Um bom planejamento estratégico para uma empresa deve resultar em um conjunto de metas realizáveis, com prazos definidos, planos de ação compatíveis e responsáveis bem definidos e comprometidos.
Uma boa prática é a eleição de prioridades estratégicas. De um modo geral não é possível realizar todos os projetos desejados de uma vez. A empresa deve respeitar a disponibilidade de recursos e definir metas ano a ano, segundo sua relevância para os negócios.
Num ambiente organizado e controlado como costumam ser as boas empresas, é relativamente fácil avaliar a capacidade de realização e entender a adequação dessa decisão.
Na âmbito pessoal a questão é mais complexa.
Estamos chegando no final do ano e é bastante comum elaborarmos listas de "promessas" para o ano novo. Emagracer, deixar de fumar, fazer exercícios. comprar um imóvel, viajar para um lugar diferente, trocar de emprego, arranjar um emprego, casar, fazer novos amigos, ser mais organizado, ser menos obssessivo, fazer um curso sobre vinhos, andar de balão, pular de para-quedas, voltar a frequentar a igreja aos domingos, levar os pais para aquela viagem, aprender inglês, fazer um curso de teatro, retomar a turma do volley, sorrir mais, chorar mais, viver mais ...
Fato é que, não raro, também não temos recursos para todos esses planos. Se tentamos realizar todos de uma vez, acabamos por não concretizar nenhum.
Por isso, vai aí uma sugestão. Escolha um. O mais importante segundo qualquer critério. E comece o ano se dedicando exclusivamente a ele. Se conseguir acabar antes do final do ano, pode começar outro. Mas não comece outro sem terminar o primeiro.
Daqui a 10 anos, você terá realizado as 10 coisas mais importantes de sua vida.
Parece fácil, não.
E se você acha que isso é pouco, examine o passado. O que você realizou nos últimos 10 anos tentando fazer tudo de uma vez ? É muito provável que, como a maioria das pessoas, você não tenha sido capaz de concretizar uma promessa por ano. Muitas devem ter ficado pela metade.
Por isso, meu desejo para você, caro companheiro (a) de café, é que seja capaz de realizar pelo menos uma coisa importante no próximo ano.
Feliz 2007.
quarta-feira, dezembro 27, 2006
sábado, dezembro 23, 2006
Feliz Natal
Vamos por partes ... Nesta postagem, apenas o Natal. Numa próxima, o Ano Novo.
Não sei bem o que a maioria das pessoas está comemorando no Natal. Não deve ser o fato de estar vivo, já que a gente chega quase morto nessa época do ano. Também não deve ser a saúde, certamente debilitada pelo stress e pelos excessos.
Mas calma ... não estou sendo pessimista. Como discutimos na postagem anterior, comemorações são relativas, mas não deixam de ser boas por isso.
Mas as vezes acho que todo mundo seria mais feliz sem as obrigações impostas pelo tal de Natal, incluindo presentes, visitas, cumprimentos, frutas cristalizadas (num país tropical), fantasias de Papai Noel dignas do Polo Norte (cadê o Guaraná Antartica que ainda não criou um Papai Noel brasileiro ?) e as comidas "típicas" (!?!).
Seja como for, e apesar disso tudo, espero que o Natal de todos, e particularmente dos frequentadores do nosso Café, seja muito feliz.
A participação de vocês, comentando ou apenas lendo as postagens, foi um grande presente para mim.
Espero que tenha sido bom para vocês também.
Beijos natalinos.
segunda-feira, dezembro 18, 2006
Pensamento da madrugada ...
sábado, dezembro 16, 2006
Tirando o dia para se dar mal...
Assisti outro dia uma palestra interessante do Dr. Wanderley Pires, especialista em qualidade de vida nas empresas.
Num dado momento ele perguntou para a platéia se alguém já havia acordado pela manhã, se olhado no espelho e decidido, com forte convicção:
- Hoje vou tirar o dia para me dar mal !!!
Obviamente, todos responderam que não.
Aí ele começou a listar uma porção de coisas que todos nós fazemos durante o dia e que, certamente trarão consequencias negativas...
Não se alimentar corretamente pela manhã (já começou o preparo para se dar mal), sair atrasado de casa (stress), chegar tarde para a reunião (desrespeito aos colegas), etc, etc.
A tese do Dr. Wanderley é a de que grandes acidentes são geralmente precedidos por vários incidentes, em muitos casos completamente evitáveis.
Ou seja, se você se deu mal, é porque praticou (ou poderia ter evitado) várias ações que levaram a esse acontecimento.
Lembram do filme "O pecado mora ao lado" ?
No caso dessa postagem, o filme seria "... e o culpado mora lá em casa".
domingo, dezembro 10, 2006
O respeito aos mais velhos
Quando minha mãe era criança minha avó lhe dizia, na hora do jantar, que o bife maior deveria ser deixado para meu avô, porque ele trabalhava para sustentar a família.
Nos dias de hoje, deixaríamos o bife maior para nossos filhos, que estão em fase de crescimento.
Mesmo sem pensar, estamos passando valores aos filhos em momentos como esse.
Traçando um paralelo, quando as empresas passam a valorizar o "sangue novo" e as "idéias arejadas" dos novos profissionais, em contraposição à "experiência" dos mais velhos, também esta´contribuindo para construção de um sistema de valores diferentes.
O resultado é que, grande parte das empresas aposenta compulsoriamente seus executivos de maneira automática, em muitos casos bem antes do que necessário, perdendo a oportunidade de conciliar de forma sinérgica a energia e a sabedoria.
Pessoalmente, conheço alguns profissionais "seniors" que poderiam dormir sobre suas escrivaninhas o dia inteiro e serem acordados para responder uma pergunta por ano, e ainda assim valeriam seu salário.
Empresas que sabem identificar e manter esses talentos maduros garantem um diferencial competitivo significativo em relação a seus concorrentes.
Respeitar os mais velhos não é apenas uma questão ética, moral ou de justiça. É um sinal de inteligência (e, no caso das empresas, inteligência competitiva).
sexta-feira, dezembro 08, 2006
A culpa e a dívida interna
Num papo que começou com o Pedro Galdi no Franz Café da Lorena e terminou com o Rodrigo entre as fritas do Fifities, consolidei uma ideia interessante que gostaria de partilhar com os frequentadores do Café.
Para simplificar a exposição, vou utilizar alguns termos da psicologia freudiana de forma coloquial e com larga licença poética (que os psicólogos me perdoem por isso).
A idéia é a seguinte...
Todo mundo já ouviu falar de Id, Ego e Superego, certo ?
Grosso modo, o Id é o nosso inconsciente, onde nascem nossos desejos, que por sua natureza imperativa constituem uma espécie de autoridade interna, fora do nosso controle consciente.
O Superego, por sua vez, pode ser considerado uma autoridade internalizada a partir de elementos externos, culturais, religiosos, educacionais e sociais.
O Ego é nosso "eu consciente", que toma as decisões.
Quando contrariamos a autoridade do Superego, sentimos culpa por que estamos fazendo algo "errado". São ações do tipo que temos vergonha de comentar, justamente porque estamos perpretando uma "contravenção".
Já quando contrariamos a "autoridade" do Id, criamos uma dívida interna, justamente porque estamos deixando de atender desejos de foro íntimo.
Bastante frequentemente essas autoridades estão em conflito, o que significa que atender a uma resulta em contrariar a outra.
Crianças, com o Superego ainda em desenvolvimento, costumam ser mais impulsivas.
Na medida em que a autoridade do Superego ganha força, tendemos a nos submeter a ela e, no período jovem adulto (20-40 anos), acumulamos uma divida interna cada vez maior, por sufocamento de nossos desejos. E, vez por outra, como válvula de escape, contrariamos o Superego cometendo pequenos "crimes" para atender grandes desejos, e passamos a acumular também culpas.
Ao chegar na meia idade, a dívida interna e/ou o sentimento de culpa podem ser tão grandes que o Ego se vê pressionado a lidar com a questão de forma diferente. É um momento de crise.
Aí, podem acontecer 3 coisas:
- o cidadão "surta", manda o superego plantar batatas e vira um adolescente revoltado
- o cidadão decide reprimir de vez o Id e assume a postura representada pelo arquétipo do Patriarca (Jung), um provedor e senhor da moral e dos bons costumes.
- o cidadadão desenvolve uma verdadeira autoridade pessoal (vamos colocá-la no Ego) e aprende a conciliar o Id e o Superego, e assume a postura representada pelo arquétipo do Malandro (Jung de novo), decidindo de acordo com seus desejos e assumindo a responsabilidade por seus atos, sem acumular mais dívidas internas ou culpas (numa situação ideal).
Olhando em volta, essa idéia me parece fazer sentido.
Gostaria muito que vocês comentassem ...
Para simplificar a exposição, vou utilizar alguns termos da psicologia freudiana de forma coloquial e com larga licença poética (que os psicólogos me perdoem por isso).
A idéia é a seguinte...
Todo mundo já ouviu falar de Id, Ego e Superego, certo ?
Grosso modo, o Id é o nosso inconsciente, onde nascem nossos desejos, que por sua natureza imperativa constituem uma espécie de autoridade interna, fora do nosso controle consciente.
O Superego, por sua vez, pode ser considerado uma autoridade internalizada a partir de elementos externos, culturais, religiosos, educacionais e sociais.
O Ego é nosso "eu consciente", que toma as decisões.
Quando contrariamos a autoridade do Superego, sentimos culpa por que estamos fazendo algo "errado". São ações do tipo que temos vergonha de comentar, justamente porque estamos perpretando uma "contravenção".
Já quando contrariamos a "autoridade" do Id, criamos uma dívida interna, justamente porque estamos deixando de atender desejos de foro íntimo.
Bastante frequentemente essas autoridades estão em conflito, o que significa que atender a uma resulta em contrariar a outra.
Crianças, com o Superego ainda em desenvolvimento, costumam ser mais impulsivas.
Na medida em que a autoridade do Superego ganha força, tendemos a nos submeter a ela e, no período jovem adulto (20-40 anos), acumulamos uma divida interna cada vez maior, por sufocamento de nossos desejos. E, vez por outra, como válvula de escape, contrariamos o Superego cometendo pequenos "crimes" para atender grandes desejos, e passamos a acumular também culpas.
Ao chegar na meia idade, a dívida interna e/ou o sentimento de culpa podem ser tão grandes que o Ego se vê pressionado a lidar com a questão de forma diferente. É um momento de crise.
Aí, podem acontecer 3 coisas:
- o cidadão "surta", manda o superego plantar batatas e vira um adolescente revoltado
- o cidadão decide reprimir de vez o Id e assume a postura representada pelo arquétipo do Patriarca (Jung), um provedor e senhor da moral e dos bons costumes.
- o cidadadão desenvolve uma verdadeira autoridade pessoal (vamos colocá-la no Ego) e aprende a conciliar o Id e o Superego, e assume a postura representada pelo arquétipo do Malandro (Jung de novo), decidindo de acordo com seus desejos e assumindo a responsabilidade por seus atos, sem acumular mais dívidas internas ou culpas (numa situação ideal).
Olhando em volta, essa idéia me parece fazer sentido.
Gostaria muito que vocês comentassem ...
Ilustração referente ao comentário do post abaixo
domingo, dezembro 03, 2006
Marketing cria necessidades ? (opinião do leitor)
Essa discussão se iniciou no blog do Rodrigo, que a transferiu para o Arguta como comentário.
Como o tema é interessante e a opinião do Rodrigo consistente, decidi publicá-la como "post" para estimular a participação dos demais frequentadores do Arguta Café.
Bom proveito !
- E, apenas para constar, o marketing bem feito não inventa necessidades ... apenas as explora (eu havia comentado isso no blog do Rodrigo, o Dysfemismo). Ele contesta...
Todo burgues publicitario acredita nisso. Mas é muita ingenuidade acreditar que Coca-cola e Marlboro apenas exploraram necessidades e não abusam de possibilidades humanas para transformarem-nas em necessidades inexoraveis. Se os meios de comunicação em massa não tivessem nenhum poder de reciprocidade (ou seja, o poder de ser criado por uma sociedade e de recria-la novamente) eu até concordaria. Mas é obvio que sua idéia só faz sentido porque a propria classe que cria e recria o mundo através da publicidade tem o interesse individual (o de livrar a propria consciencia) e coletivo (o de convencer a outra classe, mais numerosa, de que o marketing é inofensivo) de pensar assim... Isso me lembra inclusive boa parte da pauta dos apologistas do jornalismo: eles repetem tanto sobre o "jornalismo imparcial" que pretendem convencer a si mesmos e aos seus leitores que, de fato, existe imparcialidade e que as notícias são isentas de posicionamento político... Como se todos fossem esquizofrenicos e tivessem a capacidade de sair de sua propria existencia pra um plano etéreo e imaculado de imparcialidade na hora de escreverem notícias. A mesma coisa serviria pra propaganda, se a televisão, as revistas e os jornais existissem num plano superior aonde as necessidades do homem são absolutamente estáticas, imutáveis, perfeitas - e nunca no mundo real, num mundo em que voce acende um cigarro, entra em um carro importado, liga o seu ipod, conversa no skype e come no MacDonalds.
...
(Se bem que no caso do cigarro a propaganda já não é mais indispensável pra manutenção da necessidade porque o convívio social e o poder da droga já fazem todo o trabalho sujo...)
*recria-la reciprocamente, não novamente
(também adicionaria que o carro importado tem muito mais funções e potencialidades automotivas do que voce vai usar durante a sua vida, considerando as condições automobilísticas do transito e da qualidade das ruas de São Paulo..)
Rodrigo Ferrari (www.dysfemismo.blogspot.com)
Como o tema é interessante e a opinião do Rodrigo consistente, decidi publicá-la como "post" para estimular a participação dos demais frequentadores do Arguta Café.
Bom proveito !
- E, apenas para constar, o marketing bem feito não inventa necessidades ... apenas as explora (eu havia comentado isso no blog do Rodrigo, o Dysfemismo). Ele contesta...
Todo burgues publicitario acredita nisso. Mas é muita ingenuidade acreditar que Coca-cola e Marlboro apenas exploraram necessidades e não abusam de possibilidades humanas para transformarem-nas em necessidades inexoraveis. Se os meios de comunicação em massa não tivessem nenhum poder de reciprocidade (ou seja, o poder de ser criado por uma sociedade e de recria-la novamente) eu até concordaria. Mas é obvio que sua idéia só faz sentido porque a propria classe que cria e recria o mundo através da publicidade tem o interesse individual (o de livrar a propria consciencia) e coletivo (o de convencer a outra classe, mais numerosa, de que o marketing é inofensivo) de pensar assim... Isso me lembra inclusive boa parte da pauta dos apologistas do jornalismo: eles repetem tanto sobre o "jornalismo imparcial" que pretendem convencer a si mesmos e aos seus leitores que, de fato, existe imparcialidade e que as notícias são isentas de posicionamento político... Como se todos fossem esquizofrenicos e tivessem a capacidade de sair de sua propria existencia pra um plano etéreo e imaculado de imparcialidade na hora de escreverem notícias. A mesma coisa serviria pra propaganda, se a televisão, as revistas e os jornais existissem num plano superior aonde as necessidades do homem são absolutamente estáticas, imutáveis, perfeitas - e nunca no mundo real, num mundo em que voce acende um cigarro, entra em um carro importado, liga o seu ipod, conversa no skype e come no MacDonalds.
...
(Se bem que no caso do cigarro a propaganda já não é mais indispensável pra manutenção da necessidade porque o convívio social e o poder da droga já fazem todo o trabalho sujo...)
*recria-la reciprocamente, não novamente
(também adicionaria que o carro importado tem muito mais funções e potencialidades automotivas do que voce vai usar durante a sua vida, considerando as condições automobilísticas do transito e da qualidade das ruas de São Paulo..)
