sexta-feira, novembro 28, 2008
Origem das palavras
Comentário que virou post, aproveitando a pergunta da Érica.
Taba é um conjunto de Ocas (cabaninhas). O equivalente ao real state no mundo indígena.
A preocupação com o crescimento exagerado da aldeia era comum entre os povos primitivos.
Cabia ao Pajé limitar o número de Ocas a serem construídas, para o bem comum.
Quando a Taba chegava ao tamanho máximo permitido, na opinião do Pajé, ele afirmava:
- Já Tabão ! - informando que a Taba já estaria grande o suficiente.
quinta-feira, novembro 27, 2008
Liberté, égalité, fraternité
Assisti hoje a uma palestra de Sergio Besserman sobre ecologia e economia. Parte de um programa interno do IBOPE no qual escutamos e discutimos com especialistas tendências socias, com o objetivo de melhor compreender o mundo e antecipar possíveis cenários.
Entre outras coisas, foi interessante escutar as opiniões do conceituado economista sobre a atual crise econômica e sua visão sobre a relação economia-ecologia nesse novo contexto mundial.
Três horas de palestra não cabem numa postagem.
Decidi, então, partilhar um insight interessante sobre o famoso "bordão" francês, atribuido ao período da revolução.
Liberdade e Igualdade, de fato, foram palavras de ordem da Revolução Francesa. Fraternidade, entretanto, segundo alguns historiadores, completou o bordão tripartite mais tarde, no século seguinte.
É interessante avaliar como esses três conceitos estão presentes no cenário sócio-econômico do mundo ocidental, e particularmente nesse momento de crise.
A Liberdade (auto-regulação dos mercados) foi a origem da crise.
A Igualdade pode ser observada de dois ângulos. Pelo lado globalizado da economia, a crise atinge a todos. Pelo lado social, a crise coloca a prova o ideal social-democrata da inclusão social. Ficou claro que o "bolo" que estávamos esperando crescer para distribuir para todos, murchou. Fermento demais, poderia apontar qualquer boa doceira. O que significa que os excluidos seguirão excluidos e os artificialmente incluídos no passado recente serão reconduzidos à sua situação original de excluídos.
Mas o aspecto mais bacana é o da Fraternidade, não no sentido emocional, religioso ou espiritual, mas no sentido prático.
De um momento para o outro, os governos perceberam que a saida para a crise era sua adminstração coletiva e a preocupação com o outro, em função da total interdependência.
Claro que sempre existirão aqueles que tentarão trilhar o caminho oposto, representado pelo protecionismo (vide recentes declarações do governo da Argentina, como exemplo).
Mas fato é que nunca o mundo viu tantos governos de mãos dadas.
É um grande teste para o modelo social-democrata e certamente resultará em alguns ajustes, principalmente no que se refere ao quesito Liberdade (especialmente na economia).
Creio que vamos soberviver.
Já a questão ambiental, merece uma postagem a parte.
Entre outras coisas, foi interessante escutar as opiniões do conceituado economista sobre a atual crise econômica e sua visão sobre a relação economia-ecologia nesse novo contexto mundial.
Três horas de palestra não cabem numa postagem.
Decidi, então, partilhar um insight interessante sobre o famoso "bordão" francês, atribuido ao período da revolução.
Liberdade e Igualdade, de fato, foram palavras de ordem da Revolução Francesa. Fraternidade, entretanto, segundo alguns historiadores, completou o bordão tripartite mais tarde, no século seguinte.
É interessante avaliar como esses três conceitos estão presentes no cenário sócio-econômico do mundo ocidental, e particularmente nesse momento de crise.
A Liberdade (auto-regulação dos mercados) foi a origem da crise.
A Igualdade pode ser observada de dois ângulos. Pelo lado globalizado da economia, a crise atinge a todos. Pelo lado social, a crise coloca a prova o ideal social-democrata da inclusão social. Ficou claro que o "bolo" que estávamos esperando crescer para distribuir para todos, murchou. Fermento demais, poderia apontar qualquer boa doceira. O que significa que os excluidos seguirão excluidos e os artificialmente incluídos no passado recente serão reconduzidos à sua situação original de excluídos.
Mas o aspecto mais bacana é o da Fraternidade, não no sentido emocional, religioso ou espiritual, mas no sentido prático.
