segunda-feira, dezembro 26, 2005
O Terceiro melhor
Quando meus filhos eram pequenos, uma das brincadeiras que fazia com eles era a de afirmar que eu era vice-campeão de qualquer coisa que fosse o assunto do momento.
Depois, um pouco mais velho, um deles me perguntou por que eu dizia ser vice-campeão ao invés de campeão.
Porque é mais crível, respondi.
Eis que, em um momento, encontrei-me em um hotel que ostentava em sua entrada, com muito orgulho, um cartaz iluminado indicando haver sido escolhido como terceiro melhor hotel do Brasil por uma famosa revista.
Posto confortabilíssimo. O Brasil é imenso e repleto de excelentes hotéis. A diferença entre o primeiro e o terceiro deve ser, supostamente, mínima. Mas o terceiro pode cometer alguns erros (afinal, não é o infalível número um ).
No primeiro dia de permanência no hotel, após uma longa e cansativa viagem que terminara na noite anterior, fomos acordados as 8h40 da manhã pelo barulho de uma furadeira elétrica. Estavam reformando ou consertando um quarto no andar acima do nosso. Liguei para a recepção sugerindo que esse tipo de serviço fosse deixado para após as 10h00 da manhã, para preservar o direito de descanso dos hóspedes. A moça da recepção, consternada, desculpou-se adequadamente e garantiu que isso não voltaria a ocorrer.
Uma vez acordados, fomos para o café da manhã. Seguramente não foi o terceiro melhor café da manhã que já tomei. Aliás, o café em si estava horrível. Ao final de cada xícara, quando se fechava a torneira do recipiente de aço inox onde jazia o café, uma borra acinzentada e de aspecto desagradabilíssimo teimava em escorrer para dentro da xícara.
Na piscina, o queijo provolone teria sido mais elegante se servido sem os pedaços de casca.
De volta ao quarto, já arrumado, faltavam as toalhas de banho. Imperdoável atraso da lavanderia, defendeu-se a camareira, também consternada e gentil.
Teria sido mais fácil jogar tênis na excelente quadra do hotel caso houvessem bolas de tênis disponíveis. Não havia, mas a recepcionista, novamente consternada, prontamente ofereceu-se para guarnecer o estoque da loja do hotel. Tivemos que aguardar 30 minutos e pagar R$ 50 pelas bolinhas.
E por último, resolvendo almoçar às 16hs (ok, isso lá é hora de almoçar ?) encontramos todos os restaurantes do hotel fechados. Bem... a lanchonete pode não ser a terceira melhor do Brasil, mas também não era de todo mal.
Vale mencionar, entretanto, que os saches de maionese estavam com a validade vencida (coisa que só descobrimos depois que eu já havia comido um).
Claro que me dirigi à recepção novamente. Comentei, inclusive, que eles eram muito simpáticos, mas que aparentemente eu estava dando azar. Fiz um rápido resumo dos acontecimentos, finalizando com o caso da maionese vencida.
A recepcionista ficou consternada, pela terceira vez, e prometeu tomar providências.. Talvez seja a terceira recepcionista mais consternada do Brasil.
quinta-feira, dezembro 22, 2005
Mensagem de Final de Ano
Inevitável.
Na minha caixa postal já contabilizei mais de 80 mensagens de final de ano.
A mais curiosa (entre as que consegui ter tempo para ler) foi a de alguns companheiros Argentinos, desejando “lo de siempre en esas ocasiones, todos los años, pero mejor”.
Mensagens de final de ano tem como ponto comum uma premissa mágica: a virada do ano tem o poder de interromper o fluxo dos acontecimentos e abre a possibilidade de redirecionar o destino.
Na prática, bilhões de pessoas motivadas mudam o mundo. É uma profecia que se auto-cumpre. Importa menos a causa do que o efeito.
Sendo assim, meus leitores, sugiro que aproveitem essa energia emanada pelo inconsciente coletivo e multipliquem seu poder de realização.
Aproveitem para mudar o mundo ... para melhor !
Feliz 2006 !
segunda-feira, dezembro 19, 2005
Convivendo com Dinossauros
Existem pessoas que se dizem muito racionais mas que, na prática, se deixam dominar por seus instintos mais primitivos.
Há alguns anos, li um livro interessante sobre o assunto que se propunha a ajudar o leitor a lidar com esse tipo de “personalidade”, batizada pelo autor de “Dinossauro”.
Segundo o autor, nossos comportamentos são dirigidos pela razão e pelos instintos.
Os instintos são os “drives” para o atendimento de nossos desejos e para garantia de nossa sobrevivência.
A razão garante nossa convivência social, oferecendo instrumentos para que possamos dar vazão aos instintos de forma civilizada, sensata e disciplinada.
Pessoas muito racionais costumam ser aborrecidas.
Os que são puro instinto, assustadores.
Mas a mensagem fundamental do autor é a de que todos nós temos um lado dinossauro, que costuma ser despertado sempre que um outro paquiderme invade nosso território.
O pior é que a gente nem sempre se da conta disto.
Fique atento. Quando você começa a usar expressões como:
- Isto sou eu quem decide !
- Você tem que entender que ...
- Aqui a regra é ...
- O bom senso diz que ...
- Você sempre .... ou, você nunca ...
- Porque não fui consultado ?
- O jeito certo de fazer isso é ...
... é sinal de que seus mecanismos de ataque-defesa foram ativados, e o instinto de sobrevivência está começando a tomar conta do cenário. Tensão muscular, batimentos cardíacos e respiração acelerados são outros bons indicadores.
Profissionalmente falando, é nesse ponto da discussão que você deve se perguntar onde pretende chegar com essa atitude ? Qual é seu objetivo final ? Qual é o plano para atingi-lo.
Agressividade é útil, quando bem canalizada, e extremamente destrutiva quando fora de controle.
Por isso vale a pena aprender a reconhecer seu dinossauro pessoal e mantê-lo sob controle, evitando envolver-se em brigas por território, lutas pelo poder, caça aos “culpados”
A quem se interessar, posso enviar um e-mail com alguns conselhos úteis que o tal autor dá para ajudar-nos a lidar com os dinossauros (nossos e dos outros).
Deixe seu recado, nome e endereço de e-mail após o rugido !
quarta-feira, dezembro 14, 2005
A Montanha, o Mestre, as questões
Reza a antiga sabedoria chinesa:
“Para um leigo, uma montanha é apenas uma montanha.
Para um iniciado, uma montanha é uma manifestação de Deus.
Para o mestre, uma montanha é uma montanha.”
Pensamento instigante, que provoca muitos questionamentos:
1. Os chineses atuais não são mais sábios, os antigos já pensaram em tudo ou os pensamentos modernos não tem o mesmo apelo de marketing ?
2. Afinal, o que é uma montanha ?
3. Se levo isso a sério posso parecer bobo. Se não levo, podem me achar superficial. O que devo fazer ?
Para essas dúvidas, existe um outro pensamento, da antiga sabedoria moderna:
“Se você acha que está entendendo tudo, então está perdendo alguma coisa !”
segunda-feira, dezembro 12, 2005
O que mata e o que cura
Na Folha de São Paulo de hoje encontrei uma interessante matéria sobre o aumento de distúrbios da tireóide causado, aparentemente, pela excessiva quantidade de iodo adicionado no sal de cozinha.
O curioso é que o iodo é adicionado ao sal de cozinha justamente para prevenir uma doença da tireóide popularmente chamada de “bócio”.
Mais uma prova de que o bom e o mau são relativos e que os “remédios” devem ser administrados na dose adequada.
Em época de planejamento estratégico, vale a pena parar para pensar no assunto.
sexta-feira, dezembro 09, 2005
Autor e Personagem
Não nos enganemos: nesse mundo competitivo de hoje tornou-se um vício construir personagens que aumentam nossa probabilidade de sucesso, pessoal e profissional.
O personagem é uma espécie de interface, de “front end”, através do qual nos relacionamos com o mundo “lá fora”.
De baixo dele está a “persona”, nosso “verdadeiro” eu, autor do personagem.
O problema ocorre quando o autor se encanta com o personagem de tal forma que começa a acreditar que ele seja uma verdadeira pessoa.
A criatura devora o criador e, apesar de originalmente criada para ser uma simples interface de relacionamento com o mundo externo, assume também o comando das relações com o mundo interno.
O autor, tomado pelo personagem, passa a rejeitar tudo aquilo que está em desacordo com a projeção que criou, e um grande conflito interno se estabelece.
Ser ou não ser, diria algum inglês mais inspirado.
Esto é una mentira ... esto nonexiste, diria Padre Quevedo.
É para pensar em casa, digo eu.
quinta-feira, dezembro 08, 2005
Information Overload
Fidel critíca "hipocrisia da Europa e socialistas espanhóis".
