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domingo, setembro 10, 2006

CIA e FBI discordam sobre técnicas de interrogatório

O The New York Times divulgou uma nota comentando as divergências entre os dois serviços de inteligência norte-americanos com relação à maneira pela qual os membros da Al-Qaeda devem ser interrogados.
Não acho que vale a pena comentar esse assunto, mas serve de gancho para mencionar que saber perguntar é um dos grandes pontos de apoio para o sucesso de uma organização.
Lembro-me de um caso verídico, contato por um professor ainda no tempo da faculdade.
Ele estava trabalhando como consultor para uma empresa especializada na fabricação de sistemas de transmissão. Um dos produtos da empresa, uma caixa redutora de velocidade, demandava um tempo muito grande de usinagem (recorte do bloco de metal).
O encarregado da linha de produção havia lhe informado que isso se devia ao desenho interno da caixa, que apresentava curvas de difícil execução, um trabalho quase artesanal.
O professor-consultor foi conversar com o operador da máquina de usinagem, que confirmou a versão do encarregado. Uma única curva mais pronunciada no interior da caixa tomava mais de 40 minutos de tempo de máquina.
Ele perguntou se havia algo que poderia ser feito para reduzir esse tempo. A resposta foi negativa. A máquina era uma das mais modernas disponíveis no mercado e a equipe que a operava era bem treinada e altamente qualificada.
Quando já estava desistindo, ocorreu-lhe perguntar ao operador, por curiosidade, para que servia aquela curva. O operador respondeu que não sabia, mas era uma especificação do projeto.
Seguindo sua intuição, o professor foi procurar o engenheiro responsável pelo projeto e fez a mesma pergunta.
Para sua surpresa, o engenheiro respondeu que a curva prestava uma certa harmonia ao “design” interno da caixa de redução. O que, traduzindo, queria dizer: fica mais bonitinho.
O professor explicou ao engenheiro que aquela curva consumia mais da metade do tempo de usinagem de toda a caixa, e perguntou-lhe se não poderia ser eliminada.
O engenheiro, recuperado de seu viés arquitetônico, concordou de pronto.
E, com isso, o custo de fabricação da peça foi reduzido em, se bem me lembro, 15%.
Através desse e de outros exemplos, além de diversas dinâmicas de grupo conduzidas em sala de aula, esse professor instalou uma atitude questionadora no grupo.
O resultado foi o estímulo da curiosidade construtiva, a paixão pela pergunta e o inconformismo com a resposta pronta (nada parecido com interrogatórios do FBI e da CIA, por favor).
Esse tipo de atitude, bem distribuída e ordenada, traz benefícios significativos e mensuráveis para a empresa.
Fica a dica para o pessoal de treinamento.

Um comentário:

Anônimo disse...

Flá, enquanto lia, me lembrei de uma Mulher que atendi na faculdade que tinha, entre seus antecedentes cirúrgicos, uma cirurgia de Fimose!
Como entender do que se tratava? Pedi que me mostrasse a cicatriz cirúrgica!Cheguei à conclusão que ela havia sido submetida a uma cirurgia de apêndice. Perguntei, então, porque afirmava ter sido operada de fimose. Com aquele sorriso que só os muito ingênuos podem dar, me respondeu: Perguntei para um médico outro dia como se chamava a cirurgia do PENICE! É mesmo preciso saber perguntar...