De um momento para o outro, os governos perceberam que a saida para a crise era sua adminstração coletiva e a preocupação com o outro, em função da total interdependência.
Claro que sempre existirão aqueles que tentarão trilhar o caminho oposto, representado pelo protecionismo (vide recentes declarações do governo da Argentina, como exemplo).
Mas fato é que nunca o mundo viu tantos governos de mãos dadas.
É um grande teste para o modelo social-democrata e certamente resultará em alguns ajustes, principalmente no que se refere ao quesito Liberdade (especialmente na economia).
Creio que vamos soberviver.
Já a questão ambiental, merece uma postagem a parte.
sexta-feira, novembro 21, 2008
Maioria Excluida - roteiro para um curta
João ... João Gabriel.
Desempregado, no momento. Mas estou esperando a resposta de umas entrevistas aí ...
(corte)
É que eu tive que largar a faculdade porque estava sem grana para pagar, e o pessoal não está contratando quem não está na faculdade.
(corte)
Bolsa para faculdade ? Tentei sim ... mas não deu.
Não sou pobre o suficiente, nem negro, e nem gênio....
Sou um cara comum, como a maioria das pessoas.
(corte)
Outro dia quase consegui um emprego, mas a empresa precisava cumprir a cota de portadores de deficiência física e contratou um sujeito que tinha um problema no braço.
(corte)
Eu não tenho problema nenhum. ... tirando a falta de emprego.
E não é que eu não me esforce... mas estou sem grana para condução e não dá para fazer mais do que uma entrevista por dia.
(corte)
Um dia vou ficar velho e não vou precisar pagar o ônibus. Mas não tenho pressa não ....
Essa história de não pegar fila no banco e no supermercado é legal.
Se bem que não tenho conta no banco e nem está dando para ir ao mercado ...
(corte)
Quando minha namorada pensou que estava grávida eu disse para ela ver o lado bom da coisa.
Grávida é minoria e tem privilégios.
E quando eu tive que engessar a perna ?
Tinha um amigo meu que sempre me levava para o shopping, para poder parar na vaga especial.
Eu me sentia incluído, sabe, importante.
(corte)
Para alguém se importar, a gente tem que ser diferente. Muito rico, muito pobre, muito bonito, muito feio ... bem .. muito feio acho que não. As pessoas não costumam tratar bem quem é muito feio.
Não entendo bem qual é a lógica.
(corte)
È como essa coisa das cotas para negros. Eu sei que teve essa história de escravidão. Foi maus mesmo.
Minha tataravó era negra, filha de escravos. Mas juntou com um português, a coisa foi clareando e aqui estou eu. Mestiço, como a maioria. Em sem nenhuma vantagem.
(corte)
Acho que o negócio é assim ... já que não dá para fazer as coisas direito para todo mundo, o pessoal vai fazendo um pouco por vez., pegando as minorias.
Melhor que nada, né ?
E, depois, se eu vou sobrando, um dia fico numa minoria.
(corte)
O negócio é ter fé em Deus e ir tocando ... como a maioria.
Desempregado, no momento. Mas estou esperando a resposta de umas entrevistas aí ...
(corte)
É que eu tive que largar a faculdade porque estava sem grana para pagar, e o pessoal não está contratando quem não está na faculdade.
(corte)
Bolsa para faculdade ? Tentei sim ... mas não deu.
Não sou pobre o suficiente, nem negro, e nem gênio....
Sou um cara comum, como a maioria das pessoas.
(corte)
Outro dia quase consegui um emprego, mas a empresa precisava cumprir a cota de portadores de deficiência física e contratou um sujeito que tinha um problema no braço.
(corte)
Eu não tenho problema nenhum. ... tirando a falta de emprego.
E não é que eu não me esforce... mas estou sem grana para condução e não dá para fazer mais do que uma entrevista por dia.
(corte)
Um dia vou ficar velho e não vou precisar pagar o ônibus. Mas não tenho pressa não ....
Essa história de não pegar fila no banco e no supermercado é legal.
Se bem que não tenho conta no banco e nem está dando para ir ao mercado ...
(corte)
Quando minha namorada pensou que estava grávida eu disse para ela ver o lado bom da coisa.
Grávida é minoria e tem privilégios.
