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sábado, março 19, 2011

A liberdade e o trapezista


Necessidades se medem pelo imperativo da ausência.
Comida, amor, água, admiração, carinho, sexo, sol, respeito, atenção ... e, sobretudo, liberdade ... o tempo, multiplicador da carência, determina o preço que estamos dispostos a pagar.
O tempo da falta ... e o tempo que nos falta, ambos na razão direta do sentido de urgência.
A vida que nos dá é a vida que nos toma.  E no duplo sentido de "tomados", perdemos a liberdade.
A liberdade é um bem curioso (e valioso). que só pode ser subtraido por nós mesmos.
É o medo que nos encarcera, quase sempre mascarado de responsabilidade.
A liberdade, meus caros, tem um preço.  O preço da liberdade é a solidão.
Um preço que nos parece muito alto, por um bem que, enfim, sequer sabemos como utilizar.
Mas aí reside a grande falácia.  A solidão nos é inerente.  E enquanto não a enfrentamos, elaboramos e aceitamos, vivemos em busca de complementos insatisfatórios.  Dinheiro, bens, família, amigos, festas, trabalho ... coisas que vamos "conquistando" e que, nunca saciados, tememos perder sob pena de ter que encarar a temida solidão.
As vezes, em desespero, decidimos abrir mão de tudo e saltar no espaço para ter a sensação de um segundo de liberdade.
Mas, como um trapezista, quase sempre miramos a barra que nos aguarda do outro lado, onde a liberdade (o salto no espaço) vai nos levar.
Do outro lado, já seguros, saboreamos a memória daquele fortuíto instante em que estivemos livres e nos sentimos vivos novamente.  E essa memória nos permite viver mais algum tempo agarrados ao novo trapézio, até que a necessidade de ser livre nos acomete novamente.
Há quem não se satisfaça com esses momentos e passe a vida aprendendo a voar, inspirados pela beleza dos pássaros.
Mas onde termina o vôo dos pássaros ?

17 comentários:

Anne M. Moor disse...

Oh my God Flávio Ferrari! Que texto brilhante! Acho que a dúvida do século ou da idosidade rsrsrs é justamente essa!!!!!

Tu tens um dom de botar o dedo na moleira...

beijão e bom findi
Anne

Anne M. Moor disse...

FF

Me dás autorização de traduzir este teu texto para o inglês?

bjos
Anne

e daí? disse...

obrigada...

Carla P.S. disse...

Os pássaros não pensam onde termina, apenas voam. Extraem o necessário da natureza - em harmonia com ela - e pousam em galhos para o refazimento, com o seu sonoro e tranquilo canto.

Gostei.

Um café especial, hj é casamento da minha irmã; =)
Beijos

Flavio Ferrari disse...

Anne: tks ... é uma honra ver-me traduzido ... me manda a versão dp ?

Ju ♥ disse...

momento filosófico do dia... nós e as necessidades! já paguei caro por algo q queria, só pq tive preguiça de ir 'buscar' qndo estava a minha disposição.

Pelos caminhos da vida. disse...

Amizade!

Não lembro datas...Não me dedico a fazer contas, Nem fico imaginando até quando... Simplesmente, porque amigos não são números.
Amizade é presença permitida, Ausência necessária, E sempre presente, Esteja longe, Esteja ao lado, Esteja onde estiver...
E o amor, que dedico a um amigo é algo sem palavras.
É sorrir por dentro...Chorar de emoção... Calar se preciso...

(Alice Ruiz).

FELIZ DIA DO BLOGUEIRO AMIGO!

beijooo.

Ava disse...

Uau!

Flávio, que texto espetacular!

Sei que uma crítica literária não começa assim...rs

A liberdade que a gente vai tendo aqui, nessa convivência bloguística( a la Odorico Paraguaçu...rs), me deixa a vontade para começar assim com você.

Uma análise tão nua e crua sobre a liberdade, seu preço, sua busca, sua perda...
Incrível como você aborda o assunto de uma forma que a gente se sente dentro do texto, parte de cada palavra sua...

Valeu meu domingo...rs


Beijos!

Anne M. Moor disse...

Flávio

Vários amigos que leram teu texto mandaram te dar os parabéns!

beijos
Anne

Flavio Ferrari disse...

Alice: fico mto feliz que tenha gostado.

Flavio Ferrari disse...

Anne: tks again. Quem sabe qualquer dia eu recebo o texto de volta por e-mail numa dessas "correntes" ... iria ser divertido ...
bj

Amélia disse...

O espetáculo é ainda mais bonito quando o salto é em dupla... Mostra o quanto a sincronia com o outro pode tornar o salto mais arriscado, mas sem dúvida, mais prazeroso...

Maravilhoso!!

Beijos

A. Marcos disse...

Flávio, o texto é bonito e reflexivo.

Inspirador.

Mesmo para quem não acredite numa verdadeira e genuína liberdade, como é o meu caso.

A amgústia da solidão conflita, mesmo, com o exercício da liberdade.

Já leu "Entre Quatro Paredes" de Jean Paul Sartre?

Anônimo disse...

Teorema de Carlão
Pedra Letícia
Composição: Cambota

Ei, você ai
Isso vai mudar sua vida, então
Tente me ouvir.
Eu melhorei pra valer
Com o teorema de Carlão
Que eu vou passar para você

São 4 horas da manhã de sexta
Você não tem quem pegar
Eu vou te dar uma dica, seu besta
Olhe pra lá

E veja aquela moça
Aquela bem baranga
Ela diz: "pobrema"
Ela tem bigode
E sem falar na pança

Tente entender
Ela quer ser feliz como você
Ela também tem coração
Então faça uma boa ação

Pegue uma baranga
Diga que a ama
Chama pra assistir DVD
Detona a Juliana Paes
Critica a Aline Morais
Declame: "Eu prefiro você!"

E não importa se ela é pesada
Você tem que carregar
Até o quarto sobe pela escada
Depois você toma um ar

E veja aquela moça
Aquela bem baranga
Ela diz pobrema
Ela tem bigode
Mas você a ama

Você entendeu
Ela quer ser feliz como você
Agora num só coração
E então faça uma boa ação

Pegue uma baranga
Diga que a ama
Chama pra subir ao altar
E olha bem que você faz
Quando a beija uma vez mais
No céu você guardou seu lugar

Pegue uma baranga
Diga que a ama
Chama pra assistir DVD
Detona a Juliana Paes
Critica a Aline Morais
Declame: "Eu prefiro você!"

Pegue uma baranga
Diga que a ama
Chama pra subir ao altar
E olha bem que você faz
Quando a beija uma vez mais
No céu você guardou seu lugar

No céu você guardou seu lugar
No céu você guardou seu lugar
No céu você guardou seu lugar
No céu você guardou seu lugar

Avz disse...

Tinha colocado o arguta no meu rss mas não estava recebendo... Não sei porque agora começou a funcionar e por esse texto percebo que perdi muita coisa... texto do caralho (pode falar palavrão aqui?), parabéns...

Abraço,
Vidiz

Anne M. Moor disse...

FF

REcebeste a tradução?

bjo
anne

Flavio Ferrari disse...

Anne: não recebi ....