Páginas

sábado, maio 21, 2011

New York, Nova Iorque

A convite das irmãs Walverde  fui assistir ontem o musical New York, New York, uma produção brasileira idealizada pelo maestro Fabio Gomes de Oliveira (ver matéria  no site da Êpoca).
Não sou fã de musicais em geral, e menos ainda das versões brasileiras para os musicais da Brodway, que insistem em traduzir a letra das músicas.  Embora já tenha me encantado com versões como as de A Bela e a Fera e Les Miserable, não se comparam as primeiras versões das peças do Chico Buarque (Calabar, Ópera do Malandro) da década de 80, produções mais modestas porém deliciosamente brasileiras.
Na montagem NY, NY estrelada por Alessandra Maestrini e Juan Alba as músicas foram mantidas no original em inglês e com legenda (creio que Les Miserable havia usado esse recurso), o que é muito bom, e seria perfeito se todos os cantores tivessem maior intimidade com a lingua, como Maestrini tem.
Alias, quase vale a pena assistir a peça só pelo desempenho da Alessandra.  Boa atriz e cantora excepcional, acompanhada de uma pequena orquestra impecável.
A montagem alterna momentos brilhantes com cenas amadoras.
Se você for assistir com o espírito de "pô, pessoal ... dá um desconto, foi a gente que fez" dá para encarar, embora duas horas e meia seja muito tempo para um espírito benevolente.
O grande problema é o roteiro fraco, que alguém tentou consertar inserindo momentos coreográficos muito criativos (que isoladamente são realmente muito bons, mas que ficam perdidos no contexto) e piadas fracas que terminam quebrando o ritmo do musical (bem... a "tirada" de chamar 3 cantoras negras de Sandra, Rosa e Madalena foi boa, mas cabia no contexto).
O primeiro ato, que deveria ter a obrigação de cativar a platéia, é ruim.  A história é confusa, Juan desafina tanto quanto eu quando canto num Karaokê e a coreografia é repleta de chavões (será que se usa esse termo) como um tributo aos velhos musicais da Brodway.
Se a peça começasse no segundo ato seria outra história.  Do intervalo para frente ela quase conseguiu resgatar minha boa vontade.  A história fica melhor, o Juan já não desafina (embora não me pareça a altura de contracenar com a Alessandra) e a coreografia ganha originalidade, embora o fantasma da descontinuidade ainda ronde. 
De um modo geral, os atores, quando não estão cantando em inglês, são muito bons.  Alguns excepcionais.   Dificil julgar a direção em função da pobreza do roteiro e de algumas coreografias do primeiro ato. 
Fica claro que toda a equipe está motivada e se esforçando para dar o melhor de sí, e a platéia reconhece isso, embora os maiores aplausos sejam, justamente, para as performances individuais e descontextualizadas (exceto no caso da Alessandra que nos conquista a cada performance, principalmente no segundo ato).
Para quem realmente gosta de musicais, acho que vale a pena assistir, até para incentivar a produção brasileira.
Para quem, como eu, tem critérios heterodoxos para escolher onde investir seu tempo de lazer e não morre de amores por musicais, não recomendo.  Ou, se for acompanhar amigos, sugiro que se atrase e entre no segundo ato.

3 comentários:

e daí? disse...

Eu não curto musicais, acho chatissimo, não é uma modalidade q me comova só mesmo muito cheia de boa vontade ou uma companhia q faça valer a pena...Muito curiosa observação, o cantor desafina no 1ºato e canta bem no 2º??? Gostei da critica!

Ana Andreolli disse...

eu sou muito fã de músicais! mas vou conferir esse pra ver qualé!

Cristiane disse...

Curto os musicais originais. No auge do Fantasma da Opera, assisti três vezes, uma em NY outra em Boston, e, obviamente, nao gostei da produção brasileira embora considere que devamos incentivar.
Na 1a. Vez que estive na Europa há alguns vários anos, assisti ao Lês Miserables e me emocionei muito, que acabei visitando Versailles com os olhos de uma revolucionaria!
Apesar da sua critica, acho que a Bela e a Fera foi excelente, curti mais que no exterior e levei a criançada umas duas vezes, e se esta nao ficou bacana, sem problemas, o grande mérito dessa iniciativa eh permitir que muitos brasileiros que nao viajam ao exterior, ou que viajam mais nao dominam a lingua, tenham acesso a arte... Eh o mais bacana, nao acha? Se algum ato estiver ruim, aproveita para comer pipoca, ou tirar uma soneca! Risos