Vulcão expele gases tóxicos em Vanuatu e moradores fogem.
Ministro de defesa da Russia defende venda de armas ao Irã.
Risco de cair em armadilhas no mundo virtual é cada vez maior.
José Dirceu luta desesperadamente até o último minuto.
Essas são manchetes extraídas de um renomado site de notícias, hoje pela manhã.
Em meio à sobrecarga de informações a que somos submetidos cotidianamente neste mundo "moderno", me pergunto porque é que os veículos especializados não dedicam parte de seu tempo filtrando seu conteúdo para poupar-nos do óbvio.
Alguém, por um acaso, espera que Fidel faça algo diferente de criticar o mundo ? O que você espera que um vulcão faça, seja em Vanuatu ou em qualquer outro lugar ? Se a população não fugisse, aí sim, teríamos uma notícia interessante. A Russia é uma grande exportadora de armas e seu ministro não poderia defender outra tese. Na medida em que a Internet cresce, obviamente esperamos que cresça o risco de qualquer tipo de problema. E, é claro, ninguém esperava que José Dirceu desistisse de lutar.
Informação, meus caros, precisa ter relevância para merecer o epíteto de INFORMAÇÃO.
Não que o óbvio não mereça ser dito. Merece, principalmente quando, por qualquer razão, dele nos distanciamos, o que o torna, naquele momento, relevante lembrar.
Mas quero chamar a atenção para o surto de irrelevância motivado pela necessidade global de produção de conteúdos para provedores que se multiplicam como coelhos.
Uma excelente oportunidade para quem souber entender a necessidade coletiva de uma prévia (di)gestão das informações antes de sua publicação.
Vulcão expele gases tóxicos em Vanuatu e moradores fogem.
Ministro de defesa da Russia defende venda de armas ao Irã.
Risco de cair em armadilhas no mundo virtual é cada vez maior.
José Dirceu luta desesperadamente até o último minuto.
Essas são manchetes extraídas de um renomado site de notícias, hoje pela manhã.
Em meio à sobrecarga de informações a que somos submetidos cotidianamente neste mundo "moderno", me pergunto porque é que os veículos especializados não dedicam parte de seu tempo filtrando seu conteúdo para poupar-nos do óbvio.
Alguém, por um acaso, espera que Fidel faça algo diferente de criticar o mundo ? O que você espera que um vulcão faça, seja em Vanuatu ou em qualquer outro lugar ? Se a população não fugisse, aí sim, teríamos uma notícia interessante. A Russia é uma grande exportadora de armas e seu ministro não poderia defender outra tese. Na medida em que a Internet cresce, obviamente esperamos que cresça o risco de qualquer tipo de problema. E, é claro, ninguém esperava que José Dirceu desistisse de lutar.
Informação, meus caros, precisa ter relevância para merecer o epíteto de INFORMAÇÃO.
Não que o óbvio não mereça ser dito. Merece, principalmente quando, por qualquer razão, dele nos distanciamos, o que o torna, naquele momento, relevante lembrar.
Mas quero chamar a atenção para o surto de irrelevância motivado pela necessidade global de produção de conteúdos para provedores que se multiplicam como coelhos.
Uma excelente oportunidade para quem souber entender a necessidade coletiva de uma prévia (di)gestão das informações antes de sua publicação.
quarta-feira, dezembro 07, 2005
Os vilões e as soluções simples
Está no estadao.com.br, site do jornal O Estado de São Paulo: “Instituto pede que TV deixe de estimular obesidade infantil”.
A matéria se refere ao comunicado divulgado pelo Instituto de Medicina da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos responsabilizando a TV americana pela epidemia de obesidade infantil que assola nosso primo americano mais rico (USA).
A proposta é fácil assim: a TV é culpada e os personagens infantis deveriam estimular o consumo de alimentos saudáveis ao invés de vender grandes pacotes de sucrilhos.
Trata-se de mais um exemplo acabado de miopia prepotente.
Em primeiro lugar, supondo que as emissoras de televisão pudessem se recusar a veicular comerciais de produtos que alguma entidade “superior” considere prejudicial à saúde é claro que isso não resolveria o problema da obesidade infantil nos Estados Unidos. Ocorre aqui, além da clara inversão de causa e efeito, uma tentativa de simplificação monstruosa da realidade cultural norte-americana.
Mas esse comunicado não é de todo inútil.
Pode servir de inspiração para uma importante reflexão: será que não estamos, no nosso dia a dia, lidando com alguns problemas da mesma forma ?
A tentação de eleger vilões (agentes externos) e propor soluções aparentemente simples (porque dependem exclusivamente dos outros), mas que se provam despropositadas na prática, é grande.
Como disse Maria Antonieta, antes de ser decapitada: “se o povo não tem pão, que comam brioches”.
A matéria se refere ao comunicado divulgado pelo Instituto de Medicina da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos responsabilizando a TV americana pela epidemia de obesidade infantil que assola nosso primo americano mais rico (USA).
A proposta é fácil assim: a TV é culpada e os personagens infantis deveriam estimular o consumo de alimentos saudáveis ao invés de vender grandes pacotes de sucrilhos.
Trata-se de mais um exemplo acabado de miopia prepotente.
Em primeiro lugar, supondo que as emissoras de televisão pudessem se recusar a veicular comerciais de produtos que alguma entidade “superior” considere prejudicial à saúde é claro que isso não resolveria o problema da obesidade infantil nos Estados Unidos. Ocorre aqui, além da clara inversão de causa e efeito, uma tentativa de simplificação monstruosa da realidade cultural norte-americana.
Mas esse comunicado não é de todo inútil.
Pode servir de inspiração para uma importante reflexão: será que não estamos, no nosso dia a dia, lidando com alguns problemas da mesma forma ?
A tentação de eleger vilões (agentes externos) e propor soluções aparentemente simples (porque dependem exclusivamente dos outros), mas que se provam despropositadas na prática, é grande.
Como disse Maria Antonieta, antes de ser decapitada: “se o povo não tem pão, que comam brioches”.
segunda-feira, dezembro 05, 2005
Aconteceu num treinamento
Com a devida licença poética, reporto o que me contou um amigo neste final de semana ...
Ele, que trabalha em uma grande empresa, preocupada com o desenvolvimento dos recursos humanos, participou de um programa de treinamento para a equipe comercial.
Num dos exercícios de “team building” o consultor contratado propôs um exercício interessante. Distribuiu para os participantes pequenas garrafas com diferentes quantidades de água que, ao serem golpeadas por bastões de metal, produziam um som característico. Convidou os participantes a produzirem som com o “instrumento” musical. Claro, o resultado foi um ruído infernal.
Na seqüência, organizou as pessoas de uma forma especial e, como um maestro, coordenou a produção do som em uma seqüência ordenada.
Desta vez, o resultado foi uma simpática e conhecida música reproduzida como se tocada por um grupo de metalofones (xilofones de metal). Entusiasmo e emoção coletiva !
No dia seguinte meu amigo encontrou-se com o diretor da divisão, patrocinador do treinamento.
- E aí Alfredão ... gostou do treinamento ? - perguntou o diretor.
- Gostei muito – ele respondeu – principalmente do exercício com as garrafinhas. Ficou claro que o papel dos gestores é fundamental para o bom desempenho da equipe. De nada adianta uma boa equipe sem coordenação adequada. E, por outro lado, com uma boa gestão, mesmo uma equipe com instrumentos limitados é capaz de produzir bons resultados. Fiquei contente que essa mensagem tenha partido justamente da direção da empresa. Para mim e para meus colegas foi um sinal claro de que vocês identificaram um problema importante e estão transformando-o numa oportunidade de desenvolvimento da equipe, reconhecendo a relevância do papel dos diretores e gerentes para o time.
- Sim ... claro ... que bom que você gostou ... – ele pareceu um tanto hesitante. Espera só um segundinho, Alfredo.
Pegou o telefone e chamou a secretária.
- Solange ... por favor, suspenda a compra das garrafinhas.
Moral da história: nem sempre quem recebe treinamento é quem precisava receber !
Ele, que trabalha em uma grande empresa, preocupada com o desenvolvimento dos recursos humanos, participou de um programa de treinamento para a equipe comercial.
Num dos exercícios de “team building” o consultor contratado propôs um exercício interessante. Distribuiu para os participantes pequenas garrafas com diferentes quantidades de água que, ao serem golpeadas por bastões de metal, produziam um som característico. Convidou os participantes a produzirem som com o “instrumento” musical. Claro, o resultado foi um ruído infernal.
Na seqüência, organizou as pessoas de uma forma especial e, como um maestro, coordenou a produção do som em uma seqüência ordenada.