Rodrigo Ferrari (www.dysfemismo.blogspot.com)
quinta-feira, novembro 30, 2006
O homem, o menino e o burro
Contribuição da amiga mexicana Luisa Hinojosa. Uma fábula que ela leu aos 5 anos de idade e que marcou sua vida.
"Um homem e seu filho caminhavam pela estrada, levando seu burro.
Algumas pessoas que vinham em sentido contrário comentaram:
- Que absurdo. Os dois andandando a pé nesse calor e o burro belo e folgado ....
O homem achou que os passantes tinham razão e protamente colocou seu filho no lombo do burro.
Mais adiante outros passantes, vendo a cena, comentaram:
- Que triste. Um jovem com saúde no lombo do burro e o sernhor, mais velho, tendo que caminhar debaixo desse sol ... já não há respeito !
O homem ponderou que o comentário fazia sentido e trocou de lugar com seu filho, passando para o lombo do buro.
Algumas centenas de metros mais adiante, outro grupo escandalizado comentou:
- Isso que é falta de consideração... um adulto belo e folgado sobre o lombo do burro enquanto a criança é obrigada a caminhar sob o sol escladante. Que tortura para a pobre criança.
O homem, envergonhado, fez subir também a criança no lombo do burro.
Poucos minutos depois um novo grupo de andarilhos, com um olhar de reprovação disse:
- Agora é assim que se tratam os animais. O pobre burro, fatigado pelo calor, obrigado a carregar duas pessoas no seu lombo. Uma crueldade sem limite com o animal.
Moral da história: não importa o que você faça, sempre haverá alguém para criticar.
Portanto, faça o que achar certo, ou logo logo vai estar carregando o burro nas costas.
terça-feira, novembro 28, 2006
Confúcio disse ... (2)
"Não se preocupe por não ter um cargo oficial. Preocupe-se com suas qualificações. Não se preocupe porque ninguém aprecia suas qualidades. Procure ser merecedor de apreço."
domingo, novembro 26, 2006
Confúcio disse .... (1)
quinta-feira, novembro 23, 2006
Lombadas analógicas ...
Visitem esse endereço para avaliar uma solução criativa para o controle de velocidade nas ruas.
Desta vez os europeus nos superaram...
http://5x5m.com/files/speedbandits/
Desta vez os europeus nos superaram...
http://5x5m.com/files/speedbandits/
domingo, novembro 19, 2006
Ex Quisitus
Contribuição do Juan Carlos, diretor da KMR Chile...
Um dos falsos cognatos entre as linguas portuguesa e espanhola é a palavra esquisito (ou exquisito, em espanhol). Embora semelhantes, tem sentido e uso quase opostos.
Em portugues, por esquisito se entende algo estranho, normalmente de forma pejorativa, ruim.
Em espanhol, esquisito é algo raro, de extraordinária qualidade no sentido positivo.
Ambas as palavras se originam do latim "ex quisitus", ou seja, fora dos quesitos, fora das especificações. Poderia ser para melhor ou para pior.
Esse é um dos poucos casos em que os brasileiros se mostraram mais pessimistas do que seus irmãos latinos ...
Um dos falsos cognatos entre as linguas portuguesa e espanhola é a palavra esquisito (ou exquisito, em espanhol). Embora semelhantes, tem sentido e uso quase opostos.
Em portugues, por esquisito se entende algo estranho, normalmente de forma pejorativa, ruim.
Em espanhol, esquisito é algo raro, de extraordinária qualidade no sentido positivo.
Ambas as palavras se originam do latim "ex quisitus", ou seja, fora dos quesitos, fora das especificações. Poderia ser para melhor ou para pior.
Esse é um dos poucos casos em que os brasileiros se mostraram mais pessimistas do que seus irmãos latinos ...
quinta-feira, novembro 16, 2006
Slow Down (SD), Confort Zone (CZ), Speed Up (SU)
Como esta sua relação com o trabalho cotidiano ?
Confortável: você dá conta das tarefas, não há grandes desafios, suas competências são as necessárias e suficientes para a posição, você gosta do que faz ?
Sobrando: tem domínio total do trabalho há tempos, suas competências são mais do que suficientes, não consegue evitar uma certa sensação de aborrecimento ?
Faltando: o trabalho é bastante desafiador, ainda precisa desenvolver algumas competências necessárias, enfrenta situações aflitivas ?
Embora a maioria das pessoas sonhem com um trabalho fácil, trabalhar em "marcha lenta" (SD) costuma ser extremamente desmotivador, além de não contribuir para o desenvolvimento pessoal e profissional. Em alguns casos, pode até provocar um certo "embotamento".
No outro extremo, mesmo aqueles que dizem preferir o trabalho "acelerado" (SU) devem reconhecer que, viver permanentemente acima do limite é muito desgastante. Essa é uma situação que vem se tornando comum desde os tempos da re-engenharia e até eventualmente estimulada por algumas empresas. Pode contribuir para o desenvolvimento do profissional, mas tem como resultante segura o estresse.
A zona de conforto (CZ) é, como o proprio nome diz, confortável. Podemos trabalhar por muito tempo nessa situação, com singular alegria, até que a repetição torne o trabalho mais fácil e monótono (mudando de zona para SD). Seu único problema é contribuir pouco para o desenvolvimento do profissional.
Jovens costumam enfrentar bem alguns períodos SU relativamente longos. Profissionais plenos necessitam de algum conforto, pricipalmente para viver outro interesses (família, hobbies, etc.), mas demandam muitos momentos de SU para seu crescimento. Profissionais maduros preferem a zona de conforto, com alguns momentos SD para aproveitar melhor suas conquistas.
O importante é estar atento para a sua relação com o trabalho e buscar ajustar o tamanho do desafio aos seus limites e desejos.
Não é tão fácil como poderia parecer à primeira vista, mas ajuda a viver melhor ...
Confortável: você dá conta das tarefas, não há grandes desafios, suas competências são as necessárias e suficientes para a posição, você gosta do que faz ?
Sobrando: tem domínio total do trabalho há tempos, suas competências são mais do que suficientes, não consegue evitar uma certa sensação de aborrecimento ?
Faltando: o trabalho é bastante desafiador, ainda precisa desenvolver algumas competências necessárias, enfrenta situações aflitivas ?
Embora a maioria das pessoas sonhem com um trabalho fácil, trabalhar em "marcha lenta" (SD) costuma ser extremamente desmotivador, além de não contribuir para o desenvolvimento pessoal e profissional. Em alguns casos, pode até provocar um certo "embotamento".
No outro extremo, mesmo aqueles que dizem preferir o trabalho "acelerado" (SU) devem reconhecer que, viver permanentemente acima do limite é muito desgastante. Essa é uma situação que vem se tornando comum desde os tempos da re-engenharia e até eventualmente estimulada por algumas empresas. Pode contribuir para o desenvolvimento do profissional, mas tem como resultante segura o estresse.
A zona de conforto (CZ) é, como o proprio nome diz, confortável. Podemos trabalhar por muito tempo nessa situação, com singular alegria, até que a repetição torne o trabalho mais fácil e monótono (mudando de zona para SD). Seu único problema é contribuir pouco para o desenvolvimento do profissional.
Jovens costumam enfrentar bem alguns períodos SU relativamente longos. Profissionais plenos necessitam de algum conforto, pricipalmente para viver outro interesses (família, hobbies, etc.), mas demandam muitos momentos de SU para seu crescimento. Profissionais maduros preferem a zona de conforto, com alguns momentos SD para aproveitar melhor suas conquistas.
O importante é estar atento para a sua relação com o trabalho e buscar ajustar o tamanho do desafio aos seus limites e desejos.
Não é tão fácil como poderia parecer à primeira vista, mas ajuda a viver melhor ...
quarta-feira, novembro 15, 2006
Pensamento da noite ...
As duas melhores formas de ajudar uma pessoa são: apoia-la em suas iniciativas ou não atrapalhar.
Uma terceira forma, reservada aos amigos, é conversar, contribuindo para que as decisões sejam tomadas com maior clareza, mas sempre respeitando o direito do outro sobre sí.
Pensamento complementar: só é capaz de aceitar o outro quem aceita a sí próprio.
Uma terceira forma, reservada aos amigos, é conversar, contribuindo para que as decisões sejam tomadas com maior clareza, mas sempre respeitando o direito do outro sobre sí.
Pensamento complementar: só é capaz de aceitar o outro quem aceita a sí próprio.
Moderna Escravidão
O próximo 20 de novembro é o Dia Nacional da Consciência Negra.
Embora as comemorações de hoje estejam mais relacionadas aos problemas sócio-culturais, sua escolha se deve à morte, em 1695, de Zumbi dos Palmares, um ícone da luta contra a escravidão.
A escravidão explícita ainda existe no Brasil, lamentavelmente, embora não mais institucionalizada como outrora. Já não se restringe a uma raça específica. Trabalhadores (principalmente no nordeste), mulheres (geralmente levadas para o exterior), imigrantes ilegais (aqui mesmo em São Paulo) constituem a face mais visível desse vergonhoso problema.
Mas existem outras faces da escravidão sobre as quais os convido a pensar.
O conceito de escravidão como restrição das liberdades individuais é mais amplo e complexo, repleto de sutilezas.
Pitágoras (aquele do famoso teorema) disse que nenhum homem é livre se não puder comandar a si mesmo.
John Donne, o poeta inglês, afirmou que nenhum homem é uma ilha (o que, obviamente, não deve ser tomado no sentido literal), o que nos faz recordar de que nossa liberdade sempre terá limites.
Meu filho Rodrigo, secundando alguns outros filósofos (como Nietzsche), afirmou em seu blog que o livre arbítrio não existe.
E o The Guardian (jornal Inglês) de hoje, publicou uma interessante matéria sobre pessoas e empresas que estão enriquecendo às custas da venda de informações pessoais não autorizadas (crime precursor da escravidão virtual – aguarde, para um futuro próximo de você).
Talvez possamos pensar em criar um Dia Internacional da Consciência Humana ...
PS – Deixo a discussão da potencial redundância da expressão “consciência humana” para outro momento.
domingo, novembro 12, 2006
Pensamento da Madonna ...
Era um domingão ...
"Era um domingão
Tinha muito sol
Meu avô na frente
Minha avó atrás
Tudo num fuscão
Que legal ..."
Essa é uma estrofe de um pop antigo (não me lembro o nome da banda).
Num tom debochado, fala da mesmice e dos meandros particulares da felicidade alheia.
Hoje tive um domingo gostoso, repleto de pequenas indulgências (como diria Jaime Troyano).
Dormir até tarde, café da manhã farto e preguiçoso, boa companhia, arte grega, batatas fritas do Fifties e tempo para mim. Tudo decidido em real time, ao sabor da vontade.
O próximo domingo será diferente. Ou não. Mas será bom ... ou não.
Mas será.
sexta-feira, novembro 10, 2006
Frase do dia ...
A consciência de ser falível não deve abalar a convicção de estarmos certos.
(Gedeon)
(Gedeon)
terça-feira, novembro 07, 2006
Comunicação fora de controle
Deu no site do Estadão de hoje: "Filme põe gringos em apuros no Brasil".
A Fox Atomic (divisão da Fox que faz filmes para jovens) lançará seu primeiro longa metragem no início de dezembro e o tema é o "perigoso" turismo no Brasil.
Resumidamente, 6 jovens americanos me férias numa praia brasileira caem no golpe do "boa noite cinderela" (narcótico na bebida) e são raptados e levados para uma casa na selva.
Não faltam tipos psicóticos, bandidos falando espanhol e inúmeros estereótipos deturpados da realidade brasileira.
Seguramente, o filme trará efeitos negativos para o turismo brasileiro, para desespero da Embratur e do mercado. E, pior que ele é o site www.paradisebrazil.com, criado para promovê-lo.
Mas antes que alguém acuse os americanos de injustiça, já que o Brasil está longe de ser o que alguns poucos brasileiros criminosos decidem fazer dele, é bom lembrar que os Estados Unidos também não são exatamente como os filmes que criticam sua prepotência e interferência em assuntos alheios, ou os serial killers, ou ainda os shooters, pretendam que seja.
Em ambos os países vive gente "comum e normal", procurando a felicidade e a realização pessoal dentro de parâmetros aceitáveis de civilização.
Mas ambos, Brasil e Estados Unidos, pagam a conta por relegarem problemas sociais graves para um segundo plano.
De todo modo, tanto num caso como no outro, o "marketing" enfrenta o desafio cada vez mais presente de se contrapor à comunicação "fora de controle".
E essa situação decorre, entre outras coisas, de uma falta de planejamento adequado.
Hoje, o plano de comunicação de uma empresa ou país deve considerar que a comunicação já não é um privilégio do dono da marca. Marcas tem vida própria e os consumidores tem meios à sua disposição para promovê-las ou destruí-las.
É algo para se pensar...
FF
quarta-feira, novembro 01, 2006
Arguta Café faz aniversário, e quem ganha é você ...
Companheiras e companheiros (já que segue a era Lula)...
Conforme previamente anunciado, o Arguta Café está completando seu primeiro ano de vida.
Para mim, a experiência de abrir uma porta no ciberespaço Gibsoniano (Neuromancer – 1984) através da qual pude distribuir o que se convencionou chamar de “conteúdo não mediado” foi muito interessante e instrutiva.
Mais do que isso, também foi um imenso prazer partilhar pensamentos e idéias com pessoas interessadas e interessantes.
Coisas que marcaram:
- pessoas queridas que, “inspiradas” pelo Arguta, decidiram criar seu próprio blog
- a postagem do texto “Frutas exóticas brasileiras – Maracutáia”, que gerou o maior número de acesso no blog em um só dia (mais de 80)
- o texto “O Problema do Dr. Sodré”, pelo prazer de postar
- a descoberta recente de que partilhar pensamentos pseudo-filosóficos da ibope
- a satisfação íntima de haver conseguido, em alguns momentos, provocar e emocionar, em outros, contribuir de alguma forma
- os muitos comentários carinhosos que recebi através do Arguta
- as cobranças dos leitores nos momentos em que não encontrava tempo para postar
- os números: mais de 120 postagens, mais de 500 comentários no blog e de 3.400 visitas e 7.000 page views.
Para um blog despretensioso e intimista como o Arguta Café, não foi pouco.
Os leitores do Arguta ganham meu reconhecimento e gratidão, pela deferência em visitar e pela honra de poder receber-los.
E ganham também meu compromisso pessoal de procurar, com a mesma espontaneidade característica deste “café” com amigos, seguir postando pensamentos, fatos, idéias e comentários que possam contribuir para entreter, informar ou instigar.
Se em algum momento, para algum de vocês, queridos leitores, uma postagem provocar uma reflexão, oferecer uma idéia nova ou, simplesmente, arrancar um breve sorriso e for responsável por um minuto de agradável distração num dia atribulado, o Arguta Café terá cumprido seu propósito.
Um grade beijo para vocês e .... muito obrigado !
terça-feira, outubro 31, 2006
Que país é esse ?
Deu no site do Estadão: Clodovil nega o Holocausto e o 11 de setembro.
Que pena que a política não seja uma profissão e que os postos do legislativo não sejam tratados como empregos. No mínimo daria para despedir alguns por justa causa.
Esse aí, só por comparar os dois fatos, já mereceria o olho da rua.
segunda-feira, outubro 30, 2006
Pensamento da madrugada ...
Se você acha que as pessoas exigem muito de você, não exija nada de ninguém.
Há alguns momentos na vida em que a gente sente que as pessoas só nos procuram quando precisam de alguma coisa. É provável que não estejamos dando atenção às nossas próprias necessidades.
Por isso, melhor do que reclamar dos outros é fazer por sí.
Com uma faca atravessando o coração ...
Terminaram as eleições de 2006.
Vendo o mapa publicado pelo site do UOL nesta noite, não pude deixar de pensar na imagem de uma faca (azul) atravessando um coração (vermelho).
Um frio Alckimin e um emotivo Lula. A emoção teria vencido a razão ?
Não.
