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quinta-feira, março 31, 2011

Imaginando

Imagem que flutua
linda ... nua
na memória fluída
como que imbuída
do sopro virginal
de virgem, só a alma
sempre pura
sempre calma
salvo quando apura
o desejo carnal
o que aliás
ocorre com frequência
fato normal
parte de sua essência
de mulher especial

HaiKai afirmativo

Belo sentimento, a gratidão
Faz a gente sonhar
Sem tirar os pés do chão

terça-feira, março 29, 2011

Brahma e a criação

As religiões Védicas e o Hinduismo produziram diversas histórias sobre a criação do mundo.  Muitas delas se referem a um criador primordial, o deus Brahma.
Brahma teria espalhado sua luz pelo universo e se tornado a essência de tudo.  Também criou o tempo e estabeleceu um ciclo de 4.320 milhões de anos de vida para o que havia criado.  Terminado esse período, toda criação deixaria de existir e um novo ciclo poderia começar.
Entretanto, consciente de sua própria ignorância e temeroso sobre o futuro de sua criacão, Brahma resolveu descartá-la,  e se fez noite.  A noite começou a produzir seus próprios filhos da escuridão, que se tornaram os primeiros demônios.
Brhama, então, decidiu recomeçar o processo criativo e concebeu o sol e as estrelas que emitiam luzes capazes de balancear a escuridão da noite.  E também criou os diversos deuses do panteão Hindu, para se contrapor aos demônios da noite.
Uma dos seres criados por Brahma para trazer luz ao mundo foi Vak (palavra).  Brhama copulou repetidamente com Vak que mudava de forma continuamente, gerando as diversas formas de vida que conhecemos.
Da "semente" de Brahma caida na terra nasceram o primeiro homem e a primeira mulher.
É por isso que se considera que Brahma está presente em todos os seres vivos.

domingo, março 27, 2011

Sobre o amor

Sempre que passeio pelos blogs e encontro os lamentos de minhas amigas blogueiras (os meninos raramente escrevem sobre seus sentimentos) sobre seus amores insatisfatórios, sou assaltado por uma certa angústia fraternal.
Sem ironias, o amor é lindo.  E nos completa de uma forma tão bela que dá, sempre, vontade de compartilhar, de esparramá-lo pelo mundo.
Talvez o que eu chame de amor não seja a mesma coisa que você chama de amor.
Para mim o amor é, essencialmente, um sentimento de felicidade plena motivado pela existência.
Embora tenhamos a impressão de que ele é dirigido a uma pessoa ou às maravilhas da Criação ele, de fato, não o é.  O aparente objeto do nosso amor é apenas o "gatilho" que dispara essa sensação.
O amor é um estado de espírito que nos ajuda a projetar um mundo melhor.
A princípio, o amor não depende do "outro".
Entretanto, embora existam vários caminhos para alcançar o estado de espírito amoroso (meditação, psicanálise, terapias corporais, etc.), o mais comum é vivenciarmos lampejos de amor a partir da relação com outras pessoas.
Por alguma razão misteriosa, algumas pessoas são capazes de nos transportar para esse estado de espírito com um olhar, um sorriso, um beijo, ou simplesmente por sua presença.  Essa é, possivelmente, a maneira mais fácil de experimentar o amor.  Não requer qualquer trabalho para desenvolvimento pessoal.  O amor apenas "acontece".
Por isso, quem nunca buscou despertar o amor por conta própria (a maioria de nós) e que, provavelmente, nem saiba que isso é possível, desenvolve uma terrível dependência do "outro", que lhe desperta o amor, para amar e ser feliz.
Ao invés de aproveitar essa oportunidade única, oferecida pelo outro, de conhecer o amor, e desenvolver-se a partir daí para conquistar sua "independência", nos tornamos adictos, possessivos, exigentes, temerosos de perder a pessoa que chamamos de "amada".
Esse novo estado de espírito é incompatível com o amor.  Daí, cada vez amamos menos na presença daquele pessoa e, quase sempre, a culpamos por isso.
Essa é a grande falácia que destroi os relacionamentos que chamamos de "amorosos": tornar o outro responsável pelo nosso estado de espírito, pelo nosso amor.
O amor, em sí, é simples.
Mas relacionamentos podem ser complicados, mesmo quando não depositamos equivocadamente essa responsabilidade sobre eles.
Você não precisa concordar comigo, mas se seus relacionamentos "amorosos" não tem dado certo, pode experimentar fazer diferente da próxima vez.
Quando voltar a encontrar uma dessas raras pessoas que despertam seu amor, faça um esforço para conter o impulso de posse.  Experimente o amor.  Deixe que ele se esparrame sobre todas as pessoas e coisas à sua volta, tirando o foco dessa pessoa especial que foi capaz de despertá-lo.  Perceba como, nesse estado, você pode amar tudo e todos.  Concentre-se no amor por si mesmo.  Veja a pessoa importante e especial que você é, dotada da capacidade de amar tão completamente.
Esse exercício vai te dar, com o tempo, a capacidade de despertar o amor, de encontrar esse estado de espírito sem depender de um outro.
Quando isso acontecer, você estará pronto para se relacionar com aquela pessoa especial, sem a necessidade de posse, sem o medo da perda, sem exigências maiores.
Acredite, vale o esforço !