Desta vez, o resultado foi uma simpática e conhecida música reproduzida como se tocada por um grupo de metalofones (xilofones de metal). Entusiasmo e emoção coletiva !
No dia seguinte meu amigo encontrou-se com o diretor da divisão, patrocinador do treinamento.
- E aí Alfredão ... gostou do treinamento ? - perguntou o diretor.
- Gostei muito – ele respondeu – principalmente do exercício com as garrafinhas. Ficou claro que o papel dos gestores é fundamental para o bom desempenho da equipe. De nada adianta uma boa equipe sem coordenação adequada. E, por outro lado, com uma boa gestão, mesmo uma equipe com instrumentos limitados é capaz de produzir bons resultados. Fiquei contente que essa mensagem tenha partido justamente da direção da empresa. Para mim e para meus colegas foi um sinal claro de que vocês identificaram um problema importante e estão transformando-o numa oportunidade de desenvolvimento da equipe, reconhecendo a relevância do papel dos diretores e gerentes para o time.
- Sim ... claro ... que bom que você gostou ... – ele pareceu um tanto hesitante. Espera só um segundinho, Alfredo.
Pegou o telefone e chamou a secretária.
- Solange ... por favor, suspenda a compra das garrafinhas.
Moral da história: nem sempre quem recebe treinamento é quem precisava receber !
sexta-feira, dezembro 02, 2005
Dressing Code
Conversa entre dois amigos. O primeiro, mais velho, experiente executivo de uma grande empresa multinacional. O segundo, jovem talentoso, egresso de uma agência de propaganda e recém contratado por outra multinacional, para dirigir a área de comunicação.
- E aí ? Como é que foi sua primeira semana na casa nova ?
- Não sei bem, velho ... estou um pouco confuso.
- Como assim ?
- No meu primeiro dia, já tinha uma reunião agendada com a diretoria. Fui lá, com a maior boa vontade e cheguei quase na hora ...
- Você atrasou ??? Logo na primeira reunião !
- Veja bem ... 15 minutos não é propriamente o que eu chamaria de um atraso. Mas o pessoal fez cara feia quando eu entrei, principalmente o presidente.
- Você atrasou na reunião com o Presidente !!!
- E lá eu sabia que as reuniões começavam na hora marcada ? Mas o pior é que, em plena segunda-feira pela manhã estava todo mundo de terno e gravata.
- Não me diga que ...
- Digo. Estava vestido como sempre. Ou melhor, nem tinha ido de tênis, just in case. E estava com uma de minhas camisas mais discretas, aquela amarela que fica ótima com o jeans desbotado.
- Meu querido ...
- Foi exatamente o que o presidente disse: “meu querido, aqui nos vestimos adequadamente para cada situação”. Naquela noite mesmo fui ao shopping e comprei um costume e duas gravatas. No dia seguinte estava lá, de beca, dressed to kill.
- Menos mal ...
- Mais mal ... era sexta-feira e todo mundo foi de jeans. Não me convidaram nem para o tradicional happy hour.
- Mas você não sabia que ...
- Não sabia ... e também não sabia que na sexta-feira seguinte , na reunião de revisão de orçamento, não valia a regra do casual-Friday. Todo mundo de terno escuro e eu com aquela camisa florida que comprei em Cancun e minha inseparável sandália reciclada. Tive que alegar uma crise de asma do meu filho pequeno e faltar na reunião.
- Mas se nem filho você tem !!
- Agora tenho. Ou melhor, temos, porque vou precisar do seu emprestado para o encontro semestral dos funcionários no próximo sábado.
- Mas não era melhor você conversar com o Presidente e explicar o que aconteceu ?
- Tentei. Mas ele ficou uma fera porque eu liguei diretamente para o ramal dele. Agora, minha secretária esta tentando agendar uma reunião, com a secretária dele, provavelmente para o final da semana que vem. A pauta vai ser “dressing code”.
- Boa sorte, cara.
- Aproveitando ... se a reunião for na sexta, você acha que eu devo ir de paletó ?
- E aí ? Como é que foi sua primeira semana na casa nova ?
- Não sei bem, velho ... estou um pouco confuso.
- Como assim ?
- No meu primeiro dia, já tinha uma reunião agendada com a diretoria. Fui lá, com a maior boa vontade e cheguei quase na hora ...
- Você atrasou ??? Logo na primeira reunião !
- Veja bem ... 15 minutos não é propriamente o que eu chamaria de um atraso. Mas o pessoal fez cara feia quando eu entrei, principalmente o presidente.
- Você atrasou na reunião com o Presidente !!!
- E lá eu sabia que as reuniões começavam na hora marcada ? Mas o pior é que, em plena segunda-feira pela manhã estava todo mundo de terno e gravata.
- Não me diga que ...
- Digo. Estava vestido como sempre. Ou melhor, nem tinha ido de tênis, just in case. E estava com uma de minhas camisas mais discretas, aquela amarela que fica ótima com o jeans desbotado.
- Meu querido ...
- Foi exatamente o que o presidente disse: “meu querido, aqui nos vestimos adequadamente para cada situação”. Naquela noite mesmo fui ao shopping e comprei um costume e duas gravatas. No dia seguinte estava lá, de beca, dressed to kill.
- Menos mal ...
- Mais mal ... era sexta-feira e todo mundo foi de jeans. Não me convidaram nem para o tradicional happy hour.
- Mas você não sabia que ...
- Não sabia ... e também não sabia que na sexta-feira seguinte , na reunião de revisão de orçamento, não valia a regra do casual-Friday. Todo mundo de terno escuro e eu com aquela camisa florida que comprei em Cancun e minha inseparável sandália reciclada. Tive que alegar uma crise de asma do meu filho pequeno e faltar na reunião.
- Mas se nem filho você tem !!
- Agora tenho. Ou melhor, temos, porque vou precisar do seu emprestado para o encontro semestral dos funcionários no próximo sábado.
- Mas não era melhor você conversar com o Presidente e explicar o que aconteceu ?
- Tentei. Mas ele ficou uma fera porque eu liguei diretamente para o ramal dele. Agora, minha secretária esta tentando agendar uma reunião, com a secretária dele, provavelmente para o final da semana que vem. A pauta vai ser “dressing code”.
- Boa sorte, cara.
- Aproveitando ... se a reunião for na sexta, você acha que eu devo ir de paletó ?
quinta-feira, dezembro 01, 2005
Mirabolância
Escutei ontem, de uma pessoa muito querida: "a vida não precisa ser mirabolante !"
Será ?
Todos os comerciais de televisão, anuncios de revistas dizem o contrário, prometendo um mundo mirabilhoso.
No rádio, então, locutores não poderiam ser mais mirabólicos.
Jornais reportam sistematicamente as mirabices do mundo.
A Internet, então ... alguém já viu algo tão mirabástico ?
A vida, respeitável público, é mirabolante. Reflexo da Criação (com "C" maiúsculo, porque me refiro ao universo que nos cerca, e do qual fazemos parte).
Mas a palavra chave aqui é "precisar".
A vida precisa é ser vivida. E quando nos obrigamos a corresponder a esteriótipos, adequarmo-nos a "modelos de excelência" idealizados do que seria uma vida "perfeita", não estamos vivendo a "nossa" vida.
Não se deixar mirabolar é, talvez, um dos desafios mais difíceis do mundo moderno.
Ser simples é muito complicado.
Será ?
Todos os comerciais de televisão, anuncios de revistas dizem o contrário, prometendo um mundo mirabilhoso.
No rádio, então, locutores não poderiam ser mais mirabólicos.
Jornais reportam sistematicamente as mirabices do mundo.
A Internet, então ... alguém já viu algo tão mirabástico ?
A vida, respeitável público, é mirabolante. Reflexo da Criação (com "C" maiúsculo, porque me refiro ao universo que nos cerca, e do qual fazemos parte).
Mas a palavra chave aqui é "precisar".
A vida precisa é ser vivida. E quando nos obrigamos a corresponder a esteriótipos, adequarmo-nos a "modelos de excelência" idealizados do que seria uma vida "perfeita", não estamos vivendo a "nossa" vida.
Não se deixar mirabolar é, talvez, um dos desafios mais difíceis do mundo moderno.
Ser simples é muito complicado.
quinta-feira, novembro 24, 2005
Narcóticos Verbais
O rompimento de um paradigma deve resultar em novas modelagens de conduta.
O papel do gestor na consolidação do novo modelo é de tal forma relevante que o comprometimento da alta gerência da organização é fundamental.
Novas ferramentas e práticas precisam estar alinhadas com filosofias, principios, valores, missão e visão da empresa. A adoção de novos scripts deve ser partilhada com toda a equipe, possivelmente através da criação de gurpos de trabalho ....