E quando eu tive que engessar a perna ?
Tinha um amigo meu que sempre me levava para o shopping, para poder parar na vaga especial.
Eu me sentia incluído, sabe, importante.
(corte)
Para alguém se importar, a gente tem que ser diferente. Muito rico, muito pobre, muito bonito, muito feio ... bem .. muito feio acho que não. As pessoas não costumam tratar bem quem é muito feio.
Não entendo bem qual é a lógica.
(corte)
È como essa coisa das cotas para negros. Eu sei que teve essa história de escravidão. Foi maus mesmo.
Minha tataravó era negra, filha de escravos. Mas juntou com um português, a coisa foi clareando e aqui estou eu. Mestiço, como a maioria. Em sem nenhuma vantagem.
(corte)
Acho que o negócio é assim ... já que não dá para fazer as coisas direito para todo mundo, o pessoal vai fazendo um pouco por vez., pegando as minorias.
Melhor que nada, né ?
E, depois, se eu vou sobrando, um dia fico numa minoria.
(corte)
O negócio é ter fé em Deus e ir tocando ... como a maioria.
quinta-feira, novembro 20, 2008
Enxergando (inspirado pela postagem da Anne lá no Life Living)
terça-feira, novembro 18, 2008
Aviso aos navegantes
Estou, finalmente, trabalhando no capítulo 10 do Rastro do Butadieno: "Ménage et Mémoire".
Aguardem.
Ou não...
Aguardem.
Ou não...
segunda-feira, novembro 17, 2008
Planejamento
Quem já participou de reuniões de planejamento estratégico pode imaginar (se não estiver no meio de uma agora) como deve estar divertida a coisa neste final de ano.
As empresas internacionais que estão se dando mal na Europa ou nos Estados Unidos vão mandar cortar custos e investimentos no Brasil e em outros países tão pouco importantes quanto (do ponto de vista de faturamento), onde a situação ainda está sob razoável controle, sem saber bem porque.
Ai as empresas locais, que ainda não sentiram a crise, observarão o que as gigantes do seu ramo estão fazendo e, como sempre, vão imitar.
E as medidas preventivas contra a crise vão, justamente, causar a crise.
No final, a profecia se auto-realiza e todo mundo fica feliz por haver se preparado para o desastre que não teria acontecido sem ninguém tivesse se preparado para ela.
Grande oportunidade para alguns poucos "corajosos" que já aprenderam a fazer seu destino.
As empresas internacionais que estão se dando mal na Europa ou nos Estados Unidos vão mandar cortar custos e investimentos no Brasil e em outros países tão pouco importantes quanto (do ponto de vista de faturamento), onde a situação ainda está sob razoável controle, sem saber bem porque.
Ai as empresas locais, que ainda não sentiram a crise, observarão o que as gigantes do seu ramo estão fazendo e, como sempre, vão imitar.
E as medidas preventivas contra a crise vão, justamente, causar a crise.
No final, a profecia se auto-realiza e todo mundo fica feliz por haver se preparado para o desastre que não teria acontecido sem ninguém tivesse se preparado para ela.
Grande oportunidade para alguns poucos "corajosos" que já aprenderam a fazer seu destino.
Para começar a semana...
Recomendo o filme Vicky Cristina Barcelona, do Woody Allen.
Allen referenciou-se no cinema europeu e conseguiu contribuir com sua argúcia para explicitar algumas interessantes facetas das relações amorosas (tema predileto de ingleses e franceses).
Não conseguiu evitar o sarcasmo habitual, sempre dirigido aos pronunciamentos algo pedantes das tribos mais intelectualizadas, mas só o suficiente para deixar sua marca registrada.
O filme inspira pensamentos interessantes sobre a simplicidade e a franqueza, a complexidade e a incerteza, o momento e o futuro, todos aspectos presentes nos relacionamentos afetivos. Não é uma comédia, não é um drama. Tampouco diria que é um filme romântico. É um filme terrivelmente simples, que faz pensar e, com sorte, pode provocar algum insight útil.
Já fazia tempo que não via um filme tão bom no cinema.
Alias, assistimos na nova sala VIP do Shopping Cidade Jardim. Caríssima, mas com uma poltrona muito melhor do que o sofa da minha sala (reclinável e com apoio para os pés) e serviço de bar. O Shopping em sí também é bastante simpático.