Esses cristãos, sempre deixando o homem na mão ...


Dois mil anos depois, a história se repete ... Cristo sacrificado e ninguém dando bola.
As fotos sobre a Hora do Planeta publicadas no site do UOL mostram diversos monumentos nas principais cidades do mundo que desligaram sua iluminação ontem à noite, em apoio ao movimento global (?).
Como no Rio, a colaboração da população mundial, a julgar pelas fotos, pareceu mínima.  As janelas das casas e escritórios permaneceram iluminadas.
No Rio, os arrastões programados para a ocasião precisaram ser cancelados por excesso de iluminação.
Em outras capitais do mundo, a industria de velas desovou seus estoques em função das manifestações de populares no entorno dos monumentos o que, por outro lado, aumentou a emissão de CO2.
Uma senhora entrevistada pela reportagem do Arguta informou que fica impossível colaborar com eventos que coincidam com o horário da novela da Globo.

sexta-feira, março 25, 2011

Aphagão

Criada em Sidney (Austrália) pela WWF, em 2007, para demonstrar o apoio da população à luta contra as mudanças climáticas do nosso mundinho, a Hora do Planeta acontece neste sábado.
Sua colaboração se limita a apagar todas as luzes de sua casa, das 20h30 às 21h30.
Guilherme, meu filho produtor de conteúdos, sempre antenado, informou que a teoria da conspiração udigrude do momento é que a NASA seja a verdadeira mentora do movimento.  Tratar-se-ia de uma preparação planetária para a execução de um plano de emergência de proteção do planeta contra a possível colisão de um mega-asteróide.   Com todas as luzes apagadas a Terra ficaria praticamente invisível, diminuindo a chance do asteróide ser capaz de atingí-la.
Independentemente das razões manifestas ou veladas, quem viaja de avião à noite observa, com facilidade, que o planeta sofre de excesso de iluminação.
As implicações são as mais diversas e vão desde provocar severas crises de depressão nos pirilampos (popularmente chamados de vaga-lumes) até causar sérias alterações nos bio-ciclos de todas as criaturas vivas.
Mas viajar de avião também nos dá a possibilidade de observar alguns aspectos da natureza humana que me fazem encarar com ceticismo essas iniciativas.
O uso do banheiro é um bom exemplo.  Nobres e educados executivos e executivas demonstram o quanto estão verdadeiramente preocupados com o "próximo" através do estado em que deixam o banheiro após o uso.  Chega a ser inacreditável que aquela charmosa senhora com sapatos Prada ou aquele impecável cavalheiro de terno Armani e cabelos grisalhos façam tal esbórnia num espaço tão pequeno e não se deem ao trabalho de disfarçar. Urina na tampa do vazo sanitário e no chão, pia ensopada, papeis molhados espalhados pelos cantos, absorventes usados colocados nos locais mais inusitados e outras agressões ambientais localizadas de alta criatividade parecem quase propositais.
Dificil imaginar que essa população possa vir a se precupar em preservar o planeta que, convenhamos, é bem maior e exige muito mais disposição do que "dar um tapinha" no banheiro em prol do próximo.
De todo modo, os que pensam diferente e se preocupam com o planeta podem aproveitar essas oportunidades para semear exemplos contaminadores, promovendo a conscientização.
Nosso mundo precisa de carinho.