Pensamento do dia:
O perigo das belas palavras é seu efeito hipinótico. Tal qual um mantra, de tanto repeti-las acabamos por acreditar que estamos fazendo a coisa certa.
Sugestão: explique tudo isso para uma criança de 10 anos, de forma que ela possa entender.
Depois, pare de falar e comece a trabalhar !
O papel do gestor na consolidação do novo modelo é de tal forma relevante que o comprometimento da alta gerência da organização é fundamental.
Novas ferramentas e práticas precisam estar alinhadas com filosofias, principios, valores, missão e visão da empresa. A adoção de novos scripts deve ser partilhada com toda a equipe, possivelmente através da criação de gurpos de trabalho ....
Pensamento do dia:
O perigo das belas palavras é seu efeito hipinótico. Tal qual um mantra, de tanto repeti-las acabamos por acreditar que estamos fazendo a coisa certa.
Sugestão: explique tudo isso para uma criança de 10 anos, de forma que ela possa entender.
Depois, pare de falar e comece a trabalhar !
domingo, novembro 20, 2005
Estamos quites (ou não)
Se você deixasse seu emprego agora, sentiria que a empresa ficaria lhe devendo alguma coisa ou que você teria recebido mais do que ofereceu ?
Tenho a impressão de que sua opinião variaria de acordo com a razão da saida e, por isso mesmo, sugiro que a avaliação seja feita imaginando simplesmente o final da relação, sem considerar de quem teria sido a decisão.
Numa situação ideal deve haver um equilíbrio. A empresa deve reconhecer o valor de seu funcionário e pagar-lhe uma justa remuneração, preferivelmente num formato que motive seu empenho e desenvolvimento. O funcionário deve dar o melhor de sí pela empresa e sentir que seu esforço e dedicação estão sendo reconhecidos e adequadamente recompensados.
Ou seja, embora num dia ou noutro possa haver algum desequilíbrio, na média devemos sentir que a empresa é justa e ela deve considerar que vale a pena contar com a gente no time.
Garantir essa harmonia é responsabilidade de ambas as partes. De um lado, a empresa deve implementar sistemas de gestão adequados, contemplando contratação de metas, avaliação de desempenho e remuneração variável. Do outro, o funcionário deve buscar corresponder às necessidades da empresa e posicionar-se de maneira assertiva caso sinta que algo não vai bem (discutir a relação).
O importante é que você possa acordar de manhã e pensar no trabalho e na empresa com o entusiasmo que só o reconhecimento é capaz de prover.
E que a empresa (seu chefe, seus colegas, seus subordinados) o recebam com satisfação que só a colaboração é capaz de despertar.
Se isso não esta acontecendo com você na maioria de seus dias, melhor rever sua vida profissional e sua atitude pessoal.
Você pode estar perdendo grandes oportunidades.
Tenho a impressão de que sua opinião variaria de acordo com a razão da saida e, por isso mesmo, sugiro que a avaliação seja feita imaginando simplesmente o final da relação, sem considerar de quem teria sido a decisão.
Numa situação ideal deve haver um equilíbrio. A empresa deve reconhecer o valor de seu funcionário e pagar-lhe uma justa remuneração, preferivelmente num formato que motive seu empenho e desenvolvimento. O funcionário deve dar o melhor de sí pela empresa e sentir que seu esforço e dedicação estão sendo reconhecidos e adequadamente recompensados.
Ou seja, embora num dia ou noutro possa haver algum desequilíbrio, na média devemos sentir que a empresa é justa e ela deve considerar que vale a pena contar com a gente no time.
Garantir essa harmonia é responsabilidade de ambas as partes. De um lado, a empresa deve implementar sistemas de gestão adequados, contemplando contratação de metas, avaliação de desempenho e remuneração variável. Do outro, o funcionário deve buscar corresponder às necessidades da empresa e posicionar-se de maneira assertiva caso sinta que algo não vai bem (discutir a relação).
O importante é que você possa acordar de manhã e pensar no trabalho e na empresa com o entusiasmo que só o reconhecimento é capaz de prover.
E que a empresa (seu chefe, seus colegas, seus subordinados) o recebam com satisfação que só a colaboração é capaz de despertar.
Se isso não esta acontecendo com você na maioria de seus dias, melhor rever sua vida profissional e sua atitude pessoal.
Você pode estar perdendo grandes oportunidades.
terça-feira, novembro 15, 2005
Bomba e Brigitte Bardot
Passei o final de semana em Búzios.
Primeira vez, adorável companhia, lugar encantador.
Jantando no restaurante da deliciosa Pousada D´este, no alto do Humaitá, em Armação dos Búzios, bem na orla Bardot, sentindo-me quase na Grécia (ali em cima, Santorini, lá em baixo, Andros), lembrei-me de que preciso organizar o encontro do comitê responsável pelo programa do WWRS (Worldwide Readership Symposium) que será, desta vez, aqui no Brasil, no início de 2007.
E porque não em Búzios, pensei. Turistas estrangeiros são freqüentes por aqui e a cidade já sabe como recebê-los. O lugar é charmoso, sofisticado e selvagem.
Não tem bombas como na Europa ou nos EUA.
E tem Brigitte Bardot. Alias ... tinha.
A simpática estátua de bronze da famosa moça foi, pela quinta vez, depredada.
Tudo bem, é uma estátua.... dia 20/11 deve retornar ao seu posto sobre a pequena mala.
O Brazil (com z, já que é para inglês ver) não tem bomba. Mas tem esse tipo de incivilidade.
Vai que acontece de novo, bem quando meus convidados estão por ali. That´s terrible – they would say. E eu vou responder, algo envergonhado mas com certo orgulho: mas aqui não tem bomba.
Aí me lembrei da revista a que fui submetido no posto policial na estrada a caminho de Búzios.
Tive que descer do carro com o motorista, fomos completamente apalpados por um policial farejador que abriu minhas malas, a bolsa da minha mulher, o porta-malas do Táxi e fez a mais curiosa revista que já presenciei. Ta bom que não vi muitas e não sou especialista nisso. Mas o policial cheirou tudo (profissão ingrata esta): sapatos, meias, remédios, artigos de toucador (sim, tenho mais de 40 anos). Teria encontrado qualquer coisa que seu olfato (que supomos apurado e especialmente treinado) fosse capaz de identificar. Perguntei-lhe o que ele estava procurando que poderia ser tão claramente identificável pelo cheiro. Ele interrompeu o farejar por alguns segundos, mirou-me com um olhar distante, porém sério, e respondeu com alguma agressividade e uma objetividade dissilábica: drogas.
Creio que ficaria envergonhado se meus visitantes tivessem que passar por aquilo. Mas, obviamente, ainda é melhor do que bomba.
Mesmo a questão da prefeitura de Búzios haver fechado a maioria dos quiosques das praias, permitindo que os proprietários operem no mesmo lugar com improvisadas instalações (caixas de isopor, galões de água para lavar copos e talheres, etc), ainda considerando que os donos dos quiosques, impedidos de contratar formalmente seus empregados, preferem contratar estrangeiros (normalmente argentinos) para evitar o risco de serem posteriormente processados pelos funcionários que não poderiam registrar, posso argumentar que, pelo menos, não temos bomba.
Mas o problema vai ser mesmo o Rio. Sabe como é turista. Eles vão querer visitar o Pão-de-açucar e, o que é pior, o Cristo. Não vai dar para evitar que eles vejam as favelas cariocas. Com um pouco de sorte, num dia sem muitas balas perdidas. Com poucos adolescentes armados sub-metralhadoras ... e sem bomba.
Mas se a gente der sorte, pegamos a avenida Brasil num daqueles dias em que os moradores da periferia, revoltados com o descaso do governo, fecham o trânsito, incendeiam alguns ônibus e enfrentam a polícia.
Aí sim, meus convidados vão se sentir em Paris.
Primeira vez, adorável companhia, lugar encantador.
Jantando no restaurante da deliciosa Pousada D´este, no alto do Humaitá, em Armação dos Búzios, bem na orla Bardot, sentindo-me quase na Grécia (ali em cima, Santorini, lá em baixo, Andros), lembrei-me de que preciso organizar o encontro do comitê responsável pelo programa do WWRS (Worldwide Readership Symposium) que será, desta vez, aqui no Brasil, no início de 2007.
E porque não em Búzios, pensei. Turistas estrangeiros são freqüentes por aqui e a cidade já sabe como recebê-los. O lugar é charmoso, sofisticado e selvagem.
Não tem bombas como na Europa ou nos EUA.
E tem Brigitte Bardot. Alias ... tinha.
A simpática estátua de bronze da famosa moça foi, pela quinta vez, depredada.
Tudo bem, é uma estátua.... dia 20/11 deve retornar ao seu posto sobre a pequena mala.
