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sábado, março 05, 2011

Mulher e Carnaval

Duas efemérides síncronas em 2011, Carnaval e Dia da Mulher, convergentes e contraditórias.
Carnelevarium, originalmente o dia onde se inicia o período de abstenção do consumo de carne, véspera da Quaresma, uma festa orgíaca provavelmente descendente das festas ditas "pagãs" que comemoravam a vida, celebradas no início da primavera (emisfério Norte).  Embora o nome tenha surgido, muito possivelmente, em algum momento do primeiro milênio DC no império Romano, já na Grécia Antiga as comemorações em homenagem a Dionísio (antepassado do Rei Momo) guardavam uma boa semelhança com os festejos atuais.
Um derivativo moderno desses festejos são as "micaretas", ou carnavais fora de época, cujo nome remete ao francês "mi-carême" (meio da quaresma), de certa forma uma folia contraventora.
Na prática, toda comemoração coletiva pautada pela música, dança, fantasia e liberdade de costumes acaba recebendo o nome de Carnaval, independentemente da data em que ocorra, desde o Mardi-gras (terça-feira gorda), que acontece no início de Janeiro em New Orleans (USA) até os festejos de Rheinland (Renânia, na Alemanha), que começam às 11h11 do dia 11 de Novembro (mês 11).
Já o Dia Internacional da mulher é uma data fixa e definida mais recentemente.  Começou a ser comemorado no início do século passado, em manifestações motivadas pela busca de melhores condições de trabalho para a mulher (que  "ganhava" espaço nas linhas de produção das indústrias).  A data, 8 de março, foi escolhida em função de uma importante manifestação ocorrida na Russia, em 1917, quando uma greve de operárias seria o estopim da Revolução Russa que terminaria por derrubar o Czar Nicolau II.
A curiosa coincidência de datas no Brasil em 2011 dá o que pensar.
Por um lado, fantasia, música e dança são pontos comuns entre o Carnaval e a Mulher.
Enquanto na luta pelos seus direitos as mulheres queimaram seus sutiãs nos EUA, dando origem a um certo feminismo assexuado (igualdade entre homens e mulheres), nas festas carnavalescas as mulheres deixam cair seus sutiãs celebrando, de certa forma, sua liberação, mas exibindo uma desigualdade plástica relevante.
As festas de Beltane (derivadas do festival do fogo Druída, de origem Celta), um "carnaval" na sua essência, celebram a desigualdade que permite a fecundação pela complemetariedade, pelo casamento da Deusa e do Deus, a união do Céu e da Terra (a cultura anciã celta era regida por uma Deusa-mulher).
Os Celtas são sábios.
Sensualidade e fertilidade ... não consigo pensar em uma homenagem melhor para a Mulher.

7 comentários:

Carla P.S. disse...

Pode até ser mas... Carnaval não é a minha época...

Udi disse...

Você sabe mesmo como agradar às mulheres!


(para mim, a data de 8 de março foi escolhida por causa de mulheres operárias americanas que foram mortas, nessa data, carbonizadas porque protestavam por melhores condições de trabalho)

Flavio Ferrari disse...

Udi: esse incêndio ocorreu em 25 de março de 1911 ... se tiver curiosidade sobre aspectos históricos do dia da Mulher - http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_Internacional_da_Mulher

Ju ♥ disse...

eu pensei na coincidência das datas...

e daí? disse...

vou pensar numa comemoração especial pra coincidencia de datas...

Felipe Sá disse...

Fantasias,músicas e danças são pontos comuns entre as mulheres,melhor impossível,temos fantasias com ambos,apreciamos as notas em ambas,como nas curvas das partituras e dançamos "em" ambas,danças exaustivas..
As datas coincidem,exatamente,por esses três motivos,pelas três luxurias de nossas vidas,Carnaval e Mulher..detentoras de nossas ilusões,mas,assim como,ilusões são ilusões,o carnaval é apenas motivo para se esquecer a própria censura e,assim como,fantasias são fantasias,as mulheres não queimaram seus sutiãs,apenas jogaram em um latão,as datas coincidem,por que ambas tem o poder de nos enganar.

Felipe Sá disse...

De um jeito sedutoramente perigoso.