Hoje faço a apresentação.
A Mulher Objeto sugeriu que eu contasse essa passagem aqui no blog, para ilustrar as picardias dessa situação.
Num congresso internacional importantíssimo, com a presença de grandes acadêmicos de pesquisa dos principais países e empresas do setor, encontram-se na mesa plenária para apresentações um chinês, uma canadense, um japonês e um brasileiro (não é piada, ok ?).
É o primeiro painel do dia, 8h30 da manhã. Na noite anterior havia acontecido o Gala Dinner, um jantar elegantemente regado a vinho, que obviamente terminou bastante tarde.
O brasileiro foi o primeiro a apresentar. Sem problemas. A adrenalina cumpriu seu papel e a proverbial informalidade brasileira foi suficiente para manter a platéia acordada.
Termina educadamente aplaudido e entrega o posto para a canadense. Bonita, séria e com uma apresentação interessante.
O brasileiro, de volta à mesa, dá uma olhada na sequencia das demais apresentações do painel.
O chinês, um técnico fantástico, fará duas. Temas também interessantes mas complexos e, se o chinês fizer como de hábito, com muitas fórmulas e tabelas.
Depois dele, um japonês, que não fala inglês e, portanto, será secundado por sua tradutora pessoal (uma novidade no congresso).
O brasileiro logo imagina que vai ser difícil permanecer acordado, dado seu histórico desde os tempos de faculdade. Apropria-se imediatamente de dois potes de balas de goma que estavam sobre a mesa dos palestrantes, preparado para comer compulsivamente.
A canadense volta à mesa, devidamente aplaudida, e senta-se do lado do brasileiro.
O brasileiro lhe pede, como favor, que a canadense lhe dê um "cutucão" caso o flagre dormindo.
A canadense sorri e faz algum comentário sobre o senso de humor dos brasileiros.
O painel segue. O brasileiro resiste galhardamente à primeira apresentação do chinês, mas começa a fraquejar visivelmente na segunda. O primeiro pote de balas de goma já havia terminado e o segundo ia pela metade.
O chinês termina sua segunda apresentação.
O brasileiro relaxa um pouco o nó da gravata e bebe meia garrafa de água. Discretamente, molha o dedo no copo e leva aos olhos, como se estivesse com um sisco.
Começa a apresentação do japonês. Voz baixa, fala lerda. A cada parágrafo se interrompe para que a tradutora, com forte sotaque japonês, faça a tradução igualmente lenta e monocórdica.
A canadense, distraidamente, olha para o lado para comentar algo e percebe que o brasileiro apagou.
Cutucão master. O brasileiro levanta a cabeça assustado e dá de cara com os olhos arregalados da canadense. Agradece e pede que ela alcance um terceiro pote de balas de goma que está na ponta da mesa.
Permanece acordado, heroicamente, até o final.
Terminado o painel, desce do palco e encontra um amigo com quem comenta a sorte da canadense haver percebido sua cochilada.
O amigo, algo constrangido, informa que ela levou muiiiito tempo para perceber.
Acontece !!!
(ps - mesmo assim fui convidado para o congresso seguinte)
quarta-feira, maio 27, 2009
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17 comentários:
Não admira! Todos os deputados, que são apanhados pelas câmaras de televisão a dormir, renovam o mandato...
Abraço.
António
haha.....Será que vc roncou ? Improvável, né? A canadense teria escutado e seria menos tempo de mico.....rs
E será que vc babou???.........kkkkkkkkk
Quer saber? Essa é a grande vantagem de ser brasileiro e sem grandes protocolos que o resto do mundo possui.
Detalhe que me deixou curiosa pra caramba: vc conseguiu ir no banheiro no dia seguinte?............kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
haja balinha de goma!
valeu, por ter aceito o convite e ter permanecido comigo.
beijos
P.S Me manda o e-mail do Arguta...não aparece aqui; só o do hot!
E qto seria esse muuuuiiiito?
ℓυηα
Nossa!!!! rsrsrs Acho que eu dormiria em todas. Odeio palestra. Bjs
hahahahahhahahahahhahahahahahha...
vc pode fingir fazer anotações e criar histórias, ué... Imagina que suruba interessante ia sair com uma canadense, um chinês, um japonês e vc... hahahahah
("cutucão master" - hehe)
Quase um pré-diabético!
Compulsivo e ansioso, que nem eu! Às vezes, na frente de um professor, desenho na contra-capa se não suporto a monotonia... Não que isso seja bom, mas é como conseguimos levar aquilo...
Sobre teu comentário no meu último post, te digo que, realmente essa coisa cultural de "ter" alguém pra "ser" alguém é motivo de lamúrias; mas, pode ter certeza, eu já passei dessa fase.
Até, se notardes, no final da narrativa, eu falo sobre "encontrar a força nos meus olhos" tudo muito metafórico claro, como o resto do texto.
Aquele texto acaba parecendo que eu sinto falta de alguém, quando é de uma pessoa em especial; um daqueles amores doííídos de tempos atrás, sabe? E daí, pra poder descarregar bem, largo em forma de texto, quanto melhor que seja no computador, pois não massacro tanto meus dedos e meu punho escrevendo.
A cafeteria sempre teve fins terapêuticos! Tô adorando teu diário de bordo, dá pra "viver" lá tb.
Beijos, e um café.
Flávio, quando comecei a ler, juro que pensei" isso é o próprio Flávio..."...rsrsrs
E no final não deu outra!
Mas imagino que sua apresentação compensou qualquer cochilo demorado...rs
Beijos!
PS: Espero que esteja fazendo uma ótima viagem!
:o
jura que não é anedota???
Tapadinhas: vote em mim, ora pois.
Pô, Cris_Animal ... você também pensa em cada coisa ...
Luna: preferi não perguntar ...
Rosimeire: pois é ... eu também ...
Érica: o sono era tanto que eu deixaria o chines e o japones irem primeiro ...
Carla PS: não se preocupe .. nem eu levo muito a sério o que digo.
Alice: a viagem está sendo ótima, fora as saudades da namorada (4 dias sem é muita coisa).
c.: pior do que japones falando inglês é japones falando japonês com tradutora ... acredite.
Gabrielle: você ainda não percebeu que eu sou uma piada ?
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