segunda-feira, dezembro 26, 2005
O Terceiro melhor
Quando meus filhos eram pequenos, uma das brincadeiras que fazia com eles era a de afirmar que eu era vice-campeão de qualquer coisa que fosse o assunto do momento.
Depois, um pouco mais velho, um deles me perguntou por que eu dizia ser vice-campeão ao invés de campeão.
Porque é mais crível, respondi.
Eis que, em um momento, encontrei-me em um hotel que ostentava em sua entrada, com muito orgulho, um cartaz iluminado indicando haver sido escolhido como terceiro melhor hotel do Brasil por uma famosa revista.
Posto confortabilíssimo. O Brasil é imenso e repleto de excelentes hotéis. A diferença entre o primeiro e o terceiro deve ser, supostamente, mínima. Mas o terceiro pode cometer alguns erros (afinal, não é o infalível número um ).
No primeiro dia de permanência no hotel, após uma longa e cansativa viagem que terminara na noite anterior, fomos acordados as 8h40 da manhã pelo barulho de uma furadeira elétrica. Estavam reformando ou consertando um quarto no andar acima do nosso. Liguei para a recepção sugerindo que esse tipo de serviço fosse deixado para após as 10h00 da manhã, para preservar o direito de descanso dos hóspedes. A moça da recepção, consternada, desculpou-se adequadamente e garantiu que isso não voltaria a ocorrer.
Uma vez acordados, fomos para o café da manhã. Seguramente não foi o terceiro melhor café da manhã que já tomei. Aliás, o café em si estava horrível. Ao final de cada xícara, quando se fechava a torneira do recipiente de aço inox onde jazia o café, uma borra acinzentada e de aspecto desagradabilíssimo teimava em escorrer para dentro da xícara.
Na piscina, o queijo provolone teria sido mais elegante se servido sem os pedaços de casca.
De volta ao quarto, já arrumado, faltavam as toalhas de banho. Imperdoável atraso da lavanderia, defendeu-se a camareira, também consternada e gentil.
Teria sido mais fácil jogar tênis na excelente quadra do hotel caso houvessem bolas de tênis disponíveis. Não havia, mas a recepcionista, novamente consternada, prontamente ofereceu-se para guarnecer o estoque da loja do hotel. Tivemos que aguardar 30 minutos e pagar R$ 50 pelas bolinhas.
E por último, resolvendo almoçar às 16hs (ok, isso lá é hora de almoçar ?) encontramos todos os restaurantes do hotel fechados. Bem... a lanchonete pode não ser a terceira melhor do Brasil, mas também não era de todo mal.
Vale mencionar, entretanto, que os saches de maionese estavam com a validade vencida (coisa que só descobrimos depois que eu já havia comido um).
Claro que me dirigi à recepção novamente. Comentei, inclusive, que eles eram muito simpáticos, mas que aparentemente eu estava dando azar. Fiz um rápido resumo dos acontecimentos, finalizando com o caso da maionese vencida.
A recepcionista ficou consternada, pela terceira vez, e prometeu tomar providências.. Talvez seja a terceira recepcionista mais consternada do Brasil.
quinta-feira, dezembro 22, 2005
Mensagem de Final de Ano
Inevitável.
Na minha caixa postal já contabilizei mais de 80 mensagens de final de ano.
A mais curiosa (entre as que consegui ter tempo para ler) foi a de alguns companheiros Argentinos, desejando “lo de siempre en esas ocasiones, todos los años, pero mejor”.
Mensagens de final de ano tem como ponto comum uma premissa mágica: a virada do ano tem o poder de interromper o fluxo dos acontecimentos e abre a possibilidade de redirecionar o destino.
Na prática, bilhões de pessoas motivadas mudam o mundo. É uma profecia que se auto-cumpre. Importa menos a causa do que o efeito.
Sendo assim, meus leitores, sugiro que aproveitem essa energia emanada pelo inconsciente coletivo e multipliquem seu poder de realização.
Aproveitem para mudar o mundo ... para melhor !
Feliz 2006 !
segunda-feira, dezembro 19, 2005
Convivendo com Dinossauros
Existem pessoas que se dizem muito racionais mas que, na prática, se deixam dominar por seus instintos mais primitivos.
Há alguns anos, li um livro interessante sobre o assunto que se propunha a ajudar o leitor a lidar com esse tipo de “personalidade”, batizada pelo autor de “Dinossauro”.
