Parte 8 - Nas asas de Azazel
A primeira imagem que chamou a atenção de Jailton foi a do emaranhado e sensual meneio de Carol e Eduarda, as jovens gêmeas que ladeavam Azazel.
É complexo descrever o impacto que a visão de duas mulheres lindas e nuas, acariciando-se de maneira lasciva e emanando eflúvios de um prazer casto e generoso, tolhidas em sua pressa pela relevância do Tao, causa em um homem e, particularmente em Jailton.
O sentimento íntimo de que deveria haver algum pecado num prazer tão doce, a conotação sexual dos corpos nus e a insinuação do incesto, conseguiam abalar mesmo as convicções hedonistas do agnóstico Jailton.
Por outro lado, o sorriso meigo e o olhar absorto de Carol revelavam a paz interior e a felicidade encapsulada naquele instante eterno.
Seu olhar desviou-se para Borbah, o gato, que acariciado mecanicamente por Azazel, jazia a ronronar com a mesma expressão de satisfação de Carol.
Tudo ali era paz e prazer e, ainda assim, não havia como deixar de pensar em culpa e pecado.
- Maldita carga cultural .... como é difícil suspender o julgamento moral e viver um momento pelo que ele é .... – pensou Jailton, num último devaneio filosófico antes de colocar completamente seus pés de volta à terra.
Azazel pareceu capturar os pensamentos de Jailton.
- É por isso que você está aqui, meu caro Jailton. Mas primeiro vamos recompensar nossos auxiliares ... Carol ... Eduarda .... levem o Dalton para o ritual de celebração da vida.
Carol e Eduarda levantaram-se lentamente e aproximaram-se de Dalton que se deixou conduzir candidamente ao que parecia ser seu paraíso pessoal.
- Constância, minha querida e devota irmã ...
Constância deu dois passos tímidos em direção a Azazel, que tomou-lhe as mãos com firme suavidade, enquanto capturava sua alma com um olhar penetrante.
- Uma alma tão elevada que nada deseja e nada quer além de servir ao Senhor... Tua missão está cumprida por hora, filha de Deus. Tua alma segue fortalecida e em paz.
Vá-te. Sursum corda ! Vincit omnia veritas.
- Amém ... Fico eternamente grata pela oportunidade de servir ao Senhor... – Constância despediu-se com lágrimas nos olhos e abandonou rapidamente o salão, sem olhar para os lados.
- Desculpe-me pelo latim, querido “eleito” – a palavra “eleito” foi dita num tom jocoso. Faz parte do marketing. É um pouco fora de moda mas funciona lindamente com a tribo mais old fashion.
Jailton já havia recuperado boa parte de sua condição natural de funcionamento mental. Embora sua alma ainda estivesse profundamente afetada pelas experiências recentes, sua mente arguta estava em guarda, contra qualquer possível golpe que estivesse em curso.
- Quem é você ? O que significa isso tudo ? O Dalton, a Constância, essa mulherada toda, meus sonhos, a apresentação ... O quê vocês estão aprontando e o que é que eu tenho a ver com isso ?
- Calma, Jailton ... sente-se ... tome um copo de Néctar.
Sentou-se em algumas almofadas próximas ao anjo e recebeu o copo com um líquido dourado das mãos de um dos jovens das ânforas. Percebeu que ainda estava, de algum modo, sob o controle daquele personagem. Sentar e beber não havia sido, exatamente, uma decisão sua.
A voz de Azazel, sempre suave, penetrante e imperativa, não parecia alcança-lo através dos ouvidos. A sensação era a de que chegava diretamente em seu cérebro, logo depois do crivo da razão ... como se fosse seu próprio pensamento. Era difícil resistir ou criticar.
- Você, meu caro Jailton, foi escolhido, não por mim ... Mas por aqueles que, desde o início dos tempos, tem interesse em dividir o universo entre o “bem” e o “mal”... – de novo as últimas palavras foram ditas com sarcasmo. Você, como eu Jailton, é uma vítima deles. Com a diferença de que sua situação é momentânea enquanto a minha é eterna.
- Não entendo ... – a voz de Jailton soou mais calma do que ele mesmo previa. Quem é você ? Quem são eles ?
- Você entende sim, Jailton... e é por isso que foi eleito. Esse é o momento que dá o sentido de toda sua existência e você estava aguardando por ele. Está escrito.
De algum modo Jailton sentiu que isso era verdade.
- E embora tudo já esteja determinado, precisamos cumprir nossos papeis. Sou Azazel, o que costuma chamar por aqui de um “anjo caído” ... uma longa história que posso te contar depois. Meu papel aqui e agora na linha do tempo é conscientiza-lo, para que você possa “decidir”, no sentido mortal da palavra. Para tarefa que eles desejam que você realize seu espírito não pode ser conduzido. Podemos manipula-lo, seduzi-lo, mas não capturar seu espírito. É a lei deste universo.
Azazel aproximou-se um pouco mais de Jailton, com o olhar fixo e profundo. Todo o espaço em torno deles dissolveu-se até que só restaram os dois.
- Você recebeu uma versão da história ... vou te transportar novamente por todo o caminho que você percorreu nesta manhã, mas apontando para outras paisagens ...
E Jailton voltou para o início dos tempos, nas asas de Azazel.
É complexo descrever o impacto que a visão de duas mulheres lindas e nuas, acariciando-se de maneira lasciva e emanando eflúvios de um prazer casto e generoso, tolhidas em sua pressa pela relevância do Tao, causa em um homem e, particularmente em Jailton.
