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segunda-feira, dezembro 26, 2005

O Terceiro melhor


Quando meus filhos eram pequenos, uma das brincadeiras que fazia com eles era a de afirmar que eu era vice-campeão de qualquer coisa que fosse o assunto do momento.
Depois, um pouco mais velho, um deles me perguntou por que eu dizia ser vice-campeão ao invés de campeão.
Porque é mais crível, respondi.
Eis que, em um momento, encontrei-me em um hotel que ostentava em sua entrada, com muito orgulho, um cartaz iluminado indicando haver sido escolhido como terceiro melhor hotel do Brasil por uma famosa revista.
Posto confortabilíssimo. O Brasil é imenso e repleto de excelentes hotéis. A diferença entre o primeiro e o terceiro deve ser, supostamente, mínima. Mas o terceiro pode cometer alguns erros (afinal, não é o infalível número um ).
No primeiro dia de permanência no hotel, após uma longa e cansativa viagem que terminara na noite anterior, fomos acordados as 8h40 da manhã pelo barulho de uma furadeira elétrica. Estavam reformando ou consertando um quarto no andar acima do nosso. Liguei para a recepção sugerindo que esse tipo de serviço fosse deixado para após as 10h00 da manhã, para preservar o direito de descanso dos hóspedes. A moça da recepção, consternada, desculpou-se adequadamente e garantiu que isso não voltaria a ocorrer.
Uma vez acordados, fomos para o café da manhã. Seguramente não foi o terceiro melhor café da manhã que já tomei. Aliás, o café em si estava horrível. Ao final de cada xícara, quando se fechava a torneira do recipiente de aço inox onde jazia o café, uma borra acinzentada e de aspecto desagradabilíssimo teimava em escorrer para dentro da xícara.
Na piscina, o queijo provolone teria sido mais elegante se servido sem os pedaços de casca.
De volta ao quarto, já arrumado, faltavam as toalhas de banho. Imperdoável atraso da lavanderia, defendeu-se a camareira, também consternada e gentil.
Teria sido mais fácil jogar tênis na excelente quadra do hotel caso houvessem bolas de tênis disponíveis. Não havia, mas a recepcionista, novamente consternada, prontamente ofereceu-se para guarnecer o estoque da loja do hotel. Tivemos que aguardar 30 minutos e pagar R$ 50 pelas bolinhas.
E por último, resolvendo almoçar às 16hs (ok, isso lá é hora de almoçar ?) encontramos todos os restaurantes do hotel fechados. Bem... a lanchonete pode não ser a terceira melhor do Brasil, mas também não era de todo mal.
Vale mencionar, entretanto, que os saches de maionese estavam com a validade vencida (coisa que só descobrimos depois que eu já havia comido um).
Claro que me dirigi à recepção novamente. Comentei, inclusive, que eles eram muito simpáticos, mas que aparentemente eu estava dando azar. Fiz um rápido resumo dos acontecimentos, finalizando com o caso da maionese vencida.
A recepcionista ficou consternada, pela terceira vez, e prometeu tomar providências.. Talvez seja a terceira recepcionista mais consternada do Brasil.

3 comentários:

Anônimo disse...

Querido filho, primeiro e não terrceiro, tudo isso e mais a sua gripe não deve ter sido fácil.Mas você me foi devolvido inteiro. Isso é que é importante. Beijos.

Flavio Ferrari disse...

Querida mãe ...
Não foi tão mal assim.
E depois, se essas coisas não acontecem, eu iria escrever sobre o que ?
Beijos,

Anônimo disse...

Amigo Caça-Consultores,

Pelo menos uma vantagem existiu nesse seu imenso quiprocó com o Serrano: enquanto se entretia com as mazelas do hotel, vc evitava encontrar indivíduos de má extração que tiveram a igualmente má idéia de passar o final de ano em Gramado...

Abraço,

P.S. - depois volto a entrar aqui usando algum pseudônimo, para manter alta a taxa de visitantes do blog..