O Brazil (com z, já que é para inglês ver) não tem bomba. Mas tem esse tipo de incivilidade.
Vai que acontece de novo, bem quando meus convidados estão por ali. That´s terrible – they would say. E eu vou responder, algo envergonhado mas com certo orgulho: mas aqui não tem bomba.
Aí me lembrei da revista a que fui submetido no posto policial na estrada a caminho de Búzios.
Tive que descer do carro com o motorista, fomos completamente apalpados por um policial farejador que abriu minhas malas, a bolsa da minha mulher, o porta-malas do Táxi e fez a mais curiosa revista que já presenciei. Ta bom que não vi muitas e não sou especialista nisso. Mas o policial cheirou tudo (profissão ingrata esta): sapatos, meias, remédios, artigos de toucador (sim, tenho mais de 40 anos). Teria encontrado qualquer coisa que seu olfato (que supomos apurado e especialmente treinado) fosse capaz de identificar. Perguntei-lhe o que ele estava procurando que poderia ser tão claramente identificável pelo cheiro. Ele interrompeu o farejar por alguns segundos, mirou-me com um olhar distante, porém sério, e respondeu com alguma agressividade e uma objetividade dissilábica: drogas.
Creio que ficaria envergonhado se meus visitantes tivessem que passar por aquilo. Mas, obviamente, ainda é melhor do que bomba.
Mesmo a questão da prefeitura de Búzios haver fechado a maioria dos quiosques das praias, permitindo que os proprietários operem no mesmo lugar com improvisadas instalações (caixas de isopor, galões de água para lavar copos e talheres, etc), ainda considerando que os donos dos quiosques, impedidos de contratar formalmente seus empregados, preferem contratar estrangeiros (normalmente argentinos) para evitar o risco de serem posteriormente processados pelos funcionários que não poderiam registrar, posso argumentar que, pelo menos, não temos bomba.
Mas o problema vai ser mesmo o Rio. Sabe como é turista. Eles vão querer visitar o Pão-de-açucar e, o que é pior, o Cristo. Não vai dar para evitar que eles vejam as favelas cariocas. Com um pouco de sorte, num dia sem muitas balas perdidas. Com poucos adolescentes armados sub-metralhadoras ... e sem bomba.
Mas se a gente der sorte, pegamos a avenida Brasil num daqueles dias em que os moradores da periferia, revoltados com o descaso do governo, fecham o trânsito, incendeiam alguns ônibus e enfrentam a polícia.
Aí sim, meus convidados vão se sentir em Paris.
quarta-feira, novembro 09, 2005
Chegamos ao centésimo visitante
Caros leitores ....
Atingimos a incrível marca de 100 visitantes no blog, apenas 9 dias após o seu lançamento !
Toda a equipe do blog Arguta Café (ou seja, eu) está exultante.
Foram mais de 10 visitas por dia com a duração média de 3´30” , concentradas entre as 11h00 e 20h00 (informações do contador “sitemeter” – um serviço grátis à disposição dos blogueiros).
Se é a vontade dos amigos, continuarei postando ... quando voltar da comemoração
terça-feira, novembro 08, 2005
A Novela e o beijo Gay
A imprensa comenta e discute a censura ao beijo gay na última novela das oito da Globo.
Sinal inequívoco de que o homosexualismo segue sendo um grande tabú.
E o que demonstra isso não é a “censura” do beijo. A arte que insinua é quase sempre melhor do que a que explicita. Não é censura; é forma.
O tabú se revela pela reação coletiva à ausência do beijo.
Seria mais interessante discutir, portanto, a reação à ausência.
Quem acompanhou a novela sabe que os rapazes eram gays. A cena, mesmo “censurada”, deixa claro que o beijo aconteceu.
Então, porque ele (o beijo) precisava ser explicitamente exibido ? Que falta ele fez ?
Quantas outras coisas foram insinuadas (e não explicitadas) naquele mesmo capítulo da novela e ninguém sequer se deu conta ?
É para pensar ...
Sinal inequívoco de que o homosexualismo segue sendo um grande tabú.
E o que demonstra isso não é a “censura” do beijo. A arte que insinua é quase sempre melhor do que a que explicita. Não é censura; é forma.
O tabú se revela pela reação coletiva à ausência do beijo.
Seria mais interessante discutir, portanto, a reação à ausência.
Quem acompanhou a novela sabe que os rapazes eram gays. A cena, mesmo “censurada”, deixa claro que o beijo aconteceu.
Então, porque ele (o beijo) precisava ser explicitamente exibido ? Que falta ele fez ?
Quantas outras coisas foram insinuadas (e não explicitadas) naquele mesmo capítulo da novela e ninguém sequer se deu conta ?
É para pensar ...
sábado, novembro 05, 2005
As sombras da corporaçâo - 2
(sugiro ler o “post” anterior antes)
Imagine uma grande empresa familiar, dirigida durante muitos anos por um empreendedor, líder carismático e centralizador (o dono).
A empresa “moderniza-se”, adota uma nova estrutura de governança (sem a presença do dono na linha de comando), elabora um plano estratégico, define políticas de administração geral, implementa sistemas de gestão de desempenho adequados e mantém a maioria dos profissionais de cargos diretivos, ajustando apenas suas posições na nova estrutura.
Toda a cultura, os hábitos, as tradições e relações são imediatamente banidas e substituídas pelo novo modelo de gestão.
E a direção da empresa (incluindo acionistas) passa a agir como se essa idealização correspondesse à realidade.
Tenderá a ignorar que a ausência do líder, por suas características, gerará insegurança e afetará o processo de decisão. Não estará preparada para os problemas de relacionamento que surgirão em função da maior formalização requerida pelo novo modelo, ao qual nem todos os executivos se adaptarão.
E, ao tentar sufocar as características “primitivas”, perderá a oportunidade de aproveitar o que elas podem agregar ao novo modelo e correrá o risco de ser surpreendida pelo seu antagonismo ao modelo idealizado.
Sobretudo, trata-se de uma negação da realidade, já que essas características seguem existindo.
Imagine uma grande empresa familiar, dirigida durante muitos anos por um empreendedor, líder carismático e centralizador (o dono).
A empresa “moderniza-se”, adota uma nova estrutura de governança (sem a presença do dono na linha de comando), elabora um plano estratégico, define políticas de administração geral, implementa sistemas de gestão de desempenho adequados e mantém a maioria dos profissionais de cargos diretivos, ajustando apenas suas posições na nova estrutura.
Toda a cultura, os hábitos, as tradições e relações são imediatamente banidas e substituídas pelo novo modelo de gestão.
E a direção da empresa (incluindo acionistas) passa a agir como se essa idealização correspondesse à realidade.
Tenderá a ignorar que a ausência do líder, por suas características, gerará insegurança e afetará o processo de decisão. Não estará preparada para os problemas de relacionamento que surgirão em função da maior formalização requerida pelo novo modelo, ao qual nem todos os executivos se adaptarão.
E, ao tentar sufocar as características “primitivas”, perderá a oportunidade de aproveitar o que elas podem agregar ao novo modelo e correrá o risco de ser surpreendida pelo seu antagonismo ao modelo idealizado.
Sobretudo, trata-se de uma negação da realidade, já que essas características seguem existindo.
quarta-feira, novembro 02, 2005
As sombras da corporação
Estou retomando a leitura de Jung e seus pares.
Sempre me interessei por psicologia. Na 8a. série estava em dúvida entre ela e a engenharia.
Meu sabio pai disse que deveria escolher estudar o que me entusiasmasse mais ... mas se ambas me divertissem, sugeria a escolha da engenharia, a seu ver e a seu tempo mais eclética.
Estudei engenharia, casei com uma psicóloga e tive a oportunidade de encantar-me por Freud, sua leitura arguta da mente humana e a precisão cirúrgica de seus textos. A voz da consciência.
Jung, de primeira leitura aos vinte anos, pareceu-me incoerente, desconexo, ingênuo e deslumbrado. Experimentei e descartei.
Hoje, passado dos quarenta, reencontro Jung através do livro "O Tarô e a Viagem do Herói" (de Hajo Banzhaf, e que recomendo), numa cadeia de eventos síncronos digna do pai deste conceito.
Com outro repertório e mais vivido, percebo agora Jung como contraponto de Freud ... o inconsciente.
Mas não considero que eu tenha conhecimento de causa suficiente para discorrer sobre nenhum dos dois gigantes.
O que gostaria de compartilhar é um insight oriundo da leitura de textos sobre o processo de individuação (a reorganização do "self" a partir do encontro com o inconsciente e sua aceitação).
Particularmente, chamo a atenção para o conceito de "sombra". Em resumo leigo, "sombra" para os junguianos é o termo que designa nosso "outro lado", aquelas características que procuramos esconder de nós mesmos porque não gostamos ou nos sentimos ameaçados por elas. O nosso lado ameaçador.