quarta-feira, março 23, 2011

Laranja Mecânica (A Clockwork Orange)

Da série "revendo filmes antigos" recomendo aos frequentadores do Arguta o excepcional "Laranja Mecânica" (1971) do britânico Stanley Kubrick.
O filme oferece uma oportunidade unicamente bem dirigida de se pensar sobre as diferentes visões de mundo, nossa dificuldade em aceitá-las e a vocação para encarar aquele que pensa diferente como um "doente" a ser tratado.
Não é um filme fácil de assistir e exige a capacidade de não se deixar levar pelo turbilhão emocional disparado pela extrema violéncia gratuíta.
Mas tem o mérito de não deixar que o expectador termine impune ...

Meia idéia

Concluí que estou cansado demais para postar ... cheio de meias idéias e sem energia para completá-las.
Faz-me lembrar uma citação que escutei outro dia do meu irmão: "o fato de só termos um plano não faz dele um plano melhor".
Escritores, artistas profissionais, humoristas, atores ... não podem se dar ao luxo de trabalhar apenas quando estão inspirados, assim como os mortais também não tem a opção de viver apenas quando estão motivados.
Mas em alguns momentos, podemos escolher fazer aquilo que, naquele instante, podemos fazer de melhor.
No meu presente caso, dormir ...

terça-feira, março 22, 2011

Gaiolas de ouro

Preso em Bueno Aires ... problemas de comunicação no aeroporto.
Ok, há lugares piores.  A comida é fantástica, o tempo está ótimo e a lua linda.
Mas fato é que eu queria estar em São Paulo ...
Gaiolas de ouro são assim ... gaiolas.

domingo, março 20, 2011

Antagonia

Aprendemos cedo a odiar o inimigo e a maldizer a situação adversa.
Quanto maior o inimigo e mais difícil a situação, mais será exigido de nós.
É nesse momento que nos damos conta das limitações e dos erros, uma oportunidade única de desenvolvimento.
O curioso é que umas das melhores definições de amor que já escutei (do meu ex-psicanalista) é algo como "amar é estar verdadeiramente interessado no desenvolvimento do outro".
Embora ainda acredite que o amor cotidiano é fruto de um encontro de neuroses complementares (essa definição é minha), também concordo com meu analista.
E, nesse sentido, nosso inimigo está bastante perto de nos dar uma demonstração de amor.
Lucas 6:28  - "Amai vossos inimigos... bendizei aos que vos maldizem, e orai pelos que vos caluniam..."
Prefiro não ter inimigos e passar ao largo de situações desagradáveis.  E, com todo respeito ao bom Lucas, não pretendo orar pelos que me caluniam, embora realmente acredite que poderiam fazer coisas mais relevantes de suas vidas.
Mas a consciência de que a antagonia (acho que inventei essa palavra) tem seu lado positivo, certamente ajuda a enfrentar as dificuldades.