Vale a pena visitar uma vez na vida.
Allen referenciou-se no cinema europeu e conseguiu contribuir com sua argúcia para explicitar algumas interessantes facetas das relações amorosas (tema predileto de ingleses e franceses).
Não conseguiu evitar o sarcasmo habitual, sempre dirigido aos pronunciamentos algo pedantes das tribos mais intelectualizadas, mas só o suficiente para deixar sua marca registrada.
O filme inspira pensamentos interessantes sobre a simplicidade e a franqueza, a complexidade e a incerteza, o momento e o futuro, todos aspectos presentes nos relacionamentos afetivos. Não é uma comédia, não é um drama. Tampouco diria que é um filme romântico. É um filme terrivelmente simples, que faz pensar e, com sorte, pode provocar algum insight útil.
Já fazia tempo que não via um filme tão bom no cinema.
Alias, assistimos na nova sala VIP do Shopping Cidade Jardim. Caríssima, mas com uma poltrona muito melhor do que o sofa da minha sala (reclinável e com apoio para os pés) e serviço de bar. O Shopping em sí também é bastante simpático.
Vale a pena visitar uma vez na vida.
sexta-feira, novembro 14, 2008
Arte e fato
Onde está a arte ? No artista, no apreciador, na obra ou na interação entre eles ?
Quando é que podemos rotular alguma coisa de arte ? Quais os critérios ?
Unicidade da obra ? Dificuldade para sua realização ? Beleza ? Contexto e mensagem ?
O quadro desta postagem pode ser considerado arte ?
E se eu disser que foi feito pelo Rodrigo (meu filho), quando tinha 4 anos de idade, muda alguma coisa ?
terça-feira, novembro 11, 2008
Acabou
Finda mais uma longa viagem de trabalho, retorno ao Brasil.
Aqui no aeroporto, esperando o embarque, decido postar.
Pego o notebook e dou-me conta de que esta sem bateria, e o cabo de conexao ficou no hotel.
Literalmente acabado, resta-me o bom e velho BlackBerry....
Aqui no aeroporto, esperando o embarque, decido postar.
Pego o notebook e dou-me conta de que esta sem bateria, e o cabo de conexao ficou no hotel.
Literalmente acabado, resta-me o bom e velho BlackBerry....
By any chance
E, então, o garçon do restaurante do Hotel em Miami me pergunta se eu "by any chance" estaria hospedado no cujo dito.
Traduzindo ao pé da letra, o sujeito me perguntou se a probabilidade de estar hospedado no hotel era diferente de zero.
Cada lingua tem suas particuaridades.
Traduzindo ao pé da letra, o sujeito me perguntou se a probabilidade de estar hospedado no hotel era diferente de zero.
Cada lingua tem suas particuaridades.
quarta-feira, novembro 05, 2008
"Change has come to America"
terça-feira, novembro 04, 2008
Sobre as Ninfas
Ninfas são divindades femininas secundárias da mitologia grega.
A palavra, de radical grego, significa "coberta com um véu" (ou noiva, por extensão).
As Musas e Fadas, das quais tanto falamos por aqui, são casos especiais de Ninfas.
Sou fã ardoroso da mitologia grega (embora não seja um grande estudioso).
Encanta-me o politeísmo e o conceito de pagar tributos a cada um dos deuses que representam os aspectos essenciais da vida humana.
Como também me seduz a representação dos papeis fundamentais da mulher pelas Ninfas, e sua associação com Géia (a mãe Terra), húmida e fecunda, inesgotável fonte de energia criativa.
As Ninfas não são imortais, mas vivem muito (cerca de 10.000 anos, dizem) e se mantém eternamente jovens e renovadas, profetizando, nutrindo, curando e inspirando.
Algumas das Ninfas da antiga Grécia ainda estão por aí. Mas não é fácil encontrá-las.
Como os tempos são outros, jazem adormecidas no corpo de uma mulher.
Há que descobrir-las e estimular seu despertar.
Requer fé, observação, coragem e dedicação.
E vale cada minuto investido.
sábado, novembro 01, 2008
Quimeras
Essa postagem foi inspirada pelo comentário da Suzana, que adjetivou meu poemote anterior de "quimera".