Durante boa parte da vida banimos nossa sombra para o inconsciente, enquanto lutamos para construir um ego bem estruturado e confiável. O momento do reencontro com a sombra é o início do processo de individuação, fundamental para que o ser humano possa viver de forma plena.
Deixando de lado as questões pessoais, me ocorreu que as empresas passam pelo mesmo processo. Durante sua estruturação e desenvolvimento, escondemos muita coisa debaixo do tapete. Negamos a existência de características intrínsecas à estrutura, aspectos da cultura, vícios históricos.
Definimos a Missão, a Visão, os Valores, os planos estratégicos, os planos de ação ... Implmentamos sistemas de gestão financeira e de recursos humanos compatíveis com o projeto e os objetivos.
E começamos a acreditar que a empresa que idealizamos é real, e seguimos negando alguns aspectos indesejáveis da realidade.
Com isso, na melhor das hipóteses, perdemos força e disperdiçamos recursos. Na pior, acabaremos mal, supreendidos pela "sombra" da empresa (por aquilo que estamos negando).
Assim como os indivíduos, uma empresa só pode atingir sua plenitude se aceitar sua "sombra".
Nas próximas postagens vou ilustrar esse pensamento com alguns exemplos ...
Sempre me interessei por psicologia. Na 8a. série estava em dúvida entre ela e a engenharia.
Meu sabio pai disse que deveria escolher estudar o que me entusiasmasse mais ... mas se ambas me divertissem, sugeria a escolha da engenharia, a seu ver e a seu tempo mais eclética.
Estudei engenharia, casei com uma psicóloga e tive a oportunidade de encantar-me por Freud, sua leitura arguta da mente humana e a precisão cirúrgica de seus textos. A voz da consciência.
Jung, de primeira leitura aos vinte anos, pareceu-me incoerente, desconexo, ingênuo e deslumbrado. Experimentei e descartei.
Hoje, passado dos quarenta, reencontro Jung através do livro "O Tarô e a Viagem do Herói" (de Hajo Banzhaf, e que recomendo), numa cadeia de eventos síncronos digna do pai deste conceito.
Com outro repertório e mais vivido, percebo agora Jung como contraponto de Freud ... o inconsciente.
Mas não considero que eu tenha conhecimento de causa suficiente para discorrer sobre nenhum dos dois gigantes.
O que gostaria de compartilhar é um insight oriundo da leitura de textos sobre o processo de individuação (a reorganização do "self" a partir do encontro com o inconsciente e sua aceitação).
Particularmente, chamo a atenção para o conceito de "sombra". Em resumo leigo, "sombra" para os junguianos é o termo que designa nosso "outro lado", aquelas características que procuramos esconder de nós mesmos porque não gostamos ou nos sentimos ameaçados por elas. O nosso lado ameaçador.
Durante boa parte da vida banimos nossa sombra para o inconsciente, enquanto lutamos para construir um ego bem estruturado e confiável. O momento do reencontro com a sombra é o início do processo de individuação, fundamental para que o ser humano possa viver de forma plena.
Deixando de lado as questões pessoais, me ocorreu que as empresas passam pelo mesmo processo. Durante sua estruturação e desenvolvimento, escondemos muita coisa debaixo do tapete. Negamos a existência de características intrínsecas à estrutura, aspectos da cultura, vícios históricos.
Definimos a Missão, a Visão, os Valores, os planos estratégicos, os planos de ação ... Implmentamos sistemas de gestão financeira e de recursos humanos compatíveis com o projeto e os objetivos.
E começamos a acreditar que a empresa que idealizamos é real, e seguimos negando alguns aspectos indesejáveis da realidade.
Com isso, na melhor das hipóteses, perdemos força e disperdiçamos recursos. Na pior, acabaremos mal, supreendidos pela "sombra" da empresa (por aquilo que estamos negando).
Assim como os indivíduos, uma empresa só pode atingir sua plenitude se aceitar sua "sombra".
Nas próximas postagens vou ilustrar esse pensamento com alguns exemplos ...
terça-feira, novembro 01, 2005
RPG - Preparando os Gestores do Futuro
Seu filho mais velho ou seu irmão mais novo passa dias trancado numa sala com um bando de gente estranha jogando RPG (Role Playng Game) ?
Não é tão terrível como parece.
Neste jogo o Mestre (experiente) prepara uma aventura que será vivida pelos demais participantes. Cabe ao mestre conduzir os participantes desta aventura no cenário que ele mesmo criou, apresentando os desafios que terão que superar para atingir o objetivo proposto.
O mestre precisa criar, portanto, o contexto (história, objetivo, cenário) e os desafios, de modo a garantir que o jogo seja estimulante e divertido.
Os participantes criam seus personagens de uma maneira bastante interessante. Eles tem um número de "pontos" limitado para distribuir entre diversas competências. Podem optar por construir um personagem muito forte e hábil com armas (guerreiro), mas precisarão abrir mão de outras habilidades como intuição e comunicação.
Um grupo experiente combina a escolha dos personagens de maneira complementar, pois sabe que os desafios que serão apresentados pelo Mestre ao grupo demandarão habilidades distintas a cada momento. Um bom grupo tem sempre um Guerreiro, um Mago, um Ladrão (especialista em ardís) e outros personagens úteis para a missão.
Ao Mestre, único com conhecimento prévio do contexto geral da aventura, compete orientar o time para que a seleção dos personagens seja compatível com as tarefas que surgirão.
Ao longo da aventura, os personagens podem evoluir, e desenvolver novas competências ou ganhar outros recursos (armas, magias, etc.), na medida em que superem os desafios.
O Mestre deve dosar os desafios para que sejam suficientemente difíceis (é a graça do jogo) mas superáveis pelo trabalho em equipe e a perícia individual (estimulantes).
Na minha opinião, trata-se de um dos melhores treinamentos para gestão de pessoas de que tenho notícia.
O pessoal de RH deveria ficar de olho nisso.
E eu, vou sugerir ao meu filho (que adora "mestrar" RPG), que coloque isso no currículo quando chegar o momento.
E, enquanto isso, quem sabe convidá-lo para dar uma palestra para nossa equipe de gestores.
No mínimo, será mais divertido do que os treinamentos convencionais ...
Não é tão terrível como parece.
Neste jogo o Mestre (experiente) prepara uma aventura que será vivida pelos demais participantes. Cabe ao mestre conduzir os participantes desta aventura no cenário que ele mesmo criou, apresentando os desafios que terão que superar para atingir o objetivo proposto.
O mestre precisa criar, portanto, o contexto (história, objetivo, cenário) e os desafios, de modo a garantir que o jogo seja estimulante e divertido.
Os participantes criam seus personagens de uma maneira bastante interessante. Eles tem um número de "pontos" limitado para distribuir entre diversas competências. Podem optar por construir um personagem muito forte e hábil com armas (guerreiro), mas precisarão abrir mão de outras habilidades como intuição e comunicação.
Um grupo experiente combina a escolha dos personagens de maneira complementar, pois sabe que os desafios que serão apresentados pelo Mestre ao grupo demandarão habilidades distintas a cada momento. Um bom grupo tem sempre um Guerreiro, um Mago, um Ladrão (especialista em ardís) e outros personagens úteis para a missão.
Ao Mestre, único com conhecimento prévio do contexto geral da aventura, compete orientar o time para que a seleção dos personagens seja compatível com as tarefas que surgirão.
Ao longo da aventura, os personagens podem evoluir, e desenvolver novas competências ou ganhar outros recursos (armas, magias, etc.), na medida em que superem os desafios.
O Mestre deve dosar os desafios para que sejam suficientemente difíceis (é a graça do jogo) mas superáveis pelo trabalho em equipe e a perícia individual (estimulantes).
Na minha opinião, trata-se de um dos melhores treinamentos para gestão de pessoas de que tenho notícia.
O pessoal de RH deveria ficar de olho nisso.
E eu, vou sugerir ao meu filho (que adora "mestrar" RPG), que coloque isso no currículo quando chegar o momento.
E, enquanto isso, quem sabe convidá-lo para dar uma palestra para nossa equipe de gestores.
No mínimo, será mais divertido do que os treinamentos convencionais ...
segunda-feira, outubro 31, 2005
Don Quixote - confesso que eu lí
Antes tarde do que nunca, comecei a ler alguns clássicos.
Um deles, Don Quixote, decidi ler motivado por um presente que ganhei de meus pais: uma simpática escultura em bronze do nobre cavaleiro da Mancha.
Nada como passar uma semana trabalhando fora do escopo habitual, como acabo de fazer, para observar o cotidiano com "um outro olhar" (expressão da moda dos educadores).