Lula deu ao povo (ou à maioria dele) o que ele queria. Ajuda de custo mensal (bolsa família) e discursos inteligíveis.
Alckimin não soube respeitar o amor que a população mais desprivilegiada tem por Lula e nem soube conquistar esse amor.
Preferiu atacar, com discursos herméticos, longe de tocar o coração ou a razão dos eleitores mais simples.
Poderia ter aceito o fato de que o Lula é um bom sujeito. Que de fato não sabia o que estava se passando debaixo do seu nariz, mas que tinha boas intenções.
Poderia ter convidao Lula para ser seu vice. Ele, Alckimin, mais afeito às questões administrativas, mais preparado para descobrir e evitar que trambicagens sejam feitas debaixo de seu nariz, cuidaria da gestão do país. Lula, mais capaz de se preocupar com o povo brasileiro, apontaria as prioridades sociais e faria a conexão do governo com a população, comunicando-se na linguagem corrente do país.
Como isso não aconteceu, o Brasil escolheu o que achou menos ruim, e seguimos com a metade do que precisamos, com o coração varado de angústia.
O importante é que seguimos sendo um dos países mais democráticos do mundo, para o bem e para o mal. Que seja para o bem e que, eleito Lula, todos e cada um de nós colaboremos com o que estiver ao nosso alcance.
Boa sorte para todos nós. Precisamos e merecemos.
quinta-feira, outubro 26, 2006
Informação e entretenimento ...
Eis-me aqui em mais um congresso da ESOMAR, desta vez o latinoamericano, que acontece no Rio de Janeiro.
A frequencia até que está razoável para essa época do ano. As palestras é que são um problema. Até agora, nenhuma que envergonhasse o palestrante. Algumas poucas são realmente muito boas. Mas a maioria, como em todos os congressos de que tenho participado, não vale a viajem.
Realmente acho que quem vai preparar uma apresentação deveria levar em conta, no mínimo por respeito à audiência, que tempo é um bem precioso.
Se recebemos a honra de apresentar nossas idéias, devemos retribuir com uma contribuição relevante e, se possível, agradável.
O público espera, merece e paga por isso: informação relevante e entretenimento. Se a informação não for tão relevante assim, pelo menos que a apresentação seja interessante, divertida, relaxante. Isso é sempre bem vindo em meio a uma série de "papers" mais técnicos.
Mas como no meio acadêmico a informalidade é mal vista e ser sério é quase sempre sinônimo de ser chato, há que se conviver com alguns (muitos) chatos irrelevantes.
Pode parecer uma certa arrogância intelectual da minha parte. Mas não é.
Já fiz muitas apresentações durante minha vida profissional. E por mais que me esforce quase sempre termino a apresentação com a sensação de que não foi tão relevante quanto gostaria. Felizmente, alguns feedbacks positivos ajudam a elevar a auto-estima nesse ponto.
Mas sempre cuido para que sejam agradáveis, divertidas ou instigantes. Se não conseguir contribuir com algo novo, pelo menos ofereço um momento de relaxamento, de bom humor ou de estímulo ao pensamento, preferivelmente tudo junto.
E, se por um lado, oferecer informação nova e relevante é um desafio cada vez maior, por outro, ser agradável está ao alcance de todos.
O aniversário do Arguta Café se aproxima...
Como bem lembrou o Giovani, que acessa mas não comenta, o Arguta completará seu primeiro aniversário na próxima semana.
E de acordo com as projeções da equipe de estatísticos de plantão, atingirá a incrível marca de 3.333 acessos nessa data.
Aguardem a postagem especial de aniversário.
E de acordo com as projeções da equipe de estatísticos de plantão, atingirá a incrível marca de 3.333 acessos nessa data.
Aguardem a postagem especial de aniversário.
terça-feira, outubro 24, 2006
Pensamento da noite
sábado, outubro 21, 2006
Filosofia de Café
As frases de para-choques de caminhão são famosas por refletirem de forma lúdica o pensamento filosófico popular brasileiro.
Seu equivalente para o mundo empresarial são os prolóquios (máximas) proferidos em torno da máquina de café.
Normalmente revestidos pela paixão do momento, traduzem o sentimento provocado por algum acontecimento que precede o ato de buscar o alívio emocional através do compartilhamento com os companheiros e um cafezinho.
Divido com vocês algumas que ouvi (ou criei) recentemente e convido-os a postar aqui no Arguta Café (local adequadíssimo, diga-se de passagem) suas descobertas.
"De agora em diante, só vou cuidar da minha saúde, por que da minha vida os outros já estão cuidando."
"Não perca tempo falando mal de si mesmo. Seus amigos farão isso por você."
"O que são os fatos diante da força dos argumentos ?"
"O trabalho seria muito mais fácil se não fossem os clientes. "
"Duas coisas fazem de você um bom profissional. A primeira é a memória, a segunda ... esqueci."
"É mais fácil encontrar a solução do que o culpado." ou a versão pragmática: "É mais fácil encontrar uma solução quando você é o culpado."
"Quem só pensa em dinheiro acaba ficando rico."
"Fui fazer um networking e já volto."
"Nunca desista dos sonhos. Se não tiver em uma padaria, procure na outra."
"Nem tudo que está na frente é o futuro."
"Larguei a bebida ... não me lembro onde."
"Chefes são como nuvens. Quando não estão o dia fica lindo."
"Queria ganhar pouco um dia ... mas tinha que ser todo dia ?"
"Um chato nunca perde seu tempo ... mas gasta o dos outros."
"Quando você é um líder, há os que te seguem e os que te perseguem."
"Quem carrega o mundo nas costas da as costas para o mundo."
sexta-feira, outubro 20, 2006
O problema do Dr. Sodré
Dr. Sodré era uma sumidade nas artes contábeis, mas tinha critérios curiosos quando se tratava se sua vida pessoal.
Ainda nos tempos de repartição conheceu sua primeira mulher, Antonieta. Era a telefonista. Apaixonou-se por sua voz melíflua gradativamente, a cada ligação transferida para a expedição, onde trabalhava.
Quando a conheceu pessoalmente pareceu não se importar com o fato de ser feia.
Almeidinha, o assessor, protegido da diretoria, alertou:
- Sodré, meu querido ... ela é feia. E de forma epidêmica. Todo mundo comenta...
- Melhor assim, seu Almeida - filosofava. Evita problemas no casamento.
Não evitou. Antonieta abandou-o com os gêmeos um pouco antes da promoção para assistente da pagadoria. Fugiu com Juvenal, o pintor, deixando a reforma da casa pela metade.
Sodré, deprimido, dedicou-se ao trabalho e aos filhos. Poucos anos depois, num golpe de sorte, foi indicado para substituir o Badaró no posto de gerente, que decidiu antecipar sua aposentadoria para abrir um night club, com garotas bonitas dançando abraçadas em canos de bronze, como não cansava de repetir aos amigos que ficavam.
Foi justamente por uma dessas garotas que o agora "doutor" Sodré resolveu abandonar sua solteirice.
Badaró alertou:
- Sodrezinho, meu caro ... essa mulher não é para você. É experiente demais, se é que você me entende ...
- Melhor assim, Badaró - afirmou com segurança. Evita problemas no casamento.
Gisleine, ou Leine como era chamada na noite, até que gostava do Dr. Sodré. Mas não tolerava o trinômio casa, criada e crianças e acabou se engraçando com o professor de futebol do Juninho, o Paulão.
Sodré levou outra bola nas costas e voltou para a retranca.
- Não caso mais - afirmou para o Almeidinha, que agora trabalhava no ministério. É melhor ... evita problemas.
- O problema é você, Sodré - retrucou Almeida já no terceiro chopp. Quem quer fugir dos problemas não encontra a si mesmo.
Ainda assim, Dr. Sodré teria cumprido sua promessa não fosse a insistência de Dona Elenice, a vizinha viuva que sempre se oferecia para ficar com as crianças quando Sodré tinha que trabalhar até mais tarde.
Na despedida de solteiro, no clube do Badaró, o Almeida vaticionou:
- Agora sim, Sodré, acertartes. A Elenice é mulher para toda a vida.
E seria, não fosse Alicinha, a assistente do auditor, com quem Sodré passava horas revisando a contabilidade.
O preocupado Almeida ainda tentou avisá-lo:
- Toma tento, Sodré ... isso ainda vai dar problema no casamento.
- Nada disso, Almeida - respondeu com ar maroto. Dessa vez sou eu quem vai primeiro !
Moral da história: quem tem foco no problema nunca atinge o resultado.
Ainda nos tempos de repartição conheceu sua primeira mulher, Antonieta. Era a telefonista. Apaixonou-se por sua voz melíflua gradativamente, a cada ligação transferida para a expedição, onde trabalhava.
Quando a conheceu pessoalmente pareceu não se importar com o fato de ser feia.
Almeidinha, o assessor, protegido da diretoria, alertou:
- Sodré, meu querido ... ela é feia. E de forma epidêmica. Todo mundo comenta...
- Melhor assim, seu Almeida - filosofava. Evita problemas no casamento.
Não evitou. Antonieta abandou-o com os gêmeos um pouco antes da promoção para assistente da pagadoria. Fugiu com Juvenal, o pintor, deixando a reforma da casa pela metade.
Sodré, deprimido, dedicou-se ao trabalho e aos filhos. Poucos anos depois, num golpe de sorte, foi indicado para substituir o Badaró no posto de gerente, que decidiu antecipar sua aposentadoria para abrir um night club, com garotas bonitas dançando abraçadas em canos de bronze, como não cansava de repetir aos amigos que ficavam.
Foi justamente por uma dessas garotas que o agora "doutor" Sodré resolveu abandonar sua solteirice.
Badaró alertou:
- Sodrezinho, meu caro ... essa mulher não é para você. É experiente demais, se é que você me entende ...
- Melhor assim, Badaró - afirmou com segurança. Evita problemas no casamento.
Gisleine, ou Leine como era chamada na noite, até que gostava do Dr. Sodré. Mas não tolerava o trinômio casa, criada e crianças e acabou se engraçando com o professor de futebol do Juninho, o Paulão.
Sodré levou outra bola nas costas e voltou para a retranca.
- Não caso mais - afirmou para o Almeidinha, que agora trabalhava no ministério. É melhor ... evita problemas.
- O problema é você, Sodré - retrucou Almeida já no terceiro chopp. Quem quer fugir dos problemas não encontra a si mesmo.
Ainda assim, Dr. Sodré teria cumprido sua promessa não fosse a insistência de Dona Elenice, a vizinha viuva que sempre se oferecia para ficar com as crianças quando Sodré tinha que trabalhar até mais tarde.
Na despedida de solteiro, no clube do Badaró, o Almeida vaticionou:
- Agora sim, Sodré, acertartes. A Elenice é mulher para toda a vida.
E seria, não fosse Alicinha, a assistente do auditor, com quem Sodré passava horas revisando a contabilidade.
O preocupado Almeida ainda tentou avisá-lo:
- Toma tento, Sodré ... isso ainda vai dar problema no casamento.
- Nada disso, Almeida - respondeu com ar maroto. Dessa vez sou eu quem vai primeiro !
Moral da história: quem tem foco no problema nunca atinge o resultado.
sábado, outubro 14, 2006
Terroristas e aviões
Incrível como aumentaram as medidas de segurança após o "fatídico" 11/09 em USA e as últimas ocorrências na Inglaterra.
Medidas anti-terroristas, dizem.
É possível que tenham algum efeito psicológico ou político, mas do ponto de vista de segurança, só conseguem impedir que alguém entre em um avião carregando um perigoso frasco de enxaguante bucal ou um terrível cortador de unhas.
E isso, se você não for persuasivo.
Hoje mesmo convenci o pessoal do aeroporto de Londres a me deixar embarcar com meu frasco de colírio Lerin. Isso enquanto dezenas de pessoas menos convincentes deixavam seus tubos de pasta de dente (esconderijo perfeito para explosivo plástico e outros produtos de toucador igualmente suspeitos.
Já no avião, enquanto aguardava para entrar no banheiro, pude assistir tranquilamente a aeromoça digitando a senha do equipamento de segurança para acesso à cabine do piloto.
Não sou especialista em segurança, mas creio que um vidro de colírio cheio de explosivo líquido levado para a cabine do piloto seria suficiente para derrubar um avião.
Ou seja, o incômodo e a humilhação a que são submetidos milhões de viajantes pelo mundo a fora são absolutamente inúteis, e provavelmente só servem para divertir os verdadeiros interessados em derrubar os aviões.
Mais eficiente seria, como disse o general inglês responsável pelas forças de ocupação do Iraque, sair de onde não foram convidados e parar de se meter onde não são chamados.
Aí as companhias aéreas poderiam se dedicar a atender melhor seus clientes e investir na melhora dos serviços, que estão cada dia piores.
Hoje, por exemplo, quase fiquei em terra por overbooking.
Nada excepcional, principalmente em se tratando da Ibéria, com quem viajei 4 vezes nos últimos anos e em todas elas tive problemas com conexões, sem falar no péssimo atendimento a bordo.
Com um pouco de sorte volto para o Brasil hoje, com meu colírio e um pequeno tubo de pasta de dentes, sem explodir o avião (porque, afinal, brasileiro não curte muito essas coisas).
FF
ps - o Atlético de Madrid acaba de fazer seu segundo gol, virando o jogo sobre o Recreativo. Foi gol de mão, mas o juiz não viu e validou. Muito simbólico....
Medidas anti-terroristas, dizem.
É possível que tenham algum efeito psicológico ou político, mas do ponto de vista de segurança, só conseguem impedir que alguém entre em um avião carregando um perigoso frasco de enxaguante bucal ou um terrível cortador de unhas.
E isso, se você não for persuasivo.
Hoje mesmo convenci o pessoal do aeroporto de Londres a me deixar embarcar com meu frasco de colírio Lerin. Isso enquanto dezenas de pessoas menos convincentes deixavam seus tubos de pasta de dente (esconderijo perfeito para explosivo plástico e outros produtos de toucador igualmente suspeitos.
Já no avião, enquanto aguardava para entrar no banheiro, pude assistir tranquilamente a aeromoça digitando a senha do equipamento de segurança para acesso à cabine do piloto.
Não sou especialista em segurança, mas creio que um vidro de colírio cheio de explosivo líquido levado para a cabine do piloto seria suficiente para derrubar um avião.
Ou seja, o incômodo e a humilhação a que são submetidos milhões de viajantes pelo mundo a fora são absolutamente inúteis, e provavelmente só servem para divertir os verdadeiros interessados em derrubar os aviões.
Mais eficiente seria, como disse o general inglês responsável pelas forças de ocupação do Iraque, sair de onde não foram convidados e parar de se meter onde não são chamados.
Aí as companhias aéreas poderiam se dedicar a atender melhor seus clientes e investir na melhora dos serviços, que estão cada dia piores.
Hoje, por exemplo, quase fiquei em terra por overbooking.
Nada excepcional, principalmente em se tratando da Ibéria, com quem viajei 4 vezes nos últimos anos e em todas elas tive problemas com conexões, sem falar no péssimo atendimento a bordo.
Com um pouco de sorte volto para o Brasil hoje, com meu colírio e um pequeno tubo de pasta de dentes, sem explodir o avião (porque, afinal, brasileiro não curte muito essas coisas).
FF
ps - o Atlético de Madrid acaba de fazer seu segundo gol, virando o jogo sobre o Recreativo. Foi gol de mão, mas o juiz não viu e validou. Muito simbólico....
sexta-feira, outubro 13, 2006
Na contra-mão ...
Here am I at London...
Pronto para passar uma noite descansando ao lado do relógio mais famoso do mundo após 2 dias de trabalho intenso, não posso deixar de comentar um pequeno detalhe bastante conhecido desta fantástica cidade. Em Londres, como em toda a inglaterra, todos s carros andam na contra-mão.
Para os londrinos isso não parece ser um grande problema, já que todos concordaram em andar no sentido oposto ao da humanidade.