Segundo o autor, nossos comportamentos são dirigidos pela razão e pelos instintos.
Os instintos são os “drives” para o atendimento de nossos desejos e para garantia de nossa sobrevivência.
A razão garante nossa convivência social, oferecendo instrumentos para que possamos dar vazão aos instintos de forma civilizada, sensata e disciplinada.
Pessoas muito racionais costumam ser aborrecidas.
Os que são puro instinto, assustadores.
Mas a mensagem fundamental do autor é a de que todos nós temos um lado dinossauro, que costuma ser despertado sempre que um outro paquiderme invade nosso território.
O pior é que a gente nem sempre se da conta disto.
Fique atento. Quando você começa a usar expressões como:
- Isto sou eu quem decide !
- Você tem que entender que ...
- Aqui a regra é ...
- O bom senso diz que ...
- Você sempre .... ou, você nunca ...
- Porque não fui consultado ?
- O jeito certo de fazer isso é ...
... é sinal de que seus mecanismos de ataque-defesa foram ativados, e o instinto de sobrevivência está começando a tomar conta do cenário. Tensão muscular, batimentos cardíacos e respiração acelerados são outros bons indicadores.
Profissionalmente falando, é nesse ponto da discussão que você deve se perguntar onde pretende chegar com essa atitude ? Qual é seu objetivo final ? Qual é o plano para atingi-lo.
Agressividade é útil, quando bem canalizada, e extremamente destrutiva quando fora de controle.
Por isso vale a pena aprender a reconhecer seu dinossauro pessoal e mantê-lo sob controle, evitando envolver-se em brigas por território, lutas pelo poder, caça aos “culpados”
A quem se interessar, posso enviar um e-mail com alguns conselhos úteis que o tal autor dá para ajudar-nos a lidar com os dinossauros (nossos e dos outros).
Deixe seu recado, nome e endereço de e-mail após o rugido !
quarta-feira, dezembro 14, 2005
A Montanha, o Mestre, as questões
Reza a antiga sabedoria chinesa:
“Para um leigo, uma montanha é apenas uma montanha.
Para um iniciado, uma montanha é uma manifestação de Deus.
Para o mestre, uma montanha é uma montanha.”
Pensamento instigante, que provoca muitos questionamentos:
1. Os chineses atuais não são mais sábios, os antigos já pensaram em tudo ou os pensamentos modernos não tem o mesmo apelo de marketing ?
2. Afinal, o que é uma montanha ?
3. Se levo isso a sério posso parecer bobo. Se não levo, podem me achar superficial. O que devo fazer ?
Para essas dúvidas, existe um outro pensamento, da antiga sabedoria moderna:
“Se você acha que está entendendo tudo, então está perdendo alguma coisa !”
segunda-feira, dezembro 12, 2005
O que mata e o que cura
Na Folha de São Paulo de hoje encontrei uma interessante matéria sobre o aumento de distúrbios da tireóide causado, aparentemente, pela excessiva quantidade de iodo adicionado no sal de cozinha.
O curioso é que o iodo é adicionado ao sal de cozinha justamente para prevenir uma doença da tireóide popularmente chamada de “bócio”.
Mais uma prova de que o bom e o mau são relativos e que os “remédios” devem ser administrados na dose adequada.
Em época de planejamento estratégico, vale a pena parar para pensar no assunto.
sexta-feira, dezembro 09, 2005
Autor e Personagem
Não nos enganemos: nesse mundo competitivo de hoje tornou-se um vício construir personagens que aumentam nossa probabilidade de sucesso, pessoal e profissional.
O personagem é uma espécie de interface, de “front end”, através do qual nos relacionamos com o mundo “lá fora”.
De baixo dele está a “persona”, nosso “verdadeiro” eu, autor do personagem.
O problema ocorre quando o autor se encanta com o personagem de tal forma que começa a acreditar que ele seja uma verdadeira pessoa.
A criatura devora o criador e, apesar de originalmente criada para ser uma simples interface de relacionamento com o mundo externo, assume também o comando das relações com o mundo interno.
O autor, tomado pelo personagem, passa a rejeitar tudo aquilo que está em desacordo com a projeção que criou, e um grande conflito interno se estabelece.
Ser ou não ser, diria algum inglês mais inspirado.