Para mim (que não havia lido a obra), Don Quixote era o símbolo de um idealismo ingênuo, altruista, fantasioso e inútil (a luta contra moinhos de vento).
Na leitura, encontrei, de fato, o Quixote idealista e fantasioso (melhor dizer alucinado). Mas nada ingênuo e tampouco altruista (é um grande explorador do Sancho Pança).
A percepção de "inutilidade" de seus esforços é decorrente do fato de que Don Quixote luta suas próprias batalhas, desconectado da realidade. E como a realidade não dialoga com a fantasia, o próprio Quixote se dá conta de que não esta tendo o sucesso que pretendia, atribuindo seus sucessivos fracassos à bruxaria (agentes externos, traiçoeiros, fora de seu controle).
Tão impressionante quanto sua determinação de seguir lutando é sua resistência ao contato com a realidade.
O distanciamento momentâneo do cotidiano me ofereceu a possibilidade de observar minhas batalhas cotidianas de uma saudável distância, e a oportunidade de avaliar se algumas delas não seriam Quixotescas - no sentido de estarem baseadas mais no desejo do que na realidade.
E o rítimo diferente do ambiente de congresso também me fez perceber outra possível conexão com a obra de Cervantes, mais anagramática. Dei-me conta de que, nos últimos meses, tenho trabalhado sob intensa pressão exercida por mim mesmo. De baixo de um Xicote ... tal qual o próprio Don Quixote em suas sucessicas aventuras.
Melhor rever os meus conceitos ...
Um deles, Don Quixote, decidi ler motivado por um presente que ganhei de meus pais: uma simpática escultura em bronze do nobre cavaleiro da Mancha.
Nada como passar uma semana trabalhando fora do escopo habitual, como acabo de fazer, para observar o cotidiano com "um outro olhar" (expressão da moda dos educadores).
Para mim (que não havia lido a obra), Don Quixote era o símbolo de um idealismo ingênuo, altruista, fantasioso e inútil (a luta contra moinhos de vento).
Na leitura, encontrei, de fato, o Quixote idealista e fantasioso (melhor dizer alucinado). Mas nada ingênuo e tampouco altruista (é um grande explorador do Sancho Pança).
A percepção de "inutilidade" de seus esforços é decorrente do fato de que Don Quixote luta suas próprias batalhas, desconectado da realidade. E como a realidade não dialoga com a fantasia, o próprio Quixote se dá conta de que não esta tendo o sucesso que pretendia, atribuindo seus sucessivos fracassos à bruxaria (agentes externos, traiçoeiros, fora de seu controle).
Tão impressionante quanto sua determinação de seguir lutando é sua resistência ao contato com a realidade.
O distanciamento momentâneo do cotidiano me ofereceu a possibilidade de observar minhas batalhas cotidianas de uma saudável distância, e a oportunidade de avaliar se algumas delas não seriam Quixotescas - no sentido de estarem baseadas mais no desejo do que na realidade.
E o rítimo diferente do ambiente de congresso também me fez perceber outra possível conexão com a obra de Cervantes, mais anagramática. Dei-me conta de que, nos últimos meses, tenho trabalhado sob intensa pressão exercida por mim mesmo. De baixo de um Xicote ... tal qual o próprio Don Quixote em suas sucessicas aventuras.
Melhor rever os meus conceitos ...
sexta-feira, outubro 28, 2005
Enxugando Gelo
Sabe a expressão "enxugar gelo" ? Aquela que a gente usa para se referir a trabalhos intermináveis e causas perdidas ?
É uma imagem interessante. Por mais que você enxugue o gêlo, ele segue molhado.
A ansiedade só não é maior porque a gente imagina que em algum momento o gêlo termina por se derreter todo e o trabalho acaba.
Agora, imagine uma pedra de gêlo bem grande .... um iceberg.
Imagine-se enxugando um iceberg. E imagine que você só vai poder voltar para casa (ou ganhar um sorvete, ou sair com a namorada, ou ir dormir) quando acabar de enxugar o cujo dito ....
Pois assim me parecem os e-mails, que insistem em brotar, com singular alegria e surpreendente determinação, minha caixa postal.
Por um lado sou grande fã do instrumento. A comunicação assíncrona, que respeita os tempos e desejos individuais (eu escrevo quando posso e você responde quando quizer).
Por outro, o abuso de uns, pncipalmente os agentes do pseudo-marketing-direto (spam), e a falta de cuidado (ignorância ou etiqueta) de outros, aqueles que insistem em replicar sempre tudo com cópia para todo mundo, complicaram a vida de todos.
Lí num blog outro dia (linguaenoticia.blogger.com.br) que os altos executivos estariam, já no final de 2004, recebendo de 300 a 500 e-mails por dia e que isso estaria afetando seu humor no trabalho.
Eu, pessoalmente, recebo entre 900 e 1200 e-mails por semana. Aproximadamente a metade deles são SPAMS ou suas variantes. Uns 25% são cópias de mensagens endereçadas a outras pessoas. Sobram 300, em média, que preciso efetivamente ler e responder. Mais ou menos 60 por dia útil de trabalho (segunda a sexta). Se entre ler e responder gastar 4 minutos por e-mail, essa tarefa consumirá aproximadamente 4 horas diárias.
Na pratica, percebo que muitos de nós passamos dias inteiros respondendo e-mails, a não ser que sejamos interrompidos por algum telefonema ou reunião.
No final do dia a gente percebe que nem teve tempo para tomar um café com os amigos do escritório, que também não te procuraram porque estavam enxugando gelo, como você.
Mas tudo bem. Quando me dou conta disto, mando um e-mail para eles antes de voltar para casa.
É uma imagem interessante. Por mais que você enxugue o gêlo, ele segue molhado.
A ansiedade só não é maior porque a gente imagina que em algum momento o gêlo termina por se derreter todo e o trabalho acaba.
Agora, imagine uma pedra de gêlo bem grande .... um iceberg.
Imagine-se enxugando um iceberg. E imagine que você só vai poder voltar para casa (ou ganhar um sorvete, ou sair com a namorada, ou ir dormir) quando acabar de enxugar o cujo dito ....
Pois assim me parecem os e-mails, que insistem em brotar, com singular alegria e surpreendente determinação, minha caixa postal.
Por um lado sou grande fã do instrumento. A comunicação assíncrona, que respeita os tempos e desejos individuais (eu escrevo quando posso e você responde quando quizer).
Por outro, o abuso de uns, pncipalmente os agentes do pseudo-marketing-direto (spam), e a falta de cuidado (ignorância ou etiqueta) de outros, aqueles que insistem em replicar sempre tudo com cópia para todo mundo, complicaram a vida de todos.
Lí num blog outro dia (linguaenoticia.blogger.com.br) que os altos executivos estariam, já no final de 2004, recebendo de 300 a 500 e-mails por dia e que isso estaria afetando seu humor no trabalho.
Eu, pessoalmente, recebo entre 900 e 1200 e-mails por semana. Aproximadamente a metade deles são SPAMS ou suas variantes. Uns 25% são cópias de mensagens endereçadas a outras pessoas. Sobram 300, em média, que preciso efetivamente ler e responder. Mais ou menos 60 por dia útil de trabalho (segunda a sexta). Se entre ler e responder gastar 4 minutos por e-mail, essa tarefa consumirá aproximadamente 4 horas diárias.
Na pratica, percebo que muitos de nós passamos dias inteiros respondendo e-mails, a não ser que sejamos interrompidos por algum telefonema ou reunião.
No final do dia a gente percebe que nem teve tempo para tomar um café com os amigos do escritório, que também não te procuraram porque estavam enxugando gelo, como você.
Mas tudo bem. Quando me dou conta disto, mando um e-mail para eles antes de voltar para casa.
quarta-feira, outubro 26, 2005
Relevância da Mídia Impressa
Tendo acabado de assistir a 3 dias de congresso sobre mídia impressa, não posso deixar de comentar duas chamadas que ví hoje no site do UOL.
Finantial Times: McDonald's adotará rótulos com o valor nutricional de lanches.
The New York Times: Ilusões justificam o altíssimo preço do striptease de luxo.
Considerando que nenhuma revista ou jornal pode cobrir todos os assuntos relevantes do planeta (ou mesmo de seu país) que aconteceram no período de intervalo entre edições (escolhem as notícias mais relevantes para publicar) imagino que nada mais importante do que isso esteja acontecendo no mundo dos negócios ...
Ou seja, nessa semana não vou precisar ler nenhum dos dois títulos !
Finantial Times: McDonald's adotará rótulos com o valor nutricional de lanches.
The New York Times: Ilusões justificam o altíssimo preço do striptease de luxo.