Mas para mim, embora tenha vivido na contra-mão nos últimos tempos, não deixa de provocar uma dissonância cognitiva, com direito a grandes possibilidades de atropelamento ao atravessar a rua.
Encontrar coisas estranhas em um país de cultura e tradição essencialmente diferentes, como na Ásia e no Oriente Médio, não provoca grandes surpresas.
Mas a Inglaterra é um país ocidental, portanto bastante semelhante ao nosso. Apenas decidiram usar um sistema métrico diferente e dirigir no sentido contrário.
E tudo funciona muito bem ... para eles, e enquanto estiverem em seu território.
Fosse apenas um londrino, diríamos que é maluco. Fosse um grupo, excentricos. Uma pequena cidade, exótica. Mas todo um país ... podemos dizer que defendem o direito de serem diferentes.
Claro que isso é facilitado (e talvez estimulado) pelo fato da Inglaterra ser uma ilha.
E esse é um ponto interessante. Pessoas diferentes procuram seus pares e tendem a viver em uma espécie de ilha. Mantém contato com o resto do mundo mas, sempre que possível, retornam para seu confortável grupo de referência.
Conheci vários ingleses que vivem fora de seu país. Sempre tive a impressão de que, embora capazes de se adaptar, pagam um preço alto por isso. Não por causa do sistema métrico ou da mão de direção, mas porque realmente pensam diferente e normalmente são educados demais para tentar impor sua forma de pensar. Obviamente estou me referindo ao londrino moderno, pós-colonização.
Deve ser por isso que percebo nos ingleses que vivem fora da inglaterra um certo traço de tristeza. Deixam transparecer uma incompreendida solidão.
Estando aqui, em sua terra, fica mais fácil de entender, de extrapolar, e pensar a respeito.
Valeu a visita.
terça-feira, outubro 10, 2006
Pensamento da noite
Cutucocú Cuntaquara
A figura do Pajé é onipresente nas tribos indígenas brasileiras.
Uma mistura bem dosada de Líder Espiritual, Mago-Cientista, Médico e Psicólogo, o Pajé costuma ser o principal responsável pela gestão do conhecimento e o desenvolvimento de pessoas na comunidade.
Uma das principais atribuições do Pajé é gerar o desconforto intelectual, tão necessário para a evolução da mente humana.
Talvez o mais famoso Pajé da história brasileira tenha sido Cutucocú Cuntaquara.
Seu nome, que em tupi-guarani significaria, justamente, “aquele que nos causa desconforto íntimo”, traduz o brilhantismo de sua atuação;
Cotucocú era o tipo da pessoa que, quando lhe desejavam um bom dia, perguntava por quê.
Quando alguém estava triste, questionava suas razões até minimizá-las diante dos mistérios da vida.
A quem vinha partilhar sua felicidade, desnudava sua leviandade.
Tinha explicações complexas para tudo, que eram prontamente substituídas por outras igualmente complexas quando alguém conseguia entender a anterior.
Mas também era capaz de simplificar tudo, sempre que se tentava complicar o caso.
Exercia sobre todos uma influência desconcertante, pela projeção inconsciente do temor do auto conhecimento.
Mas não pensem os senhores que Cuntaquara o fazia por sadismo ou narcisismo (embora o sorriso irônico deixasse antever algum prazer).
Ele não havia desejado ser Pajé. Sua curiosidade incontrolável e obsessão crítica não lhe deixaram outra alternativa.
Não via outro sentido na vida senão o de questioná-la.
Mas a cultura indígena é sábia, e a pajelança existia para isso mesmo, ou seja, para acomodar e direcionar, de forma produtiva para a tribo, as agruras de uma alma atormentada pelo inconformismo.
A sociedade moderna, superficial e cosmética, não tem mais espaço para Pajés da estirpe de Cutucucú.
O entretenimento ocupou o espaço da introspecção. O encontro com o outro é mais importante do que o consigo mesmo.
E o pragmatismo pilatinao (ou poncês, se preferirem) que grassa é de fazer lavar as mãos em lágrimas desde o tempo de Cristo.
Com isso, crescemos menos, e trocamos a vida por uma busca hedonista, infrutífera porque quimérica.
Por isso, meus amigos, quando encontrarem alguém como Cutucucú, não reclamem ... aproveitem.Sair da zona de conforto por alguns momentos pode fazer bem.
Uma mistura bem dosada de Líder Espiritual, Mago-Cientista, Médico e Psicólogo, o Pajé costuma ser o principal responsável pela gestão do conhecimento e o desenvolvimento de pessoas na comunidade.
Uma das principais atribuições do Pajé é gerar o desconforto intelectual, tão necessário para a evolução da mente humana.
Talvez o mais famoso Pajé da história brasileira tenha sido Cutucocú Cuntaquara.
Seu nome, que em tupi-guarani significaria, justamente, “aquele que nos causa desconforto íntimo”, traduz o brilhantismo de sua atuação;
Cotucocú era o tipo da pessoa que, quando lhe desejavam um bom dia, perguntava por quê.
Quando alguém estava triste, questionava suas razões até minimizá-las diante dos mistérios da vida.
A quem vinha partilhar sua felicidade, desnudava sua leviandade.
Tinha explicações complexas para tudo, que eram prontamente substituídas por outras igualmente complexas quando alguém conseguia entender a anterior.
Mas também era capaz de simplificar tudo, sempre que se tentava complicar o caso.
Exercia sobre todos uma influência desconcertante, pela projeção inconsciente do temor do auto conhecimento.
Mas não pensem os senhores que Cuntaquara o fazia por sadismo ou narcisismo (embora o sorriso irônico deixasse antever algum prazer).
Ele não havia desejado ser Pajé. Sua curiosidade incontrolável e obsessão crítica não lhe deixaram outra alternativa.
Não via outro sentido na vida senão o de questioná-la.
Mas a cultura indígena é sábia, e a pajelança existia para isso mesmo, ou seja, para acomodar e direcionar, de forma produtiva para a tribo, as agruras de uma alma atormentada pelo inconformismo.
A sociedade moderna, superficial e cosmética, não tem mais espaço para Pajés da estirpe de Cutucucú.
O entretenimento ocupou o espaço da introspecção. O encontro com o outro é mais importante do que o consigo mesmo.
E o pragmatismo pilatinao (ou poncês, se preferirem) que grassa é de fazer lavar as mãos em lágrimas desde o tempo de Cristo.
Com isso, crescemos menos, e trocamos a vida por uma busca hedonista, infrutífera porque quimérica.
Por isso, meus amigos, quando encontrarem alguém como Cutucucú, não reclamem ... aproveitem.Sair da zona de conforto por alguns momentos pode fazer bem.
domingo, outubro 08, 2006
Ecologia Empresarial
Senhores, o mundo já não é mais o mesmo.
E, para a tristeza dos saudosistas, ele esta cada vez melhor, pelo menos do ponto de vista das relações empresariais.
Nas últimas duas décadas, a competição vem sendo gratativamente substituida pela cooperação.
Veja bem ... não é que exista mais competição, mas a opção pela cooperação vem se demonstrando mais eficiente e produtiva.
Um termo que está sendo utilizado desde hoje (lançado pelo Arguta) para representar essa realidade é a "Protocooperação". Extraido dos anais da biologia representa a relação entre dois seres que se ajudam mutuamente e que, embora mantenham sua independência, colhem benefícios e perpetuam esse arranjo.
O exemplo clássico é o do Pássaro-palito e do Crocodilo africano. O pássaro se alimenta dos restos de alimento depositados entre os dentes do crocodilo, que ganha dentes limpos e brilhantes sem ter que ir ao dentista ou passar fio dental (o que, convenhamos, só seria possível no mundo do desenho animado).
Para empresas, qualquer relação saudável e moderna entre clientes e fornecedores é dessa natureza. O benefício de um resulta no bem estar do outro.
Se você estiver em busca de negócios duradouros, procure identificar situações onde a protocooperação seja possível.
Pode ser que tenha que aguentar o bafo do crocodilo, mas vai sair de barriga cheia ...
sábado, setembro 30, 2006
Pacta sunt servanda (… rebus sic stantibus)
Sim, é latim.
Essas duas expressões muito comuns no universo jurídico (minha amiga, Dra. Cyntia, que o diga), representam a essência do direito civil, particularmente no que se refere às relações contratuais.
A primeira afirma que os pactos (contratos) precisam ser cumpridos. A segunda, reforça que devem permanecer como estão, lembrando que os contratos devem ser avaliados conforme a intenção dos contratantes no momento da formalização do acordo e, não, “ao pé da letra”.
Acabo de participar de um seminário para treinamento de líderes onde a palavra “confiança” foi mencionada inúmeras vezes como a principal característica desejada para um líder.
Um líder deve cumprir seus pactos. E, mais do que isso, deve estar pronto para rever os combinados, de boa fé.
Se você deseja liderar, conquiste a confiança, seja verdadeiro e honesto. O resto se arranja.
É verdade que praticamente todas as relações humanas são relações de usura, não no sentido financeiro ou pejorativo da palavra, mas significando que as partes envolvidas esperam obter alguma coisa em função da relação.
Não fique triste com isso. A vida é assim. Todos ao seu redor esperam obter algo de você... e você deles.
Laços de amizade se formam quando a troca se dá de forma natural, sem grande esforço para os envolvidos. É a tal da relação ganha-ganha, tão em voga hoje em dia.
No trabalho, não é diferente. Seus subordinados, pares, chefes, clientes, fornecedores e acionistas esperam algo de você. E você deles.
O segredo está em abrir o jogo, e se interessar legitimamente por descobrir qual é o desejo do outro.
E, aí, buscar a melhor forma de conciliar o desejo de todos, através de processos de negociação e, finalmente, chegar a um acordo (contrato).
Aí, é pacta sunt servanda e, quando necessário, rebus sic stantibus.
terça-feira, setembro 26, 2006
A Praga Chinesa
O sempre iluminado Marcelo Coutinho, que se soma ao meu filho Rodrigo como referência inequívoca para pensamentos filosóficos, comentou-me uma interessante praga chinesa:
- Que você viva momentos interessantes !
Orientais são complexos até para rogar pragas.
Pensando um pouco sobre o que poderia significar uma praga que, a primeira vista, mais parece uma felicitação de ano novo, cheguei à seguinte conclusão: momentos interessantes são instigantes, e ocupam a mente de tal forma que impedem a introspecção. Nada mais terrível para um oriental iniciado na arte do auto-conhecimento.
Momentos interessantes seriam uma distração para o que realmente lhes interessa na vida.
Nas empresas, não é diferente.
Momentos "interessantes", de alta competitividade ou grandes mudanças, geralmente nos roubam a serenidade para pensar com profundidade.
Por outro lado, como não somos orientais, nos momentos de calmaria costuma-se pensar menos ainda.
Taí algo interessante para se pensar ...
Blog, Budget & Board
Numa semana de "board meetings" e avaliações de "budget", fica difícil cuidar do "blog".
Leitores fiéis tem reclamado, mas o momento exige dedicação ...
Leitores fiéis tem reclamado, mas o momento exige dedicação ...
quarta-feira, setembro 13, 2006
De tanto ver triunfarem as nulidades ...
A frase celebre de Ruy Barbosa foi um de seus poucos deslizes retóricos.
Nulidades, por definição, não triunfam.
Um elemento nulo é aquele que não provoca qualquer alteração nos resultados.
Com o triunfo das nulidades Ruy Barbosa queria se referir aos políticos e assemelhados que, em sua opinião, desprovidos das qualidades necessárias, alcançavam posições relevantes.
Uma nulidade que ocupa um posto relevante deixa de ser nula. Ainda que nada faça, estará impedindo que outro, mais capacitado, exerça a função.
Essa constatação é importante, não só para o mundo da política (com inequívoco impacto social) mas, também, para as empresas em geral.
Quando, por comodismo ou insegurança, deixamos de dispensar um funcionário que não atenda as demandas do cargo, justificando nossa atitude pela aparente "inofensividade" de sua presença (não briga com ninguém, não atrapalha nada), estamos deixando de considerar o prejuízo que causa por comparação com um substituto potencialmente mais eficiente.
Foi moda durante algum tempo em grandes impresas internacionais com foco em inovação, a substituição fsistemática forçada de 5 a 10% dos empregados (os com menores índices de desempenho) a cada ano.
Essa prática é provavelmente exagerada, mas o conceito de se buscar consolidar uma equipe de alto desempenho através da substituição dos menos competentes deve ser avaliado como opção, principalmente em mercados mais competitivos.
Se permitirmos que as "nulidades" triunfem, rapidamente se apoderarão de alguns zeros do resultado da empresa.
Nulidades, por definição, não triunfam.
Um elemento nulo é aquele que não provoca qualquer alteração nos resultados.
Com o triunfo das nulidades Ruy Barbosa queria se referir aos políticos e assemelhados que, em sua opinião, desprovidos das qualidades necessárias, alcançavam posições relevantes.
Uma nulidade que ocupa um posto relevante deixa de ser nula. Ainda que nada faça, estará impedindo que outro, mais capacitado, exerça a função.
Essa constatação é importante, não só para o mundo da política (com inequívoco impacto social) mas, também, para as empresas em geral.
Quando, por comodismo ou insegurança, deixamos de dispensar um funcionário que não atenda as demandas do cargo, justificando nossa atitude pela aparente "inofensividade" de sua presença (não briga com ninguém, não atrapalha nada), estamos deixando de considerar o prejuízo que causa por comparação com um substituto potencialmente mais eficiente.
Foi moda durante algum tempo em grandes impresas internacionais com foco em inovação, a substituição fsistemática forçada de 5 a 10% dos empregados (os com menores índices de desempenho) a cada ano.
Essa prática é provavelmente exagerada, mas o conceito de se buscar consolidar uma equipe de alto desempenho através da substituição dos menos competentes deve ser avaliado como opção, principalmente em mercados mais competitivos.
Se permitirmos que as "nulidades" triunfem, rapidamente se apoderarão de alguns zeros do resultado da empresa.
domingo, setembro 10, 2006
CIA e FBI discordam sobre técnicas de interrogatório
O The New York Times divulgou uma nota comentando as divergências entre os dois serviços de inteligência norte-americanos com relação à maneira pela qual os membros da Al-Qaeda devem ser interrogados.
Não acho que vale a pena comentar esse assunto, mas serve de gancho para mencionar que saber perguntar é um dos grandes pontos de apoio para o sucesso de uma organização.
Lembro-me de um caso verídico, contato por um professor ainda no tempo da faculdade.
Ele estava trabalhando como consultor para uma empresa especializada na fabricação de sistemas de transmissão. Um dos produtos da empresa, uma caixa redutora de velocidade, demandava um tempo muito grande de usinagem (recorte do bloco de metal).
O encarregado da linha de produção havia lhe informado que isso se devia ao desenho interno da caixa, que apresentava curvas de difícil execução, um trabalho quase artesanal.
O professor-consultor foi conversar com o operador da máquina de usinagem, que confirmou a versão do encarregado. Uma única curva mais pronunciada no interior da caixa tomava mais de 40 minutos de tempo de máquina.
Ele perguntou se havia algo que poderia ser feito para reduzir esse tempo. A resposta foi negativa. A máquina era uma das mais modernas disponíveis no mercado e a equipe que a operava era bem treinada e altamente qualificada.
Quando já estava desistindo, ocorreu-lhe perguntar ao operador, por curiosidade, para que servia aquela curva. O operador respondeu que não sabia, mas era uma especificação do projeto.
Seguindo sua intuição, o professor foi procurar o engenheiro responsável pelo projeto e fez a mesma pergunta.
Para sua surpresa, o engenheiro respondeu que a curva prestava uma certa harmonia ao “design” interno da caixa de redução. O que, traduzindo, queria dizer: fica mais bonitinho.
O professor explicou ao engenheiro que aquela curva consumia mais da metade do tempo de usinagem de toda a caixa, e perguntou-lhe se não poderia ser eliminada.
O engenheiro, recuperado de seu viés arquitetônico, concordou de pronto.
