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terça-feira, setembro 30, 2008

O amigo Ernesto


Conheço o Ernesto há quase 14 anos.
Creio que nos encontramos menos de 20 vezes nesse período. Uma média de pouco mais de uma vez por ano. Um cálculo tendencioso, já que a maioria dos encontros aconteceu nos últimos 3 anos, quando começamos os blogs e decidimos escrever "Pecado e Capital" juntos.
Gosto para caramba desse cara.
Agora à noite, estava pensando em algumas pessoas que passaram pela minha vida.
Particularmente naquelas para quem me dediquei, de alguma forma, e que estiveram por perto enquanto recebiam de mim o que precisavam ou desejavam. Mas que sumiram assim que sentiram que não me necessitavam mais, ou que já não recebiam o que queriam.
Lembrei-me de uma afirmação categórica do meu analista: "as relações humanas são relacões de usura". Construção um tanto estranha, já que "usura" não é um termo normalmente utilizado para se referir a relações de interesse não pecuniário.
O que ele queria dizer é que nos relacionamos por interesse, ou enquanto "vale a pena".
Talvez ele esteja certo, para a maioria dos casos.
Mais aí está o Ernesto, uma exceção. Aliás, um sujeito excepcional em muitos sentidos.
Nunca dei nada para o Ernesto, a não ser a afeição que vai se construindo com o passar dos anos.
O Ernesto não precisa de mim. Não fica chateado se eu não telefono, não respondo um e-mail ou recuso o convite para um chopp.
Mas percebo que fica feliz quando nos encontramos, que gosta dos projetos quase literários que fazemos em conjunto e que me tem como amigo.
Uma amizade simples, descomplicada, descompromissada, que tem tudo para durar para sempre.
Ele sabe que pode contar comigo se precisar. E eu sinto que também posso contar com ele.
O Ernesto não é o único. Felizmente, tenho outros amigos e amigas "desinteressados" (no bom sentido), dos quais me lembro com carinho, quase todos os dias. Poucos, é verdade, mas tenho.
Encontrar pessoas assim é um dos grandes prazeres da vida.
Há quem se divirta colecionando objetos raros.
Eu, prefiro descobrir pessoas como o Ernesto.

sexta-feira, setembro 26, 2008

quarta-feira, setembro 24, 2008

Procurando um presente para a namorada ?


Repelente para gatos e cachorrões !!!
O melhor perfume para sua namorada (quando você estiver viajando).

segunda-feira, setembro 22, 2008

O mundo "L"


Alguém já assistiu a série The L World da Warner ?
Assisti algumas vezes por sugestão de uma amiga "L".
Ainda não tive tempo de conversar com ela sobre a dita cuja.
Não sou "entendido" no assunto, mas tudo me pareceu muito exagerado. Uma visão um tanto masculina do mundo gay feminino.
De qualquer forma, vale a pena assistir alguns episódios. É diferente da maioria dos seriados do cabo.

Direito Divino


Uma semana bem vivida. Na verdade, 5 dias, de quarta a domingo, fazendo nada, muito bem acompanhado, na paradisíaca Ilhabela (e, depois, em Juquehy).
Isso é que é vida, até nos intervalos.

terça-feira, setembro 16, 2008

O Rastro do Butadieno (6)

.... e se você perdeu, não deixe de ler os capítulos anteriores !

Capítulo 1 - A visita
Capítulo 2 - Sonhos e Safiras
Capítulo 3 - Um nome de mulher
Capítulo 4 - Perturbações Próximas
Capitulo 5 - A ponta do véu