sábado, março 19, 2011

A liberdade e o trapezista


Necessidades se medem pelo imperativo da ausência.
Comida, amor, água, admiração, carinho, sexo, sol, respeito, atenção ... e, sobretudo, liberdade ... o tempo, multiplicador da carência, determina o preço que estamos dispostos a pagar.
O tempo da falta ... e o tempo que nos falta, ambos na razão direta do sentido de urgência.
A vida que nos dá é a vida que nos toma.  E no duplo sentido de "tomados", perdemos a liberdade.
A liberdade é um bem curioso (e valioso). que só pode ser subtraido por nós mesmos.
É o medo que nos encarcera, quase sempre mascarado de responsabilidade.
A liberdade, meus caros, tem um preço.  O preço da liberdade é a solidão.
Um preço que nos parece muito alto, por um bem que, enfim, sequer sabemos como utilizar.
Mas aí reside a grande falácia.  A solidão nos é inerente.  E enquanto não a enfrentamos, elaboramos e aceitamos, vivemos em busca de complementos insatisfatórios.  Dinheiro, bens, família, amigos, festas, trabalho ... coisas que vamos "conquistando" e que, nunca saciados, tememos perder sob pena de ter que encarar a temida solidão.
As vezes, em desespero, decidimos abrir mão de tudo e saltar no espaço para ter a sensação de um segundo de liberdade.
Mas, como um trapezista, quase sempre miramos a barra que nos aguarda do outro lado, onde a liberdade (o salto no espaço) vai nos levar.
Do outro lado, já seguros, saboreamos a memória daquele fortuíto instante em que estivemos livres e nos sentimos vivos novamente.  E essa memória nos permite viver mais algum tempo agarrados ao novo trapézio, até que a necessidade de ser livre nos acomete novamente.
Há quem não se satisfaça com esses momentos e passe a vida aprendendo a voar, inspirados pela beleza dos pássaros.
Mas onde termina o vôo dos pássaros ?

sexta-feira, março 18, 2011

Rima inevitável (inspirado por Baudelaire)

A vida não tem outro fim senão ela mesma
Seja você um bem-te-vi
ou uma lesma ...

(de onde se deprende que nem sempre a arte inspirada por um mestre dá em coisa que preste)

quarta-feira, março 16, 2011

O mantra do nome

Mantra, que em sânscrito significa algo como "expansão da mente", é uma vocalização (sílaba, palavra ou grupo de palavras) considerada capaz de estimular a transformação espiritual.
Os mantras são aparentemente originários da tradição Védica (Índia), mas estão espalhados por vários movimentos espirituais, de maneira mais ou menos explícita (orações, por exemplo, funcionam como mantras).
A repetição exaustiva de um mantra tem um efeito hipinótico e altera o estado de consciência, facilitando o encontro com a divindade.
Eu considero que nossos nomes (e apelidos) funcionam como mantras evocativos.
Sua escolha se dá por pessoas que são importantes nas nossas vidas (pais, amigos, líderes espirituais) e refletem (ou mesmo projetam) expectativas que são repetidamente evocadas.
O próprio som tem seu efeito inconsciente.  Flavio, por exemplo, é um som mais suave e fluído que Rodrigo.  O primeiro som sugere o contornar de um obstáculo.  O segundo, a sua fragmentação.
Guilherme é um som reverberante e impositivo.
Nos 3 exemplos utilizei o meu nome e o de meus dois filhos (e talvez esteja um pouco contaminado por conhecer suas personalidades).
Mas realmente acredito que ser "Flavio" e, de algum modo, identificar-me com esse som, tem alguma consequencia sobre a minha personalidade.  Creio que seria uma pessoa diferente caso me chamasse Ariovaldo, Hermógenes, Epaminondas ou Betão.
Também por essa razão tenho sempre a impressão que os apelidos e diminutivos são simplificadores da personalidade, como se mostrassem apenas uma faceta do individuo.
Chamar a pessoa pelo seu nome real me faz sentir que estou vendo-a por inteiro.
Enfim ... cada louco com sua mania.

Fim do mundo ?

Negação ...
- Não !!!! Impossível !!!! Isso não pode estar acontecendo ... não pode ser verdade ... Mas por quê ?  Justo agora ?
Raiva ...
- Isso não vai ficar assim !!!! Puta injustiça !!! Vou chutar o pau da barraca ... tô pagando para ver ...
Negociação ...
- Vamos conversar ... não é melhor acabar primeiro o plano quinquenal ?  Não dá para esperar mais um pouco ?
Depressão...
- Tô ferrado ... não vai ter jeito mesmo ... se ao menos eu tivesse aproveitado mais ... agora é tarde, Inês é morta ...
Aceitação ...
- Bom ... a vida é assim mesmo ... o negócio é aproveitar o tempo que me resta, resolver umas coisas importantes, me despedir do pessoal ... no final, não vai ser tão ruim assim.