E, com isso, o custo de fabricação da peça foi reduzido em, se bem me lembro, 15%.
Através desse e de outros exemplos, além de diversas dinâmicas de grupo conduzidas em sala de aula, esse professor instalou uma atitude questionadora no grupo.
O resultado foi o estímulo da curiosidade construtiva, a paixão pela pergunta e o inconformismo com a resposta pronta (nada parecido com interrogatórios do FBI e da CIA, por favor).
Esse tipo de atitude, bem distribuída e ordenada, traz benefícios significativos e mensuráveis para a empresa.
Fica a dica para o pessoal de treinamento.
Não acho que vale a pena comentar esse assunto, mas serve de gancho para mencionar que saber perguntar é um dos grandes pontos de apoio para o sucesso de uma organização.
Lembro-me de um caso verídico, contato por um professor ainda no tempo da faculdade.
Ele estava trabalhando como consultor para uma empresa especializada na fabricação de sistemas de transmissão. Um dos produtos da empresa, uma caixa redutora de velocidade, demandava um tempo muito grande de usinagem (recorte do bloco de metal).
O encarregado da linha de produção havia lhe informado que isso se devia ao desenho interno da caixa, que apresentava curvas de difícil execução, um trabalho quase artesanal.
O professor-consultor foi conversar com o operador da máquina de usinagem, que confirmou a versão do encarregado. Uma única curva mais pronunciada no interior da caixa tomava mais de 40 minutos de tempo de máquina.
Ele perguntou se havia algo que poderia ser feito para reduzir esse tempo. A resposta foi negativa. A máquina era uma das mais modernas disponíveis no mercado e a equipe que a operava era bem treinada e altamente qualificada.
Quando já estava desistindo, ocorreu-lhe perguntar ao operador, por curiosidade, para que servia aquela curva. O operador respondeu que não sabia, mas era uma especificação do projeto.
Seguindo sua intuição, o professor foi procurar o engenheiro responsável pelo projeto e fez a mesma pergunta.
Para sua surpresa, o engenheiro respondeu que a curva prestava uma certa harmonia ao “design” interno da caixa de redução. O que, traduzindo, queria dizer: fica mais bonitinho.
O professor explicou ao engenheiro que aquela curva consumia mais da metade do tempo de usinagem de toda a caixa, e perguntou-lhe se não poderia ser eliminada.
O engenheiro, recuperado de seu viés arquitetônico, concordou de pronto.
E, com isso, o custo de fabricação da peça foi reduzido em, se bem me lembro, 15%.
Através desse e de outros exemplos, além de diversas dinâmicas de grupo conduzidas em sala de aula, esse professor instalou uma atitude questionadora no grupo.
O resultado foi o estímulo da curiosidade construtiva, a paixão pela pergunta e o inconformismo com a resposta pronta (nada parecido com interrogatórios do FBI e da CIA, por favor).
Esse tipo de atitude, bem distribuída e ordenada, traz benefícios significativos e mensuráveis para a empresa.
Fica a dica para o pessoal de treinamento.
terça-feira, setembro 05, 2006
Sexos Frágeis
Você conhece o caráter de um homem quando lhe dá poder, e o da mulher quando tira o poder.
Eleições 2006 - Primeira edição
Segundo matéria publicada no site do Estadão de hoje, o TSE negou 8 vezes mais candidaturas nessa eleição do que na passada. O volume de indeferimento chega a 8% dos candidatos a candidatos.
Eu chamaria isso de um bom começo... E você ?
Eu chamaria isso de um bom começo... E você ?
sábado, setembro 02, 2006
Recusando Prêmios
A revista Época desta semana trás uma interessante matéria sobre um matemático russo, Grigori Perelman, que foi indicado para receber a maior honraria do mundo da matemática (a medalha Fields) e recusou o prêmio.
Segundo Grigori, para realizar um grande trabalho é preciso manter a mente pura. E aceitar um prêmio seria um sinal de fraqueza.
Embora me pareça um tanto radical, sou capaz de entender a decisão e as razões do matemático.
Sempre me pareceu que a remuneração variável e as bonificações atribuídas aos diretores de empresa como “recompensa” pela superação de metas, embora estimulantes e até eficientes, representavam, de algum modo, uma deterioração de princípios.
Acredito que o trabalhador deva receber uma remuneração justa por seu trabalho, o que eventualmente pode significar a participação nos resultados da empresa.
Mas o exagero no uso da remuneração variável desloca a atenção. A motivação para realização de um bom trabalho passa a ser a remuneração, e não o trabalho em si e a auto-realização.
Perde-se a “pureza” de intenção, como sugere Grigori.
E, com isso, o trabalho em si passa a ser, de certa forma, um obstáculo a ser superado, e deixa de ter um sentido em si mesmo. O “sucesso” deixa de ser medido pela real contribuição profissional e passa a ser representado pelo volume de remuneração adicional conquistado.
Talvez este seja um bom momento para discutirmos esse modelo.
segunda-feira, agosto 28, 2006
“Side Effects” da Tecnologia – Pensamento da semana
Silenciosamente, a tecnologia afeta pequenos hábitos do cotidiano.
O UOL divulgou hoje uma matéria publicada pela Reuters comentando de que maneira o aumento da penetração de telefones celulares esta impactando a indústria de relógios.
Muita gente, principalmente entre os homens, está deixando de usar relógios. São desnecessários para quem tem celular.
Mas isso não significa o fim da industria de relógios. A mesma matéria aponta que o Swatch Group (fabricante de relógios como Omega, Tissot e Swatch) teve sua lucratividade aumentada em função do aumento de venda de modelos de luxo.
São relógios que cumprem o papel de acessório decorativo (jóia), símbolo de status e, adicionalmente, permitem que você veja as horas. Multifuncionais, portanto, como cabe a todo objeto moderno.
Após a leitura da matéria, dei-me conta de que eu também tenho usado relógio com menor freqüência, e recorrido ao celular para consultar o horário.
Não havia percebido.
Proponho aos leitores do Arguta descobrir que outros pequenos efeitos colaterais a tecnologia tem promovido e convido-os a partilhar as descobertas postando-as como comentário.
Pretendo fazer o mesmo exercício.
quinta-feira, agosto 24, 2006
BLINK – A decisão num piscar de olhos
Estou terminando de ler o livro em epígrafe, recomendado por uma inteligente amiga.
O tema central é o resgate das primeiras impressões, ou do que chamamos coloquialmente de “intuição”.
O autor, Malcom Gladwell, ilustra com riqueza de detalhes e suporta com miríades de estudos acadêmicos, científicos ou similares, a tese de que a “intuição” é uma espécie de raciocínio inconsciente e que, portanto, deve ser levada a sério.
Tenho particular apreço por autores que dedicam tempo e esforço para comprovar teorias nas quais eu já acreditava por experiência própria. E esse é um caso.
Apesar da minha formação acadêmica básica como engenheiro, sempre valorizei a intuição e pautei boa parte de minhas decisões por ela, algumas vezes contrariando o que minha razão (consciente) recomendava.
Obviamente, inúmeras vezes também já fiz o contrário, ou seja, descartei a intuição e segui os princípios da razão.
Essa parceria, razão e intuição, vem funcionando bem no meu caso. E nas poucas vezes que houve um conflito entre elas, errei mais quando privilegiei a razão do que quando dei ouvidos à intuição.
Sempre acreditei que minha intuição nada mais era do que uma avaliação baseada em conhecimentos armazenados e percepções sutis, dos quais não estava consciente no momento.
Amigos e companheiros de trabalho se surpreendem, com alguma freqüência, com a precisão com que avalio pessoas num primeiro contato.
Recentemente um colega contratou uma pessoa na empresa. Como temos uma excelente relação (considero-o um amigo), tomei a liberdade de alertá-lo para o fato de que a pessoa que ele havia contratado, a despeito de todas as avaliações positivas, iria lhe trazer problemas.
Alguns meses depois minhas suspeitas se concretizaram.
Meu amigo, estupefato, perguntou-me como eu poderia saber.
Eu não sei como explicar ... mas alguma coisa no jeito da pessoa me indicou que ela era muito ambiciosa, não trabalharia em equipe e tentaria passar por cima do seu superior imediato, o que, de fato, aconteceu.
Gladwell dedica alguns capítulos do seu livro tratando exatamente desse assunto, a primeira impressão sobre pessoas. Apresenta alguns estudos bastante interessantes sobre como as expressões do rosto são uma espécie de “espelho” do pensamento, e sobre a habilidade que algumas pessoas tem (e eu devo ser uma delas) de fazer a leitura rápida dessas expressões. Embora a linguagem não verbal já tenha sido objeto de inúmeros estudos e publicações, o contexto em que Gladwell aborda o tema é bastante interessante e, de certo modo inovador.
Recomendo a leitura.
Deixo para outro post a abordagem sobre o impacto negativo do excesso de informação para o processo de decisão, também abordado em Blink.
O tema central é o resgate das primeiras impressões, ou do que chamamos coloquialmente de “intuição”.
O autor, Malcom Gladwell, ilustra com riqueza de detalhes e suporta com miríades de estudos acadêmicos, científicos ou similares, a tese de que a “intuição” é uma espécie de raciocínio inconsciente e que, portanto, deve ser levada a sério.
Tenho particular apreço por autores que dedicam tempo e esforço para comprovar teorias nas quais eu já acreditava por experiência própria. E esse é um caso.
Apesar da minha formação acadêmica básica como engenheiro, sempre valorizei a intuição e pautei boa parte de minhas decisões por ela, algumas vezes contrariando o que minha razão (consciente) recomendava.
Obviamente, inúmeras vezes também já fiz o contrário, ou seja, descartei a intuição e segui os princípios da razão.
Essa parceria, razão e intuição, vem funcionando bem no meu caso. E nas poucas vezes que houve um conflito entre elas, errei mais quando privilegiei a razão do que quando dei ouvidos à intuição.
Sempre acreditei que minha intuição nada mais era do que uma avaliação baseada em conhecimentos armazenados e percepções sutis, dos quais não estava consciente no momento.
Amigos e companheiros de trabalho se surpreendem, com alguma freqüência, com a precisão com que avalio pessoas num primeiro contato.
Recentemente um colega contratou uma pessoa na empresa. Como temos uma excelente relação (considero-o um amigo), tomei a liberdade de alertá-lo para o fato de que a pessoa que ele havia contratado, a despeito de todas as avaliações positivas, iria lhe trazer problemas.
Alguns meses depois minhas suspeitas se concretizaram.
Meu amigo, estupefato, perguntou-me como eu poderia saber.
Eu não sei como explicar ... mas alguma coisa no jeito da pessoa me indicou que ela era muito ambiciosa, não trabalharia em equipe e tentaria passar por cima do seu superior imediato, o que, de fato, aconteceu.
Gladwell dedica alguns capítulos do seu livro tratando exatamente desse assunto, a primeira impressão sobre pessoas. Apresenta alguns estudos bastante interessantes sobre como as expressões do rosto são uma espécie de “espelho” do pensamento, e sobre a habilidade que algumas pessoas tem (e eu devo ser uma delas) de fazer a leitura rápida dessas expressões. Embora a linguagem não verbal já tenha sido objeto de inúmeros estudos e publicações, o contexto em que Gladwell aborda o tema é bastante interessante e, de certo modo inovador.
Recomendo a leitura.
Deixo para outro post a abordagem sobre o impacto negativo do excesso de informação para o processo de decisão, também abordado em Blink.
quarta-feira, agosto 23, 2006
Reformas, mudanças e paciência
Esta semana vou dar uns pitecos no trabalho de uma equipe que vai estar dedicada a re-pensar seu modo de trabalhar. Farei parte do “sound board” (grupo de ressonância, que escuta e critica as idéias durante o desenvolver dos trabalhos, sem, entretanto, participar deles).
A idéia é re-criar a área, a partir do zero, “descolando” da situação atual.
Uma vez encontrada a estrutura ideal, gestor e equipe buscarão a melhor forma de promover as mudanças que levem a ela, num espaço de tempo razoável.
Mudanças .... palavrinha complicada essa.
Todo mundo que já reformou uma casa, apartamento ou escritório sabe muito bem o que acontece. A teoria é sempre muito mais simples do que a prática.
Orçamentos dobram e prazos triplicam. Isto para não falar das inúmeras dores de cabeça imprevistas, principalmente em relação aos empregados contratados para o serviço.
Pois é ... mudanças na empresa são ainda mais complexas. Porque significam que pessoas vão ter que mudar atitudes, hábitos, conceitos e, as vezes, até de posição.
Todas as vezes em que promovi ou fui catalisador de algum processo de mudança, ganhei vários inimigos momentâneos (alguns poucos perenes).
Absolutamente ninguém que tenha conhecido até o momento gosta de sair de sua área de conforto. Ainda que a área de conforto (aquilo com o que estamos acostumados) nem sempre seja realmente confortável, pouca coisa causa mais desconforto do que o desconhecido.
E é pior ainda quando o indivíduo está satisfeito. Não importa que seus companheiros não estejam ou que a empresa não vá tão bem como deveria. Sua reação será sempre “mudar para que ?” ou, “mudar agora ?” ou, “mas essa mudança ?” ou, mais sutilmente, “precisamos avaliar melhor ...”.
Dá muito mais trabalho convencer cada pessoa a aceitar e se engajar no processo de mudança do que realizar a própria mudança em si.
Por isso, se você está planejando implementar alguma mudança, calcule tudo como deveria ser, depois dobre o tempo necessário e triplique a paciência.
Vai precisar ...
terça-feira, agosto 22, 2006
Leão, Tevez e os modismos empresariais
Confesso que torci o nariz quando o meu Corinthians contratou o Tevez.
Um Argentino !!!! Um arqui-inimigo !!
Lembrei-me do Max Smart (agente 86), que ficou incomodadíssimo quando o principal agente da Kaos (Ziegfried) se bandeou para o Controle.
Alguns gols mais para frente, comecei a aceitar melhor a coisa. Afinal, nosso amigo Tevez veio do Boca, um time culturalmente semelhante ao Coringão, e rapidamente conquistou seu espaço junto ao plantel e a torcida alvinegra.
Eis que, quando já me acostumava com a idéia, meu time contrata o Leão.
O Leão !?! O mais palmeirense dos palmeirenses. Muito pior do que um argentino.
E não é que o primeiro a chutar o pau da barraca foi, justamente, o Argentino ?
Choque cultural ... O Leão, além de palmeirense (ou seja, vindo de uma equipe com cultura antagônica) é francamente anti-argentino.
Só poderia dar no que está dando. Tevez não joga mais enquanto o Leão dirigir o time.
O caso remete aos modismos empresariais, particularmente dois deles que passaram a compor todos os modelos de avaliação de excelência de gestão como pré-requisitos para o bom desempenho da empresa: inovação e diversidade cultural.
Ninguém tem dúvidas de que a inovação é uma premissa básica para a perenidade de uma empresa, e de que a diversidade cultural é sumamente enriquecedora.
Mas colocadas como “obrigação” transformam a oportunidade em risco.
Inovar geralmente requer investimentos diretos quantificáveis, mas sempre resulta em custos ocultos (necessidade de re-treinamento, perda inicial de eficiência, implicações decorrentes da resistência a mudança) e, como qualquer iniciativa, tem seu grau de risco.
Sou adepto da renovação como prática cotidiana e da inovação como meta estratégica de longo prazo.
Já as vantagens da diversidade cultural precisam ser melhor compreendidas. A diversidade de pensamento é um alimento inspirador para os processos de planejamento estratégico. Também é muito útil como pitada de tempero na renovação de processos.
Mas é um caos para o cotidiano da operação. Conflito de culturas é tudo o que não queremos no momento da execução. Vejam o caso do Timão.
A diversidade cultural é um poderoso promotor do re-pensar. É, de certo modo, indispensável para empresas maduras e bem estuturadas, com responsabilidades e autoridades bem definidas e processos de gestão excelentes. Esse tipo de empresa não só acomoda a diversidade nos níveis hierárquicos mais altos, como sabe tirar proveito dela, utilizando-a como energia contra a mesméride.
