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terça-feira, abril 08, 2008

Ecologia da Informação

Desde que Thomas Davenport recomendou a adoção de um pensamento eco-sistêmico para tratamento da informação nas empresas em 1997 (Information Ecology – Oxford University Press) tenho a sensação de que pouco foi feito nesse sentido.
Contra suas melhores orientações, seguimos investindo em tecnologia como solução para o tratamento da informação, ao invés de focalizarmos a questão principal: como as pessoas se relacionam com a informação ?
A tecnologia pode ajudar a criar, organizar e partilhar informações.
Mas as informações só se transformam em conhecimento acionável se consumidas, transformadas, compreendidas e verdadeiramente utilizadas, que são tarefas humanas.
Daí a importância de despertarmos para a necessidade de trabalhar a cultura organizacional no sentido de construir uma consciência ecológica também para a informação. Uma legítima preocupação com o meio-ambiente onde a informação nasce, se desenvolve e cumpre sua missão.
Um meio-ambiente formado pela arquitetura da empresa, suas políticas, processos e estratégias. Pela natureza do negócio e pela tecnologia disponível. E principalmente, por pessoas e cultura.
Acuracidade não oferece benefícios se não for acompanhada de confiança.
Relevância estratégica de nada serve se não houver o desejo de orientação.
Originalidade só agrega valor se houver disposição de busca de vantagem competitiva.
Disponibilidade se completa com a intenção de interagir.
Ou seja, a informação só se torna significativa se as pessoas estiverem verdadeiramente envolvidas e preparadas.
Nunca é demais lembrar que a tecnologia deve estar a serviço das pessoas e creio que a tendência será resgatarmos isso nos próximos anos, pelo menos no que se refere ao ambiente da informação.

(Artigo que sairá na Revista Marketing deste mês - Caçador de Tendências)

9 comentários:

Anne M. Moor disse...

Certamente informação não é conhecimento. A habilidade de fazer conexões, construir significado, saber o que procurar, onde procurar e como fazer isso é a base do aprender do século XXI. Termos como flexibilidade, colaboração, interação e negociação estão aqui para ficar. Conhecimento significa que aprendemos a partir da informação, do background knowledge que temos, do contexto e de nossa habilidade em lidar com ela (=informação).
Quero ler teu artigo... :-)

Ernesto Dias Jr. disse...

Esse é o maior desafio das empresas agora e no futuro. A questão -- que estou enfrentando no momento -- é: como perenizar a informação no corpo da organização?
Empresas são feitas por pessoas. Mas pessoas vem e vão. Como fixar conhecimento -- que caudatário e fonte ao mesmo tempo da informação -- na empresa ao longo dos tempos?
Cartas para a redação.

disse...

A estratégia pra desenvolver essa consciência é que é dificil.
A tecnologia da informaçao e a velocidade em que se processa, formam lacunas enormes no conhecimento das pessoas.
Acaba se tornando o grande diferencial, e grandes talentos perdem-se nessa exigência.
Seguindo a atual tendência da responsabilidade ambiental também aí,possibilita-se mesmo além de mais eficiência, mais justiça.
Muito interessante o enfoque,e apesar de toda a evidência do assunto, inusitado.
Muito bom.
Publique mais desses artigos.
A fila do gargarejo agradece.
Beijo.

Anne M. Moor disse...

Não só nas empresas Ernesto e Flávio... Esse é o desafio da sala de aula!! Foram-se os dias de memorizar informação!!! Há informação demais e isso nunca levou ao conhecimento...
O ponto que colocas aqui E. é interessante, mas reforça a certeza de que as pessoas que vem e vão têm que ter a habilidade / capacidade de fazerem conexões, saber o que e onde procurar em micro e macro contextos, em suma, o saber ler, com todas as suas implicações, é cada vez mais a chave do conhecimento. E eu diria mais, interação entre essas pessoas, entre as pessoas e a informação, entre elas e o meio é e será sempre a motivação da 'perenização' e peregrinação do conhecimento nas empresas, nas escolas, na sociedade...
Êta assuntinho porreta!!! Flávio, my luv, adoro tuas provocações. :-)

Udi disse...

Lembra do esforço para explicitar a diferença entre fornecer dados e fornecer informação?
Sinto que já se avançou muito, nessa ponta que fornece, na capacidade de transformar dados em informação, por outro lado, na outra ponta há, cada vez mais, maior expectativa por informações "mastigadadas", prontas para ser consumidas mas que jamais serão saciadas sem que se entenda que há que se fazer um esforço até para consumir algo que já está pronto

Udi disse...

...e se pegarmos essa idéia da ecologia, volta novamente ao produtor/fornecedor/fonte de informações avaliar cuidadosamente a demanda que deve ser atendida e a que deve ser (desapegadamente) desconsiderada para evitar o efeito estufa no mundo da informação.

...afe! que me deu?! ...prefiro cuidar da hortinha da varanda.

Anne M. Moor disse...

O que as pessoas parecem não entender é que para que as informações estejam mastigadinhas, ELES mesmos as tem de mastigar. Essa responsabilidade não é do 'outro', é de cada um de nós. Nós somos responsáveis por nossa própria aprendizagem. O 'outro' é responsável por proporcionar a oportunidade, ambiente, ... para que isso aconteça. É o perturbador do processo.

Gui Ferrari disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gui Ferrari disse...

Olha, nesse sentido eu tenho que agradecer a minha escola que me ajudou muito no sentido da "consciência ecológica". hoje em dia a minha geração pensa muito mais em desligar a torneira, apagar a luz e separar o lixo do que as gerações anteriores.

mas a industria da informação não esta na mesma sintonia. é algo muito complicado porque é muito dificil pensar numa maneira "não entediante" e "piegas" de falar sobre o ambiente.

Meu pai vivia falando, e ainda fala, para eu apagar a luz antes de sair de casa. Eu vivo falando para o meu pai e minha mãe para desligar a torneira quando estão secando ou passando detergente nas louças. A educação começa e se desenvolve em casa.