Segredos e Surpresas


Como Engenheira Química responsável, além de uma sala privativa, Cristine tinha total liberdade para passear pelo chão da fábrica de borrachas termoplásticas.
Acabara de voltar para sua sala, depois da supervisão matinal da linha de produção, com um insight: aquele cheiro que sentia após os sonhos eróticos era o mesmo que pairava no galpão. Butadieno, a matéria prima da maioria de seus produtos.
- E, agora, aparentemente, também matéria prima de meus sonhos ... – pensou. Só me faltava essa !
Sua amiga psicóloga, com quem havia comentado os primeiros sonhos, havia lhe explicado alguma coisa sobre os mecanismos do inconsciente.
- Tudo, no sonho, é seu ... é você, projetada. – ela afirmou categórica depois do quarto chopp.
E lá estava o seu Butadieno cotidiano para confirmar a teoria.
Divagava, passeando malabaristicamente o lápis entre os dedos, com um leve sorriso maroto nos lábios quando seu chefe entrou.
- Cristine, Cristine .... quando vejo esse lápis flutuando na sua mão, esse sorriso enigmático e esse olhar perdido no ar, já sei que lá vem produto novo !!!
Álvaro tinha uma certa razão. O trabalho era o grande prazer da vida de Cristine, e uma das poucas coisas capazes de fazê-la sonhar acordada.
Era. Já não mais.
A última coisa na qual Cristine estaria pensando naquele momento seria um polímero.
Cristine sacudiu a cabeça, graciosamente e olhou para o chefe, bem a tempo de notar o brilho nos seus olhos, que ele rapidamente tratou de disfarçar.
Não era de hoje o interesse de Álvaro por Cristine. Um pouco mais velho, separado há alguns anos, admirava Cristine pela beleza, pela inteligência e pela integridade.
- Uma verdadeira anja que o céu me mandou – costumava comentar, a cada nova idéia de sua protegida, já conformado com o fato de que isso era tudo que poderia esperar dela.
- Cristine ! A Denise na linha 3 para você ... Você esqueceu o telefone no modo silencioso de novo ... – a secretária avisou da porta.
Cristine, constrangida, atendeu.
- Oi ... é, estou aqui com o Álvaro em reunião ... então, acho que sim ... depois a gente se fala. – desligou.
- Era a Denise ? Aquela que trabalhava em compras ?
- Era ... – Cristine desviou o olhar. Estava me convidando para um chopp hoje à noite, para matar as saudades.
- Não enrola, Cris ! Você ainda tem contato com ela ?
- Não ... eu ...
- Você nunca foi de mentir para mim. Não comece agora. Ela foi despedida há 6 meses. Se vocês não andassem se falando o papo do telefone seria outro. Não combina.
- Poxa, Álvaro ... você também não deixa escapar nada, não ?
- Não muda de assunto ...
- Tenho encontrado com ela sim. É minha amiga. E continuo achando que foi uma grande injustiça o que você fez com ela.
- Cristine ... – Álvaro assumiu um tom paternalista - ... já te expliquei que ela não é boa companhia para você. Muito, digamos .... heterodoxa. E eu não poderia deixar passar aquela história dela comprar Butadieno para um amigo em nome da empresa.
- Eu sei que foi errado. Mas ela não roubou nem prejudicou ninguém. O amigo dela precisava de uma quantidade relativamente pequena para uma experiência e estava com dificuldades para comprar....
- Olha ... eu até gostava dela ... mas para esse tipo de coisa a punição tem que ser exemplar, senão vira balbúrdia.
++++++++++++++++++++++++++
Gusmão estava terminando mais um longo e produtivo dia de trabalho, entusiasmado.
Os testes preliminares com o Butadieno foram promissores.
Lembrou-se da Denise, namorada do Bruno.
A coitada havia perdido seu emprego para ajudá-los na compra do gás.
- Merda ! Não era para ter acontecido isso.... Mais uma vítima que tomba em prol da ciência – pensou, com certo cinismo.
Denise e Bruno haviam-no convidado para um happy-hour.
- A Denise quer te apresentar uma amiga gostosérrima ! – disse um Bruno bem mais animado do que sua namorada gostaria.
- Já sei ... mais uma encalhada ....
- Olha ... sei que ela não tem namorado faz tempo ... deve ser quase zero quilometro. Mas de encalhada não tem nada. É uma Pedra Filosofal. – não resistiu à brincadeira clássica entre químicos.
- E esse mercúrio dos filósofos tem nome ? – respondeu Gusmão, aceitando a brincadeira.
- Cristine ...
++++++++++++++++++++++++++++++
- Cristine ..... – quase suspirou Gusmão, com os olhos vidrados diante da amiga de Denise que acabara de ser apresentada ...
- Esse é o Dr. Gusmão – apressou-se Bruno – meu chefe, excepcionalmente brilhante com fórmulas mas aparentemente limitado com as palavras.
Todos riram, inclusive Cristine.
E foi aí que Gusmão soube que estava perdido.
O sorriso, os cabelos, o olhar, o perfume ... o sorriso ..... E o corpo perfeito sob o vestido de algodão leve. E o sorriso ...
Seios pequenos. Ele adorava seios pequenos.
- E no que você tem trabalhado, "doutor" Gusmão ? – ela acentuou o "doutor" de forma irônica.
- Butadiênos ... – respondeu Gusmão em voz baixa, sem pensar, ainda com o olhar perdido entre seus seios.
- Como ?
- Rãã... Butadieno... Estamos testando o gás como catalisador gluônico em um processo experimental. – se recompôs, tentando impressionar.
- Hum ... química quântica ...- Cristine rebateu.
Gusmão não conseguiu esconder sua surpresa.
Bruno e Denise, abraçados, observavam, divertindo-se como Cupido.