Já em empresas com processos de gestão mais frágeis, pode resultar em conflitos insuperáveis e na paralise decisória.
É bom tomar cuidado com as panacéias universais da administração moderna.
Leão de técnico ??? Eu, hein ... nem se for para ganhar.
Espera aí, Tevez, que eu estou indo para Buenos Aires com você !!!!
Um Argentino !!!! Um arqui-inimigo !!
Lembrei-me do Max Smart (agente 86), que ficou incomodadíssimo quando o principal agente da Kaos (Ziegfried) se bandeou para o Controle.
Alguns gols mais para frente, comecei a aceitar melhor a coisa. Afinal, nosso amigo Tevez veio do Boca, um time culturalmente semelhante ao Coringão, e rapidamente conquistou seu espaço junto ao plantel e a torcida alvinegra.
Eis que, quando já me acostumava com a idéia, meu time contrata o Leão.
O Leão !?! O mais palmeirense dos palmeirenses. Muito pior do que um argentino.
E não é que o primeiro a chutar o pau da barraca foi, justamente, o Argentino ?
Choque cultural ... O Leão, além de palmeirense (ou seja, vindo de uma equipe com cultura antagônica) é francamente anti-argentino.
Só poderia dar no que está dando. Tevez não joga mais enquanto o Leão dirigir o time.
O caso remete aos modismos empresariais, particularmente dois deles que passaram a compor todos os modelos de avaliação de excelência de gestão como pré-requisitos para o bom desempenho da empresa: inovação e diversidade cultural.
Ninguém tem dúvidas de que a inovação é uma premissa básica para a perenidade de uma empresa, e de que a diversidade cultural é sumamente enriquecedora.
Mas colocadas como “obrigação” transformam a oportunidade em risco.
Inovar geralmente requer investimentos diretos quantificáveis, mas sempre resulta em custos ocultos (necessidade de re-treinamento, perda inicial de eficiência, implicações decorrentes da resistência a mudança) e, como qualquer iniciativa, tem seu grau de risco.
Sou adepto da renovação como prática cotidiana e da inovação como meta estratégica de longo prazo.
Já as vantagens da diversidade cultural precisam ser melhor compreendidas. A diversidade de pensamento é um alimento inspirador para os processos de planejamento estratégico. Também é muito útil como pitada de tempero na renovação de processos.
Mas é um caos para o cotidiano da operação. Conflito de culturas é tudo o que não queremos no momento da execução. Vejam o caso do Timão.
A diversidade cultural é um poderoso promotor do re-pensar. É, de certo modo, indispensável para empresas maduras e bem estuturadas, com responsabilidades e autoridades bem definidas e processos de gestão excelentes. Esse tipo de empresa não só acomoda a diversidade nos níveis hierárquicos mais altos, como sabe tirar proveito dela, utilizando-a como energia contra a mesméride.
Já em empresas com processos de gestão mais frágeis, pode resultar em conflitos insuperáveis e na paralise decisória.
É bom tomar cuidado com as panacéias universais da administração moderna.
Leão de técnico ??? Eu, hein ... nem se for para ganhar.
Espera aí, Tevez, que eu estou indo para Buenos Aires com você !!!!
domingo, agosto 20, 2006
Sementes da intenção
Se não houver frutos, valeu a beleza das flores.
Se não houver flores, valeu a sombra das folhas.
Se não houver folhas, valeu a intenção da semente
(Henfil)
De boas intenções, o inferno esta cheio.
(ditado popular)
Se você não tentar, nem para o inferno consegue ir.
(a voz da experiência)
Se não houver flores, valeu a sombra das folhas.
Se não houver folhas, valeu a intenção da semente
(Henfil)
De boas intenções, o inferno esta cheio.
(ditado popular)
Se você não tentar, nem para o inferno consegue ir.
(a voz da experiência)
quinta-feira, agosto 17, 2006
TV na Web, ou senta que o leão é manso ...
Seguindo a trilha da ABC, a CBS norte-americana também vai distribuir seus seriados gratuitamente pela WEB, incluindo comerciais que não poderão ser “pulados” (quem diria...).
Aliás, também estão inserindo comerciais nos videogames.
O mundo converge e as opiniões divergem.
Uns acreditam no apocalipse publicitário.
Outros insistem que devemos permanecer sentados, porque o leão é manso (lembram da piada clássica ?).
Fato é que sua majestade o “comercial” segue reinando. Como as telenovelas, os talk shows, os jornais e revistas impressos, o lambe-lambe ...
E, também, a propaganda boca-a-boca, que virou viral (melhor que ela, só beijo de língua, com bem dizia o Zé Betio – mas pode dar sapinho).
Saímos do marasmo ao entusiasmo, como a seleção brasileira com Dunga,.
Uma porção de jogadores novos, mas o que vale mesmo é bola na rede (e a Noruega segue invicta).
Isso tudo para dizer que o leão não é manso mas que correr para qualquer lado também não resolve.
Melhor chamar alguém que entenda de leão ...
quinta-feira, agosto 10, 2006
O lado negro da Internet
Uma materia publicada no site do Terra de hoje conta a história de um jovem de 16 anos de Porto Alegre que se suicidou orientado por freqüentadores de um fórum de discussão virtual.
O jovem havia anunciado a intenção em seu blog e compartilhou cada momento derradeiro com seus “amigos” internautas.
Vai ter muita gente voltando a criticar a Internet por conta disso.
Fato é que, embora a existência da Internet possa ter facilitado a ocorrência da tragédia, obviamente não pode ser responsabilizada por isso.
Como facilitadora da conectividade, a Internet potencializa a comunicação entre pessoas.
Quem a pinta de negro são alguns poucos internautas ...
O jovem havia anunciado a intenção em seu blog e compartilhou cada momento derradeiro com seus “amigos” internautas.
Vai ter muita gente voltando a criticar a Internet por conta disso.
Fato é que, embora a existência da Internet possa ter facilitado a ocorrência da tragédia, obviamente não pode ser responsabilizada por isso.
Como facilitadora da conectividade, a Internet potencializa a comunicação entre pessoas.
Quem a pinta de negro são alguns poucos internautas ...
segunda-feira, agosto 07, 2006
Simplicidade
O renomado pensador moderno, Marcelo Coutinho, disse-me outro dia que é complicado ser simples.
Coutinho talvez não tenha sido o primeiro a dizer isso, o que não tira o brilho da menção ao fato no momento oportuno.
Eu, que além de Ferrari sou também Seabra, segui ruminando à respeito do assunto e cheguei à seguinte conclusão: o problema é que é simples ser complicado.
É por isso que as pessoas complicam tanto !
E, falando de simplicidade, lembrei-me de um amigo executivo que se considera uma pessoa simples.
Pela manhã, por exemplo, toma uma xícara de café preto e meio pão com manteiga e queijo. Nada mais singelo. Claro que sendo tão simples se reserva o direito de ser exigente. O café é orgânico e de padrão especial. O pão é ciabata do Santa Luzia. A manteiga é President (francesa) e o queijo é Ementhal (suíço). A simplicidade das pequenas indulgências.
Tal qual sua salada noturna. Vegetais pré-lavados e crocantes, azeite italiano, vinagre balsâmico, fragmentos de Pringles páprica, lascas de castanha-do-pará e raspas de queijo Parmigiano Regianno.
O lençol de algodão egípicio, convenhamos, é de uma simplicidade indispensável.
E o hábito de comer apenas um “quadradinho” de chocolate Lindt (suíço) antes de dormir é, no mínimo, frugal.
Um bom exemplo de como ser simples com capricho.
quinta-feira, agosto 03, 2006
Bebendo água demais ...
Um estudo realizado pelo Centro Superior de Investigações Científicas da Espanha e o Instituto de Medicina dos Estados Unidos “revela” que beber água demais pode fazer mal para a saúde.
Um problemão para a moçada que anda por aí com suas indefectíveis garrafinhas, no escritório, no carro, na academia e nos parques.
A questão é que as quantidades recomendadas para consumo (2,7 litros para mulheres e 3,7 litros para homens) incluem também a água contida em alimentos e outras bebidas, ou seja, o consumo de água “in natura” necessário varia de acordo com as demais ingestas.
E não pensem que os riscos são pequenos. Segundo os autores do estudo, existe risco real de intoxicação por água. O excesso pode resultar na redução da concentração de sódio provocando tremores, confusão, perda de memória, colapso orgânico e morte.
Além disso, pode ocorrer uma reação anormal das células do cérebro. Como o líquido é mais do que o corpo necessita, os rins demoram mais tempo para filtrar. Até completar a absorção, as células se incham e podem levar a transtornos nervosos, coma e, de novo, morte.
Após diversos estudos, os cientistas concluíram, afinal, que o consumo de água deve ser regulado pela sensação de sede.
Ou seja, devemos beber água quando sentirmos vontade.
Ainda bem que podemos contar com a ciência para nos ajudar ...
(fonte: site do UOL – 02/08/06)
terça-feira, agosto 01, 2006
sexta-feira, julho 28, 2006
El Plan Marmol
Aqui em Bogota´, de onde posto, encontrei um cliente recém chegado de Miami.
Me contou que havia retornado de férias com sua familia e que, durante sua estada naquela cidade, praticarma cotidianamente o MARMOL: mar por las mañanas y mol (shopping center americano) por la tarde - um trocadilho com a palavra marmol, que significa mármore em espanhol.
Mudam os países, muda a língua e o ser humano é o mesmo, global.
Bogotá é um bom exemplo disso. Em tudo parecida com São Paulo, com a excessão de que é possível passear pelas ruas à noite (surpresa, Bogotá é mais segura que São Paulo, contrariando a lenda urbana). O povo, os hábitos e, especialmente, os shopping centers são incomodamente familiares.
Um ponto bastante positivo é a cordialidade e a boa educação dos colombianos de Bogota, sempre muito gentís e prestativos, sem aquele ranço de servilidade que encontramos em algumas cidades mais turísticas falsamente acolhedoras.
E a comida, então, muy "chevere".
Bogotá não tem mar. Também não estimula às compras. O plano Marmol não funcionaria aqui.
Melhor esquecer os planos e aproveitar a acolhida.
FF
domingo, julho 23, 2006
Enquanto isso, no Mac Donalds Worldwide
Para quem levou os filhos neste "finde" para o deleite fries’n’shake, algumas curiosidades econômicas:
- Apesar da valorização do Real, nosso Big Mac segue 10% mais barato em dólar do que o da matriz.
- Segundo o site Economis.com, que publica há 20 anos o Big Mac Index, o sanduba vale US$ 2,78 no Brasil contra US$ 3,10 em Bush gardens (base Maio/06).
- Paraguay e Uruguay são os países sul americanos com menor preço para a iguaria: US$ 1,63 e US$ 1,77, respectivamente.
- Perdem para Macau (com US$ 1,39), mas a moeda lá é a (meia) Pataca !
- O mais barato do mundo, como não poderia deixar de ser, é o Big Mac chinês, a US$ 1,31. Entretanto, existem suspeitas sobre a origem da carne ...
sexta-feira, julho 21, 2006
Correndo atrás ...
Lembrei-me de uma velha piada de português...
Manoel, sempre ele, chegou no ponto no momento em que seu ônibus havia acabado de partir.
Decide correr até o próximo ponto para ganhar tempo. Chega lá quando, novamente, o ônibus acaba de sair. Persistente como todo bom português de piada, Manoel não desiste e corre até o próximo. Chega atrasado, de novo. E a cena se repete até que Manoel se dá conta de que chegou em casa.
Esbaforido, mas contente, Manoel comenta a esposa:
- Maria, acabo de economizar 2 reais. Vim correndo atrás do ônibus e, quando percebi, já estava em casa ...
Ao que Maria responde:
- Mas tu és burro mesmo, o pá. Porque não vieste correndo atrás de um táxi ? Irias economizar muito mais !
A questão que coloco aos amigos do Arguta Café, para encerrar a semana, nos deixa entre a visão de Maria e de Buda. O que importa mais: aquilo que fazemos (ou do que estamos correndo atrás) ou a maneira como fazemos (a corrida em si) ?
Manoel, sempre ele, chegou no ponto no momento em que seu ônibus havia acabado de partir.
Decide correr até o próximo ponto para ganhar tempo. Chega lá quando, novamente, o ônibus acaba de sair. Persistente como todo bom português de piada, Manoel não desiste e corre até o próximo. Chega atrasado, de novo. E a cena se repete até que Manoel se dá conta de que chegou em casa.
Esbaforido, mas contente, Manoel comenta a esposa:
- Maria, acabo de economizar 2 reais. Vim correndo atrás do ônibus e, quando percebi, já estava em casa ...
Ao que Maria responde:
- Mas tu és burro mesmo, o pá. Porque não vieste correndo atrás de um táxi ? Irias economizar muito mais !
A questão que coloco aos amigos do Arguta Café, para encerrar a semana, nos deixa entre a visão de Maria e de Buda. O que importa mais: aquilo que fazemos (ou do que estamos correndo atrás) ou a maneira como fazemos (a corrida em si) ?
domingo, julho 16, 2006
Foco DO Cliente - o pulo do gato
Um interessante artigo da revista Época da semana passada reporta a entrevista com Tom Kelley, um dos novos gurus da inovação.
Kelley resgata um conceito que não é novo, mas as vezes parece esquecido:
“Para inovar não basta perguntar ao cliente. É preciso colocar-se no lugar dele.”
Estamos falando em empatia empresarial, ou seja, a capacidade de uma empresa compreender amplamente os desejos, necessidades e vontades de seus clientes.
O resgate vale não pela idéia em si, já que compreender necessidades do cliente é uma demanda quase intuitiva, se não desde que o mundo é mundo, pelo menos desde que o marketing é marketing. É o que costumamos chamar do "pulo do gato".
O ponto é que o momento é propício. A cultura empresarial moderna, cuja visão é mais personalista (a “empresa” nada mais é do que as pessoas que a compõe) nos permite estender a idéia de forma viral, contaminando toda e cada pessoa envolvida no processo.
Funcionários em todos os níveis, fornecedores, acionistas, parceiros de negócio e os próprios clientes podem ser motivados a estabelecer relações empáticas, de mútua compreensão de necessidades, fazendo valer uma das primeiras noções compartidas por Kotler (outro resgate) sobre o marketig: “Marketing é a atividade humana que visa o atendimento de necessidades através de processos de troca”.
Esse é o nosso negócio. Não importa qual seja ele.
quarta-feira, julho 12, 2006
O mouse e o computador (estranhas conexões)
A revista Superinteressante deste mês está super interessante. Além da matéria de capa sobre psicopatas (vale a pena ler), as sempre curiosas notas sobre curiosidades surpreendem.
Comento uma, que me fez pensar sobre os fatos e suas aleatórias, mas concatenadas conseqüências.
Segundo a revista, a infestação das cidades européias por Ratos foi responsável pela peste negra no século XIV e, posteriormente, pela grande praga em Londres no século 17, que fechou as universidades inglesas e obrigou o jovem físico Isaac Newton (na ocasião com 23 anos) a trancar-se em casa por 18 meses. Nesse período, Newton, jovem prodígio, reformulou a física e os métodos de cálculo, inspirando a matemático inglês George Boole a criar o código binário, base da linguagem lógica posteriormente utilizada para por Claude Sharon na construção de circuitos eletrônicos que deram origem ao Computador moderno que, curiosamente, a partir dos sistemas operacionais mais visuais, adotou o Mouse (rato) como companheiro.
O mouse recebeu esse apelido em função de seu formato e não da seqüência dos fatos, mas é interessante observar não só as conexões como a irônica coincidência.
É a vida.
terça-feira, julho 11, 2006
O Príncipe e as pesquisas
Na semana passada tive o grande prazer de jantar com ninguém menos do que Ronnie Von, acompanhado de Fábio Arruda e Cesar Giobbi.