Bicho lendário, cuja versão mais difundida se assemelha a um leão com uma cabeça adicional de cabra e o rabo em forma de serpente, a Quimera de tão fantástica e improvável, virou sinônimo de mentira fantasiosa.
Curiosamente, estava conversando agora pouco com a Udi enquanto esperávamos o início de mais um show da Kiwi Dillema, justamente sobre a mentira.
E a mentira se assemelha à Quimera, não apenas pelo fantasioso, mas por suas características.
Toda mentira tem cabeça de Leão, incontestável como o Rei da selva, e cauda de serpente, insidiosa, traiçoeira (simbolicamente falando, é claro).
E carrega nas costas um espírito de Cabra, assustada e fugidia quando ameaçada.
Tenho dificuldades para mentir e para lidar com a mentira e não me orgulho disso. Apenas constato e, as vezes, preferia que assim não fosse. Mas, tenho.
O que tentei explicar para Udi hoje foi que pessoas com essa dificuldade, quando descobrem que alguém amado mentiu para esconder algo que poderia magoá-las, se sentem muito mais atingidas pela mentira do que pelo fato em sí.
Reconheço que é difícil conviver com quem tem esse perfil. Exige coragem e não deixa muitas alternativas além da honestidade.
E aí você duvida que eu nunca tenha mentido.
E tem razão. Já menti e seguirei mentindo, para mim e para os outros. Acho que é inevitável. Muitas vezes, até confortável. Principalmente as pequenas e educadas mentiras sociais.
É suficiente não mentir sobre coisas importantes e sobre coisas tolas que se tornarão importantes em função da mentira.
E é necessário não mentir quando alguém lhe pede para dizer a verdade, porque isso transforma em mentira todas as verdades.
E é importante ser capaz de superar a mentira, quando vale a pena, e reconhecer que dizer a verdade nem sempre é fácil.
Não se vence a Quimera segurando-a pela cauda de serpente, ou enfrentando sua cabeça de leão.
Há que se cortar a cabeça de cabra.
E por último, é importante reconhecer que a verdade não existe.
O que existe é a honestidade.
Bicho lendário, cuja versão mais difundida se assemelha a um leão com uma cabeça adicional de cabra e o rabo em forma de serpente, a Quimera de tão fantástica e improvável, virou sinônimo de mentira fantasiosa.
Curiosamente, estava conversando agora pouco com a Udi enquanto esperávamos o início de mais um show da Kiwi Dillema, justamente sobre a mentira.
E a mentira se assemelha à Quimera, não apenas pelo fantasioso, mas por suas características.
Toda mentira tem cabeça de Leão, incontestável como o Rei da selva, e cauda de serpente, insidiosa, traiçoeira (simbolicamente falando, é claro).
E carrega nas costas um espírito de Cabra, assustada e fugidia quando ameaçada.
Tenho dificuldades para mentir e para lidar com a mentira e não me orgulho disso. Apenas constato e, as vezes, preferia que assim não fosse. Mas, tenho.
O que tentei explicar para Udi hoje foi que pessoas com essa dificuldade, quando descobrem que alguém amado mentiu para esconder algo que poderia magoá-las, se sentem muito mais atingidas pela mentira do que pelo fato em sí.
Reconheço que é difícil conviver com quem tem esse perfil. Exige coragem e não deixa muitas alternativas além da honestidade.
E aí você duvida que eu nunca tenha mentido.
E tem razão. Já menti e seguirei mentindo, para mim e para os outros. Acho que é inevitável. Muitas vezes, até confortável. Principalmente as pequenas e educadas mentiras sociais.
É suficiente não mentir sobre coisas importantes e sobre coisas tolas que se tornarão importantes em função da mentira.
E é necessário não mentir quando alguém lhe pede para dizer a verdade, porque isso transforma em mentira todas as verdades.
E é importante ser capaz de superar a mentira, quando vale a pena, e reconhecer que dizer a verdade nem sempre é fácil.
Não se vence a Quimera segurando-a pela cauda de serpente, ou enfrentando sua cabeça de leão.
Há que se cortar a cabeça de cabra.
E por último, é importante reconhecer que a verdade não existe.
O que existe é a honestidade.
Assinar:
Postagens (Atom)