Considerando que nenhuma revista ou jornal pode cobrir todos os assuntos relevantes do planeta (ou mesmo de seu país) que aconteceram no período de intervalo entre edições (escolhem as notícias mais relevantes para publicar) imagino que nada mais importante do que isso esteja acontecendo no mundo dos negócios ...
Ou seja, nessa semana não vou precisar ler nenhum dos dois títulos !
Papai Noel Brasileiro
O Natal está chegando.
Isto significa que muitos brasileiros vão se vestir de Papai Noel, à trabalho ou em família.
E vão usar aquela tradicional roupa vermelha, projetada para o Inverno do hemisfério norte.
Dizem, e pelo que pude pesquisar é verdade, que a atual versão da roupa do Noel foi desenhada para uma campanha da coca-cola, ainda na primeira metade do século passado.
Me ocorre que o Guaraná Antartica poderia lançar uma campanha de Natal com um Papai Noel tropical.
Vai levar um tempo até a moda pegar, mas no final, muitos brasileiros agradecerão.
Eu, entre eles.
Isto significa que muitos brasileiros vão se vestir de Papai Noel, à trabalho ou em família.
E vão usar aquela tradicional roupa vermelha, projetada para o Inverno do hemisfério norte.
Dizem, e pelo que pude pesquisar é verdade, que a atual versão da roupa do Noel foi desenhada para uma campanha da coca-cola, ainda na primeira metade do século passado.
Me ocorre que o Guaraná Antartica poderia lançar uma campanha de Natal com um Papai Noel tropical.
Vai levar um tempo até a moda pegar, mas no final, muitos brasileiros agradecerão.
Eu, entre eles.
terça-feira, outubro 25, 2005
Do comunismo ao capitalismo - A Praga
Estou em Praga. Num congresso (WWRS), a trabalho, portanto.
Mas não pude deixar de visitar pelo menos um museu e um castelo.
O museu foi o de Kafka. O castelo, de antigos nobres Tchecos, na periferia da cidade.
Minha conclusão foi a de que os maus marketeiros, expulsos do ocidente pela necessidade de praticarem um bom serviço, encontraram guarida do lado de cá.
O museu não superava, em conteúdo, qualquer feira de ciências da 8a. série.
O castelo parecia ter sido reformado por estagiários da disneilândia. Para não falar do guarda que preocupava-se mais em evitar que os turistas encostassem nos móveis (resgatados da ditadura comunistas) do que com supostos Rembrant, Rubens e Velasquez displicentemente misturados com centenas de pinturas-retrato espalhadas pelas paredes dos aposentos do castelo.
Tenderia a dizer que eles ainda tem muito o que aprender sobre marketing de serviços.
Mas a verdade é que a cidade está lotada de turistas encantados.
Que praga ...
Mas não pude deixar de visitar pelo menos um museu e um castelo.
O museu foi o de Kafka. O castelo, de antigos nobres Tchecos, na periferia da cidade.
Minha conclusão foi a de que os maus marketeiros, expulsos do ocidente pela necessidade de praticarem um bom serviço, encontraram guarida do lado de cá.
O museu não superava, em conteúdo, qualquer feira de ciências da 8a. série.
O castelo parecia ter sido reformado por estagiários da disneilândia. Para não falar do guarda que preocupava-se mais em evitar que os turistas encostassem nos móveis (resgatados da ditadura comunistas) do que com supostos Rembrant, Rubens e Velasquez displicentemente misturados com centenas de pinturas-retrato espalhadas pelas paredes dos aposentos do castelo.
Tenderia a dizer que eles ainda tem muito o que aprender sobre marketing de serviços.
Mas a verdade é que a cidade está lotada de turistas encantados.
Que praga ...
E o medo venceu a esperança ...
Ganhou o não (que quer dizer sim). O medo da ditadura venceu a esperança de resolver o problema da violência urbana pelo voto. Era nisso que estávamos votando ?
quarta-feira, outubro 19, 2005
Pelo sim, pelo não ...
Neste próximo final de semana milhões de pessoas, antes sem informação e agora desinformadas, votarão em uma importante questão onde causa e efeito foram artificialmente associados.
Alguns milhões de dolares depois, é provável que o único efeito concreto dessa iniciativa seja o impacto sobre a participação das empresas brasileiras no mercado internacional de armas leves.
Um taxista cujo hobby é realizar enquetes informou que os mais instruidos e os mais bandidos são contra o desarmamento, ambos porque consideram-no um cerceamento à liberdade.
Os mais pobres e a classe média são a favor, mas imaginam estar votando para resolver o problema da violência urbana (que, convenhamos, tem alguma chance de ser resolvida com outro tipo de voto, durante as eleições).
As pesquisas apontam para uma disputa acirrada. Não podia ser de outra forma já que votar SIM quer dizer não, e votar NÃO significa dizer sim, e tanto num caso como no outro TALVEZ alugns saibam no que realmente estão votando.
E eu fico pensando que todo esse investimento e mobilização popular poderiam ter sido direcionados para resolver alguns dos problemas de base verdadeiramente relacionados com a violência urbana no Brasil, o país do desperdício.
Alguns milhões de dolares depois, é provável que o único efeito concreto dessa iniciativa seja o impacto sobre a participação das empresas brasileiras no mercado internacional de armas leves.
Um taxista cujo hobby é realizar enquetes informou que os mais instruidos e os mais bandidos são contra o desarmamento, ambos porque consideram-no um cerceamento à liberdade.
Os mais pobres e a classe média são a favor, mas imaginam estar votando para resolver o problema da violência urbana (que, convenhamos, tem alguma chance de ser resolvida com outro tipo de voto, durante as eleições).
As pesquisas apontam para uma disputa acirrada. Não podia ser de outra forma já que votar SIM quer dizer não, e votar NÃO significa dizer sim, e tanto num caso como no outro TALVEZ alugns saibam no que realmente estão votando.
E eu fico pensando que todo esse investimento e mobilização popular poderiam ter sido direcionados para resolver alguns dos problemas de base verdadeiramente relacionados com a violência urbana no Brasil, o país do desperdício.
quinta-feira, outubro 13, 2005
Das razões da razão
Tudo é pessoal. Isso, qualquer gestor com um pouco de experiência já deve ter percebido.
Hoje me perguntei o que aconteceria se deixássemos de lado o trabalho de elaborar argumentos racionais para defender posições que são, no fundo, pessoais.
Ou seja, ao invés de afirmar que não podemos substituir, neste momento, o software de gestão financeira porque os riscos inerentes à transição imediata são grandes e o investimento necessário para rodar dois sistemas em paralelo não pode ser suportado pelo budget desse ano, simplesmente dizer: não quero fazer porque vai dar muito trabalho e, ainda por cima, comprometer minha bonificação.
Como seria esse mundo de negócios se a verdade estivesse sobre a mesa ?
Mais eficiente porque economizaríamos o tempo gasto seja criando seja debatendo argumentos pseudo-racionais ?
Um caos, porque certas coisas não se deve dizer ?
A razão tem suas razões.
As pessoas, sua motivação.
As empresas, sua missão.
E os executivos, muito trabalho para conciliar tudo isso.
Hoje me perguntei o que aconteceria se deixássemos de lado o trabalho de elaborar argumentos racionais para defender posições que são, no fundo, pessoais.
Ou seja, ao invés de afirmar que não podemos substituir, neste momento, o software de gestão financeira porque os riscos inerentes à transição imediata são grandes e o investimento necessário para rodar dois sistemas em paralelo não pode ser suportado pelo budget desse ano, simplesmente dizer: não quero fazer porque vai dar muito trabalho e, ainda por cima, comprometer minha bonificação.
Como seria esse mundo de negócios se a verdade estivesse sobre a mesa ?
Mais eficiente porque economizaríamos o tempo gasto seja criando seja debatendo argumentos pseudo-racionais ?
Um caos, porque certas coisas não se deve dizer ?
A razão tem suas razões.
As pessoas, sua motivação.
As empresas, sua missão.
E os executivos, muito trabalho para conciliar tudo isso.
quarta-feira, outubro 12, 2005
GRANDE INAUGURAÇÃO DO BLOG
Trabalhei muitos anos em agências de propaganda, e atendi algumas "contas" importantes de varejo (Arapuã, Brasimac, etc). Deve ser por isso que uma inauguração me leve sempre a pensar na necessidade de oferecer descontos, brindes ou qualquer outro benefício que agregue valor ao local inaugurado, estimulando a visitação e estabelecendo um simpático primeiro contato que, sempre se espera, transformar-se-á em um vínculo duradouro.
Entretanto, como este primeiro texto postado é um "teste", vou considerar o evento como uma pré-inauguração e deixar o viés publicitário para mais tarde.
Entretanto, como este primeiro texto postado é um "teste", vou considerar o evento como uma pré-inauguração e deixar o viés publicitário para mais tarde.
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