(memórias de um pré-adolescente chamado pelo pai para dormir mais cedo por ter prova no dia seguinte)

terça-feira, março 15, 2011

A espada de Dâmocles


Segundo a lenda, Dionísio, um tirano que reinava em Siracusa durante o século IV a.C., ofereceu a seu invejoso amigo Dâmocles a oportunidade de ser rei por um dia.
Dâmocles aceitou e um banquete foi feito em celebração à sua posse, com fartura de bebidas, comidas e garotos bonitos (na pintura, substituidos por garotas, como seria politicamente correto em 1812, quando foi feita).
Dionísio se divertia observando o deleite de seu amigo, até que ele, Dâmocles, ao entornar o último gole de mais uma taça de vinho, percebeu que havia uma espada pendurada por um fino fio de crina de cavalo, pendendo sobre sua cabeça, num lugar onde só ele poderia ver.  Ficou apavorado, incapaz de seguir aproveitando os prazeres que lhe eram oferecidos, e com medo de fazer qualquer movimento que pudesse resultar na queda da espada e, portanto, na sua morte.
Dionísio explicou a Dâmocles que essa era a vida de um imperador, sempre esperando que, a qualquer momento, uma traição, um ataque de uma nação inimiga ou a revolta de seu próprio povo terminasse com seu reinado de forma abrupta.
Trata-se de uma parábola sobre as agruras e a solidão do poder e, mais particularmente, sobre o medo que acomete os que governam pelo medo, como é o caso dos tiranos.
Mas também se aplica ao nosso dia a dia, à maneira pela qual percebemos o mundo.
O mundo é nosso reflexo.  Se somos violentos, enxergamos um mundo violento, que pode nos atacar a qualquer momento.  Se somos covardes, esperamos a traição.  Se não nos valorizamos, esperamos que o mundo nos despreze.
Por outro lado, quando nosssa auto-estima anda bem, sorrimos, amamos e realizamos coisas boas, quando nosso mundo interior é, de alguma forma, belo, o mundo lá fora não parece tão ruim.  Aliás, de fato, não costuma ser tão ruim ... coisas boas acontecem.  Coisas ruins acontecem também, mas são encaradas como exceções e nós somos capazes de superá-las.
A espada de Dâmocles era, na verdade de Dionísio, por merecimento. Não era, necessariamente, inerente ao poder.  Era consequência de sua forma de exercer o poder.
Dâmocles, se quisesse, poderia ter uma cornucópia pendurada sobre sua cabeça.


(pintura de Richard Westall - 1812)

domingo, março 13, 2011

Romântico

- Você é romântico ?
- Sei lá ... não me acho muito romântico ...
- Você manda flores ?
- Mando ... preferivelmente fora de datas especiais ... gosto de flores ...
- Então você é romântico !

Já tive algumas conversas parecidas com essa.  Algumas mulheres (muitas, eu diria) tem uma certa obsessão pelo que consideram romantismo.
Decidi pesquisar o conceito de "romântico".
Primeiro imaginei que a palavra poderia derivar de "romance".  Errei !
Romance é, tecnicamente, um livro escrito em "prosa", ou seja, uma história contada em linguagem corrente, em contraposição à literatura mais antiga onde as histórias eram contadas em versos.  A palavra "romance" significa "em lingua românica" (linguas derivadas do latim).
O termo "romântico" veio, então, de outras paragens.  Derivou da forma de escrita dos autores do "romantismo", um movimento cultural iniciado no final do século XVIII, na Europa, e que perdurou por praticamente todo o século seguinte.
O romantismo se contrapunha ao realismo e era caracterizado por retratar dramas humanos, amores trágicos, ideais utópicos e fantasias escapistas.
De forma mais simples, os autores românticos poderiam ser descritos como emotivos, poéticos e idealistas.
Por semelhança, os homens com as mesmas características passaram a ser considerados pelas mulheres como românticos.
Suspeito que essa afeição pelo romantismo no sentido popular se deva à expectativa de que um homem romântico seria mais capaz de compreender os sentimentos de uma mulher e ser mais atencioso.
Bem ... de certa forma sou emotivo, idealista e, algumas vezes, até poético, mas sem deixar de ser realista.
Poderia, então, ser caracterizado como um "romântico pragmático", defensor do "edonismo de resultados".
Entretanto, aprendi durante a minha primeira experiência com terapia, lá pelos 18 anos, que os "rótulos" não fazem bem para a saúde.  Adotar uma definição, qualquer uma, não só é limitante como pode te induzir a tentar ser algo que você não é.
Foi nessa época que resolvi deixar que os outros me definissem como achassem melhor, e passei a me preocupar apenas em existir.

