulo pelo Frank (protagonista da série), de um livro obscuro ...
A passagem versava sobre o fim dos tempos e comentava que a humanidade só se daria conta tardiamente, com pouca possibilidade de evitá-lo. A exceção de um pequeno grupo, que anteciparia o acontecimento, e se prepararia para isso tendo como objetivo exclusivo sua própria sobrevivência (ou seja, sem se preocupar com evitar a catástrofe, fosse qual fosse).
O triunfo desse pequeno grupo significaria a derrota (perecimento) do resto da humanidade.
A vitória da humanidade (evitando a catastrofe), representara a derrota do pequeno grupo.
Dei-me conta de que esse é um comportamento padrão dos seres humanos.
Facil de se identificar em grandes empresas, mas presentes em qualquer situação onde um grupo se sinta ameaçado.
Em empresas, o caso clássico é a situação onde alguma coisa esta errada e deve gerar um grande problema a médio prazo. Alguém percebe e informa. A coletividade nega o problema. Alguns poucos concordam logo de início e fazem algum esforço para mobilizar a corporação para resolver o problema. Quando se dão conta de que será muito difícil e que, provavelmente, não será possível resolver a tempo, tratam de salvar a própria pele (quase sempre agravando o problema).
Quando o apocalípse se aproxima de maneira inegável, toda a corporação se mobiliza para evitá-lo, geralmente lutando contra o grupo inicial que já garantiu suas posições e, agora, sairá perdendo caso o problema seja resolvido.
Se a empresa tem sorte, o esforço coletivo, embora tardio, resolve o problema, e os apocalípticos se dão mal.
Caso contrário, estarão alí, prontos para comandar a Phoenix renascida das cinzas da velha organização.

12 comentários:

Flavio Ferrari disse...

Alias, só para constar, trata-se do mesmo enredo da primeira temporada da série Heroes, que acabo de assistir com a Ti ...

Suzana disse...

IH!Você encontrará vários seriados neste formato. Há um com vampiro bonzinho, outro com um anjo caido e assim vai. No fundo o roteiro é o mesmo.Ou salva o mundo para se dar bem,ou dane-se o mundo e eu me dou bem ou ainda já que nada esta bem pra ninguém vamos nos unir até que novamente haja necessidade de salvar o mundo para se dar bem e assim vai.
De Gênesis a Apocalipse a história é a mesma.

Ernesto Dias Jr. disse...

O cenário é recursivo, aplicando-se a divisões dentro da empresa, a departamentos dentro das divisões, a grupos dentro dos departamentos, a facções dentro dos grupos, até chegar ao indivíduo onde o sujeito-sujeito briga com o sujeito-empregado depois que o instinto de um adverte o outro que aquilo vai dar merda.
É um fenômeno fractal, mandelbrotiano.
E é também universal. Vetor evolutivo nas empresas, na sociedade, nos organismos vivos.
Aliás, recomendo como um belíssimo livro de auto-ajuda para gerentes em geral (detesto "gestores") o livro O Gene Egoista, do Dawkins -- um biólogo arrogante e detestável mas muito inteligente.
(Flávio, acho que devíamos escrever tb um livro de auto-ajuda pra executivos. Ia dar uma puta grana)

Anne M. Moor disse...

A Academia é igual!!!!!!

vittorio disse...

É um fenômeno humano, iremos encontrá-lo onde houver mais de uma pessoa.
Por sinal as empresas são organizações sociais que em menor (até em macro) escala representam a sociedade. Estes grupos sociais geram seus próprios valores, objetivos e políticas, na busca da sua perenidade.
Tal qual as estruturas sociais, estes grupos orbitam em posições mais próximas ou mais distantes ao centro (poder), sendo que sua sobrevivência depende de sua capacidade em responder as mudanças no seu ambiente e ou de influenciar a sua velocidade.
A questão central localiza-se no poder e na forma do uso do mesmo.
A forma tem-se alterado no decorrer da evolução, permanecendo constante a sua essência, o poder vale pelo que ele traz.
O poder desta forma torna-se a mola mestra do comportamento humano. A motivação está em ter representatividade e significado no percurso da nossa existência.
Onde quer que observemos com mais acuidade, iremos encontrar o exercício do poder, nas suas formas características, pela capacidade de impor sanções, pela capacidade de se impor pelo conhecimento e pelo amor (em todas as suas formas).
O problema se localiza no exercício do poder, os gestores/lideres são causa e efeito da evolução ou da degradação das organizações sociais, econômicas ou políticas.
Sem entrar em polêmica o nosso tempo carece de líderes/gestores, com L e G maiúsculos.
Os que se encontram nestas posições nos regimes democráticos tem o mérito do marketing político, da ignorância do povo e dos interesses econômicos.
Os que se encontram em regimes não democráticos estão expostos, revelando o lado mais primitivo e humano do poder, a força.
Nas demais organizações altera-se a forma mantendo-se a essência. Cada qual tem o gestor que merece....ou será que outros fatores (em especial a sobrevivência econômica e o satatus) influenciam a nossa decisão?
Também somos causa e efeito da degradação das organizações sociais (todas)

Udi disse...

Preguiça... sorry!

A.Tapadinhas disse...

Ui! Flavio, este post está quente, mesmo! Vou buscar meu fato de amianto...
Abraço.
António

disse...

Minha Nossa Senhora!
Fractal, mandelbrotiano!?
Vou estudar.
Volto daqui uns três dias.

Seres humanos normais: Podemos lutar pelo coletivo, mas não a ponto de comprometermos a própria pele.
Fugir desse comportamento : Faz de mortais, heróis.

Alex disse...

Que foto boa hein!

Flavio Ferrari disse...

Para discutir o comentário do Vittorio seria necessário um tratado...
Tomo apenas um ponto: "o poder vale pelo que ele trás".
Tenho observado que o comportamento humano em relação ao poder é similar àquele com relação ao dinheiro.
Em quantidades moderadas, ambos valem o que nos trazem.
Em grandes quantidades, para a maioria das pessoas, adquire um valor intrínseco. Valem por sí.
A partir desse momento, destroem o indivíduo.
Remember Lord of the Rings.

Amélia disse...

No caso das empresas, na maioria das vezes, nem as cinzas sobram...

vittorio disse...

Não precisa de tratado não, basta a gente acompanhar o noticiário,ler os jornais, conectar a internet, ir as seções da Câmara Municipal, assistir a TV Senado,e claro vivenciar o dia dia das empresas e o dia dia das famílias.
"Tenho observado que o comportamento humano em relação ao poder é similar àquele com relação ao dinheiro.
Em quantidades moderadas, ambos valem o que nos trazem.
Em grandes quantidades, para a maioria das pessoas, adquire um valor intrínseco. Valem por sí."
É isto ai, o $ é o lado mais visivel do poder e claro o mais enebriante, lembra da publicidade de uma marca de cigarro o Benson & Hed..(esqueci a marca) mas o bordão não:
"Dinheiro não traz felicidade manda buscar"