Faço questão de mencionar que nosso eterno Príncipe é ainda mais simpático em pessoa e que a comida estava longe de ser cenográfica. O “chef” Carlinhos Awoki do restaurante Aldeia Cocar serviu-nos um Namorado ao Tupã para índio nenhum botar defeito.
Tratava-se de um jantar temático e o tema era pesquisa. Comentávamos o resultado de duas pesquisas internacionais que apontavam São Paulo como a segunda cidade mais gentil do mundo e a quinta mais cara.
Claro que dada a natureza “soft” do programa, não tivemos a oportunidade de discutir tecnicalidades.
Mas acredito que foi possível levantar uma questão relevante, tomando como exemplo principalmente a pesquisa sobre gentileza. O ponto é que em pesquisa existem 4 fundamentos importantes: para que, o quê, para quem em como perguntar.
São Paulo foi eleita a segunda cidade mais gentil do mundo, perdendo para New York. Duvido que ambas sejam as mais gentis. São grandes e impessoais demais para isso.
Entretanto, a pesquisa foi feita só em grandes capitais, baseada na observação de 3 comportamentos (ajuda oferecida para recolher papeis derrubados no chão, manter a porta aberta para o próximo e dizer obrigado depois de uma compra) e aparentemente com uma amostra não controlada (não obrigatoriamente representativa da população).
O resultado é publicado e repercutido em todo mundo, seguido de intensas discussões sobre o “fenômeno” sociológico identificado.
A questão é que antes de discutirmos porque São Paulo seria mais gentil do que o Rio de Janeiro ou Montevidéo, há que avaliar se a pesquisa, tal qual formulada e executada, realmente oferece um indicador confiável do grau de gentileza das cidades investigadas.
Para o meu conceito pessoal de gentileza, a pesquisa não é adequada, mesmo sem entrar no mérito de questões mais técnicas (como representatividade da amostra).
O programa será reprisado no dia 13/07, às 22hs (a entrevista em sí deve começar por volta das 23hs.
segunda-feira, julho 10, 2006
Coisas da cabeça ...
Paolo me pergunta qual seria o ato profissional em uma empresa comparável com "vergonhosa" atitude de Zidane em seu último jogo contra a França.
Para responder a essa pergunta, é importante ter uma visão holística, que transcenda o momento da cabeçada.
Pouca gente viu o que aconteceu momentos antes quando, durante uma pequena paralisação, o técnico da França chamou Zidane para uma rápida conversa no canto do gramado que reproduzo, a partir de leitura labial:
- Zizou, mon cherry..
- Qu’est ce que c’est, monsier le chef ? Ça ne marche pas come vouz voulez ?
(sigo em português que meu francês não dá para tanto ...)
- Em francês claro, ta uma merda ! O pessoal da Adidas não vai gostar nada disso ... Você está se arrastando em campo e o pior é que não posso substituí-lo ...
- Mas, treinador, com a minha idade, o que é que você queria ?
- Honestamente, queria ter a sua idade e ganhar o seu salário ... Mas é o seguinte, já que o preparo físico não ajuda, use a cabeça, Zidane, use a cabeça ...
- Pode deixar treinador ...
Bem, deu no que deu.
O fato é que em momentos de grande tensão a estabilidade emocional é fundamental.
Zidane perdeu o controle por 10 segundos, aparentemente em decorrência da “catimba” do Italiano. Tivesse ele treinado no futebol de várzea brasileiro, não em Paris, provavelmente saberia responder a provocação à altura (não do peito).
Jogador experiente, num momento único de sua vida profissional, durante a partida mais importante para a França dos últimos 8 anos, sucumbiu à pressão do momento e prejudicou seu time e a si mesmo.
E, quer saber ... isso pode acontecer.
Há pouco que possamos fazer para evitar uma atitude impensada, reativa, num momento de grande tensão, uma vez na vida.
Quando isso ocorre com grande freqüência, aí sim, é um indicador de que precisamos de cuidado terapêutico.
Se um dia acontecer com você, melhor do que se defender ou se martirizar por isso, é assumir o erro e procurar lidar da melhor forma com suas conseqüências.
segunda-feira, julho 03, 2006
Teste seu patriotismo
É o último post sobre copa do mundo, prometo.
O teste abaixo, aprovado por métodos pré-científicos, avalia seu grau de patriotismo a partir da relação com o evento futebolístico recente.
Para cada afirmação, você deve anotar:
3 pontos – se concorda totalmente
2 pontos – se tende a concordar
1 ponto – se tende a discordar
0 ponto – se discorda totalmente
a. Estou arrasado com a derrota da seleção brasileira ( )
b. A coisa mais chata é que, agora, não tenho mais desculpas para enforcar o trabalho ( )
c. O governo precisa resgatar os brasileiros patriotas que foram para a Alemanha com passagem da Varig ( )
d. O futebol é um grande negócio fundamentado em merchandising e não era a vez da Nike ganhar um mundial ( )
e. Fiquei feliz que o Brasil tenha perdido porque, se ele ganhasse, seria melhor para o PT ( )
f. Os jogadores da seleção deveriam doar o salário deste mês para o projeto fome zero, já que pareciam não ter fome alguma (pelo menos de bola) ( )
g. O importante agora é saber quanto tempo dura uma TV de plasma ( )
h. O governo deveria anunciar um programa para trocar as cervejas estocadas em casa por alimentos para o fome zero ( )
i. Da próxima vez, deveríamos preparar um time só com jogadores brasileiros patrocinados pelo fome zero ( )
j. Não sei, não opinei e estou com fome ( )
Resultado:
De 27 a 30 pontos: suas respostas foram inconsistentes; tente mais tarde
De 20 a 26 pontos: suas respostas seguem sendo algo inconsistentes, mas você tende a ser um patriota militante
De 10 a 19 pontos: se você é patriota eu não sei, mas pelo menos procura responder pesquisas com seriedade
De 0 a 9 pontos: confesse, você torceu para a França
O teste abaixo, aprovado por métodos pré-científicos, avalia seu grau de patriotismo a partir da relação com o evento futebolístico recente.
Para cada afirmação, você deve anotar:
3 pontos – se concorda totalmente
2 pontos – se tende a concordar
1 ponto – se tende a discordar
0 ponto – se discorda totalmente
a. Estou arrasado com a derrota da seleção brasileira ( )
b. A coisa mais chata é que, agora, não tenho mais desculpas para enforcar o trabalho ( )
c. O governo precisa resgatar os brasileiros patriotas que foram para a Alemanha com passagem da Varig ( )
d. O futebol é um grande negócio fundamentado em merchandising e não era a vez da Nike ganhar um mundial ( )
e. Fiquei feliz que o Brasil tenha perdido porque, se ele ganhasse, seria melhor para o PT ( )
f. Os jogadores da seleção deveriam doar o salário deste mês para o projeto fome zero, já que pareciam não ter fome alguma (pelo menos de bola) ( )
g. O importante agora é saber quanto tempo dura uma TV de plasma ( )
h. O governo deveria anunciar um programa para trocar as cervejas estocadas em casa por alimentos para o fome zero ( )
i. Da próxima vez, deveríamos preparar um time só com jogadores brasileiros patrocinados pelo fome zero ( )
j. Não sei, não opinei e estou com fome ( )
Resultado:
De 27 a 30 pontos: suas respostas foram inconsistentes; tente mais tarde
De 20 a 26 pontos: suas respostas seguem sendo algo inconsistentes, mas você tende a ser um patriota militante
De 10 a 19 pontos: se você é patriota eu não sei, mas pelo menos procura responder pesquisas com seriedade
De 0 a 9 pontos: confesse, você torceu para a França
domingo, julho 02, 2006
Ensinamentos do Esporte Bretão - 2
O último (e, agora, último mesmo) jogo do Brasil, ajudou a complementar os ensinamentos ...
- só gana não ganha o jogo, mas sem gana também não dá
- não é o técnico que ganha o jogo, mas ele pode por tudo a perder
- só faz gol quem chuta
- Paris é linda (eu acho), Zidane é lindo (acham minhas amigas) e, então, porque Zidane não ficou em Paris ?
- só gana não ganha o jogo, mas sem gana também não dá
- não é o técnico que ganha o jogo, mas ele pode por tudo a perder
- só faz gol quem chuta
- Paris é linda (eu acho), Zidane é lindo (acham minhas amigas) e, então, porque Zidane não ficou em Paris ?
quinta-feira, junho 29, 2006
Ensinamentos do esporte bretão
Algumas conclusões a partir do último jogo do Brasil ...
- só gana não ganha o jogo;
- não basta chutar, tem que acertar o gol;
- mesmo o jogo mais duro tem seus momentos de carinho (vide Roberto Carlos)
- não é o técnico que ganha o jogo
- futebol é mais uma coisa que eu prefiro fazer do que assistir ...
- só gana não ganha o jogo;
- não basta chutar, tem que acertar o gol;
- mesmo o jogo mais duro tem seus momentos de carinho (vide Roberto Carlos)
- não é o técnico que ganha o jogo
- futebol é mais uma coisa que eu prefiro fazer do que assistir ...
quinta-feira, junho 22, 2006
Um por todos ...
Jorge Luis Borges (o Borges) propõe em seu poema entitulado "Tú" a idéia de que todos somos um só.
"Un solo hombre ha nacido, un solo hombre ha muerto em la tierra"....
"Ese hombre es Ulises, Abel, Caín ... "
"Un solo hombre ha muerto en los hospitales, en barcos, en la ardua soledad ..."
"Un solo hombre ha mirado la vasta aurora" ...
"Hablo del único, del uno, del que siempre está solo."
Borges iria querer me matar por isso, mas fiquei pensando no espírito de corpo que acabamos por formar nas empresas em que trabalhamos, quando estamos verdadeiramente comprometidos com nossa missão e conscientes de nossa responsabilidade solidária.
Quando alguém da equipe comercial fecha um bom contrato, cada um de nós se sente realizado.
Quando alguém comete um erro, nos mortificamos. Nós erramos.
Quando um colega tem problemas, é nosso problema.
Quando planejamos o futuro da empresa, é o nosso futuro.
E embora cada um de nós seja único, com sua vida, sabores e dissabores, partilhamos a sensação de sermos um só, como parte de um todo maior.
Borges teria sido um bom companheiro de trabalho !
(com a colaboração de Rossana Carvalho, fã de Borges)
Respostas
Pessoal,
As respostas para os "desafios" da postagem anterior foram dadas pelos "argutonautas" Udi e Ernesto nos comentários. Basta clicar em "comments" após o post.
As respostas para os "desafios" da postagem anterior foram dadas pelos "argutonautas" Udi e Ernesto nos comentários. Basta clicar em "comments" após o post.
terça-feira, junho 20, 2006
Enquanto isso ...
Aproveitando o intervalo entre os jogos do Brasil, creio que seria bom dedicar nosso tempo a outros temas relevantes.
Ocorre que é muito difícil pensar em outra coisa que não seja Copa do Mundo, já que o assunto ocupa todos os noticiários, propagandas, promoções, bares, restaurantes, ruas, avenidas e festas de família.
Os orientais sugerem o uso do Koan (frases que estimulam a subversão da linearidade do raciocínio) como técnica para promover a abertura da mente.
Como sou latino, ofereço aos leitores do Arguta dois “causos” com o objetivo de auxiliá-los na difícil tarefa de desconectar-se do contexto copal.
A resposta para esses dois profundos desafios intelectuais serão apresentadas na próxima postagem:
Causo 1: Um tijolo pesa um quilo mais meio tijolo. Quanto pesa um tijolo e meio ?
Causo 2: Três mulheres estão tomando sorvete. A primeira lambe o sorvete. A segunda chupa. A terceira morde. Qual das três mulheres é casada ?
segunda-feira, junho 19, 2006
O objetivo do jogo
Mais uma de futebol ...
Estão todos comentando que a Argentina esta jogando como o Brasil de outrora e o Brasil mais lembra a Argentina dos tempos magros.
Fato é que temos um time entrosado, o ambiente entre os jogadores parece bom e o resultado está aí: 100% de aproveitamento dos pontos.
A torcida não ficou feliz com o espetáculo, mas as vitórias, embora magras, foram convincentes (os adversários não chegaram a assustar).
A pergunta que me ocorre é: qual é o objetivo do jogo ?
Se encantar a torcida não fizer parte dos objetivos estratégicos da seleção brasileira, seu desempenho tem sido irretocável.
O mesmo raciocínio se aplica à gestão das empresas.
Muitas empresas charmosas e repletas de iniciativas e programas voltados para a “torcida” não resistem a uma análise mais crítica de sua eficiência do ponto de vista dos objetivos estratégicos.
Lembro-me de uma época em que o prêmio Top de Marketing era chamado nos bastidores do mercado de “top-top” de marketing, numa referência ao fato de que uma parcela expressiva das empresas que ganharam o prêmio num ano enfrentaram sérias dificuldades no ano seguinte.
E também lembro de algumas Copas em que o Brasil jogou o futebol mais lindo de que se tem notícia e não chegou às quartas de final.
Então, pessoal, está certo que o Galvão não precisava elogiar tanto o desempenho do Ronaldo, mas que a equipe do Brasil está cumprindo sua missão, isso está ...
domingo, junho 18, 2006
Um dia de Copa
Tenho um amigo que leva a sério seu trabalho.
Ele é brasileiro, mas de família alemã, o que explica essa atitude atípica.
É claro que isso lhe causa alguns problemas de relacionamento no escritório.
Como não costuma jogar conversa fora nas proximidades da máquina do café e nem enviar e-mails com piadinhas para os colegas durante o dia, seu círculo de relacionamento é bastante reduzido.
Sua obsessão por realizar reuniões com pauta e horário para início e fim associada à vocação por respeitar essas condições lhe valeu, desde a muito, o rótulo de excêntrico.
É fácil entender, portanto, que o Alemão (como é carinhosamente chamado pelos colegas que, obviamente, não se lembram do nome dele) não estava preparado para o advento do primeiro jogo do Brasil na Copa.
O Alemão não participou das inúmeras reuniões informais que vinham sendo realizadas desde o início de maio nos corredores da empresa com o objetivo de definir o que seria feito durante os dias de jogo.
Foi surpreendido pelo e-mail do RH, enviado no dia anterior, que formalizava a liberação dos empregados uma hora antes do início do jogo. Tratava-se, claro, de uma mera formalização, já que todos estavam informados disso com antecedência, e o assunto vinha sendo constantemente discutido durante as partidas iniciais da Copa. Alemão, na verdade, nem sabia que o pessoal andava se encontrando na sala de reuniões do seu andar para assistir os jogos discretamente, a portas fechadas.
Meu amigo não havia planejado nada para o grande dia da estréia do Brasil. Não era particularmente um aficionado por futebol e estava mais preocupado com as diversas pendências relevantes de seu trabalho do que com as bolhas no pé do Ronaldo.
As 14h30, quando o servidor de e-mails deixou de funcionar, procurou o pessoal do suporte. Foi informado de que já haviam saído para assistir o jogo num restaurante próximo à empresa, junto com a turma do TI (que havia optado por um “long lunch”).
Decidiu, então, tratar dos temas que demandavam contato pessoal.
A iniciativa foi frustrada pelo fato de que não conseguiu encontrar viva alma no escritório, à exceção do segurança, dedicado à relevante tarefa de identificar a melhor posição de ajuste da antena de sua televisão portátil.
- O pessoal já foi todo embora – disse, sem olhar para o Alemão.
- Mas não era para trabalhar até as 15hs ?
- Sei não. Desde as duas já tava todo mundo da maior bagunça aqui embaixo...
Neste momento, Alemão se deu conta de que os buzinassos da rua não eram decorrentes do trânsito e que os estouros que ouvia tinham uma única razão: a rua estava em festa, colorida de verde e amarelo. Todo mundo, inclusive o guarda, vestia as cores do Brasil.
