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segunda-feira, julho 10, 2006

Coisas da cabeça ...



Paolo me pergunta qual seria o ato profissional em uma empresa comparável com "vergonhosa" atitude de Zidane em seu último jogo contra a França.
Para responder a essa pergunta, é importante ter uma visão holística, que transcenda o momento da cabeçada.
Pouca gente viu o que aconteceu momentos antes quando, durante uma pequena paralisação, o técnico da França chamou Zidane para uma rápida conversa no canto do gramado que reproduzo, a partir de leitura labial:
- Zizou, mon cherry..
- Qu’est ce que c’est, monsier le chef ? Ça ne marche pas come vouz voulez ?
(sigo em português que meu francês não dá para tanto ...)
- Em francês claro, ta uma merda ! O pessoal da Adidas não vai gostar nada disso ... Você está se arrastando em campo e o pior é que não posso substituí-lo ...
- Mas, treinador, com a minha idade, o que é que você queria ?
- Honestamente, queria ter a sua idade e ganhar o seu salário ... Mas é o seguinte, já que o preparo físico não ajuda, use a cabeça, Zidane, use a cabeça ...
- Pode deixar treinador ...
Bem, deu no que deu.
O fato é que em momentos de grande tensão a estabilidade emocional é fundamental.
Zidane perdeu o controle por 10 segundos, aparentemente em decorrência da “catimba” do Italiano. Tivesse ele treinado no futebol de várzea brasileiro, não em Paris, provavelmente saberia responder a provocação à altura (não do peito).
Jogador experiente, num momento único de sua vida profissional, durante a partida mais importante para a França dos últimos 8 anos, sucumbiu à pressão do momento e prejudicou seu time e a si mesmo.
E, quer saber ... isso pode acontecer.
Há pouco que possamos fazer para evitar uma atitude impensada, reativa, num momento de grande tensão, uma vez na vida.
Quando isso ocorre com grande freqüência, aí sim, é um indicador de que precisamos de cuidado terapêutico.
Se um dia acontecer com você, melhor do que se defender ou se martirizar por isso, é assumir o erro e procurar lidar da melhor forma com suas conseqüências.

Um comentário:

doppiafila disse...

Boa! O "use a cabeça" è a explicaçao mai verossimil... Parece que o Materazzi nao lhe disse "sujo terrorista", e que mais simplesmente insultou a sua irma... Incrivel. Ficarà na historia (incluindo as últimas afirmaçoes do Zizou, "peço perdao mas nao me arrependo")... Mah.
Um abraço, Paolo