Páginas

terça-feira, junho 02, 2009

Marketing de definição

De uma conversa com o Guilherme (meu filho) e de algumas apresentações que assisti no congresso, me ocorreu elaborar uma classificação para os diversos tipos de marketing.
Guilherme mencionou uma definição postulada em um livro que estava lendo, que contrapunha o "marketing de difusão" (propaganda na TV, por exemplo) ao "marketing de permissão" (quando você autoriza alguém a te enviar uma mensagem ou um catálogo).
Marketing é a diciplina mais indiciplinada para conceitos. Todo mundo se sente no direito de criar novas definições que sirvam ao seu propósito.
Eu acho isso fantástico, até o momento em que o sujeito começa a levar a sério suas próprias definições. E piora quando ele começa a se irritar porque os outros não levam a sério. Mas a liberdade e a autoridade para criar merecem ser congratuladas.
Eu mesmo vivo definindo coisas.
No ano passado mesmo criei os termos "interruptiva-autista" e "interativa-fractal" para definir conceitualmente a velha e a nova propaganda.
Andei sugerindo o termo "marketing de contextualização" para nominar as técnicas específicas de posicionamento de marcas em redes sociais. Me parece melhor do que "buzz marketing". A letra "z" dobrada no final me dá aflição (trauma de pernilongos).
Mas ninguém tem dado muita bola para os nomes que invento.
Provavelmente porque não tenho publicados livros.
Uma definição em um livro é coisa séria, segura. Você pode repetir sem receio.
Já reparou como os profissionais tem medo de citar a Wikipedia como referência ?
Nos EUA, cada vez que um sujeito cria um nome novo para algo ligado a marketing, publica um livro.
A receita é sempre a mesma: título enigmático e/ou engraçado, uma introdução dizendo que aquele conceito explica tudo e que sua vida vai mudar quando entender o que ele significa, uma série de exemplos de empresas que estavam aplicando o conceito (sem saber e mesmo antes do autor haver inventado) e tiveram muito sucesso e alguns outros de empresas que não aplicaram e se deram mal.
Falta-me paciência para ler ou escrever coisas assim.
Prefiro trocar idéias com vocês aqui no Arguta.

20 comentários:

Batom e poesias disse...

Quando falou que estava reflexivo, pensei que ia demorar a postar... Que bom que voltou logo a escrever.
Adorei a observação de que só quem tem livros publicados pode inventar palavras e ser levado a sério. Concordo.
Como você chamaria o telemarketing e os spans? "Marketing de invasão"?
Eu gosto da forma e do conteúdo do que escreve.
bjs
Rossana

zuleica-poesia disse...

Valeu a pena levantar cedo para ler o que você escreveu mais cedo ainda. Que menino dedicado! Mas acho que estou velha para acompanhar tantos neologismos.Beijos da Zuleica.

A.Tapadinhas disse...

Dentro do espírito de palavras ou conceitos que precisam ser inventados, vou oferecer-te um título para o teu próximo livro que, como a palavra sugere, pode ser qualquer coisa:
"Markething"
...

Abraço.
António

Udi disse...

...
pegando uma carona no arguto comentário do António, logo aí em cima: "Markethink"

Nada como ser leitor de um blog cujo owner é um mestre que tem criatividade de publicitário e olhar de filósofo.

(não é tietagem! deve ser só saudade e amizade)

Carla P.S. disse...

Concordo, bem mais agradável..
A burocracia humana é fascinante mas, se tudo corresse justamente nesse lugar onde vivemos, as pessoas seriam mais criativas e menos calculistas..
Aceite um café! Ainda não tomei o meu hoje, vou tomar antes da aula de noite..
Tu viu o frio, coisa bem boa?
Beijos!

Ernesto Dias Jr. disse...

Há dois tipos de marketing. O que cativa e vende (mais ou menos 1,22% do total) e o que pensa vender mas enche o saco (o resto).
Mas eu não sou um tárgueti normal. Ainda abomino empresas que compram seis páginas duplas na revista e me fazem folhear todo aquele lixo como um bobo até a próxima matéria.

Suzana disse...

Pena, porque sua didática nos livros ( sem falar nas apresentações) é excelente!O título "marketing de contextualização" certamente faria sucesso com entrevista no JÔ!
Pense bem, há inúmeros alunos carentes de informação e análise de alguém com competência e brasileiro!

Ava disse...

Vou embarcar nas palavras do Ernesto...rs

Não é o exagero que vende... É a qualidade... Isso é bem antigo...rs

Qualquer tipo de marketing precisa ser enxuto, clean, não encher o s... do consumidor/cliente...

Por essa e outras que assino junto com o Ernesto..rs

Beijos

Amélia disse...

Por falar em livro, li um parágrafo que achei muito interessante...

"Pessoas que escreviam resenhas negativas de livros eram percebidas como menos simpáticas, mas mais inteligentes, competentes e peritas. "Só o pessimismo soa profundo. O otimismo soa superficial" (Professora Teresa Amabille)

Adorei!!

Flavio Ferrari disse...

Rossana: tks. Marketing de aporrinhamento ...

Flavio Ferrari disse...

Mãe: não precisa acompanhar ... crie os seus.

Flavio Ferrari disse...

Tapadinhas e Udi: adorei as sugestões. Vou usar.

Flavio Ferrari disse...

Carla: já te falei que detesto o frio, por isso fico viajando. Aqui em Porto Rico está uns 26 graus.

Flavio Ferrari disse...

Ernesto: tu precisa voltar a beber ...

Flavio Ferrari disse...

Suzana: me avise quando encontrar o cara ...

Flavio Ferrari disse...

Alice: imagino que mais pelas outras do que por essas ...

Flavio Ferrari disse...

Ti: o Ernesto é um gênio.

Érica Martinez disse...

"brigada"!

(PS: eu gosto do wikipedia!)

Érica Martinez disse...

Ti, esse assunto dá MUITO o que pensar!

Suzana disse...

F.F. ! Não seja tão pessimista. Tenho certeza que existem alunos que realmente desejam aprender.Talvez poucos, mas existem.
Ou não?!