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segunda-feira, março 16, 2009

A blogueira russa

Uma das coisas mais divertidas na convivência com os seres da blogsfera é construir hipóteses a partir de fragmentos de informação sobre suas vidas.
Mais divertido ainda quando chegamos a encontrar as pessoas no "mundo concreto" e confirmamos (ou não) os delírios de nossa imaginação.
Outro dia construi a seguinte história a partir da união dos fractais postados e comentados ...
A garota tinha um blog de conotação erótica, elegante e bem escrito. Nitidamente uma alma feliz, que se divertia como criança postando poemas picantes.
De um momento para outro, fez algumas postagens demonstrando grande mágoa por estar sendo acusada de coisas que não eram verdadeiras. E decidiu descontinuar o blog.
Juntando pedaços, aqui e ali, imaginei uma garota russa (ou do leste europeu), que migrou com seus pais para o Brasil ainda pequena. Um pai alcoólatra e truculento e uma vida de poucos recursos resultaram numa infância infeliz e uma menina sonhadora.
Ainda jovem, encontrou o amor de sua vida.
Um homem grande e forte, carinhoso e protetor, mas lembrando a imagem do pai na limitada educação formal, gosto pela bebida e trato pouco refinado.
Casou-se tão logo completou seus 18 anos.
Os primeiros anos de casado foram deliciosos. O marido não permitiu que completasse seus estudos ou trabalhasse. Para quê ? Ele lhe dava tudo que precisava.
E ela se contentava em cuidar da casa e do marido amantíssimo, dedicando seu tempo livre à leitura. Adorava romances, principalmente de autores franceses.
O tempo foi passando e, gradativamente, a monotonia se instalou. Creio que não tiveram filhos.
Ela sentia o desejo de aventurar-se mais, de conhecer o mundo.
Mas a proteção carinhosa do marido prontamente transformou-se em controle e agressividade.
Era o pai, numa versão mais jovem e suavizada.
Vivendo uma reprise de sua infância, reencontrou a tristeza. E o que era pior: desta vez, sem a esperança de um casamento para salvá-la. Separar-se do marido ou ter um caso não eram opções plausíveis para uma moça de educação severa.
Até que, um dia, ela descobriu a internet e o mundo dos blogs.
Encantou-se.
Criou uma personagem para viver suas fantasias românticas, salpicadas do erotismo delicado dos autores franceses que tanto admirava.
A felicidade reinstalou-se.
O marido gostou de início, mas a pulga caminhava lentamente para alojar-se atrás de sua orelha.
Computadores e internet não eram o seu mundo. E nossa menina tomava o cuidado de só viver seu personagem e fazer as postagens em seu blog quando ele não estava em casa.
Tudo ia bem, até que um dia ela resolveu dividir seu segredo com a única amiga, esposa do amigo do marido.
Não demorou muito para que a história chegasse até os ouvidos do cujo dito, encontrando a pulga.
A casa caiu, e todos os adjetivos chulos relativos à devassidão foram bradados aos quatro cômodos.
Foi quando nossa heroína fez suas últimas postagens.
Despedi-me dela em seu blog, não sem antes encorajá-la a buscar alternativas para seguir com seu pequeno espaço de sonhos.
Algumas semanas depois ela voltou a postar, renovada. O blog, fechado apenas para convidados, dos quais tenho a honra de fazer parte.
Como ela conseguiu, eu não sei ...
Alias, nem sei se essa história é verdadeira.
Mas pelo menos teve um final feliz.

37 comentários:

Nina disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Nina disse...

Nossa impressionante como você consegue moldar o perfil de um blogueiro(a), não vou ousar perguntar a impressão que tens ao meu respeitokkkkk
Pobre da Russa, espero que ela siga escrevendo.
E lendo a maravilhosa Anais Nin
Bj

Amélia disse...

Como você bem sabe acho divertido o universo dos blogs porque conhecemos as pessoas de um modo muito mais intenso do que no contato pessoal...

Porém não acredito nas postagens, mas sim, nos comentários...

Beijos

A.Tapadinhas disse...

Ainda não tive oportunidade de conhecer alguém cujo contacto começasse por ser através da internet - blogue ou outro qualquer meio. Tenho a ideia que nas postagens e nos comentários ficamos com uma imagem muito fiel das pessoas que contactamos quase diariamente. Nestes casos do Arguta e Prozac é mais profundo este conhecimento: ninguém se inibe de mostrar as fotos nas mais diversas situações. E é compreensível: com excepção do Ernesto são todos lindos... Não lhe digam nada, p.f.!
Abraço.
António

Érica Martinez disse...

hahahahahhahahahahahahaha
Flavio, acho que já tá na hora de mudar de profissão!

Run, Forrest, run!

Unknown disse...

Obrigada pela visita, Flávio!
A resposta éeeeeeee:
pó de café.
sahfausdhusdahsda.
Abraços!
*::

Isadora disse...

Boa leitura dos blogueiros! Eu me identifiquei.
Claro que conheço o Ilha das Flores. Dureza é ver que não tem nada de ficção.
Bjo

Anne M. Moor disse...