Esto é una mentira ... esto nonexiste, diria Padre Quevedo.
É para pensar em casa, digo eu.
quinta-feira, dezembro 08, 2005
Information Overload
Fidel critíca "hipocrisia da Europa e socialistas espanhóis".
Vulcão expele gases tóxicos em Vanuatu e moradores fogem.
Ministro de defesa da Russia defende venda de armas ao Irã.
Risco de cair em armadilhas no mundo virtual é cada vez maior.
José Dirceu luta desesperadamente até o último minuto.
Essas são manchetes extraídas de um renomado site de notícias, hoje pela manhã.
Em meio à sobrecarga de informações a que somos submetidos cotidianamente neste mundo "moderno", me pergunto porque é que os veículos especializados não dedicam parte de seu tempo filtrando seu conteúdo para poupar-nos do óbvio.
Alguém, por um acaso, espera que Fidel faça algo diferente de criticar o mundo ? O que você espera que um vulcão faça, seja em Vanuatu ou em qualquer outro lugar ? Se a população não fugisse, aí sim, teríamos uma notícia interessante. A Russia é uma grande exportadora de armas e seu ministro não poderia defender outra tese. Na medida em que a Internet cresce, obviamente esperamos que cresça o risco de qualquer tipo de problema. E, é claro, ninguém esperava que José Dirceu desistisse de lutar.
Informação, meus caros, precisa ter relevância para merecer o epíteto de INFORMAÇÃO.
Não que o óbvio não mereça ser dito. Merece, principalmente quando, por qualquer razão, dele nos distanciamos, o que o torna, naquele momento, relevante lembrar.
Mas quero chamar a atenção para o surto de irrelevância motivado pela necessidade global de produção de conteúdos para provedores que se multiplicam como coelhos.
Uma excelente oportunidade para quem souber entender a necessidade coletiva de uma prévia (di)gestão das informações antes de sua publicação.
Vulcão expele gases tóxicos em Vanuatu e moradores fogem.
Ministro de defesa da Russia defende venda de armas ao Irã.
Risco de cair em armadilhas no mundo virtual é cada vez maior.
José Dirceu luta desesperadamente até o último minuto.
Essas são manchetes extraídas de um renomado site de notícias, hoje pela manhã.
Em meio à sobrecarga de informações a que somos submetidos cotidianamente neste mundo "moderno", me pergunto porque é que os veículos especializados não dedicam parte de seu tempo filtrando seu conteúdo para poupar-nos do óbvio.
Alguém, por um acaso, espera que Fidel faça algo diferente de criticar o mundo ? O que você espera que um vulcão faça, seja em Vanuatu ou em qualquer outro lugar ? Se a população não fugisse, aí sim, teríamos uma notícia interessante. A Russia é uma grande exportadora de armas e seu ministro não poderia defender outra tese. Na medida em que a Internet cresce, obviamente esperamos que cresça o risco de qualquer tipo de problema. E, é claro, ninguém esperava que José Dirceu desistisse de lutar.
Informação, meus caros, precisa ter relevância para merecer o epíteto de INFORMAÇÃO.
Não que o óbvio não mereça ser dito. Merece, principalmente quando, por qualquer razão, dele nos distanciamos, o que o torna, naquele momento, relevante lembrar.
Mas quero chamar a atenção para o surto de irrelevância motivado pela necessidade global de produção de conteúdos para provedores que se multiplicam como coelhos.
Uma excelente oportunidade para quem souber entender a necessidade coletiva de uma prévia (di)gestão das informações antes de sua publicação.
quarta-feira, dezembro 07, 2005
Os vilões e as soluções simples
Está no estadao.com.br, site do jornal O Estado de São Paulo: “Instituto pede que TV deixe de estimular obesidade infantil”.
A matéria se refere ao comunicado divulgado pelo Instituto de Medicina da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos responsabilizando a TV americana pela epidemia de obesidade infantil que assola nosso primo americano mais rico (USA).
A proposta é fácil assim: a TV é culpada e os personagens infantis deveriam estimular o consumo de alimentos saudáveis ao invés de vender grandes pacotes de sucrilhos.
Trata-se de mais um exemplo acabado de miopia prepotente.
