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quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Desassinando o Estadão

( texto é meio longo, mas tinha que contar a história desde o começo para valorizar o final)

Reporto os fatos....
Sou leitor de jornais por Internet.
Entretanto, como o Guilherme, meu filho, estava passando uns dias em casa comigo e gosta de ler o jornal em papel, decidi assinar um.
Escolhi o Estadão, dada a forma ética e objetiva com que costuma reportar os fatos relevantes. Assinatura semestral.
No final do período, acostumado com o aspecto lúdico de receber aquela montanha de papel pintado todas as manhãs, estava considerando renovar minha assinatura, por menos ecológico que fosse.
Eis que recebo uma carta de congratulações do Estadão, pela renovação automática da minha assinatura, com cobrança no cartão de crédito.
Fiquei abismado. Havia optado pela não renovação automática no ato da assinatura.
Chateado por ter que dedicar parte de minha vida a um telefonema para o jornal, liguei para o Estadão e manifestei minha indignação.
Uma senhorita muito educada confirmou que a opção pela não renovação estava registrada no meu cadastro, mas que eles enviavam essa carta para todos os assinantes.
Minha mãe tem um nome para essa técnica: SPP (se pegar, pegou).
Passei de indignado a emputecido (com o perdão da má palavra).
A simpática senhorita prontamente ofereceu-me um desconto adicional por emputecimento.
Recusei, afirmando que dada a falta de ética comercial do jornal, não renovaria nem se fosse de graça.
E, assim, deixei de receber o periódico, em dezembro último.
Para minha surpresa, numa manhã desta semana fui despertado por uma ligação do Estadão.
Um também simpático rapaz me informou que, em função de um erro no cadastro da empresa, haviam deixado de enviar alguns exemplares. O Estadão estaria pronto a desculpar-se e corrigir a lamentável falha.
Não costumo acordar de muito bom humor, mas achei uma atitude digna da parte do jornal assumir um erro e prontificar-se a repara-lo.
Disse ao rapaz que não havia me dado conta do problema, já que minha assinatura havia terminado e eu não a havia renovado.
Ele, então, passou a confirmar meus dados para que a entrega fosse retomada.
Confirmou meu nome, e pediu que lhe informa-se o endereço.
Eu disse continuava sendo o mesmo endereço cadastrado. Ao que ele me respondeu que seu sistema estava fora do ar, reiterando o pedido.
Eu, que já começava a ficar desconfiado com o rumo da conversa, disse que se o sistema estava fora do ar, não adiantaria lhe dar o endereço. Seria melhor que ele ligasse mais tarde.
Magicamente, o sistema começou a funcionar e ele passou a confirmar o endereço, por partes.
Terminada a confirmação do endereço, o gentil funcionário perguntou-me se o número do cartão de crédito continuava sendo o mesmo.
Ao que respondi perguntando, já com a famosa pulga atrás da orelha, porque isso lhe interessava, já que não se tratava de uma renovação de assinatura.
Na maior cara dura, o sujeito me disse que para “reativar” a entrega, precisaria da confirmação do número do cartão de crédito.
Sentei-me na cama e disse algo como:
- Peralá, mermão !!! Que história de reativação é essa ? Você não me disse que pretendia me entregar alguns exemplares que ficaram faltando por um erro no cadastro ?
E o moçoilo, no maior cinismo, explicou:
- Então, sua assinatura não foi renovada por um erro no cadastro, e vamos reativá-la...

Que saudades do tempo em que os Mesquita dirigiam o Estadão ...

34 comentários:

A. Marcos disse...

Flávio, da próxima vez que isso ocorrer - se ocorrer - não se faça de rogado: grave a ligação e não faça maiores perguntas, deixe que o cidadão anote seus dados e se finja de "planta". Depois que for cobrado por isso, de posse da gravação, ingresse com um pedido singelo de devolução em dobro do valor cobrado porque a oferta doi desleal e -já que você não a pediu - é, como diz a lei, amostra grátis. Agregue, ainda, um pedido de indenização por danos morais. Tudo isso de graça e no JEC.

Carla P.S. disse...

