A Érica assistiu o vídeo do post anterior e inspirou-se para postar sua visão pessoal da Internet lá no She-hulk. Eu comentei e resolvi trazer o comentário como post para cá. Coisas da aldeia...
Usei esse vídeo (The Media Revolution) em uma palestra que fiz quinta-feira pela manhã lá em Santiago. Gerou interesse e desconforto.
Para mim, a questão reside no "animus catalogandi" da humanidade. Essa coisa de separar tudo em caixinhas que fazem sentido.
Tem a caixinha das coisas "reais" e a caixinha das coisas "virtuais". E as reais, obviamente, devem ser mais importantes.
A cena que mais me marcou no filme Matrix é aquela em que Morpheus diz para Neo:
- What is real ? How do you define real ?
Como é que a gente pode "catalogar" as coisas se não temos contato com a realidade absoluta ?
Se tudo que temos é a interpretação de nossas percepções (sempre parciais) da tal "realidade absoluta" ?
Aquilo que eu vejo, ouço, sinto ... é real ? Onde está a diferença entre o "real" e o "virtual" ?
O outro ponto interessante é que parte do desconforto causado pela minha apresentação deve-se ao fato de que ela foi, comparativamente à de meus companheiros de palco e considerando hábitos e costumes locais, desestruturada.
Um amigo, que havia visto os "slides" antes, comentou:
- Quando ví os slides não gostei. Aí, quando você apresentou, fez sentido ...
Estamos acostumados a trabalhar com informações estruturadas, desde o advento da teoria da probabilidade (ou seja, de forma crescente nos últimos 200 anos).
Isso funcionou razoavelmente bem enquanto tínhamos poucas coisas para colocar em poucas caixinhas.
Agora temos muita informação, as caixinhas velhas não servem e antes de encontrarmos novas, somos convocados a compreender, a criar sentido.
Meu conselho: controlem a ansiedade, relaxem e deixem a mente trabalhar sozinha. Ela vai encontrar o sentido.
Aliás, se você permitir, encontrará mais de um sentido possível.
Não se assuste. O mundo sempre foi assim.
A diferença é que antes a gente podia fazer de conta que não era ...