Páginas

segunda-feira, junho 01, 2009

Sozinho na multidão (uma reflexão)


Na noite do coquetel e do jantar em Barcelona, quando cheguei à beira da piscina, me dei conta de que não conhecia nenhuma das 350 pessoas que lá estavam.
Não é um fato comum.
Normalmente participo de congressos onde conheço boa parte das pessoas e, algumas delas há anos. Isso quando não vamos em "comitiva", para apresentar papers compartilhados.
Mas naquela noite foi assim.
Eu fiquei lá parado, à beira da piscina, ouvindo dois rapazes tocando violão com o bom e velho ímpeto espanhol e pensando se iria embora ou ficava para o jantar.
Não estava com vontade de socializar profissionalmente. E embora precisasse jantar, uma certa carência afetiva indicava que não me faria bem sentar numa mesa com mais 7 desconhecidos (e conhecidos entre sí).
Foi então que ví Ramona e Alina, e decidi puxar papo.
A decisão foi baseada em alguns fatores. Queria jantar, não queria jantar sozinho e não queria companhia muito formal. Elas estavam vestidas de maneira casual e pareciam receptivas.
Enquanto olhava para as duas, o olhar da Ramona cruzou o meu. Dei um leve e educado sorriso acenando a cabeça (como cabe em coquetéis de negócios) e percebi depois, de canto de olho, que ela fez algum comentário sobre mim com a Alina.
A vantagem de ter um nível razoável de auto-estima, é que não me passou pela cabeça que o comentário fosse algo como "veja que tipo ridículo alí sozinho", e menos ainda que isso fosse dito em romeno.
Bem, certamente foi em romeno. Talvez tenha errado no conteúdo também. Mas acabei puxando papo com as garotas, elas foram super-simpáticas comigo, o jantar foi agradável e nossa blogaldeia expandiu-se para outras latinidades.
Mas quando voltei para o quarto (sozinhos, senhoras), recebi um mail informando que um rapaz que trabalha para empresa em Miami teve uma crise séria de cólica renal e teve que ser internado em um hospital.
Como sou dado a episódios quinquenais de cólica renal, sei bem o que é isso.
E fiquei pensando como seria ter uma crise alí, entre 350 desconhecidos, sem minha irmãzinha e seu arsenal de anestésicos, sem a namorada, sem os filhos, os amigos, sem ninguém a quem você pudesse entregar o seu desespero e pedir para ser acolhido.
Essa possibilidade, no meu caso, não é remota, embora nunca tenha acontecido nada parecido tão longe de casa e sozinho.
Concluí que é preciso uma de duas coisas para fazer esse tipo de viagem: coragem ou ignorância ...

29 comentários:

Tata disse...

Oie,

Nossa cólica é terrível, renal deve ser ao cubo!!!
Longe de casa ainda...pode pôr a décima potência!!!

Quanto a vc ter puxado conversa com as garotas...super normal,o bom dessas viagens á negócios é fazer contatos,sejam eles de negócios ou não. Só assim conhecemos gente nova!!

PS= Com certeza o comentário dela em Romeno,não foi o que vc imaginou!!! KKKKK

bjinhos

Mariana Moralles disse...

Ainda está na andança??? Boa semana! Bjsss

Carla P.S. disse...

Ignorância se tu ficasses em casa, esperando a vida passar, apenas com o esperado e os mesmos "sabores e cores". Gosto muito de gente "cidadã do mundo", que escolhe seus contatos pelo brilho do olhar, não a língua ou religião. E sozinho tu não ficas, só se quiseres! Grande amigo bon-vivant, tens lábia..aahaha..
Eu tô falando "deveras" poeticamente.
Vou te confessar uma coisa: to muito aliviada que não estavas no airbus que ia pra Paris. Sabia que tu andava pelas bandas da Europa, fiquei receosa. Um café então, por tu estares vivo, e eu tb! hahaha
Beijos!

Ava disse...

Síndrome de menino carente...rs

Quanto a decisões... Acho melhor a coragem...

Vc consegue fazer a gente ter peninha de vc... Vc se pode algo assim?

Vc é muito bom no que faz... Tenho que admitir...rsrsr


Beijos!

Unknown disse...

olá, amigooo!
Incrivel, mas me senti assim ontem, sozinha em SP depois que todos do grupo voltaram pra casa e eu fiquei sooooooooooooooooo. vantagem é que não estava tao longe de casa assim, hehehe. bjoooo

Glaura disse...

Vou com meus remédios para onde precise de mim! Problema será ser pega com as agulhas pela polícia federal...

Letícia Alves disse...

Coitado do rapaz!!!
É, não deve ser fácil no meio de gente desconhecida não.
Beijos Tempestuosos!

Simone disse...

Haha... no seu caso é coragem! Lembro do ímpeto mesmo com a suína. É coragem, vá! E a Auto-estima?

Mas então, quando o assunto é remédio, admito que sou realmente dependente da mamãe. Que triste...

Mariana Dore disse...

O pior eh q parecia q só você não conhecia alguem alí. Eu também n gosto de estar sozinha, e penso q peciso de companhia o tempo todo uahahua
=*

;D

Anônimo disse...

Flávio,

no seu caso,
como coragem é o que não te falta mesmo,
e ignorância não faz parte
de seu repertório,
sugiro a você que se questione quanto
a possibilidade de puro esquecimento.



Abç!!

Suzana disse...

Bem vindo ao mundo dos mortais!
Ruim, né!

bjs

Fernanda disse...

Flávio, nem coragem, nem ignorância. Disposição.
Se toda vez pensasse na possibilidade da cólica renal, certamente você seria menos livre.

Ah, e sem dúvida as duas romenas não negariam oferecer ajuda, ainda que em romeno!! rs
Bjs

Anne M. Moor disse...

A gente nunca sabe o que a vida nos reserva... E sentir-se só num mar de 320 pessoas é uma sensação esquisita nénão? Pensamentos como: "Que diabos estou fazendo aqui" surgem em seguida... :-)

Amélia disse...

Tem uma terceira... NECESSIDADE!!

Beijocas e que suas anjas sempre te acompanhem... Já que a fada nem sempre pode estar presente!!!

Beijocas

Flavio Ferrari disse...

Tata: vai saber ...

Flavio Ferrari disse...

Mariana: ainda ... o chopp vai ter que esperar ...

Flavio Ferrari disse...

Carla: disso eu não morro, pode deixar.

Flavio Ferrari disse...

Alice: um verdadeiro provocador de emoções ...

Flavio Ferrari disse...

Deise: só não procurou a gente porque não quis ...

Flavio Ferrari disse...

Glaura: agulha não é nada, o pior é o sedativo ...

Flavio Ferrari disse...

Tempestade: as vezes é ... as vezes não ...

Flavio Ferrari disse...

Simone: se dependesse da minha mãe ...

Flavio Ferrari disse...

Mariana Dore: eu gosto de ficar sozinho, mas na minha terra.

Flavio Ferrari disse...

Teresa: tks.

Flavio Ferrari disse...

Suzana: ser imortal deve ser pior.

Flavio Ferrari disse...

Fernanda: talvez .. elas eram muito simpáticas.

Flavio Ferrari disse...

Anne: o que é que você fez com os outros 30 ? Já levou para tua casa ?

Flavio Ferrari disse...

Ti: anjas são do departamento do Ernesto. Bjs

Anônimo disse...

Auto-estima é tudo mesmo, rsrs.
Abraços moço