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Uma postagem da Anne lá no Life Living me estimulou a falar de um assunto polêmico: o sofrimento histórico da mulher.
Sempre que o Dia da Mulher se aproxima, esse sofrimento serve de contraste para as conquistas e os futuros desafios do sexo frágil.
Implícita neste racicínio apelativo está a acusação aos homens, vís torturadores dos outros 50% da humanidade.
Não me consta que os homens fosse particularmente mais felizes subjugando as mulheres.
Assim como também não estou seguro de que as mulheres sejam mais felizes participando hoje do que costumavam ser tarefas masculinas e gozando das "liberdades conquistadas".
Não nego que as mulheres eram discriminadas e seguem sendo.
Discriminar significa fazer uma distinção, considerar diferente.
Homens e mulheres sempre foram discriminados porque, de fato, são diferentes.
Claro que estou sofismando. O termo "discriminação", para o caso das mulheres, é usado no sentido de diferenciar para pior, sugerindo que as mulheres seriam consideradas seres de segunda categoria pelos homens (que se consideravam de primeira categoria).
Uma estupidez, sem dúvida, de parte a parte. Mas estupidez generalizada é indício de um aspecto cultural. Logo, não é culpa de cada homem ou de cada mulher "impor" ou aceitar essa condição.
E se a condição da mulher, subjugada, era ruim, a do homem tirano não era melhor.
Tiranizar traz tanto sofrimento quanto ser tiranizado, e sem o benefício da auto-piedade.
A cultura ocidental atual aceita menos essa situação.
Mas embora, de onde estamos, sejamos capazes de afirmar que a situação anterior era terrível, não me parece que estamos fazendo avanços significativos nas relações entre casais.
Assim como antes existiam muitos casais que conviviam bem com seus papeis e eram felizes juntos, amando-se e respeitando-se, hoje também encontramos casais capazes de conviver bem com seus novos papeis, embora sejam um pouco mais complexos do que os anteriores.
Mas a "liberdade" (entre aspas porque a verdadeira liberdade, se é que existe, vem de dentro) conquistada pelas mulheres não trouxe a felicidade almejada, até porque aquela não era a causa de seu sofrimento.
Para uma mulher ocidental moderna, viver como viviam as mulheres do século XIX traria sofrimentos. Mas é bastante provável que a situação oposta também seja verdadeira.
Tudo isso para dizer que a luta pela "igualdade" da mulher (leia-se direitos iguais aos dos homens e, ops, deveres também) poderia ter suas energias canalizadas para uma outra luta; a da liberdade de ser, sem discriminação de sexos.
Seria uma luta menos panfletária e mais sem graça, já que não existiriam inimigos externos a vencer.
Mas os resultados seriam melhores ...
E vai um hai-kaizinho como "bonus":
Para o Dia da Mulher
nada de paródia
nem ninguém para odiar
(foto: www.old-picture.com)