Em primeiro lugar, supondo que as emissoras de televisão pudessem se recusar a veicular comerciais de produtos que alguma entidade “superior” considere prejudicial à saúde é claro que isso não resolveria o problema da obesidade infantil nos Estados Unidos. Ocorre aqui, além da clara inversão de causa e efeito, uma tentativa de simplificação monstruosa da realidade cultural norte-americana.
Mas esse comunicado não é de todo inútil.
Pode servir de inspiração para uma importante reflexão: será que não estamos, no nosso dia a dia, lidando com alguns problemas da mesma forma ?
A tentação de eleger vilões (agentes externos) e propor soluções aparentemente simples (porque dependem exclusivamente dos outros), mas que se provam despropositadas na prática, é grande.
Como disse Maria Antonieta, antes de ser decapitada: “se o povo não tem pão, que comam brioches”.
A matéria se refere ao comunicado divulgado pelo Instituto de Medicina da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos responsabilizando a TV americana pela epidemia de obesidade infantil que assola nosso primo americano mais rico (USA).
A proposta é fácil assim: a TV é culpada e os personagens infantis deveriam estimular o consumo de alimentos saudáveis ao invés de vender grandes pacotes de sucrilhos.
Trata-se de mais um exemplo acabado de miopia prepotente.
Em primeiro lugar, supondo que as emissoras de televisão pudessem se recusar a veicular comerciais de produtos que alguma entidade “superior” considere prejudicial à saúde é claro que isso não resolveria o problema da obesidade infantil nos Estados Unidos. Ocorre aqui, além da clara inversão de causa e efeito, uma tentativa de simplificação monstruosa da realidade cultural norte-americana.
Mas esse comunicado não é de todo inútil.
Pode servir de inspiração para uma importante reflexão: será que não estamos, no nosso dia a dia, lidando com alguns problemas da mesma forma ?
A tentação de eleger vilões (agentes externos) e propor soluções aparentemente simples (porque dependem exclusivamente dos outros), mas que se provam despropositadas na prática, é grande.
Como disse Maria Antonieta, antes de ser decapitada: “se o povo não tem pão, que comam brioches”.
segunda-feira, dezembro 05, 2005
Aconteceu num treinamento
Com a devida licença poética, reporto o que me contou um amigo neste final de semana ...
Ele, que trabalha em uma grande empresa, preocupada com o desenvolvimento dos recursos humanos, participou de um programa de treinamento para a equipe comercial.
Num dos exercícios de “team building” o consultor contratado propôs um exercício interessante. Distribuiu para os participantes pequenas garrafas com diferentes quantidades de água que, ao serem golpeadas por bastões de metal, produziam um som característico. Convidou os participantes a produzirem som com o “instrumento” musical. Claro, o resultado foi um ruído infernal.
Na seqüência, organizou as pessoas de uma forma especial e, como um maestro, coordenou a produção do som em uma seqüência ordenada.
Desta vez, o resultado foi uma simpática e conhecida música reproduzida como se tocada por um grupo de metalofones (xilofones de metal). Entusiasmo e emoção coletiva !
No dia seguinte meu amigo encontrou-se com o diretor da divisão, patrocinador do treinamento.
- E aí Alfredão ... gostou do treinamento ? - perguntou o diretor.
- Gostei muito – ele respondeu – principalmente do exercício com as garrafinhas. Ficou claro que o papel dos gestores é fundamental para o bom desempenho da equipe. De nada adianta uma boa equipe sem coordenação adequada. E, por outro lado, com uma boa gestão, mesmo uma equipe com instrumentos limitados é capaz de produzir bons resultados. Fiquei contente que essa mensagem tenha partido justamente da direção da empresa. Para mim e para meus colegas foi um sinal claro de que vocês identificaram um problema importante e estão transformando-o numa oportunidade de desenvolvimento da equipe, reconhecendo a relevância do papel dos diretores e gerentes para o time.
- Sim ... claro ... que bom que você gostou ... – ele pareceu um tanto hesitante. Espera só um segundinho, Alfredo.
Pegou o telefone e chamou a secretária.
- Solange ... por favor, suspenda a compra das garrafinhas.
Moral da história: nem sempre quem recebe treinamento é quem precisava receber !
Ele, que trabalha em uma grande empresa, preocupada com o desenvolvimento dos recursos humanos, participou de um programa de treinamento para a equipe comercial.