Haha...
Em janeiro furtaram meu celular de dentro do quarto de um resort de luxo, em Natal. Era um Black Saphira LG que nem tá mais na ativa. Descontaram 200 reais da conta, e pediram desculpas. Eu achei o cúmulo, mas deixei uma carta, nas sugestões, esculhembando o serviço.
Mandaram um email, pedindo desculpas, e oferecendo um jantar gratuito em um dos restaurantes deles. Esse restaurante, vale salientar, fica dentro do próprio resort.
Ou seja: venha de novo, querida hóspede otária!
Ih, já me aconteceu cada uma..Eu que sou preguiçosa e não resolvo, viu.
Um café.

R.Teixeira disse...

Flávio, não é para servir de consolo, mas você não é o unico a passar por isso. Já faz algum tempo que parei de assinar meios impressos, e o que mais me motivou a desistir foi exatamente este tipo de prática. Não é só o Estadão que atua assim, mas também a Veja e a Folha. Pelo menos o faziam no passado. Os três atuam da mesma foram. Deve existir um manual de treinamento originário de um trabalho de benchmark contínuo. Algo como "the worse practices", e o capítulo desta prática especicamente deve ser o SPP mesmo, pois todos incluem de esta postura.

Anne M. Moor disse...

Eras pra ter perguntado se no teu cadastro havia a observação:
Este gajo é um tremenda idiota...

Que ódio que tenho dessas coisas!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Bom dia de sol :-)

Flavio Ferrari disse...

Anne: Sol? Só se for aí ... ´No cadastro consta "perfeito idiota". Mas está errado... não sou perfeito.

Flavio Ferrari disse...

Renato: quem começou com isso foi a Editora Abril (renovação automática contra sua vontade). Falei com o superintendente da época (Gabriel Ricco) e ele me disse, rindo, que essa prática havia multiplicado por 3 (ou algo assim) o número de renovações.

Flavio Ferrari disse...

Carla: tenho uma amiga que perdeu a virginidade num resort e não teve nenhum desconto.

Flavio Ferrari disse...

Marcos: e vc acha que eu vou gastar mais tempo da minha vida com isso ? As empresas têm um grupo de advogados dedicados a cuidar desse tipo de coisa. Já está no orçamento. Causo mais dano quando exerço minha cidadania através do Arguta Café, divulgando o ocorrido. Buzz.

Jullyane Teixeira disse...

Olá, obrigada pela visita! Volte sempre!

Beijos

Udi disse...

Já tentou des-assinar a Net?

Solidariamente junto-me a você no seu emputecimento com o Estadão e ainda conjugo esse verbo (oriundo do que você chama de uma "má palavra"):

eu me emputeço
tu te emputeces
ele se emputece
nós nos emputecemos
vós vos emputeceis
eles se emputecem

doppiafila disse...

Aí esta um dos grandes temas do siglo XXI: o poder das empresas aumentou, o dos consumidores (em quanto consumidores) nao. A internet vai jogar um papel fundamental, mas ainda está só no estado embrional - sobretudo em paises menos avancados como o Brasil o a Italia. Na Inglaterra, sinot que o SPP existe mas que as forcas de reacao já estao mais desenvolvidas...
Um abraco, Doppiafila

A.Tapadinhas disse...

O nosso interlocutor nesse tipo de telefonemas é como um robot: só responde e só faz aquilo para que está programado... É desesperante!
Abraço solidário.
António

Anônimo disse...

Errou Udi!
O certo é eles NOS emputecem!!!!

Ernesto Dias Jr. disse...

Já aconteceu com todo mundo. Enquanto isso a gente tem que aguentar essa bobagem de governança corporativa, ética nos negócios e outras besteiras. Lembra do que eu disse sobre esses quadrinhos com "missão" e "valores" pendurados na parede? Já leu os do Estadão?
Quem tem uma ótima estória para contar a esse respeito é o Ortega.
Ele descobriu que o sujeito do telemarketing não podia desistir da venda enquanto o cliente não dissesse categoricamente: NÃO.
Então ele escutou a oferta da Abril. Tinha desconto de uns tantos reais em relação ao preço de capa. Ele mostrou-se interessado e perguntou: Qual a porcentagem do desconto? O moço não sabia (nem calcular), mas ficou de falar com o supervisor e ligar mais tarde.
E assim foi.
Muitas ligações e vários dias mais tarde o "supervisor" já tinha respondido a coisas sobre abatimento no imposto de renda por aquisição de material relacionado ao seu trabalho, possibilidade de débito automático em conta de pessoa jurídica, metodologia do cálculo de juros (dentro ou fora?) em caso de atraso, e questões correlatas.
Quando o sujeito deixava de ligar, ele mesmo provocava o contato.
Deu trabalho, mas ele diz que foi muito divertido. Venceu pelo cansaço.

