Capítulo 1 - A visita
Capitulo 2
Sonhos e Safiras
Cristine foi despertada pelos pequenos filetes de luz do sol que atravessavam impiedosamente os furos da moderna veneziana branca, refletiam no espelho da parede ao pé da cama e brincavam com seus olhos.
Outra noite de sonhos eróticos. Outra vez o rastro daquele estranho aroma adocicado no quarto.
- Tudo tão real .... – gemeu, numa felicidade preguiçosa.
Levantou-se e caminhou languidamente para o banheiro, saboreando o contato do tecido fino do négligé branco sobre o corpo nu.
Suas longas e desgrenhadas madeixas tinham o exato tom de mel de seus olhos.
“Duas lindas safiras” .... a lembrança voz rouca do homem sussurrando em seu ouvido provocou um arrepio tardio.
Quem seria aquele homem desconhecido com quem havia sonhado repetidas noites ?
Não era especialmente bonito. Nem particularmente alto ou musculoso. Mais velho do que ela, talvez já na casa dos quarenta e poucos anos. Fisicamente, nada especial.
Mas havia alguma coisa de incomum, além das pedras.
O ritual era sempre o mesmo no seu sonho.
Ele a acordava no meio da noite, com um sorriso maroto, colocava gentilmente o dedo indicador sobre seus lábios pedindo a cumplicidade do silêncio com os olhos.
Afastava-se até os pés da cama e puxava lentamente o lençol, descobrindo-a.
Sempre sorrindo e com movimentos precisos e suaves, tomava suas mãos para que sentasse na cama e despia seu négligé.
Afastava seus cabelos com um gesto distraído enquanto contemplava seus seios pequenos.
Substituía seu travesseiro por uma pequena almofada de seda branca.
Ela se recostava. Em poucos segundos era tomada por um profundo relaxamento, a mente entorpecida e todas as partes de seu corpo explodindo de sensibilidade.
Então ele começava a colocar as pedras. Desenhava mosaicos sobre seu corpo com pequenas safiras multicoloridas.
De alguma maneira, os cristais pareciam interagir com os centros de energia de seu corpo, provocando sensações indescritíveis.
Não era um orgasmo. Era muito mais do que isso.
Uma sensação continuada de prazer intenso que aumentava e mudava de matiz a cada nova pedra colocada sobre seu corpo.
Ele parecia estar sentindo o mesmo prazer, como se as safiras tivessem o poder de capturar e transmitir suas sensações àquele misterioso “joalheiro”.
Quando o prazer se tornava deliciosamente insuportável, ela se sentia arremetida para o infinito numa viagem sem fim, que durava até o despertar.
A surpresa e o encantamento da primeira vez foram gradativamente substituídos pela ansiedade e a expectativa da repetição.
- Será que ele vai voltar ? – pensou, deixando a água quente escorrer preguiçosamente sobre o ventre.
E sorriu como só quem conhece a felicidade pode sorrir.
(imagem: kalmindon.files.wordpress)
11 comentários:
Putz... "négligé", Flávio... rsrsrs
Gostei da história das pedras!! (gemas!!) O que diria Jung sobre a simbologia delas, hein????
Tá aprimorando o estilo de nos fazer viajar sensorialmente com as tuas palavras.
Putz... e o cara nem tem nome!
E lá vem sacanagem. Vou ter que arrumar uma companheira para o Flico, rsrsrsrsrs.
Toca pensar...
Humm... Delícia de sonho!!!
Passou rapidamente de Star Wars, para Cristine, aquela do carro assassino (mas com mais charme), lembram?
Luta entre John Carpenter e George Lucas! Ganhamos nós...
Abraço.
António
Cristine também é a garota do Fantasma da Ópera ...
Agora só falta saber quem é o Fantasma e o Raoul...
Abraço.
António
Lindo texto. Muito comunicativo. Acho que para sentir prazer com ele não importa a idade. O título não poderia ser "O Joalheiro"? (O que quer dizer Butadieno? Estou com preguiça de pesquisar. Acho que nem sei.)
Butadieno é um gás derivado do petróleo, como bem explicou a Érica lá no Prozac.
Ah!
Duas linhas paralelas, duas cabeças
privilegiadas.
Que dizer? Com paciência acompanharemos.
Mas Cristine impressiona pela força do desejo. Seriam assim todas as mulheres?
Oh! Cruel dúvida que nos envolve a todos. O sangue correu mais depressa em minhas veias (favor não confundir com as véias). Putz... Ai vem chuimbo.
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