sábado, março 12, 2011

Ano 1 - a polêmica do livre pensar

Outro dia tive uma pequena discussão no facebook com um cidadão que desconheço e a quem, agora, percebo que devo desculpas (vou ver se acho a postagem original por lá).
Tudo começou porque uma amiga comum fez um comentário no dia 01 de janeiro de 2011 desejando que a nova década fosse boa para todos.
Eu, com minhas típicas piadas sem graça, agradeci mas perguntei porque ela havia descartado o primeiro ano da década (2010).  Ela, serena e sábia, não polemizou.
Mas um amigo indignado condenou-me e elegantemente informou que a segunda década deste milênio começava, efetivamente, em 2011.
Ai começou uma longa troca de comentários argumentativos, onde ele reafirmava que era assim e eu contra-argumentava explicando porque não poderia ser assim.  Terminei perguntando se ele havia celebrado a entrada do novo milênio em 01 de janeiro de 2000 junto com todo mundo ou tinha deixado para comemorar sozinho em 01 de janeiro de 2001.
Meu argumento final foi matador .... mas o fato é que o rapaz, segundo a norma culta (termo que, creio, não se aplica aqui, mas vá lá que seja), tinha razão, embora eu não soubesse na ocasião.
Decidi pesquisar o assunto quando, na semana passada, minha namorada estava ajudando sua filha de 9 anos a estudar para uma prova de matemática, e um dos assuntos era, justamente, a contagem dos séculos (por conta dos algarismo romanos).  O livro didático informava que todo novo século (e, portanto, décadas e milênios), começam no ano 1, e não no ano "0", como me parecia óbvio.
Nunca fui bom aluno, no sentido clássico.  Faltava nas aulas e me recusava a decorar textos, datas ou mesmo fórmulas, que preferia deduzir.  Logo, devo ter faltado na aula em que ensinaram esse método pouco lógico de contagem do tempo a partir do 1.
Provavelmente, meu raciocínio de contagem de tempo se baseou no fato de que no meu ano 1 eu já tinha vivido um ano inteiro e que, portanto, o mesmo teria acontecido com Cristo, cujo nascimento é a referência para a contagem do nosso calendário atual.  Assim sendo, Cristo comemoraria sua primeira década no dia 01 de janeiro do ano 10, quando começaria sua segunda década de vida, e não no dia 01 de janeiro do ano 11, quando completaria 11 anos.
Mas fuçando por aí descobri (em um artigo do Helio Schwartsman da Folha Online) que o problema começou com um tal de Dionysius, o monge encarregado pelo Papa João 1o. de criar o calendário cristão que usamos hoje, em meados do século VI.
O monge escolheu (erradamente, parece) uma data simbólica para o nascimento de Cristo: 25 de dezembro de 753 A.U.C. (ab urbe condita - a partir da fundação de Roma, que era como se contava o tempo naquela época, no mundo ocidental), e resolveu iniciar a contagem do tempo cristão a partir do dia primeiro de janeiro do ano seguinte (754), para simplificar as coisas.  
Até aí, nenhum problema maior no que se refere à presente discussão.
Entretanto, o criativo monge, decidiu denominar esse primeiro ano de Ano 1 AD (Ano Dommini) ou DC como chamamos por aqui, começando a contagem no 1, ignorando o conceito de ano "0".
Matematicamente, entre o ano 1 AC (antes do nascimento de Cristo) e o ano 1 DC (depois do nascimento de Cristo, deveriam transcorrer 2 anos, certo ?  Matematicamente, sim.  Mas não na contagem do monge, havendo ignorado o ano zero.
Por isso, o cidadão com o qual polemizei está correto ao afirmar que uma nova década, no nosso calendário cristão, começa no ano 1.
Também por isso, lamento informar a todos que comemoraram o início do novo milênio e do século XXI na virada de 31 de dezembro de 1999 para 01 de janeiro de 2000, seduzidos pela sequência de zeros (que sugerem que algo terminou e algo está para começar), que estavam um ano adiantados.
De certa forma, a população ocidental resolveu fazer um protesto massivo, inconsciente e pacífico contra a pataquada do monge, da forma mais expressiva possível, ignorando solenemente sua determinação de começar as contagens no ano 1.
E eu participei, confesso, por ignorância.
Mas, apesar de melhor informado agora, creio que continuarei começando a contar do zero.

