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quarta-feira, janeiro 16, 2008

Parole, parole, parole ...

Inspiraram-me as últimas postagens da Érica, lá no She-Hulk.
Eu acho que falo muito ... e falo muito de mim.
Já escutei de várias pessoas que não deveria me "expor" tanto.
De um modo geral, não concordo. Raras as vezes em que me arrependi.
E, depois, eu sou a única pessoa sobre a qual posso falar sem restrições e com algum conhecimento de causa.
Também posso falar sobre a pessoa com a qual estou conversando, para ela mesma.
Mas aí, há que pensar no mínimo duas vezes antes de abrir a boca.
E aí está o ponto .... eu já falei muita bobagem. Mas escutei muiiitoooo mais bobagem do que falei.
Deve ser porque, embora não pareça, penso muito antes de falar coisas sobre outras pessoas, ou coisas que possam, de alguma forma, magoar as pessoas.
Tinha um amigo que dizia: se não posso falar bem, não falo.
Outro afirmava que temos dois ouvidos e só uma boca, não sem razão.
Um terceiro dizia que em boca fechada não entra mosquito. Mas isso, objetivamente, não tem nada a ver com o tema em questão.
E um quarto afirmou com convicção que melhor seria não falar nada, embora tenha sido no dia em que um lutador de Jiu Jitsu estava tentando comprar briga com a gente.
Mas fato é que pensar antes de falar é recomendável.
As palavras, depois que nos deixam, ganham vida própria. São interpretadas de maneira imprevisível.
E também é bom lembrar disso quando falamos de nós para alguém.
Não é por acaso que nos filmes americanos os policiais sempre previnem que o que dissermos poderá ser usado contra nós.
Paus e pedras podem ferir nossos ossos, mas as palavras, as vezes, doem bem mais.

ps - é por isso que eu prefiro contar piadas e faze hai-kais ... a gente fala pouco, mas se diverte.


11 comentários:

Amélia disse...

Flávio,

Concordo com você!! Neste caso prefiro comentar menos...

Sinto que a blog-esfera está precisando de um pouco de reflexão própria!!

Temos dois ouvidos e dois olhos... As vezes os 10 dedos se confundem!!

Beijos

Jorge Lemos disse...

A Ti sempre oportuna, predicado que respeito:

Há um tratado altamente oportuno do Umberto Eco sobre "Semiótica", buscando-se o que se esconde sobre as as palavras, não o que se apresenta no aparente.

Ernesto Dias Jr. disse...

Dos ditos do boquirroto, o meu preferido é antigo:
Quem muito fala acaba dando bom dia a cavalo.
Ando cumprimentando até gambá nas redondezas aqui.

Udi disse...

Adorei!
Calar (silenciar) é sempre mais difícil que falar. Mas desde que aprendi (com você) a ficar calada mas fazendo cara de inteligente, tudo ficou mais fácil.

Anne M. Moor disse...

Eu sempre tenho a Serafina qdo me faltam ouvidos alheios pra me escutar... hahahahahaha

vittorio disse...

As palavras mal ditas ferem profundo e deixam marcas no fundo da alma.
Sem nenhum trocadilho são os ecos que resoam a nossa volta, semiótica do sentir.
Eu verdadeiro troglodita, inúmeras vezes disse coisas que não devia, mesmo sem ter consciência ou com a sutilieza de um mamute. As mais simples como lembrar alguma data importante, peceber detalhes (cor de vestido, sapatos novos, um novo perfume, um novo arranjo, um prato especial, um novo visual, perceber simples sinais de que algo no dia a dia está diferente, o desejo de um abraço, o pedir de um carinho, bem e por ai vai.
Ai só me resta dizer malditas palavras mal ditas ou não ditas pois o silêncio nesta hora faz um barulho.

Suzana disse...

Tá vendo!
Sua perspicácia é 10!

bjs

e.t.:Na verdade é melhor esquecer os diabinhos!

Anônimo disse...

Flávio,
Vejo as palavras como se fossem ferramentas de precisão, nas mãos (ou na boca?)de um hábil artesão, são capazes de produzir ao mundo verdadeiras obras de arte.
É por isso também que te admiro, pois você as trata com tanta intimidade...digno de uma ABL, o MASP das letras.

Luisa Fernanda disse...

Querido Flavio,

Yo estoy en disacuerdo, quizás en una definición de disacuerdo diferente al de estos tiempos.

Tu eres una persona que no hablas de ti. Hablas de tus percepciones, mas no se cuantas de estas de corazón asimilaste.

No estoy de acuerdo en no hablar y no comentar públucamente. Esto provoca un mundo mediocre, de cobardes, que temen perder lo que tienen.

Y todos, hasta el mas rico tiene muy poco, porque el mundo se abre ("habré") a nuestros sueños, y, cada vez mas se nos impide soñar, hasta en lo mas íntimo tenemos que ser políticamente correctos.

"Al carajo", la palabra es para usarla! para transformarnos, para transformar al mundo, quien entiende la palabra sabe cual es buena, es mala, y la maldita, esta última es la que no dice nada, la peor de todas.

Unknown disse...

Flávio,
certas palavras impressionam e faz bem à alma. Gostei das suas palavras pra mim...Beijo,
Miriam.

disse...

As palavras tem o dom da farsa, mas traduzem o momento da procura.