.... e se você perdeu, não deixe de ler os capítulos anteriores !
Capítulo 1 -
A visitaCapítulo 2 -
Sonhos e SafirasCapítulo 3 -
Um nome de mulherCapítulo 4 -
Perturbações PróximasCapitulo 5 -
A ponta do véuCapítulo 6 -
Segredos e SurpresasCapítulo 7 -
LantejoulasCapítulo 8 -
Libido e LascíviaCapítulo 9 -
Ponto de não retornoMénage et MémoireGusmão, nu, tentava controlar a descarga de adrenalina. O parco verniz civilizatório não parecia ser capaz de conter a reação instintiva do macho diante do território invadido.
Cristine, momentaneamente esquecida de seu parceiro, contemplava o fantasma encarnado, embevecida.
O ciúme do irmão de Giordi decrescia rapidamente, acompanhando o pênis de Gusmão, e era substituído por um turbilhão de pensamentos incongruentes.
A euforia pela súbita consciência de que Cristine, a sua Cristine, estava ali, nua, ao alcance de suas mãos. O terror de constatar que alguma coisa de muito errada havia acontecido com a Vizio e a intuição de que suas chances de voltar ao seu tempo seriam remotas. A deslocada preocupação com autorização do pagamento da mensalidade do seu novo sintetizador de alimentos. O desejo de haver vestido sua subdressing de linho ao invés da tech descartável habitual. A sensação de alarme pela presença do primitivo e raivoso Gusmão.
A situação não poderia ser mais surrealista.
- Cristine ....... – Nobrú, o irmão gêmeo de Giordi, supirou, aproximando-se e tocando suavemente o seio esquerdo da mulher dos seus sonhos.
Cristine tomou a mão de Nobrú e apertou-a contra seu seio, sorrindo.
- Você é real ........
- Que merda é essa ? – vociferou Gusmão. Se ia rolar um ménage, alguém podia ter me avisado antes, porra ! Quem é esse cara ?
Nobrú recuou um passo, distanciando-se de Gusmão, que havia se aproximado dos dois.
- Gusmão ... esse é ..... – começou Cristine.
- Nobrú, é meu nome. Nobrú Tesla. E vai ser muito difícil explicar o que estou fazendo aqui, Gusmão.
- Tesla ??? Você é parente do Bruno ? Nobrú ... Bruno ... Puta brincadeira de mal gosto !
Gusmão voltou-se para Cristine.
- Grande atriz ! Bela piada você, o Bruno e a Denise armaram.... Cadê os dois ? – olhou em volta procurando seu assistente e a fogosa namorada.
Cristine não havia prestado a menor atenção às palavras de Gusmão. Nobrú era tudo que interessava.
- Bruno Tesla ? Em que ano estamos ? Por volta de 2000, não ? – Nobrú parecia verdadeiramente supreendido.
- Deixa de palhaçada.
- Você não entende .... um antepassado meu, com esse nome, viveu nessa época. Meu nome é uma recomposição do dele. Foi a solução que encontraram para a falta de nomes em função da superpopulação do planeta. Toda família tem o direito de reaproveitar os nomes de seus antepassados.
Gusmão deu uma última olhada para Cristine e Nobrú, sacudiu a cabeça e começou a recolher suas roupas do chão, resmungando.
- É nisso que dá abaixar a guarda .... Mulher é foda ... não dá para confiar nunca. Amiga do Bruno, então .... imbecil ....
- Quem é você ? – Cristine perguntou, ainda hipinotizada.
Nobrú deixou Gusmão de lado por um momento e sentou-se na cama, ao lado de Cristine.
- Eu vim do futuro, Cristine. Futuro, para sua referência temporal. Na verdade, você está no passado, segundo a minha referência. Isso não deveria ser possível.
- Como assim ? – a magia dava lugar à curiosidade científica.
- Há aproximadamente 30 anos, no meu tempo, ou uns 400 anos a frente do seu do seu, um grupo de jovens estudantes do Servant encontrou as anotações de cientistas do século XXI sobre transporte de matéria, baseada em conceitos arcaicos de física e química quântica. As anotações descreviam uma máquina que havia sido batizada de Glúon Projecta, que seria capaz de projetar a matéria á distância através de uma onda portadora equivalente em espectro a um gás muito utilizado na época, chamado Butadieno.
Gusmão, com a camisa desabotoada e a calça semi-enfiada em uma das pernas olhava para o intruso boquiaberto. Glúon Projecta era o nome que havia imaginado dar para sua máquina, se um dia fosse capaz de construí-la.
Nobrú prosseguiu.
- Os estudantes decidiram, por pura diversão, retomar o projeto substituindo os conceitos quânticos antigos por colorários da anarcospínica. O resultado foi supreendente. Construíram uma projetor dimensional, uma máquina capaz de projetar a matéria para qualquer lugar no espaço e no tempo, não em sua totalidade, mas o que poderíamos chamar de sua essência, sua forma.
A mão de Nobrú havia descido para a coxa de Cristine, que ele alisava suavemente enquanto falava.
- Alguns anos depois, um dos jovens decidiu testar a máquina pessoalmente, e descobriu que a máquina também projetava a consciência o que, diga-se de passagem, colocou por terra o conceito de alma imaterial e complicou bastante a vida das antigas religiões, mas isso é outra história.
Nobrú distraiu-se momentaneamente com os pelos de Cristine.
- Bem .. para encurtar, hoje em dia todo mundo tem uma Vizio em sua casa e pode projetar sua consciência no espaço e no tempo, assistindo ao vivo eventos distantes geográfica ou temporalmente. Quanto mais potente a máquina, maiores as possibilidades de deslocamento.
- E você... ? - balbuciou Cristine, prendendo a mão de Nobrú entre as pernas.
- Eu estava assistindo você ....quer dizer, deveria estar assistindo ... mas por alguma razão, materializei-me aqui.
- Puta-que-pariu !!!!! – Gusmão gritou, levando as mãos para o alto. Puta que pariu ....