Num dos exercícios de “team building” o consultor contratado propôs um exercício interessante. Distribuiu para os participantes pequenas garrafas com diferentes quantidades de água que, ao serem golpeadas por bastões de metal, produziam um som característico. Convidou os participantes a produzirem som com o “instrumento” musical. Claro, o resultado foi um ruído infernal.
Na seqüência, organizou as pessoas de uma forma especial e, como um maestro, coordenou a produção do som em uma seqüência ordenada.
Desta vez, o resultado foi uma simpática e conhecida música reproduzida como se tocada por um grupo de metalofones (xilofones de metal). Entusiasmo e emoção coletiva !
No dia seguinte meu amigo encontrou-se com o diretor da divisão, patrocinador do treinamento.
- E aí Alfredão ... gostou do treinamento ? - perguntou o diretor.
- Gostei muito – ele respondeu – principalmente do exercício com as garrafinhas. Ficou claro que o papel dos gestores é fundamental para o bom desempenho da equipe. De nada adianta uma boa equipe sem coordenação adequada. E, por outro lado, com uma boa gestão, mesmo uma equipe com instrumentos limitados é capaz de produzir bons resultados. Fiquei contente que essa mensagem tenha partido justamente da direção da empresa. Para mim e para meus colegas foi um sinal claro de que vocês identificaram um problema importante e estão transformando-o numa oportunidade de desenvolvimento da equipe, reconhecendo a relevância do papel dos diretores e gerentes para o time.
- Sim ... claro ... que bom que você gostou ... – ele pareceu um tanto hesitante. Espera só um segundinho, Alfredo.
Pegou o telefone e chamou a secretária.
- Solange ... por favor, suspenda a compra das garrafinhas.
Moral da história: nem sempre quem recebe treinamento é quem precisava receber !
sexta-feira, dezembro 02, 2005
Dressing Code
Conversa entre dois amigos. O primeiro, mais velho, experiente executivo de uma grande empresa multinacional. O segundo, jovem talentoso, egresso de uma agência de propaganda e recém contratado por outra multinacional, para dirigir a área de comunicação.
- E aí ? Como é que foi sua primeira semana na casa nova ?
- Não sei bem, velho ... estou um pouco confuso.
- Como assim ?
- No meu primeiro dia, já tinha uma reunião agendada com a diretoria. Fui lá, com a maior boa vontade e cheguei quase na hora ...
- Você atrasou ??? Logo na primeira reunião !
- Veja bem ... 15 minutos não é propriamente o que eu chamaria de um atraso. Mas o pessoal fez cara feia quando eu entrei, principalmente o presidente.
- Você atrasou na reunião com o Presidente !!!
- E lá eu sabia que as reuniões começavam na hora marcada ? Mas o pior é que, em plena segunda-feira pela manhã estava todo mundo de terno e gravata.
- Não me diga que ...
- Digo. Estava vestido como sempre. Ou melhor, nem tinha ido de tênis, just in case. E estava com uma de minhas camisas mais discretas, aquela amarela que fica ótima com o jeans desbotado.
- Meu querido ...
- Foi exatamente o que o presidente disse: “meu querido, aqui nos vestimos adequadamente para cada situação”. Naquela noite mesmo fui ao shopping e comprei um costume e duas gravatas. No dia seguinte estava lá, de beca, dressed to kill.
- Menos mal ...
- Mais mal ... era sexta-feira e todo mundo foi de jeans. Não me convidaram nem para o tradicional happy hour.
- Mas você não sabia que ...
- Não sabia ... e também não sabia que na sexta-feira seguinte , na reunião de revisão de orçamento, não valia a regra do casual-Friday. Todo mundo de terno escuro e eu com aquela camisa florida que comprei em Cancun e minha inseparável sandália reciclada. Tive que alegar uma crise de asma do meu filho pequeno e faltar na reunião.
- Mas se nem filho você tem !!
- Agora tenho. Ou melhor, temos, porque vou precisar do seu emprestado para o encontro semestral dos funcionários no próximo sábado.
- Mas não era melhor você conversar com o Presidente e explicar o que aconteceu ?
- Tentei. Mas ele ficou uma fera porque eu liguei diretamente para o ramal dele. Agora, minha secretária esta tentando agendar uma reunião, com a secretária dele, provavelmente para o final da semana que vem. A pauta vai ser “dressing code”.
- Boa sorte, cara.
- Aproveitando ... se a reunião for na sexta, você acha que eu devo ir de paletó ?