(imagem: http://i185.photobucket.com/albums/x27/dnnara/Cupido.jpg)

segunda-feira, setembro 15, 2008

Pequenas Férias

Imaginem um fluxo contínuo e denso de tarefas, como se fosse um rio de pomada Hipoglós.
Agora, vilsumbrem um homem com um enorme cajado, decidido a abrir uma brecha nesse grande rio, tal qual Moisés fez um dia com as águas do Mar Vermelho.
Esse sou eu, em busca de uma semaninha de férias.
Não sei bem como é que Moisés fez com as águas, mas no meu caso, as tarefas se amontoaram para antes e depois das férias.
Por isso andei meio ausente.
E, agora, em férias, vou dedicar-me ao prazer de escrever o sexto capítulo do Rastro do Butadiêno.
Aguardem ...

sexta-feira, setembro 12, 2008

Postar ?

Se não sabe o que dizer
Vá dormir
E espere até o amanhecer

quinta-feira, setembro 04, 2008

Dinheiro, p'ra que dinheiro ?


A abordagem é de um economista famoso (não me lembro do nome; pergutem para o Ernesto) e oferece uma visão simples e positiva do dinheiro.
Segundo o tal economista, a invenção do dinheiro possibilitou o desenvolvimento da economia e permitiu que as pessoas fossem mais felizes.
O interessante é que as razões não são as imediatas, embora sejam óbvias.
O fato é que a existência do dinheiro concede maior liberdade para o indivíduo escolher o seu trabalho.
Simples: você trabalha, recebe dinheiro, e compra o que precisa.
Sem o dinheiro, você precisa produzir o que precisa diretamente (comida, por exemplo), ou recorrer ao escambo (troca) do produto do seu trabalho pelo que necessita.
Suponha que você seja um escritor de livros e precise consertar o encanamento da sua casa.
Numa economia sem o "dinheiro" você precisará encontrar um encanador que concorde em trabalhar em troca de livros. Ou trocar seus livros com outra pessoa que possua algo que o encanador concorde em trocar por seus serviços.
Ou, ainda, aprender a concertar o encanamento.
Por outro lado, numa economia com o "dinheiro", você vende os seus livros, recebe dinheiro e quando precisar do encanador, é só pagar com dinheiro (o encanador poderá comprar o que quiser com ele).
Quando temos maior liberdade de escolha em nosso trabalho tendemos a ser não só mais felizes como, também, mais produtivos.