Acabo de voltar de um encontro de ex-alunos do Colégio Batista Brasileiro, com minha turma da oitava série.
Encontramo-nos pela primeira vez, 35 anos depois do desencontro.
Confesso que não estava lá muito entusiasmado. Os dois anos que passei nessa escola estão no ranking dos piores momentos da minha vida.
Era o mais novo da sala, pequeno em tamanho e pouco dado às violências comuns dos garotos desta idade.
Não fosse o Olavo Príncipe (meu herói particular, de quem recebia proteção em troca de algum auxílio durante as provas), teria apanhado muito mais do que apanhei, constantemente vitimizado que era por dois garotos encrenqueiros da minha série.
Os dois, vale comentar, já morreram. Um numa guerra entre quadrilhas. O outro, consumido por drogas.
E eu, aprendi a me defender sem a ajuda do Olavo a quem, entretanto, continuo sendo grato.
Mas é interessante observar como as pessoas mudam tão pouco em tantos anos. As mesmas crianças sob alguns cabelos grisalhos. Mesmos gestos, mesmos sorrisos, mesmas brincadeiras
Em vinte minutos a fraternidade estava resgatada e parecia que estavamos no recreio da escola.
Legal trocar fragmentos de história, comparar lembranças, e planejar outro encontro que, provavelmente, levará outros 30 anos para acontecer.
Fez-me lembrar do poemeu:
O pó da prata cobre os meus cabelos
E a alma segue intacta
Esperando cada novo amanhecer
O sal do mar corroe os meus joelhos
Mas não os meus desejos
Renovados a cada anoitecer
sábado, março 31, 2007
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11 comentários:
O bom é saber que se temos pureza para identificar características e gestos das crianças de 35 anos atrás... É porque na essência ainda somos!! O resgate renova a alma...
Hoje passei pela mesma experiência encontrando amigas de 20 anos atrás. Entre risadas e brincadeiras festejamos o dom da sobrevivência da alma.
Em 2002, teve 'El Gran Reencuentro' dos alunos da British School dos anos 50 e 60 em Montevidéu. Foi uma festança de 2 dias e foi na escola mesmo... Depois conto... :-)
Mantenho contato com 3 amigas dessa mesma época tua no Batista (7ª e 8ª séries).
Nossos encontros são esporádicos mas cada vez que acontecem é uma delícia! As histórias voltam como se tivessem acabado de acontecer. Fica mais fácil falar das dúvidas e inseguranças que tínhamos à época, entendê-las e muitas vezes solucioná-las sob um olhar maduro - são quase sessões de terapia em grupo.
E então lembrei desses versinhos de uma música que ouvíamos muito:
"after changes and changes we are more or less the same"
Bão... Não sei se é coisa do interioRRR, mas tenho um grupos de amigos que conheço (e felizmente preservo, agora com ajuda extra da Internet!), há cerca de 20 anos... Apesar de nos vermos e falarmos com bastante frequência, esta sensação de que as crianças que fomos ainda estão lá é recorrente. Mas, tendo a sentí-la mais aguçada quando reencontro alguém depois de muito tempo. O convívio diário nos mostra e exige conviver com os adultos que também somos.
Por isso acho estes momentos, como o descrito pelo Flávio, mágicos. Porque neles, pela nostalgia e tudo mais, as crianças prevalecem!
Já tentei fazer um encontro desses. Com a turma do Martin Afonso. Ia ter mais atestado de óbito presente do que conviva.
Parabéns, Flávio, por ter feito a tempo e curtido tanto.
Tô com inveja!!! Num istudei!!!!!
Brincadeirinha...Como fiz engenharia antes do tempo do Leonardo Da Vinci, só apareceram três: um era neto de um ex-colega.
Falando sério: Parabéns, Flávio. Realmente essas reuniões de ex-alunos nos trazem aquela gostosa sensação de rejuvenescimento misturado com a de que tudo valeu a pena. Que gostoso olhar pra eles e sentir: Essa é a MINHA TURMA!
Ti: eu sempre disse que era bonzinho.
Maria: que seja imortal enquando dure.
Anne: não esperava menos de você.
Udi: ainda bem que minha classe era só de meninos ... ninguém discutiu a relação. Só repetimos as sacanagens.
Amanda: gostei do "também somos"
Ernesto e Walmir: quem merece os parabéns são Adam e Olavao. Se dependesse de mim só iríamos nos encontrar se o governo instituisse o programa asilo único.
Walmir: netos não haviam, mas tinha, mas a sobrinha da professora era uma gracinha...
Flávio,
As crianças não são boazinhas!! São puras, peraltas, desafiadoras e adoram chegar ao limite do aceitável, simplesmente pela vontade de descobrir o novo...
Beijos
Pois é ... sou uma criança boazinha ...
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