Ai a vida! A vida e o desejo doentio de controle do outro que de alguma maneira da orgasmos ao controlador sem que ele (a) tenha que se olhar no espelho e se enxergar!!!!!!!!!!!!! Qtos sofrem por essas atitudes... Fico feliz que esta conseguiu quebrar o círculo.

Beijos

NiNah disse...

Muito interessante essa sua história. rsss
Bjo

Udi disse...

Adoro essa liberdade que você se permite!
"Invejinha" de poder ser assim!
beijo

Ti: acredito mais ainda nos não-comentários.

Ava disse...

Flávio, que capacidade de percepção...rsrsrs
Ainda vou querer saber dessas suas impressões...rs
Sera que já conseguistes juntar fragmentos da minha vida?

Que meda! rsrsrss

Beijo avassalador!

Mariana Dore disse...

O mais engraçado de tudo isso é que no uiverso dos blogs e da internet em geral, muitos perfis são criados a partir do que as pessoas gostariam de ser e nao do q são e isso alimenta muito a imaginação alheia

;D

Anônimo disse...

Uma lição de vida!

Experiência fenomenal
Se criação a ficção é prima;
se verdade o doce prazer me anima
ao amar a liberdade
no voltar a cena

Divida um pouco
egoista Principe
se verdade desfrutar
sem maldade
o espirito deste ser que sobrevive
a truculência de um grandão malvado.

A pungente história
me tocou o peito
Preferia mesmo ver
este casal casal desfeito
que perder o encanto
de postagens vivas
sentiria então
Ela, amor liberto a relizar
seus feitos
eu satisfeito.

Obrigado por me deixar no juri
inda mais ao lado do Anne e do Antônio

Anônimo disse...

As demais do juri
vão me perdoar
Não falei da Ti
pois ciume eu provoco,
mas invoco
às demais a paciência

Cabeça de velho
é uma indecência

Carla disse...

ainda bem que conseguiu dar a volta...e que seja feliz!
beijos

Anônimo disse...

sabe, flávio, tomara que essa história toda tenha realmente seu final feliz.

tetê

.

Amanda Magalhães Rodrigues Arthur disse...

Posso dizer que blogar é para mim um exercício de diversão e auto conhecimento.
PS: Você anda na sua melhor forma. Inspiradíssimo!

Anônimo disse...

Bom, também sempre construo hipóteses sobre os blogueiros... lá vai a sua:

Teve uma infância em uma cidade do interior, com tudo que tem direito, jogar futebol no meio da rua, subir em árvore, brincar de esconde-esconde, pega-pega e todas essas brincadeiras com nomes compostos. Estudou administração e começou a estudar para concursos... Nesse tempo, fez muita festa com os amigos, tomou muitos porres, arrasou muitos corações. Passou em um concurso público e teve que se mudar para uma "cidade grande". Nos primeiros tempos, foi uma maravilha, aquilo era o paraíso... depois começou a se sentir entediado, preocupado com a violência, rodeado de alarmes... conheceu uma moça muito divertida, com ares de intelectual e casou-se com ela depois de longos anos de namoro. Ficaram bastante tempo casados, tiveram dois filhos e se separaram já com os filhos crescidos. O mundo virtual trouxe a idéia, dada por alguns amigos, pela sua criatividade e imaginação, de criar um blog para escrever textos diversos e para diminuir o tédio do serviço administrativo.
Hoje vive entre páginas da internet, happy hours com os colegas, exposições, cinema e coisas do tipo. Mora sozinho, mas tem sempre companhia.

Mesmo se me disser que não é assim, vai ser difícil mudar o meu imaginário!! Hehehehe

Muito bom teu texto!
Abçs, Jana

Anônimo disse...

Sou tão curiosa que pago o preço e quero uma história dessas pra mim!! Heheheh

Udi disse...

Adorei a história da Janaína!
Jan: lindaaaa!

FF: quanto ela sabe disso tudo que escreveu? Como diria minha amiga É!rica: que phophaaaa!

Que tal sugerir aos(às) demais uma sugestão sobre a tua biografia?

Flavio Ferrari disse...

Queridos,

Estava ajudando o Luiz e a Regininha a preparar o lançamento de seu novo blog, o Picantes Prazeres (http://www.picantesprazeres.blogspot.com).
Amanhã respondo os deliciosos comentários de vocês.
Mas antecipo que aceito o desafio da Janaina (e depois comento o que você acertou do meu perfil).
Bjs.

Cris_do_Brasil disse...

Acredito tb no que a Ti diz, eu por exemplo nao sou o que escrevo, nao faco questao de me mostrar e prefiro ser descoberta. E ainda bem nao tenho nenhum controlador do meu blog.

Tem muitas espanholas, brasileiras como a blogueira russa... nao é fácil manter um estado de leveza diante da vida real, por isso, quem sabe, a fuga acaba indo par ao mundo virtual.

Quanto a vc meu caro, sagaz já sei que é, desnecessário seria dedicar alguma postagem longa.

Luiz disse...
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Luiz disse...
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Luiz disse...
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Luiz disse...
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Luiz disse...
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