- E aí ? Como é que foi sua primeira semana na casa nova ?
- Não sei bem, velho ... estou um pouco confuso.
- Como assim ?
- No meu primeiro dia, já tinha uma reunião agendada com a diretoria. Fui lá, com a maior boa vontade e cheguei quase na hora ...
- Você atrasou ??? Logo na primeira reunião !
- Veja bem ... 15 minutos não é propriamente o que eu chamaria de um atraso. Mas o pessoal fez cara feia quando eu entrei, principalmente o presidente.
- Você atrasou na reunião com o Presidente !!!
- E lá eu sabia que as reuniões começavam na hora marcada ? Mas o pior é que, em plena segunda-feira pela manhã estava todo mundo de terno e gravata.
- Não me diga que ...
- Digo. Estava vestido como sempre. Ou melhor, nem tinha ido de tênis, just in case. E estava com uma de minhas camisas mais discretas, aquela amarela que fica ótima com o jeans desbotado.
- Meu querido ...
- Foi exatamente o que o presidente disse: “meu querido, aqui nos vestimos adequadamente para cada situação”. Naquela noite mesmo fui ao shopping e comprei um costume e duas gravatas. No dia seguinte estava lá, de beca, dressed to kill.
- Menos mal ...
- Mais mal ... era sexta-feira e todo mundo foi de jeans. Não me convidaram nem para o tradicional happy hour.
- Mas você não sabia que ...
- Não sabia ... e também não sabia que na sexta-feira seguinte , na reunião de revisão de orçamento, não valia a regra do casual-Friday. Todo mundo de terno escuro e eu com aquela camisa florida que comprei em Cancun e minha inseparável sandália reciclada. Tive que alegar uma crise de asma do meu filho pequeno e faltar na reunião.
- Mas se nem filho você tem !!
- Agora tenho. Ou melhor, temos, porque vou precisar do seu emprestado para o encontro semestral dos funcionários no próximo sábado.
- Mas não era melhor você conversar com o Presidente e explicar o que aconteceu ?
- Tentei. Mas ele ficou uma fera porque eu liguei diretamente para o ramal dele. Agora, minha secretária esta tentando agendar uma reunião, com a secretária dele, provavelmente para o final da semana que vem. A pauta vai ser “dressing code”.
- Boa sorte, cara.
- Aproveitando ... se a reunião for na sexta, você acha que eu devo ir de paletó ?
quinta-feira, dezembro 01, 2005
Mirabolância
Escutei ontem, de uma pessoa muito querida: "a vida não precisa ser mirabolante !"
Será ?
Todos os comerciais de televisão, anuncios de revistas dizem o contrário, prometendo um mundo mirabilhoso.
No rádio, então, locutores não poderiam ser mais mirabólicos.
Jornais reportam sistematicamente as mirabices do mundo.
A Internet, então ... alguém já viu algo tão mirabástico ?
A vida, respeitável público, é mirabolante. Reflexo da Criação (com "C" maiúsculo, porque me refiro ao universo que nos cerca, e do qual fazemos parte).
Mas a palavra chave aqui é "precisar".
A vida precisa é ser vivida. E quando nos obrigamos a corresponder a esteriótipos, adequarmo-nos a "modelos de excelência" idealizados do que seria uma vida "perfeita", não estamos vivendo a "nossa" vida.
Não se deixar mirabolar é, talvez, um dos desafios mais difíceis do mundo moderno.
Ser simples é muito complicado.
Será ?
Todos os comerciais de televisão, anuncios de revistas dizem o contrário, prometendo um mundo mirabilhoso.
No rádio, então, locutores não poderiam ser mais mirabólicos.
Jornais reportam sistematicamente as mirabices do mundo.
A Internet, então ... alguém já viu algo tão mirabástico ?
A vida, respeitável público, é mirabolante. Reflexo da Criação (com "C" maiúsculo, porque me refiro ao universo que nos cerca, e do qual fazemos parte).
Mas a palavra chave aqui é "precisar".
A vida precisa é ser vivida. E quando nos obrigamos a corresponder a esteriótipos, adequarmo-nos a "modelos de excelência" idealizados do que seria uma vida "perfeita", não estamos vivendo a "nossa" vida.
Não se deixar mirabolar é, talvez, um dos desafios mais difíceis do mundo moderno.
Ser simples é muito complicado.
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