quinta-feira, março 10, 2011

Marca na testa


Quando cheguei em Bogotá, hoje pela manhã, reparei, sem muito esforço, que várias pessoas estavam marcadas com uma cruz preta na testa.
Imaginei tratar-se de um ato de protesto, algum tipo de "greve branca" (embora a marca fosse preta) ou algo similar.
Pura ignorância de minha parte.  O motorista do carro que me levou ao hotel explicou-me tratar-se de uma manifestação religiosa em comemoração à Quarta-feira de Cinzas (Miercoles de Ceniza), o início da Quaresma.
Curioso o impacto de ver quase um terço da população, de todas as classes sociais, andar pelas ruas e frequentar os ambientes de trabalho explicitando sua fé de maneira tão primitiva, numa das grandes capitais da América Latina.
Lembra um pouco os "cara pintadas" da época de Collor ou nos estádios durante os jogos da copa do mundo, mas a rudimentar cruz negra (cinza, para ser mais preciso), remete a rituais menos festivos.
Descontextualizada, sugerem um efeito um tanto macabro, como nos filmes de zumbis.
A civilização moderna, meus caros, efetivamente não passa de um fino verniz ...

segunda-feira, março 07, 2011

Sonhos e paixões

Na porta do quarto da menina de 9 anos, fechada com outras 3 amigas da mesma idade ensaiando com o Rock Band da Nintendo, a mensagem: "Bata na porta: Banda de sucesso".
No mesmo momento, assistia com minha "prima" de 15 anos um episódio da série Glee onde um professor de música decide abrir mão de sua paixão para ser Contador em uma grande empresa, quando descobre que sua mulher está grávida (precisa se preocupar em arranjar um emprego com maiores beneficios para poder "prover" a familia).
Ai uma amiga lhe pergunta: o que você quer oferecer ao seu filho, deixar como herança ?  A ideia de que você deve abrir mão das suas paixões por um pouco mais de dinheiro ?
A série é do tipo romance-água-com-açucar-motivacional-politicamentecorreta e, claro, o professor decide permancer na escola.
Mas as duas coisas juntas me fizeram pensar sobre as escolhas que fazemos na vida ... com que "facilidade" abrimos mão de sonhos e paixões em troca das responsabilidades da vida adulta !
Será que isso é mesmo inevitável ?