A maioria com camisetas. Os mais chiques combinando roupas nas cores da bandeira com detalhes em sobretom.
Subitamente, Alemão se sentiu deslocado e algo culpado. Onde estava seu senso de patriotismo afinal ?
Tomou uma decisão:
- Vou para casa assistir o jogo ! – disse para si mesmo, imediatamente engajado na nova missão.
O plano de trabalho era simples: passar no caixa eletrônico do sexto andar, retirar dinheiro (para o Táxi, que era dia de rodízio), comprar pipoca e ir para casa assistir o jogo. Lamentavelmente teria que ser sozinho, já que não havia mais ninguém por perto para convidar e o segurança não dava brecha para intimidades.
O caixa eletrônico estava em “atualização”, o que exigiu uma rápida modificação de planos: comprar pipoca com cartão de débito e passar no Conjunto Nacional para retirar o dinheiro.
Alemão saiu à rua decidido. Mais decidido ainda estavam os empregados do Supermercado: estava fechado.
Sem pipocar, Alemão dirigiu-se ao Conjunto Nacional. Ops: também fechado.
Tudo bem, havia uma agência do banco não tão longe do escritório.
Esta, felizmente funcionava e o dinheiro do Táxi pode ser retirado.
A questão passou a ser como conseguir um Táxi.
O ruído de fogos intensificou-se. O Brasil havia entrado em campo
No ponto próximo ao banco, 8 carros estavam estacionados à espera não de um cliente, mas de um gol do Brasil. Sugeriram ao Alemão que fosse até a Paulista.
Ele foi. Os Táxis não. Os poucos que passavam dirigiam-se, com ou sem passageiros, para o televisor mais próximo.
Quinze minutos depois aproximou-se vagarosamente um Táxi que já havia conhecido melhores tempos dirigido por um senhor idem. Alemão não estava em condições de escolher. Apeou e deu as coordenadas. O Táxi arrancou com o mesmo ímpeto que Ronaldo e sua bolha abdominal demonstravam em campo.
O Radio do carro lamentavelmente não funcionava e Alemão seguiu seu caminho sem qualquer pista sobre o que poderiam significar us Uuuhs e Oooohs que ouvia pelo caminho.
Caminho, aliás, que começou deserto, o que lhe deu a falsa sensação de que chegaria muito rapidamente em sua casa.
Ledo engano. Na medida em que se aproximava de seu bairro, Alemão foi encontrando os retardatários, cuja locomoção se via prejudicada pelos carros estacionados em fila dupla na frente dos bares da região, entupidos de torcedores que comemoravam o fato de existir uma copa do mundo bebendo em escala industrial.
Alemão resolveu descer do Táxi e seguir a pé. Excelente decisão: conseguiu chegar em casa a tempo de assistir o segundo tempo do jogo. Sem pipoca, mas com a sensação de dever cumprido.
Quando o Alemão me contou sua história, fiquei pensando ... assistir o segundo tempo do jogo Brasil e Croácia, sozinho, sóbrio e sem pipoca, olhando a bola indo e voltando sem fazer nada ... só conheço duas pessoas que são capazes de fazer: o Alemão e o Ronaldo.
Ele é brasileiro, mas de família alemã, o que explica essa atitude atípica.
É claro que isso lhe causa alguns problemas de relacionamento no escritório.
Como não costuma jogar conversa fora nas proximidades da máquina do café e nem enviar e-mails com piadinhas para os colegas durante o dia, seu círculo de relacionamento é bastante reduzido.
Sua obsessão por realizar reuniões com pauta e horário para início e fim associada à vocação por respeitar essas condições lhe valeu, desde a muito, o rótulo de excêntrico.
É fácil entender, portanto, que o Alemão (como é carinhosamente chamado pelos colegas que, obviamente, não se lembram do nome dele) não estava preparado para o advento do primeiro jogo do Brasil na Copa.
O Alemão não participou das inúmeras reuniões informais que vinham sendo realizadas desde o início de maio nos corredores da empresa com o objetivo de definir o que seria feito durante os dias de jogo.
Foi surpreendido pelo e-mail do RH, enviado no dia anterior, que formalizava a liberação dos empregados uma hora antes do início do jogo. Tratava-se, claro, de uma mera formalização, já que todos estavam informados disso com antecedência, e o assunto vinha sendo constantemente discutido durante as partidas iniciais da Copa. Alemão, na verdade, nem sabia que o pessoal andava se encontrando na sala de reuniões do seu andar para assistir os jogos discretamente, a portas fechadas.
Meu amigo não havia planejado nada para o grande dia da estréia do Brasil. Não era particularmente um aficionado por futebol e estava mais preocupado com as diversas pendências relevantes de seu trabalho do que com as bolhas no pé do Ronaldo.
As 14h30, quando o servidor de e-mails deixou de funcionar, procurou o pessoal do suporte. Foi informado de que já haviam saído para assistir o jogo num restaurante próximo à empresa, junto com a turma do TI (que havia optado por um “long lunch”).
Decidiu, então, tratar dos temas que demandavam contato pessoal.
A iniciativa foi frustrada pelo fato de que não conseguiu encontrar viva alma no escritório, à exceção do segurança, dedicado à relevante tarefa de identificar a melhor posição de ajuste da antena de sua televisão portátil.
- O pessoal já foi todo embora – disse, sem olhar para o Alemão.
- Mas não era para trabalhar até as 15hs ?
- Sei não. Desde as duas já tava todo mundo da maior bagunça aqui embaixo...
Neste momento, Alemão se deu conta de que os buzinassos da rua não eram decorrentes do trânsito e que os estouros que ouvia tinham uma única razão: a rua estava em festa, colorida de verde e amarelo. Todo mundo, inclusive o guarda, vestia as cores do Brasil.
A maioria com camisetas. Os mais chiques combinando roupas nas cores da bandeira com detalhes em sobretom.
Subitamente, Alemão se sentiu deslocado e algo culpado. Onde estava seu senso de patriotismo afinal ?
Tomou uma decisão:
- Vou para casa assistir o jogo ! – disse para si mesmo, imediatamente engajado na nova missão.
O plano de trabalho era simples: passar no caixa eletrônico do sexto andar, retirar dinheiro (para o Táxi, que era dia de rodízio), comprar pipoca e ir para casa assistir o jogo. Lamentavelmente teria que ser sozinho, já que não havia mais ninguém por perto para convidar e o segurança não dava brecha para intimidades.
O caixa eletrônico estava em “atualização”, o que exigiu uma rápida modificação de planos: comprar pipoca com cartão de débito e passar no Conjunto Nacional para retirar o dinheiro.
Alemão saiu à rua decidido. Mais decidido ainda estavam os empregados do Supermercado: estava fechado.
Sem pipocar, Alemão dirigiu-se ao Conjunto Nacional. Ops: também fechado.
Tudo bem, havia uma agência do banco não tão longe do escritório.
Esta, felizmente funcionava e o dinheiro do Táxi pode ser retirado.
A questão passou a ser como conseguir um Táxi.
O ruído de fogos intensificou-se. O Brasil havia entrado em campo
No ponto próximo ao banco, 8 carros estavam estacionados à espera não de um cliente, mas de um gol do Brasil. Sugeriram ao Alemão que fosse até a Paulista.
Ele foi. Os Táxis não. Os poucos que passavam dirigiam-se, com ou sem passageiros, para o televisor mais próximo.
Quinze minutos depois aproximou-se vagarosamente um Táxi que já havia conhecido melhores tempos dirigido por um senhor idem. Alemão não estava em condições de escolher. Apeou e deu as coordenadas. O Táxi arrancou com o mesmo ímpeto que Ronaldo e sua bolha abdominal demonstravam em campo.
O Radio do carro lamentavelmente não funcionava e Alemão seguiu seu caminho sem qualquer pista sobre o que poderiam significar us Uuuhs e Oooohs que ouvia pelo caminho.
Caminho, aliás, que começou deserto, o que lhe deu a falsa sensação de que chegaria muito rapidamente em sua casa.
Ledo engano. Na medida em que se aproximava de seu bairro, Alemão foi encontrando os retardatários, cuja locomoção se via prejudicada pelos carros estacionados em fila dupla na frente dos bares da região, entupidos de torcedores que comemoravam o fato de existir uma copa do mundo bebendo em escala industrial.
Alemão resolveu descer do Táxi e seguir a pé. Excelente decisão: conseguiu chegar em casa a tempo de assistir o segundo tempo do jogo. Sem pipoca, mas com a sensação de dever cumprido.
Quando o Alemão me contou sua história, fiquei pensando ... assistir o segundo tempo do jogo Brasil e Croácia, sozinho, sóbrio e sem pipoca, olhando a bola indo e voltando sem fazer nada ... só conheço duas pessoas que são capazes de fazer: o Alemão e o Ronaldo.
segunda-feira, junho 12, 2006
O marketing das causas comuns
Eis que, de um momento para outro, as ruas verdeamarelam-se.
E também os anúncios, as lojas, os bares, as roupas íntimas...
Em todas as esquinas, o povo canta o Ino Nacional (Todos juntos vamos, pra frente Brasil). Comércio, Industria e Marreteiros Associados, patrioticamente agradecem e apóiam a causa comum.
Não chega a surpreender.
Para mim, exemplo de marketing supreendente é a vacinação contra a gripe: milhões de pessoas pagando para serem inoculadas com vírus (atenuado, é claro) da gripe do ano anterior.
Mas, voltando ao surto de patriotismo quadrianual, fico pensando quanto coisa boa poderíamos fazer por esse Brasil se pudéssemos mobilizar a mesma energia para resolver nossos problemas sociais maiores.
Alguém tem alguma sugestão ?
sexta-feira, junho 09, 2006
Serendipity: a arte das descobertas
Os ingleses criaram uma palavra muito interessante: Serendipity.
Segundo a Wikipedia, essa palavra foi criada por Horace Walpole, em 1754, inspirado por um conto de fadas chamado “The three princes of Serendip”, e significa a faculdade de fazer descobertas por acidente ou sagacidade.
A interessante leitura “Eureka !” - Descobertas Científicas que Revolucionaram o Mundo (Leslie Alan Horvitz – Ed. Difel), que conta a história de algumas das grandes descobertas científicas nos últimos séculos, apresenta uma série de exemplos que comprovam que as grandes “sacadas” daqueles que hoje são considerados exemplos de genialidade foram fruto de determinação e sagacidade.
Algumas das descobertas mais geniais foram, de certo modo, fruto do acaso. Mas o “acaso” oferece permanentemente oportunidades para todos. Os “gênios” foram aqueles que naquele momento em que uma oportunidade foi oferecida, estavam preparados para a descoberta. Tinham trabalhado, estudado e desenvolvido seus talentos e competências, e preservavam a abertura de mente necessária, de forma a estarem prontos para o instante do lampejo de genialidade.
É essa a atitude requerida (o “mind set”) para a inovação.
Serendipity é o talento que devemos desenvolver em nossas equipes de trabalho para maximizar as chances de descobrir os caminhos que fazem a diferença.
Segundo a Wikipedia, essa palavra foi criada por Horace Walpole, em 1754, inspirado por um conto de fadas chamado “The three princes of Serendip”, e significa a faculdade de fazer descobertas por acidente ou sagacidade.
A interessante leitura “Eureka !” - Descobertas Científicas que Revolucionaram o Mundo (Leslie Alan Horvitz – Ed. Difel), que conta a história de algumas das grandes descobertas científicas nos últimos séculos, apresenta uma série de exemplos que comprovam que as grandes “sacadas” daqueles que hoje são considerados exemplos de genialidade foram fruto de determinação e sagacidade.
Algumas das descobertas mais geniais foram, de certo modo, fruto do acaso. Mas o “acaso” oferece permanentemente oportunidades para todos. Os “gênios” foram aqueles que naquele momento em que uma oportunidade foi oferecida, estavam preparados para a descoberta. Tinham trabalhado, estudado e desenvolvido seus talentos e competências, e preservavam a abertura de mente necessária, de forma a estarem prontos para o instante do lampejo de genialidade.
É essa a atitude requerida (o “mind set”) para a inovação.
Serendipity é o talento que devemos desenvolver em nossas equipes de trabalho para maximizar as chances de descobrir os caminhos que fazem a diferença.
quinta-feira, junho 08, 2006
Coisas importantes nessa vida
Só existem duas coisas realmente importantes na vida.
A primeira é a memória.
A segunda, não me lembro qual é !
A primeira é a memória.
A segunda, não me lembro qual é !
quarta-feira, junho 07, 2006
A inspiração das paixões imperfeitas
Na semana passada descobri que o Arguta Café inspirou a criação de mais um blog: o Assertiva, deste sábio amigo que é o Ernesto (www.assertiva.blogspot.com) – vale a visita frequente.
Considerando que, como os queridos leitores já devem ter percebido, estou mais para Leon Eliachar do que para Luiz Fernando Veríssimo, não será a perfeição de meus escritos que motiva os neo-blogueiros.
Pensando no tema lembrei-me de outras passagens em que companheiros de trabalho se sentiram, de algum modo, desmotivados pela leitura de que não seriam capazes de fazer algo tão bem quanto eu.
Tenho um especial talento, por exemplo, para realizar tarefas que dependam de raciocínio lógico-associativo.
Mais de uma vez colegas e subordinados manifestaram sua “incapacidade” de desempenhar essas tarefas com igual destreza. E se sentiram desmotivados a desenvolver seus próprios recursos.
Em tempos de copa do mundo (e mal comparando) seria algo como se eu desistisse de jogar futebol porque não tenho o talento do Ronaldo Gaucho (e em campo, estou mais para Biro-Biro).
Nas ocasiões em que pude perceber isso, procurei “contaminar” através da paixão pelo caminho, do prazer pelo aprendizado e o desenvolvimento. Funciona.
Mas a verdade é que funciona melhor quando a sensação distância é menor. Ou seja, quando a referência não está sendo idealizada e percebemos que o outro é, também, um ser humano comum, com talentos e imperfeições outras que as nossas, mas de igual tamanho.
Creio que, daí, podemos tirar uma lição útil para nosso trabalho de gestão de pessoas.
Não precisamos parecer perfeitos.
Ao contrário, a percepção da imperfeição é motivadora, porque dá o sentido de realidade. Se o outro consegue, então eu também posso conseguir, com paciência e perseverança e, como diria Frank Sinatra, do meu jeito.
Considerando que, como os queridos leitores já devem ter percebido, estou mais para Leon Eliachar do que para Luiz Fernando Veríssimo, não será a perfeição de meus escritos que motiva os neo-blogueiros.
Pensando no tema lembrei-me de outras passagens em que companheiros de trabalho se sentiram, de algum modo, desmotivados pela leitura de que não seriam capazes de fazer algo tão bem quanto eu.
Tenho um especial talento, por exemplo, para realizar tarefas que dependam de raciocínio lógico-associativo.
Mais de uma vez colegas e subordinados manifestaram sua “incapacidade” de desempenhar essas tarefas com igual destreza. E se sentiram desmotivados a desenvolver seus próprios recursos.
Em tempos de copa do mundo (e mal comparando) seria algo como se eu desistisse de jogar futebol porque não tenho o talento do Ronaldo Gaucho (e em campo, estou mais para Biro-Biro).
Nas ocasiões em que pude perceber isso, procurei “contaminar” através da paixão pelo caminho, do prazer pelo aprendizado e o desenvolvimento. Funciona.
Mas a verdade é que funciona melhor quando a sensação distância é menor. Ou seja, quando a referência não está sendo idealizada e percebemos que o outro é, também, um ser humano comum, com talentos e imperfeições outras que as nossas, mas de igual tamanho.
Creio que, daí, podemos tirar uma lição útil para nosso trabalho de gestão de pessoas.
Não precisamos parecer perfeitos.
Ao contrário, a percepção da imperfeição é motivadora, porque dá o sentido de realidade. Se o outro consegue, então eu também posso conseguir, com paciência e perseverança e, como diria Frank Sinatra, do meu jeito.
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