Ernesto Dias Jr. disse...

A propósito: o blog é mesmo mais eficiente para emputecer o distinto fornecedor.
O pessoal da Vivo não gostou de uma postagem minha e me mandou um e-mail meses depois de escrito.
está em
http://www.assertiva.blog.br/a_fullpost.asp?post=114869828027448495

A.Tapadinhas disse...

Fui ver, a saga do Ernesto!
O herói acaba por ser um português e a sua padaria... Ter coração em vez de chips faz a diferença!
Abraço.
António

Unknown disse...

É o famoso se COLAR, COLOU...e o pior é que um monte de besta caem...

beijos

Ƭ. disse...

oie!!!

sabe flávio, vc está certo,

causa mais prejuízo a eles postando no blog
que reclamando por um direito que por direito é seu.

Amanda Magalhães Rodrigues Arthur disse...

Urgh! Me dá dor de barriga só de pensar em cancelamento de serviço, telemarketing. Semana passada fiquei 35 minutos no telefone com as moçoilas do Speedy/Telefônica para conseguir cancelar um serviço.
Todo este tempo pensando em tudo de mais útil e urgente que eu tinha pra fazer...
Trapalhadas das empresas a que chamo de antimarketing. Dá um bom tema de estudo, não?!

Marcela disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marcela disse...

Esses serviços ao cliente do Brasil são uma patifaria.. De jornal Estadão e assinatura de tv à cabo à ferramenta pra reparação na Hilti, no fim, esses caras só querem ganhar dinheiro , se preocupam bolhufas com o cliente e ah, me estresso, nao ligue para o comentário raivoso! hehe
Baci, Flavio.

Udi disse...

Glaura: e a gente também pode conjugar naquele tempo verbal que eu não lembro o nome mas que pode ser chamado de "praguejar": Que Eles Se Emputeçam.

Érica Martinez disse...

Putz, já rodei a baiana um zilhão de vezes com a Net! Estava com um problema no cabeamento (hahahahahaha, eu sei o que vcs vão pensar!) e tinha que mandar o pedreiro fazer a obra (hahahahahahahahahaha), disse à NET que EU voltaria a ligar quando tudo estivesse ok. Eles me ligaram mil vezes dizendo que " visita estava agendada para dia tal" sendo que eu neeem tinha agendado puerra nenhuma. Na 5a ligação - que aconteceu num sábado pós balada bem cedo, briguei! Então, um dia, minha vó me liga dizendo: "filha, tem uns moço aqui, que tão falando que são da televisón e querem subir!"

AAAAAAAAAAVE!
Aí sim eles descobriram quem mandava! ruaurrrr! rsrss

Agora vou 'estar procurando' 'estar assinando' a TVA, alguém indica?

(esse post vai ser polêmico!)

Érica Martinez disse...

Glaura/Udi: ótemas!

Flavio Ferrari disse...

Udi: estou trocando da Net para a TVA. Mas estou achando que a empresa terceirizada para o call center é a mesma ...

Flavio Ferrari disse...

Paolo: adoro Londres. Os ingleses são divertidíssimos. Mas não se engane. Eles são especialistas em colonização.

Flavio Ferrari disse...

Tapadinhas: não sei o que é mais irritante - o atendente robotizado ou o metido a espertinho.

Flavio Ferrari disse...

Glaura: ato falho ...

Flavio Ferrari disse...

Ernesto: mas o Ortega é fotógrafo ...

Flavio Ferrari disse...

Luana: SPP = SCC

Flavio Ferrari disse...

Teresa: e vamos postando ...

Flavio Ferrari disse...

Amanda: o que será que acontece com tudo aquilo que a gente ensina na faculdade ?

Flavio Ferrari disse...

Marcela: o que mais dá raiva é que raiva dá...

Flavio Ferrari disse...

Érica: manda um exemplar com a sua entrevista da Gloss que eles vem correndo ...