Se puder escolher, prefiro ver o mundo à
luz das velas.
As velas não tentam me enganar.
Deixam claro que o que vejo é o reflexo de
sua luz e mandam bailarem as sombras para que eu não me deixe levar pela ilusão
de realidade.
Gosto do pensamento tântrico, da liberdade
e da expansão da percepção.
Mas sem escolas.
Escolas são uma invenção do homem para
nivelar o conhecimento.
Prefiro o desnível, o atrito das
rugosidades dos intelectos.
Aprendi que a discordância pode ser mais
afetiva do que uma afável manifestação de displicente concordância.
Não estou falando de quem discorda porque
não ouve o que quer, mas de quem discorda porque quer acordar, nos dois
sentidos (o de despertar e o de, afinal, chegar a um acordo).
A luz das velas nos coloca na interessante
posição de desconfiar do que percebemos.
Deve ser por isso que as escolas costumam
ter lâmpadas fluorescentes, fortes e brancas.
Ninguém deseja que você desconfie do que lhe é apresentado como
descrição da realidade.
Também por isso os jantares românticos
desejam velas propondo fantasias.
Prefiro um mundo velado, que estimula a
minha imaginação, que me convida a viver com incertezas, com menos “certos” e
“errados”.
Quero usar o tato, o olfato, o paladar, a
audição e todos os outros sentidos que a escola tentou me ensinar a rejeitar,
privando-os de nomes.
E comungar com as chamas...
2 comentários:
É de um mundo assim que eu ando precisando. Eu e tanta gente... Um mundo de luz que reflita aquilo que fazemos dele. Torço para que as nossas escolhas sejam boas!
Beijo doce!
Bem vinda Wanderly ;-)
Postar um comentário