sábado, março 05, 2011

Mulher e Carnaval

Duas efemérides síncronas em 2011, Carnaval e Dia da Mulher, convergentes e contraditórias.
Carnelevarium, originalmente o dia onde se inicia o período de abstenção do consumo de carne, véspera da Quaresma, uma festa orgíaca provavelmente descendente das festas ditas "pagãs" que comemoravam a vida, celebradas no início da primavera (emisfério Norte).  Embora o nome tenha surgido, muito possivelmente, em algum momento do primeiro milênio DC no império Romano, já na Grécia Antiga as comemorações em homenagem a Dionísio (antepassado do Rei Momo) guardavam uma boa semelhança com os festejos atuais.
Um derivativo moderno desses festejos são as "micaretas", ou carnavais fora de época, cujo nome remete ao francês "mi-carême" (meio da quaresma), de certa forma uma folia contraventora.
Na prática, toda comemoração coletiva pautada pela música, dança, fantasia e liberdade de costumes acaba recebendo o nome de Carnaval, independentemente da data em que ocorra, desde o Mardi-gras (terça-feira gorda), que acontece no início de Janeiro em New Orleans (USA) até os festejos de Rheinland (Renânia, na Alemanha), que começam às 11h11 do dia 11 de Novembro (mês 11).
Já o Dia Internacional da mulher é uma data fixa e definida mais recentemente.  Começou a ser comemorado no início do século passado, em manifestações motivadas pela busca de melhores condições de trabalho para a mulher (que  "ganhava" espaço nas linhas de produção das indústrias).  A data, 8 de março, foi escolhida em função de uma importante manifestação ocorrida na Russia, em 1917, quando uma greve de operárias seria o estopim da Revolução Russa que terminaria por derrubar o Czar Nicolau II.
A curiosa coincidência de datas no Brasil em 2011 dá o que pensar.
Por um lado, fantasia, música e dança são pontos comuns entre o Carnaval e a Mulher.
Enquanto na luta pelos seus direitos as mulheres queimaram seus sutiãs nos EUA, dando origem a um certo feminismo assexuado (igualdade entre homens e mulheres), nas festas carnavalescas as mulheres deixam cair seus sutiãs celebrando, de certa forma, sua liberação, mas exibindo uma desigualdade plástica relevante.
As festas de Beltane (derivadas do festival do fogo Druída, de origem Celta), um "carnaval" na sua essência, celebram a desigualdade que permite a fecundação pela complemetariedade, pelo casamento da Deusa e do Deus, a união do Céu e da Terra (a cultura anciã celta era regida por uma Deusa-mulher).
Os Celtas são sábios.
Sensualidade e fertilidade ... não consigo pensar em uma homenagem melhor para a Mulher.

quinta-feira, março 03, 2011

Processos de decisão

Ando estudando sobre os processos mentais de decisão.
O assunto é vasto e interessantíssimo, pelo menos para os que tem curiosidade sobre o funcionamento da mente humana.
Se fossemos puramente racionais, as decisões seriam tomadas de acordo com nossa percepção da probabilidade de sucesso e da esperança matemática de ganho.
Mas emoções, experiências anteriores, vivências análogas e algumas características específicas do funcionamento mental individual interferem de forma determinística na avaliação.
Pessoas com personalidade "jogadora" são muito mais motivada pelo tamanho do prêmio do que pela probabilidade de ganhar (que costumam desconsiderar ).
Pessoas com grande aversão a perdas e necessidade de segurança, por outro lado, pautam suas decisões pelo pior cenário, também desconsiderando as probabilidades.
Imagine um jogo onde você tenha 99% de chance de ganhar um milhão e 1% de chance de perder tudo que tem e ir para cadeia.  Pessoas do segundo grupo nunca aceitariam participar.  Em contrapartida, várias pessoas empenham suas vidas em cassinos.
Uma mãe desesperada enfrentaria um urso feroz para defender seu filho, mesmo estando certa de que irá morrer lutando e não será capaz de salvá-lo.
No dia a dia tomamos milhares de decisões estúpidas como brigar no trânsito ou comer coisas que nos fazem mal guiados por impulsos nada racionais.
Mas também somos capazes de tomar decisões complicadíssimas com razoável sucesso. Atravessar uma rua, evitar uma zona perigosa, entregar-se à pessoa amada, mudar de casa ou de emprego, comprar um automóvel, escolher uma carreira ...
Somos, em geral, bastante eficientes em nossas decisões cotidianas, embora os insucessos chamem muito mais atenção do que os sucessos.
Estou estudando esse assunto por razões profissionais.
Mas dedicar algum tempo pessoal para conhecer melhor nossos processos de decisão pode ser bastante útil.  No mínimo, irá diminuir a chance de fazer bobagens ...

quarta-feira, março 02, 2011

Desentendido



O sujeito, bêbado, vai ao laboratório para fazer uns exames.
O atendente percebe o estado do cidadão e diz:
- Lamento, mas não vou poder atendê-lo em função do excesso de alcool.
E ele responde:
- Tudo bem ... eu volto quando o senhor estiver sóbrio ....

(da série "as pessoas ainda me surpreendem)

Iluminado

Para os que necessitam de redenção
O Rio de Janeiro oferece
Sob nova iluminação

terça-feira, março 01, 2011

Carlos explica a relação com a bacurinha ...


Lá no Vestiário Masculino, Carlos nos brinda com uma preleção sobre "o calor na bacurinha", que desperta os mais nobres sentimentos masculinos.