O sentimento íntimo de que deveria haver algum pecado num prazer tão doce, a conotação sexual dos corpos nus e a insinuação do incesto, conseguiam abalar mesmo as convicções hedonistas do agnóstico Jailton.
Por outro lado, o sorriso meigo e o olhar absorto de Carol revelavam a paz interior e a felicidade encapsulada naquele instante eterno.
Seu olhar desviou-se para Borbah, o gato, que acariciado mecanicamente por Azazel, jazia a ronronar com a mesma expressão de satisfação de Carol.
Tudo ali era paz e prazer e, ainda assim, não havia como deixar de pensar em culpa e pecado.
- Maldita carga cultural .... como é difícil suspender o julgamento moral e viver um momento pelo que ele é .... – pensou Jailton, num último devaneio filosófico antes de colocar completamente seus pés de volta à terra.
Azazel pareceu capturar os pensamentos de Jailton.
- É por isso que você está aqui, meu caro Jailton. Mas primeiro vamos recompensar nossos auxiliares ... Carol ... Eduarda .... levem o Dalton para o ritual de celebração da vida.
Carol e Eduarda levantaram-se lentamente e aproximaram-se de Dalton que se deixou conduzir candidamente ao que parecia ser seu paraíso pessoal.
- Constância, minha querida e devota irmã ...
Constância deu dois passos tímidos em direção a Azazel, que tomou-lhe as mãos com firme suavidade, enquanto capturava sua alma com um olhar penetrante.
- Uma alma tão elevada que nada deseja e nada quer além de servir ao Senhor... Tua missão está cumprida por hora, filha de Deus. Tua alma segue fortalecida e em paz.
Vá-te. Sursum corda ! Vincit omnia veritas.
- Amém ... Fico eternamente grata pela oportunidade de servir ao Senhor... – Constância despediu-se com lágrimas nos olhos e abandonou rapidamente o salão, sem olhar para os lados.
- Desculpe-me pelo latim, querido “eleito” – a palavra “eleito” foi dita num tom jocoso. Faz parte do marketing. É um pouco fora de moda mas funciona lindamente com a tribo mais old fashion.
Jailton já havia recuperado boa parte de sua condição natural de funcionamento mental. Embora sua alma ainda estivesse profundamente afetada pelas experiências recentes, sua mente arguta estava em guarda, contra qualquer possível golpe que estivesse em curso.
- Quem é você ? O que significa isso tudo ? O Dalton, a Constância, essa mulherada toda, meus sonhos, a apresentação ... O quê vocês estão aprontando e o que é que eu tenho a ver com isso ?
- Calma, Jailton ... sente-se ... tome um copo de Néctar.
Sentou-se em algumas almofadas próximas ao anjo e recebeu o copo com um líquido dourado das mãos de um dos jovens das ânforas. Percebeu que ainda estava, de algum modo, sob o controle daquele personagem. Sentar e beber não havia sido, exatamente, uma decisão sua.
A voz de Azazel, sempre suave, penetrante e imperativa, não parecia alcança-lo através dos ouvidos. A sensação era a de que chegava diretamente em seu cérebro, logo depois do crivo da razão ... como se fosse seu próprio pensamento. Era difícil resistir ou criticar.
- Você, meu caro Jailton, foi escolhido, não por mim ... Mas por aqueles que, desde o início dos tempos, tem interesse em dividir o universo entre o “bem” e o “mal”... – de novo as últimas palavras foram ditas com sarcasmo. Você, como eu Jailton, é uma vítima deles. Com a diferença de que sua situação é momentânea enquanto a minha é eterna.
- Não entendo ... – a voz de Jailton soou mais calma do que ele mesmo previa. Quem é você ? Quem são eles ?
- Você entende sim, Jailton... e é por isso que foi eleito. Esse é o momento que dá o sentido de toda sua existência e você estava aguardando por ele. Está escrito.
De algum modo Jailton sentiu que isso era verdade.
- E embora tudo já esteja determinado, precisamos cumprir nossos papeis. Sou Azazel, o que costuma chamar por aqui de um “anjo caído” ... uma longa história que posso te contar depois. Meu papel aqui e agora na linha do tempo é conscientiza-lo, para que você possa “decidir”, no sentido mortal da palavra. Para tarefa que eles desejam que você realize seu espírito não pode ser conduzido. Podemos manipula-lo, seduzi-lo, mas não capturar seu espírito. É a lei deste universo.
Azazel aproximou-se um pouco mais de Jailton, com o olhar fixo e profundo. Todo o espaço em torno deles dissolveu-se até que só restaram os dois.
- Você recebeu uma versão da história ... vou te transportar novamente por todo o caminho que você percorreu nesta manhã, mas apontando para outras paisagens ...
E Jailton voltou para o início dos tempos, nas asas de Azazel.
7 comentários:
Hmmmmmmm as entrelinhas desta parte da história parece estar rodando por diversos comentários nos blogs... Estou curiosa com a continuidade...
Isso tá ficando cada vez melhor...
Lú.
Bom vê-lo de volta cara. E afiado como sempre. Lá vou eu correndo pra máquina de escrivinhar...
Gostei da parte do latin como marketing para turma mais old fashion. Perfeito! E das ânforas que vertem néctar...
Concordo com a Anne... tive essa impressão enquanto lia.
Flavio, tá lindo! E lá vou eu, de volta pro Assertiva onde já conferi que a parte 9 já foi postada.
Pela dica da Udi... Tô indo para lá já!!
Meu caro,
Semióticamente eres perfectamente trazable. No podría haber otra alegoría para ciertos momentos de la vida. Quizás tus momentos.
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